segunda-feira, 27 de julho de 2015

The Economist - A gigante está em declínio!



Sabe aquela revista que vive dando lições para o Brasil? Façam isso, façam aquilo, sempre pontificando, sempre doutoral, a inglesa The Economist?

Ela está à venda. Não está conseguindo sobreviver à Era Digital. Tão boa para oferecer soluções para o Brasil e para o mundo, a Economist não encontra saída para si própria.

E não está também encontrando comprador.

A Economist é 50% da Pearson, que acaba de vender para um grupo japonês o também professoral diário Financial Times.

Algumas grandes editoras — Bloomberg, Thomson Reuters e Axel Springer — foram procuradas para ver se se interessavam pela Economist.

Nenhuma topou.

Calcula-se que a fatia da Pearson valha 400 milhões de libras, quase 2 bilhões de reais.

A Pearson, aparentemente, quer se encontrar apenas em seus negócios no campo da educação.

Mas quem quer comprar jornal e revista em pleno ano de 2015?

Talvez em países emergentes, por razões específicas. Chineses, no ano passado, arrebataram a Forbes, que foi símbolo de publicação de negócios nos Estados Unidos durante décadas.

No caso do FT, o comprador é também asiático — japonês.

Pode ser importante para países emergentes, em sua escalada internacional, ter a posse de companhias respeitadas de mídia.

E aí chegamos a uma situação anedótica.

Os donos das grandes empresas de jornalismo do Brasil não podem vendê-las para compradores de fora.

Isso por causa da reserva de mercado.

Foi uma forma de protegê-las da competição externa. Quando quase todos os setores da economia brasileira já tinham sido abertos ao mundo, a proteção – algo que vai contra o espírito puro do capitalismo — continuou a vigorar para a mídia, tamanha a força do lobby da mídia.

Era mais uma mamata, até virar uma desvantagem.

Presumivelmente, a China gostaria de comprar alguma empresa relevante de mídia brasileira, dada a importância do Brasil em sua geopolítica.

Digamos a Abril, ou o Estadão, as duas grandes empresas familiares em situação mais dramática.

Mas isso não vai acontecer.

Pela lei, apenas 30% das ações das empresas de mídia podem estar em mãos estrangeiras.

Privilégios, depois de algum tempo, podem virar o oposto: esta é a lição da reserva de mercado para a mídia.

Quanto à Economist, que salva a humanidade toda semana mas não a si própria, convém ler com cuidado cada vez que ela disser o que o governo brasileiro deve fazer ou não fazer.




Fonte: Paulo Nogueira



sexta-feira, 24 de julho de 2015

8 dicas para viver mais!

Resultado de imagem para viver mais

Antes de assinar o plano de dois anos na academia ou encher a dispensa de alfafa, confira essas dicas simples para viver mais. Sim, dá para fazer ainda hoje!


1. Levante-se!
É sério. Ficar muito tempo esparramado no sofá por si só já é um problema para a sua saúde. Os cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, analisaram 60 voluntários e perceberam que, quanto mais tempo os voluntários passavam sentados, mais os telômeros deles encurtavam. Essas estruturas de nome complicado ficam no extremo de cada cromossomo e têm tudo a ver com a duração da sua vida - e, por isso, seu encolhimento acenderia o sinal vermelho. Que tal ler esse texto e depois esticar um pouco as pernas?



2. Coma uma castanha-do-pará imediatamente
Convenhamos: melhor do que ter uma vida longa, é ter uma vida longa e sem abalos cognitivos (leia-se: Alzheimer, Parkinson e outras complicações). Para chegar lá sem problemas, um bom começo é garantir as doses diárias de selênio, substância que barra a produção de radicais livres, moléculas relacionadas ao avanço do mal de Alzheimer. E, pasme, você só precisa de uma unidade de castanha-do-pará por dia. Uma só.



3. A castanha está cara? Coma amendoim!
Tudo bem, a gente reconhece que a castanha-do-pará não é o alimento mais barato do mundo. Mas o amendoim, que você encontra em qualquer mercado por aí, cabe no bolso e foi objeto de um estudo da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Os estudiosos verificaram que o consumo de oleaginosas, a família que inclui o amendoim, reduziria o risco de morrer por qualquer causa, principalmente por problemas cardíacos. Daí que, como o amendoim é um item mais acessível, a recomendação é comer até quatro porções por semana. Como indica também a American Heart Association, o ideal é optar pela versão sem sal.  


4. Maneire na corrida
Exagerar na intensidade pode causar mais mal do que bem. Foi isso que os pesquisadores do Hospital Frederiksberg, na Dinamarca, constataram após 12 anos de investigação. Eles viram que a mortalidade entre pessoas sedentárias não diferia muito daqueles que ficavam muito esbaforidos depois da atividade física. Portanto, nada de exagerar na dose: reconheça os limites e não transforme essa prática em algo extenuante.



5. Faça 15 minutinhos de exercício
Esse tempo de atividade já faz toda a diferença. Uma pesquisa publicada no The Lancet chegou à medida depois de avaliar os dados de mais de 400 mil pessoas. Separar esse tempo para uma caminhada reduz em 14% o risco de morrer por qualquer causa.



6. Tenha cuidado com o refrigerante
Mais uma vez, essa história tem tudo a ver com telômeros, as estruturas que já mencionamos e que estão ligadas ao envelhecimento. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia acompanhou 5 mil voluntários, que tinham de 20 a 65 anos, para checar as consequências de incluir o líquido no dia a dia. Resultado: 340 ml, todos os dias, já eram suficientes para impactar os telômeros - e os efeitos negativos no corpo eram semelhantes ao do tabagismo. Nada de exagerar nos goles.



7. Que tal um chazinho?
Já aposentou aquelas garrafas de refri que estavam na cozinha? O próximo passo é tomar de uma a quatro xícaras de chá. A recomendação vem da Sociedade Europeia de Cardiologia, que constatou uma redução de 24% na mortalidade não-relacionada a problemas cardíacos quando os sujeitos consumiam chá.



8. Aproveite o sol
Encare 15 minutos de luz natural e voilà. Já é suficiente para melhorar os índices de vitamina D e diminuir o risco de desenvolver alguns tipos de câncer, como o de mama e o de cólon. A substância ainda beneficia o cérebro e ajuda na absorção do cálcio, o que fortalece os ossos.






Fonte:  Priscila Bellini /Super





segunda-feira, 20 de julho de 2015

O futuro é da Tecnologia!




Para especialista, humanos estarão cada vez mais integrados com tecnologia

Não, um futurista não é alguém que veio do futuro para nos prevenir a respeito do domínio das máquinas e o início de uma guerra sem fim. Muito pelo contrário, Thiago Mattos é multiempreendedor, educador, palestrante e formado pela Singularity University como futurista e seu trabalho é entender que tendências a tecnologia está seguindo.  Para entrar no curso, o empreendedor gaúcho de 35 anos, foi avaliado com a capacidade de impactar um bilhão de pessoas em dez anos. De acordo com ele, a revolução da internet já passou e, agora, o futuro aponta para uma integração cada vez maior entre homens e tecnologias.

A Singularity University é uma iniciativa da NASA em parceria com o Google e tem como meta principal discutir e encontrar novos caminhos da cultura digital e pós-digital, "O pensamento humano funciona de acordo com uma lógica exponencial. A cada dezoito meses, mais ou menos, nossa capacidade duplica. Por isso, a velocidade da evolução é cada vez maior", explica Mattos.

Depois da internet, segundo as discussões da Singularity, três novas revoluções em curso ditam as tendências do futuro próximo: Genética/Bioecnologia, Nanotecnologia e Robótica/Inteligência Artificial. Mattos explica que, os anos de 1980 foram transformados pela computação, os 1990 pela internet e os 2000/2010 viveram o advento dos sensores e da Internet das Coisas, agora, o momento já é outro.

As interações entre os objetos e o humanos devem se intensificar e se complexificar. "Este é um processo irreversível. Se já temos smartphone, SmarTVs... as coisas ficarão cada vez mais 'espertas' e nós, humanos, somos apenas mais uma dessas coisas", afirma Thiago.

As novas revoluções já começaram

Talvez, para um terráqueo das antigas, muito pode parecer roteiro de ficção científica, mas as três revoluções citadas por Mattos já estão a pleno vapor. Pesquisas para desenvolvimento de órgãos humanos com impressoras 3D, realidade aumentada para uso pedagógico em simulações de situações de risco e funções de dispositivos móveis capazes de monitorar condições médicas dos usuários ou acessar dados bancários remotamente são exemplos de como essas novas tecnologias já estão em nosso dia a dia. E, pelo visto, vem muito mais por aí.

"Um trabalho muito interessante que discutimos bastante foi o dos carros auto-dirigíveis, como o que sendo criado pelo Google. O número de mortes por falha humana ou imprudência, além dos engarrafamentos, que poderiam ser facilmente evitados com esse veículo são provas de que esta é uma tendência que não tem volta", avalia o futurista. Ele também destaca que a inteligência artificial poderá ser um grande ajudante de pessoas que precisam de cuidados especiais ou apenas ansiosas por companhia. Como o projeto do personagem Tadashi, em Operação Big Hero, os robôs podem ser grandes ferramentas na assistência social em pouco tempo.



Calma, e meu emprego?

De acordo com Mattos, os humanos não precisam se preocupar com o desemprego como consequência do avanço da tecnologia. Na verdade, isso pode ser bom para todo mundo. "A tendência, no mercado de trabalho, é que robôs sejam desenvolvidos para exercer tarefas de mão de obra barata ou trabalhos repetitivos, por exemplo. No futuro, com interfaces mais amigáveis, qualquer um poderá comprar um robô e designá-lo para fazer o que for necessário", projeta Thiago. Segundo ele, não será necessário saber a fundo as técnicas de programação e robótica. Os próprios robôs farão esse trabalho.

Mudança de mentalidade

Na visão dos futuristas da Singularity University as revoluções tecnológicas não serão privilégio apenas dos mais ricos. "Cedo ou tarde, as inovações chegam a todos", garante Mattos. Usando como exemplo o celular, que é um bem que já foi item de luxo e hoje em dia quase todo brasileiro já possui, o entusiasta acredita que as vantagens serão democratizadas no tempo certo. "A humanidade está passando por uma mudança drástica de mentalidade, a Era da Empatia. Cada vez mais vamos nos perceber como partes de um único organismo maior". Palavra de quem estuda como prever o futuro. Será?






Fonte: Enio Rodrigues/Superinteressante




domingo, 19 de julho de 2015

Educação é remédio contra Alzheimer!


Mesmo com a doença, pessoas que estudam formam mais conexões entre os neurônios e são menos propensas a apresentar sintomas como perda de memória, típicos da demência.


Especialista afirma que ao estudar são formados novas conexões entre os neurônios, aumentando a possibilidade de contornar lesões cerebrais

A máxima de que a educação é uma questão de saúde pública ganhou recentemente uma carga ainda maior. Pesquisadores brasileiros provaram que doenças devastadoras como Alzheimer e outras demências ligadas ao envelhecimento podem ser contornadas com o acesso à educação. Eles observaram que pessoas com maior grau de escolaridade tinham menor risco de desenvolver sintomas clínicos, como a perda da memória, resultantes de lesões cerebrais.

No estudo, realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foram analisados 675 cérebros de indivíduos que tinham mais de 50 anos. Paralelamente à análise, foram feitas entrevistas com parentes próximos destas pessoas. “Surpreendentemente, notamos que alguns indivíduos que tinham o cérebro tomado por lesões, o que levava a crer que se tratava de alguém doente, não apresentavam sintoma clínico nenhum de demência”, disse o geriatra e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, José Marcelo Farfel, que liderou o estudo.

Entre os indivíduos com mais de 80 anos e que não tiveram sintomas de demência, 30% deles apresentaram lesões no cérebro compatíveis com doença de Alzheimer em estágio moderado ou avançado.

Este maior número de conexões, chamadas de sinapse, são resultado do que os cientistas chamam de reserva cognitiva. Estas conexões, caminhos que ligam um neurônio e outro, ampliam a possibilidade de contornar as lesões cerebrais. “Eles tinham um cérebro mais plástico e, embora o órgão estivesse tomado por lesões, era possível contorná-las”, disse.


Tempo de estudo: quanto mais conexões entre os neurônios maior a propensão em contornar as lesões cerebrais.

Estudos prévios realizados nos Estados Unidos já mostravam esta relação entre nível de escolaridade e menor propensão em desenvolver sintomas de demência na velhice, porém no estudo americano foram analisados cérebros de pessoas com média de 18 anos de estudo. No Brasil, a média de estudo dos analisados era de apenas quatro anos. “Mesmo com apenas quatro anos de estudo é possível notar melhora. E esta melhora é linear. Um cérebro de quem estudou quatro anos é melhor do que o de quem estudou três, que é melhor do de quem estudou dois”, disse.

Para Farfel, outro dado interessante é que é possível criar a reserva cognitiva a qualquer momento da vida. O pesquisador defende que nunca é tarde demais para começar a estudar e a aprender. “Quando uma pessoa está estudando ela exercita várias funções cognitivas, como compreensão, cálculo e outros. Diferente de atividades como o sudoku, ou palavras cruzadas, por exemplo, que são muito propagadas mas que desenvolvem apenas uma ou duas destas funções”, disse o pesquisador, que agora vai passar a estudar o cérebro de idosos alfabetizados tardiamente.

De acordo com o IBGE, o Brasil tem aproximadamente 15 milhões de adultos sem instrução ou com menos de um ano de estudo. São seis milhões de pessoas com 60 anos ou mais que não sabem ler nem escrever, e todos eles estão no grupo de risco para desenvolver sintomas de demência. Entre as demências que mais acometem os idosos, o Alzheimer está em primeiro lugar no ranking.

Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, é possível prever um grande aumento de doenças como Alzheimer e Parkinson. Farfel afirma que o impacto social e financeiro disso para a sociedade já é pesado, e no futuro, se os níveis de escolaridade não melhorarem, ficará insustentável. “Promover a alfabetização de idosos é algo possível e prático – muito mais eficaz do que qualquer exame e remédios caros. Além disso, nunca é tarde demais para começar a estudar e aprender coisas novas”.

Exceções

Mas nem tudo é boa notícia. O pesquisador ressalta que até mesmo indivíduos com alta reserva cognitiva podem desenvolver sintomas de demências senis, como é o caso do escritor colombiano e prêmio Nóbel de literatura, Gabriel Garcia Márquez. “A reserva cognitiva ajuda o cérebro a contornar as lesões, mas dependendo do grau de agressão é impossível não desenvolver sintomas deste tipo de doença”, disse.




Fonte: Ig



segunda-feira, 13 de julho de 2015

Internet - Há cura para este vício?



 

Quase todas as ruas em quase todas as grandes cidades do mundo estão lotadas de pessoas usando seus celulares, alheias à presença dos outros. É um comportamento que não existia poucas décadas atrás.

Acabamos nos acostumando ao fato de que compartilhar o mesmo espaço físico não significa mais compartilhar da mesma experiência. Onde quer que estejamos, levamos conosco opções muito mais interessantes do que o lugar e o momento que vivemos: amigos, familiares, notícias, imagens, modismos, trabalho e lazer cabem na palma da mão.

Mas como questiona o fotógrafo Josh Pulman, autor do ensaio Somewhere Else (em algum outro lugar, em tradução livre), cujas fotos são exibidas com esta reportagem: “Se duas pessoas estão andando juntas, cada uma prestando atenção a seu telefone, elas estão realmente juntas?”

Faz parte do ser humano ter uma profunda vontade de se conectar. Mas será que esse dom pode nos prejudicar em algum momento? É possível ficar “conectado em excesso”? E o que isso significa para nosso futuro?

A vida por um fio

Desde sua invenção, o telefone tem sido um motor de agitação social e um foco de ansiedade tecnológica. Imagine a cena através dos olhos do século 19, quando as primeiras estruturas de telefonia começaram a ser instaladas: quilômetros e quilômetros de fios pendurados nas laterais das ruas, perfurando todas as casas. As paredes estavam sendo violadas: o santo lar, ligado a uma nova espécie de interação humana.



“Em breve não seremos mais do que gelatinas transparentes”, lamentou um jornalista britânico em 1897, temendo a perda da privacidade.

Mas, enquanto os primeiros medos em relação ao telefone podem ter sido exagerados, eles também foram um tanto proféticos. Se no fim do século 19 e durante o século 20 nossa vontade foi de plugar todos os locais de trabalho e lazer em redes, o século 21 emerge com o desejo de uma interconexão de nossas mentes nessa trama.

E estamos começando a sentir os efeitos disso.

Assim como seu antepassado no século 19, o telefone celular nasceu como um símbolo de status para as pessoas afluentes e ocupadas. Com o tempo, o luxo se tornou universal. Passamos a entremear a disponibilidade constante no nosso conceito de espaço público e privado, na nossa linguagem corporal e na etiqueta cotidiana.

Ficar incontactável se tornou a exceção, algo fora deste mundo – mas também uma fonte inesgotável de ansiedades.



E, como a história se repete, a todo momento recebemos alertas sobre possíveis efeitos prejudiciais da comunicação móvel.

Um desses avisos veio com a notícia de que um homem de 31 anos foi recentemente internado para se tratar de um “distúrbio de vício em internet”, por causa de seu uso excessivo do smartphone.


Relação normal ou patológica?

Casos como esse levantam outras questões: com que frequência suas mãos se mexem involuntariamente com a intenção de pegar seu celular ou de alcançar o lugar onde você normalmente o deixa? Como você reage ao som de cada nova mensagem – ou à ausência dele?

Não são perguntas com respostas definitivas.

Traçar o limite entre hábito e patologia significa decidir o que queremos dizer com os termos “normal”, “saudável” e “aceitável”.

E se a tecnologia excede em algo, é justamente em mudar velhas normas rapidamente.

Passei anos tentando avaliar nosso relacionamento com a tecnologia e ainda me vejo sendo puxado em duas direções diferentes.

Por um lado, como disse o filósofo Julian Baggini, “o homem pode estar mudando, mas em muitos aspectos ele continua o mesmo”. Podemos ler romances da Grécia Antiga e compreender quando o autor fala de raiva, paixão, patriotismo e confiança, por exemplo.

Por outro lado, as tecnologias digitais significam que as relações com os outros e com o mundo foram estendidas e ampliadas para um nível nunca antes experimentados.

Como argumentam filósofos como Andy Clark e David J. Chalmers, a mente é uma colaboração entre o cérebro na cabeça e equipamentos como o telefone nas mãos. O “eu” é um sistema complexo que envolve as duas coisas.

É esse impacto exponencial de tecnologia da informação que representa o maior problema para tudo o que julgávamos ser normal, equilibrado, autoconhecido e auto-regulado.

Vivemos em uma era em que nossas patologias são aquelas do excesso.

Dando um tempo

Será que precisamos de uma desintoxicação? Bem, isso não necessariamente funciona, nem para a saúde física nem para a saúde mental.

O melhor é encarar os fatos e começar a aproveitar a intimidade de um relacionamento que só tende a ficar cada vez mais próximo: aquele entre os cérebros de cada indivíduo e as redes de automação que estão sendo tecidas entre eles.

Afinal, estamos despejando nossas horas e minutos não apenas em uma tela, mas sim na mais complexa e abrangente rede de mentes humanas que já existiu, cada uma mais capaz do que o computador mais rápido.

Se fico fascinado, impressionado, superenvolvido, distraído e deliciado com tanta frequência, é por que há outras pessoas lá fora peneirando e refratando esse mundo de informações de volta para mim.

Só conseguirei mudar isso se puder encontrar outras pessoas com quem posso formar novos hábitos e novos modelos de funcionar.





Josh/bbc





domingo, 12 de julho de 2015

O que é o transtorno dismórfico corporal?

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Há dois anos, a ex-modelo Alicia Douvall fez duas revelações impactantes: ela gastou mais de US$ 1,5 milhão em tratamentos estéticos e estava tão viciada em cirurgia plástica, que foi diagnosticada com o "transtorno dismórfico corporal" (TDC).

A doença, também conhecida como dismorfofobia, consiste em uma preocupação exagerada e fora do normal com a aparência.

É comum os sintomas começarem na adolescência. Minnie Wright, por exemplo, tem 47 anos e passou praticamente a vida toda sofrendo com o transtorno.
"Os sintomas começaram quando eu tinha 11 anos e era vítima de bullying", conta. "Principalmente por causa do tamanho do meu nariz." Minnie conta ainda que colocava maquiagem para tentar fazer sombra e disfarçar o nariz e sempre inclinava a cabeça para evitar mostrar seu perfil.

Vaidade?
As pessoas com TDC demoram para pedir ajuda por terem medo de serem classificadas como "vaidosas". O médico David Veale, especialista em TDC, trabalha na área há 20 anos e começou depois que um dos seus pacientes se suicidou por causa da doença.
"O ideal é diagnosticar as pessoas com TDC em um estágio inicial da doença, porque o tratamento é mais fácil. Antes que todos esses pensamentos e ansiedades cheguem à sua mente."

Veale disse ainda que a "mensagem mais importante a passar sobre o TDC é que é uma doença curável."
O tratamento normalmente consiste em uma combinação de antidepressivos e terapia cognitiva-comportamental. No entanto, conseguir diagnosticar o transtorno e tratá-lo é um processo lento.
Durante esse tempo, quem sofre de TDC pode tentar "curar" essas imperfeições que encontra por meio da cirurgia plástica.

Cirurgia
Minnie explica que queria fazer algo para mudar sua realidade de bullying e corrigir sua 'imperfeição'. "Mas eu ainda era uma criança. Quando completei 18 anos, me deram uma cirurgia de nariz."
"No início, me senti melhor, mas no fundo, eu ainda era infeliz. Era como trocar os móveis de lugar, no fundo, o problema permanecia ali. Você só o via de forma diferente."

Pouco tempo depois, Minnie concentrou sua fonte de infelicidade no seu cabelo e os sintomas chegaram a deixá-la tão abalada, que ela chegou a cogitar o suicídio.
Estudos sugerem que pessoas com esse transtorno são mais propensas ao suicídio que a população em geral. Minnie conheceu quatro pessoas com TDC que se mataram.

Veale, que trabalha para a Fundação do Transtorno Disfórmico Corporal, conta que um terço dos seus pacientes se submeteram a pelo menos um tratamento estético.
O dado mais alarmante é que menos de 10% das pessoas com esse transtorno ficam satisfeitas com os resultados.
Resolvido um 'problema', elas tendem a se concentrar em outro aspecto de sua aparência, algo que acaba levando essas pessoas a se submeterem a vários procedimentos cirúrgicos para corrigir 'imperfeições'.

Diagnóstico
Estima-se que 15% das pessoas que querem fazer cirurgia plástica têm TDC.
O cirurgião plástico Simon Withey afirma que o transtorno "é extremamente complicado" e adverte que os cirurgiões "nunca conseguem ser especialistas" na hora do diagnóstico.
"Mas com as perguntas adequadas, é possível ter um sexto sentido para identificar que algo não está bem. Se sinto que algo não está bem, não opero."

Os psiquiatras têm várias ferramentas para identificar a dirmorfofobia, mas leva tempo até que se tenha o diagnóstico e por isso é inviável utilizá-las nas clínicas dos cirurgiões plásticos na preparação para a operação.

A médica Alex Clarke estuda os aspectos psicológicos da cirurgia plástica. A equipe dela está desenvolvendo um questionário de análise mais acessível para os médicos.
"Os cirurgiões querem operar. A preocupação deles é que se eles disserem não, o paciente irá a outro cirurgião para fazer", explica Clarke.
O questionário identifica a presença dos sintomas clássicos de TDC e explora as expectativas do paciente.
Nos testes do estudo, tanto os cirurgiões, como os pacientes, aceitaram essa nova ferramenta.
"Nos últimos 15 anos, temos visto como cirurgiões mudaram – se antes resistiam a esses testes, hoje reconhecem que essas práticas fazem parte de um serviço de maior qualidade."

Dificuldades
O problema, porém, é como chegar àqueles profissionais inescrupulosos dispostos a tudo por dinheiro.
O cirurgião Marc Pacífico, porta-voz da Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos e Anestesistas, confessa que 'o buraco é mais embaixo'.

"É triste, mas se você procurar, sempre vai encontrar alguém disposto a fazer a operação que quiser. Qualquer um pode se chamar de 'cirurgião plástico' e ter um consultório."
Ele diz ainda que as pessoas podem ser enganadas facilmente por sites sofisticados e famosos na internet.
Para evitar cair nas mãos de profissionais 'inescrupulosos', a Associação recomenda buscar os certificados e as credenciais oficiais do médico.

Em alguns casos, o paciente chega a encontrar primeiro um 'vendedor' da cirurgia para só depois falar com o cirurgião. O preço também costuma ser mais baixo do que o do mercado.

Primeiro mundo?
É comum os comentários de notícias que saem na mídia a respeito do TDC serem de que "esse é um problema de primeiro mundo."
Mas há evidências que provam o contrário. O professor brasileiro Leo Fontanelle é especialista em TDC no Rio de Janeiro. E o Brasil é um dos países que lidera as estatísticas de cirurgia plástica no mundo todo.

"Vimos pacientes de todas as classes econômicas. Mas não temos dados sobre quantos dos nossos pacientes se submeteram a cirurgia antes de serem diagnosticados e tratados", disse.
Fontanelle reiterou que "é muito importante que os cirurgiões estejam atentos a esse problema e direcionem os pacientes ao tratamento adequado."

A selfie é culpada?
Durante muito tempo, a mídia foi citada como 'culpada' pela obsessão das pessoas com a aparência e, nos últimos anos, o advento das selfies veio para alimentar ainda mais essa 'obsessão'.
Um estudo recente mostra que as pessoas entre 16 e 25 anos dedicam 16 minutos e sete tentativas em média para fazer o "selfie perfeito".

Mas a pressão pela perfeição afeta o estado mental das pessoas?
Segundo Veale, não é bem assim. "É difícil traçar uma linha entre o que é uma insatisfação do corpo e o que é o TDC propriamente dito."
O especialista explica que são as experiências que temos quando somos mais jovens, como uma relação distante entre mãe e filho ou o bullying na escola, que poderão afetar a pessoa.
"A pressão da mídia está lá fora e tem pouca influência na história", diz.

Para Clarke, a dismorfofobia é um tema que deve ser abordado primeiro na escola.
"É necessário ensinar as crianças a educação midiática para que aprendam que essas imagens retocadas não são reais. É muito fácil ser vítima dessas pressões se você não for suficientemente forte."








Fonte: Susanna Jolly/BBC








sábado, 11 de julho de 2015

Quando menores eram condenados à prisão!

Bernardino, preso aos 12 anos e seviciado, motivou mudança no código penal
Bernardino, preso aos 12 anos e seviciado, motivou mudança no código penal


Em 12 de outubro de 1927, no Palácio do Catete, o presidente Washington Luiz assinava uma lei que ficaria conhecida como Código de Menores. Hoje, passados quase 90 anos, a canetada do último presidente da República do Café com Leite é alvo das mais exaltadas discussões no governo, no Congresso e na sociedade.
Foi o Código de Menores que estabeleceu que o jovem é penalmente inimputável até os 17 anos e que somente a partir dos 18 responde por seus crimes e pode ser condenado à prisão. O que agora está em debate no país é a redução da maioridade penal para 16 anos.

O código de 1927 foi a primeira lei do Brasil dedicada à proteção da infância e da adolescência. Ele foi anulado na década de 70, mas seu artigo que prevê que os menores de 18 anos não podem ser processados criminalmente resistiu à mudança dos tempos.

É justamente a mesma idade de corte que hoje consta da Constituição e do Código Penal, além do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) — uma espécie de filhote do Código de Menores que nasceu em 1990 e completará 25 anos na segunda-feira (13).

A pioneira lei, que foi construída com a colaboração do Senado, marcou uma inflexão no país. Até então, a Justiça era inclemente com os pequenos infratores. Pelo Código Penal de 1890, criado após a queda do Império, crianças podiam ser levadas aos tribunais a partir dos 9 anos da mesma forma que os criminosos adultos.

Notícias criminais protagonizadas por crianças e adolescentes eram corriqueiras na imprensa. Em julho de 1915, o jornal carioca A Noite noticiou: “O juiz da 4ª Vara Criminal condenou a um ano e sete meses de prisão um pivete de 12 anos de idade que penetrou na casa número 103 da Rua Barão de Ubá, às 13h, e da lá furtou dinheiro e objeto no valor de 400$000”.

A mão policial também era pesada. Até o surgimento do Código de Menores, os pequenos delinquentes recebiam o mesmo tratamento dispensado a bandidos, capoeiras, vadios e mendigos. Uma vez capturados, todos eram atirados indiscriminadamente na cadeia.

Em março de 1926, o Jornal do Brasil revelou a estarrecedora história do menino Bernardino, de 12 anos, que ganhava a vida nas ruas do Rio como engraxate. Ele foi preso por ter atirado tinta num cliente que se recusara a pagar pelo polimento das botinas. Nas quatro semanas que passou trancafiado numa cela com 20 adultos, Bernardino sofreu todo tipo de violência. Os repórteres do jornal encontraram o garoto na Santa Casa “em lastimável estado” e “no meio da mais viva indignação dos seus médicos”.

Reformatórios

Em 1922, uma reforma do Código Penal elevou a maioridade de 9 para 14 anos. Com o Código de Menores de 1927, chegou-se aos 18 e a prisão de crianças e adolescentes ficou proibida. Em seu lugar, teriam de ser aplicadas medidas socioeducativas, como se chamam hoje.

No caso dos delinquentes com idade entre 14 e 17 anos, o destino seria uma escola de reforma (ou reformatório), onde receberiam educação e aprenderiam um trabalho. Os menores de 14 anos que não tivessem família seriam mandados para a escola de preservação, uma versão abrandada do reformatório. Os mais novos com família poderiam voltar para casa, desde que os pais prometessem às autoridades não permitir que os filhos reincidissem.

Extenso e minucioso, o código se dividia em mais de 200 artigos, que iam além da punição dos pequenos infratores. Normatizavam desde a repressão do trabalho infantil e dos castigos físicos exagerados até a perda do pátrio poder e a criação de tribunais dedicados exclusivamente aos menores de 18 anos.

No Brasil da virada do século 19 para o 20, uma parcela considerável da população vivia na miséria. Com o fim da escravidão, em 1888, os negros e suas famílias se viram abandonados de uma hora para a outra, elevando as estatísticas da pobreza. A ainda tímida industrialização atraía gente do campo, mas não conseguia absorver toda a mão de obra disponível. As cidades inchavam,e o desemprego e a criminalidade disparavam.


Às crianças e aos adolescentes restavam dois caminhos. Ou trabalhavam, submetidos a serviços pesados ou perigosos, jornadas exaustivas e pagamentos irrisórios. Trabalhadores imberbes eram vistos operando máquinas nas indústrias, vendendo bilhetes de loteria nas ruas e participando das colheitas nas fazendas.

Ou então perambulavam pelas ruas das cidades grandes, como Rio e SãoPaulo, agrupados em “maltas”, como se dizia, cometendo roubos, aplicando golpes, pedindo esmolas ou simplesmente vadiando. Naquela altura, as escolas públicas eram raras e estavam reservadas para os filhos das classes abastadas.

A Gazeta de Notícias, numa reportagem de fevereiro de 1929, explicou o problema das ruas para as crianças: “Aí aprendem coisas que não deveriam ou não precisariam saber: encontram más companhias que os desencaminham, adquirem vícios e maus costumes, deslizam para a vadiagem, a mendicidade, a libidinagem, a gatunagem e outras formas de delinquência”.

Documentos preservados no Arquivo do Senado, em Brasília, revelam que os senadores foram protagonistas no longo processo que culminou na criação do Código de Menores de 1927.

Um dos pioneiros da causa infantil foi o senador Lopes Trovão (DF). Ainda no final do século 19, ele subiu à tribuna do Palácio Conde dos Arcos, a sede do Senado, no Rio (que tinha o status de Distrito Federal), para dizer que era inaceitável a apatia do poder público diante das crianças abandonadas e delinquentes.

— Ao Estado se impõe lançar olhos protetores, empregar cuidados corretivos para a salvação dos pobres menores que vagueiam a granel, provando nas palavras que proferem e nos atos que praticam não ter família. Se a têm, esta não lhes edifica o coração com os princípios e os exemplos da moral — discursou ele em setembro de 1896.

Patriarcalismo

Para o senador, o Estado precisava ter poder para retirar de casa e internar em escolas especiais as crianças que não recebessem dos pais a devida educação moral. Segundo ele, vários países avançados já subtraíam o pátrio poder das famílias negligentes, como os Estados Unidos, a França e a Inglaterra.

Lopes Trovão acreditava que os cidadãos de sua geração já estavam corrompidos e não seriam capazes de tirar o Brasil do atraso social e conduzi-lo à civilidade. Para ele, a solução seria apostar todas as fichas nas crianças.

— Temos uma pátria a reconstituir, uma nação a formar, um povo a fazer. Para empreender essa tarefa, que elemento mais dúctil e moldável a trabalhar do que a infância? São chegados os tempos de trabalharmos na infância a célula de uma mocidade melhor, a gênese de uma humanidade menos imperfeita. Preparemos na criança o futuro cidadão capaz de efetuar a grandeza da pátria dentro da verdade do regime republicano.

Muito embora o senador Lopes Trovão já fosse uma figura respeitada por ter militado na linha de frente dos movimentos abolicionista e republicano, o projeto de Código de Menores que ele apresentou em 1902 terminou engavetado.

O senador Alcindo Guanabara (DF) foi outro expoente na defesa da “infância desvalida”. Em agosto de 1917, ele fez um enfático pronunciamento em que buscou convencer os colegas da necessidade urgente de um Código de Menores:

— São milhares de indivíduos que não recebem senão o mal e que não podem produzir senão o mal. Basta de hesitações! Precisamos salvar a infância abandonada e preservar ou regenerar a adolescência, que é delinquente por culpa da sociedade, para transformar essas vítimas do vício e do crime em elementos úteis à sociedade, em cidadãos prestantes, capazes de servi-la com o seu trabalho e de defendê-la com a sua vida.

O projeto que o senador redigiu em 1917 também acabou sendo arquivado. Em 1906, como deputado federal, Alcindo Guanabara já havia apresentado uma proposta semelhante, que tampouco avançou. Outra tentativa de criação do Código de Menores foi feita em 1912, pelo deputado João Chaves (PA).

Desde o discurso de Lopes Trovão, passaram-se mais de 30 anos até que o Código de Menores fosse aprovado. Foram vários os motivos da demora. Um deles, segundo estudiosos do tema, foi a 1ª Guerra Mundial (1914–1918), que reduziu a mera frivolidade qualquer discussão em torno da infância. Outro entrave foi o patriarcalismo.

— Os senadores e deputados faziam parte daquela sociedade patriarcal e não queriam perder o poder absoluto que tinham sobre suas famílias até então. O Código de Menores mudava essa realidade, permitindo que o Estado interviesse nas relações familiares e até tomasse o pátrio poder — explica a historiadora Sônia Camara, autora do livro Sob a Guarda da República (Quartet Editora), que trata das crianças da década de 1920.

O historiador Eduardo Silveira Netto Nunes, estudioso da evolução das leis da infância, vê um terceiro motivo. De acordo com ele, uma parcela dos parlamentares tinha aversão às propostas de Código de Menores porque a construção dos reformatórios, escolas e tribunais previstos na nova lei exigiriam o aumento dos impostos.

— Até então, o governo estava ausente das políticas sociais. Sua atuação se resumia à repressão policial. O Código de Menores apareceu como o prenúncio do que viria a partir dos anos 30, com Getúlio Vargas, que transformaria o governo no grande administrador da sociedade e colocaria as políticas sociais como prioridade. Vargas, por exemplo, trouxe uma série de direitos trabalhistas.

Na entrada da década de 20, os obstáculos começaram a cair. No governo Epitácio Pessoa, o advogado e ex-deputado José Cândido Mello Mattos foi encarregado de reformular o projeto do senador Alcindo Guanabara e passou a conduzir o movimento. Por influência dele, o Congresso aprovou uma série de leis relativas à infância que abririam caminho para a criação do Código de Menores. Na época, a lei ficou conhecida como Código Mello Mattos.

Dia da Criança

A data da assinatura do Código de Menores, em 12 de outubro de 1927, havia sido escolhida pelo presidente Washington Luiz a dedo, para coincidir com os festejos do Dia da Criança, criado por decreto pouco antes por seu antecessor, Artur Bernardes.

A nova lei, em resumo, determinava ao governo, à sociedade e à família que cuidassem bem dos menores de 18 anos.

Um dos artigos proibiu a chamada roda dos expostos, a medieval roleta embutida na parede externa de instituições de caridade que permitiam à mulher — solteira, quase sempre — abandonar anonimamente o filho recém-nascido. Com o código, a mãe teria que primeiro providenciar a certidão de nascimento do bebê para depois poder entregá-lo aos funcionários do orfanato, onde se lavraria um registro, que poderia ser secreto se fosse esse o desejo da mulher.

O trabalho infantil era fartamente explorado. Ainda que pouco produtiva, era uma mão de obra abundante e barata. A partir de 1927, as crianças de até 11 anos não puderam mais trabalhar. A atividade dos adolescentes entre 12 e 17 anos ficou autorizada, porém com uma série de restrições. Eles, por exemplo, não poderiam trabalhar durante a noite nem ser admitidos em locais perigosos, como minas e pedreiras.

De acordo com a historiadora Maria Luiza Marcilio, autora do livro História Social da Criança Abandonada (Editora Hucitec), o Código de Menores foi revolucionário por pela primeira vez obrigar o Estado a cuidar dos abandonados e reabilitar os delinquentes. Ela, porém, faz uma ressalva:

— Como sempre acontece no Brasil, há uma distância muito grande entre a lei e a prática. O Código de Menores trouxe avanços, mas não conseguiu garantir que as crianças sob a tutela do Estado fossem efetivamente tratadas com dignidade, protegidas, recuperadas.

O sucessor da lei de 1927 foi o Código de Menores de 1979, criado pela ditadura militar. Depois, em 1990, veio o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Os dois primeiros códigos, grosso modo, dirigiam-se apenas aos marginais. O ECA, por sua vez, vale para todas as crianças e adolescentes, independentemente da classe social. Antes, o foco das leis estava nas punições. Agora, nos direitos. Nos velhos códigos, o infrator capturado era punido automaticamente. Hoje, ele tem direito a ampla defesa e, para isso, conta com o trabalho dos defensores públicos.

O termo “menor”, que se popularizou na época do código de 1927, agora é abominado pelo meio jurídico. O ECA, em seus mais de 250 artigos, não o utiliza nenhuma vez. No lugar de “menor”, adota a expressão “criança ou adolescente”. Explica o historiador Vinicius Bandera, autor de um estudo sobre a construção do primeiro código:

— “Menor” é um termo pejorativo, estigmatizante, que indica anormalidade e marginalidade. “Criança ou adolescente” é condizente com os novos tempos. Remete à ideia de um cidadão que está em desenvolvimento e merece cuidados especiais.







Por Ricardo Westin, publicado na Agência Senado. 





quinta-feira, 9 de julho de 2015

Maioridade Penal em outros países!




Como funciona a maioridade penal em outros países?
A situação ainda é um dilema por aqui, graças às votações intermináveis. Veja como os mais novos são julgados em outros países:

ALEMANHA

É um exemplo de país que experimentou reduzir a maioridade penal para os 16 anos, mas acabou percebendo que a medida não alterou em nada a violência. Voltou atrás. Hoje, adota um sistema diferente: oficialmente a idade é de 18 anos. Mas, se um jovem de 14 cometer algum crime grave e for considerado "lúcido" e consciente pelas autoridades, poderá ser julgado pelo sistema tradicional. E até os 21, também dependendo do discernimento do indivíduo, poderá responder através do sistema de justiça juvenil. Ou seja: dos 14 aos 21, ele poderá ser julgado por qualquer um dos dois sistemas. Vai depender de seu estado de discernimento.



ÁFRICA DO SUL

A terra do Mandela mudou em 2009 os parâmetros para dizer se alguém pode ou não ser responsável por qualquer conduta ilícita, e também estabeleceu os 18 anos como marco. A parte mais curiosa é que, como muitas das crianças e adolescentes em conflito com a lei sequer sabem a própria idade (por falta de documentos e registros), cabe às autoridades arrumar meios de descobrir isso. Vale procurar informações sobre o batismo da pessoa ou até pedir ajuda a um médico para estimar a idade.



CHILE

Nos nossos vizinhos, a maioridade penal é de 18 anos. Entretanto, a partir dos 14, os jovens já podem ser encaminhados para medidas socioeducativas, sendo examinado pelos "Tribunais de Família". É parecido com o que temos hoje no Brasil, só que aqui essa idade diminui para 12 e quem julga é a Vara da infância e Juventude. As nossas medidas socioeducativas estão previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e incluem até privação de liberdade. Mas o estatuto, que é considerado referência no mundo, não é aplicado plenamente por aqui. Triste.



CUBA

A idade mínima para alguém ser preso em Cuba é 16 anos. Só que, para o jovem que fica entre os 16 e os 18 anos, a pena pode ser reduzida pela metade. Para os que ficam entre 18 e 20, em até um terço. Mas uma coisa é certa: todos as pessoas com menos de 20 anos ficam em estabelecimentos separados dos outros detentos. Essa é uma medida importante para que eles não sejam aliciados pelos criminosos mais velhos e experientes.



ESTADOS UNIDOS

Por lá, a coisa é um pouco mais complicada: cada estado possui autonomia para legislar sobre o assunto, o que forma um sistema muito amplo e com várias peculiaridades. Na verdade, a maioria não possui uma idade mínima para um jovem ser julgado pelo sistema judiciário tradicional. O que na teoria significa que uma criança de 7 anos pode até ser condenada à prisão perpétua. Na prática, eles fazem testes para descobrir se o indivíduo possui ou não capacidade de discernimento. Os únicos estados que automaticamente julgam um jovem de 16 anos como adulto são Carolina do Norte e Nova York. E por lá existe um movimento bem forte que pede que essa idade aumente para 18. Vale lembrar que o país é o único do mundo que não ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989.


ETIÓPIA

Entre os 9 e os 15 anos, os pequenos são considerados diferentes e não podem "ser punidos como adultos, nem ficarem presos junto aos adultos". Até 2004, as medidas cabíveis chegavam à bizarrice. Pelo Código antigo, caso o acompanhamento da educação do jovem, a multa e outras alternativas falhassem, a opção restante era, bem, bater na criança. E as condições eram precisas: ela só poderia apanhar com um bastão específico, diretamente no traseiro, até 12 vezes seguidas. Felizmente, a didática hoje é outra e há mais medidas educativas por lá.  



ÍNDIA

Se a pessoa tem menos de sete anos de idade, nada de culpa. Se estiver entre os 7 e os 12 anos, a coisa muda um pouco de figura: cabe ao juiz examinar o caso e checar se a criança tem "maturidade" suficiente para entender o que fez e quais são as consequências. Mas, no fim das contas, graças ao Juvenile Justice Act, aprovado em 2000, a maioridade penal de lá segue a tendência internacional e marca os 18 anos como padrão. Os infratores ainda são julgados por um sistema específico (por exemplo, com dois assistentes sociais sempre por perto, sendo que um deles deve ser obrigatoriamente mulher) e não podem passar mais de três anos presos.



IRÃ

Na hora do julgamento, tudo vai depender do seu gênero. Pelo Código Penal Islâmico regente no país, as garotas são responsabilizadas pelos crimes a partir dos 9 anos lunares (ou seja, 8 anos e 9 meses) e os meninos, desde os 15 anos lunares (ou 14 anos e 7 meses). Só nos últimos anos, entretanto, os iranianos deixaram de flexibilizar ainda mais essa lei, já que havia casos em que a ?maturidade? dos indivíduos era constatada de formas, digamos assim, alternativas - se o rapaz conseguia produzir esperma, por exemplo.

Até pouco tempo atrás, as crianças podiam ser condenadas à morte, de acordo com o que fizessem. Com a pressão internacional, o país chegou a indicar que tornaria mais brandas as punições e deixaria de lado a pena capital para os pequenos. Ainda assim, em alguns casos, eles ficam presos à espera de completar 18 anos e, daí, são mortos. Na lista de crimes que podem levar à punição mais extrema, estão a homossexualidade (que também pode acarretar apedrejamento) ou, na categoria das qisas (ou "retribuições"), os crimes contra a vida, já que a lógica ainda é a do "olho por olho, dente por dente".









Fonte:  Ana Luísa Fernandes,Priscila Bellini/Superinteressante



segunda-feira, 6 de julho de 2015

Internet - Você está sendo monitorado!



Você sabe (ou deveria saber) que o Google monitora praticamente todos os seus passos na internet. O que nem todo mundo sabe é que é possível saber o que a empresa guarda sobre você e o quanto ela sabe ou deduziu sobre o seu perfil online, com base no seu comportamento.

Abaixo estão alguns links que permitirão ter um entendimento maior sobre o que o Google pensa sobre você:

O que o Google pensa sobre você
O Google usa as informações que tem sobre o usuário para oferecer anúncios direcionados para o seu perfil. Para isso, ele o encaixa em diferentes categorias de gostos. Você pode descobrir em quais categorias você se encaixa no link abaixo.

http://www.google.com/settings/ads/

Basta rolar a página até encontrar a opção de Interesses. Clicando em Editar, você consegue descobrir quais são as categorias em que você se encaixa. Mas fica o aviso: muitas delas estarão erradas.

Seu histórico de localização
Uma das coisas mais assustadoras que o Google faz é manter um registro detalhado de sua localização. Isso acontece quando você tem um smartphone e permite que a empresa tenha acesso a este tipo de informação para melhorar serviços como o Google Now. Ou seja: isso é opcional.

Mas isso não torna a ferramenta menos assustadora. Você pode ver as informações que a empresa tem sobre sua localização no link abaixo.

https://maps.google.com/locationhistory

Na lateral, você tem a opção de Excluir todo o histórico, se você preferir que o Google não guarde estas informações sobre você.

Tudo o que você já pesquisou
Para desespero de muitos, o Google também registra tudo o que você pesquisa com dados detalhados sobre quais sites você mais acessou a partir das buscas realizadas no site abaixo:

https://www.google.com/history/

Também é interessante observar que se você tem o hábito de realizar pesquisas por voz, seja pelo desktop, seja pelo celular, você também tem seu histórico de buscas guardado, com direito a uma gravação da sua voz fazendo a pesquisa. Você pode conferir aqui:

https://history.google.com/history/audio?hl=pt-BR


Seu histórico no YouTube
Para recomendar novos vídeos, o YouTube guarda informações sobre o que você procura e o que você de fato assiste no serviço. Para conferir seu histórico de busca, você pode acessar o link abaixo:

https://www.youtube.com/feed/history/search_history

Se você quiser ver tudo o que você já assistiu no serviço, o link está logo a seguir:

https://www.youtube.com/feed/history


E aí? Estamos sendo vigiados ou não?





Fonte: Redação/Olhar Digital



domingo, 5 de julho de 2015

A Idade das Trevas!




Você provavelmente estudou sobre a Idade Média, ou como ela também é conhecida: Idade das Trevas. Talvez na época você fosse uma criança, ou adolescente, e a professora não queria te chocar - ou desconhecia o assunto profundamente -, então provavelmente deixou de fora a parte mais pesada da coisa, que incluía torturas maníacas como nunca se viu, e que só devem encontrar paralelo nos delírios de Stalin, Pol Pot, ou dos carcereiros de Abu Ghraib.

Apesar de haver exceções, em sua maior parte o período foi exatamente isso: Trevas. Muitos historiadores colocam a culpa nas invasões bárbaras, e em como esses povos eram primitivos, mas o fato é que grande parte do atraso se deve aos sucessores do todo-poderoso Império Romano: a Igreja Católica. É só ver o rumo que tomou a Filosofia, as Artes e a Ciência para ver que estava tudo nas mãos da Igreja. Um caso clássico é o de Galileu Galilei, que teve de voltar atrás nas suas descobertas sobre a questão da translação da Terra, porque suas teorias iam de encontro ao pensamento (errôneo) imposto pela Igreja.

Também existiu o que ficou conhecido como Index Librorum Prohibitorum, que era uma lista de livros proibidos pela Igreja na época, administrada pelo Santo Ofício (que parece menos inócuo chamado por seu nome mais conhecido: Inquisição), que não por coincidência foi criado na mesma época que o protestantismo começou a assombrar a supremacia dos Católicos, por volta do século XVI. Para você ter uma idéia do atraso da Igreja, ela só foi abolir oficialmente o Index - que incluía em suas proibições, gente como os escritores Voltaire, Alexandre Dumas e Jean-Paul Sartre, e os cientistas Galileu Copérnico, Descartes e Pascal - no ano de 1966.

Mas essa escuridão cultural e conservadora foi uma das facetas mais amenas da Igreja Católica na Idade Média. Os piores momentos foram reservados aos distintos senhores responsáveis pelo Tribunal de Santo Ofício! Inicialmente, de acordo com relatos históricos medievais, a Inquisição foi criada para combater o sincretismo religioso, em 1184, que unia a fé católica a cultos pagãos e realizavam adivinhações utilizando coisas como plantas.



Mas as atribuições da Inquisição foram se tornando cada vez maiores. Além de iniciar uma campanha - é necessário que se entenda que mesmo tendo uma organização unificada, com um representante perante o Papa, os Tribunais eram mais ou menos independentes, assim como os Poderes Judiciários de hoje, sendo instalados onde tinham focos de heresias e outros pecados - contra o sincretismo, a Inquisição ficou a cargo de julgar crimes/pecados como heresias, adultérios, feitiçaria (esse levou muita gente pra fogueira), além de colocar a culpa nessa gente de toda a sorte de desgraça que ocorria no local em que estava instalado o Tribunal.

Logicamente, com tamanho poder, os Tribunais impunham punições políticas e econômicas, de forma a aumentar a expansão da Igreja na época. Dessa forma, as penas mais leves, geralmente vistas como alívio, era o confisco de bens, além de flagelos públicos, e desfiles com roupas de hereges. Com a vasta quantidade de penas aplicada, não é difícil entender porque a Igreja foi relativamente a instituição mais rica da história. Com ela, enriqueciam os reis que a apoiavam, como era o caso dos espanhóis.



E os relatos dizem que os Inquisidores eram eficientes. O mais famoso deles, o espanhol Tomás de Torquemada, foi o responsável por diversas campanhas contra judeus e muçulmanos na Espanha. E para chegarem a esse nível de eficiência, os inquisidores - a exemplo dos homens responsáveis peloGulag - eram criativos. Necessitavam espalhar o terror para que todos tivessem medo deles, e para isso abusavam de instrumentos sem precedentes na história humana, com o intuito de causar dor extrema, sem, contudo, matar o herege, dando tempo pra ele confessar seus pecados (ou dizer onde escondeu a herança dos avós dele)!






Fonte: Adir Tavares/GGN




sábado, 4 de julho de 2015

Quer viver mais? Coma mais legumes e peixes!





Um estudo, publicado na revista “Circulation”, revela que os idosos que consomem uma maior quantidade de peixes e legumes vivem cerca de 15 anos mais do que aqueles que comem poucas quantidades destes alimentos.

A pesquisa, realizada na Suécia, mostrou que os idosos com níveis mais altos de gorduras poli-insaturadas, provenientes de peixes e legumes, no sangue, eram significativamente menos propensos a morrer de doença cardíaca ou qualquer outra causa do que aqueles com níveis mais baixos. “O estudo apoia as atuais orientações alimentares que aconselham a ingestão de peixes e óleos vegetais para manter uma dieta saudável para o coração”, explicou Ulf Riserus, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Uppsala, na Suécia.

As orientações alimentares atuais recomendam que a ingestão de gorduras corresponda a, no máximo, 20% a 35% das calorias diária de uma pessoa. Sendo que a maior parte destas deve vir de gorduras boas, como as poli-insaturadas e monoinsaturadas, que promovem níveis saudáveis de colesterol. Estas gorduras são encontradas principalmente em peixes como salmão, truta e arenque, e em abacate, azeitonas, nozes e nos óleos de soja, milho, cártamo, azeitona e girassol.

No estudo, os pesquisadores testaram diferentes níveis, de vários tipos de gorduras em 2 193 mulheres e 2 039 homens. Em seguida, acompanharam os participantes durante 14 anos. Neste período, 265 homens e 191 mulheres morreram e outros 294 homens e 190 mulheres sofreram de problemas cardiovasculares, como um ataque cardíaco.

Os resultados dos exames de sangue dos participantes mostraram que maiores níveis de dois ácidos graxos encontrados nos peixes – EPA e DHA, tipos de omega 3 – foram associados com uma redução de 20% no risco de morte. Já maiores níveis de ácido linoleico, encontrado nos óleos vegetais, estava ligado a uma redução de 27% no risco de morte nos homens, mas não nas mulheres.







Fonte: Saúde & Bem estar



Viajar no Tempo - É possível?



Quando se fala em viagens no tempo muitos pensam logo no DeLorean prateado, o carro que serviu como máquina do tempo na série de filmes "De Volta para o Futuro". Ou até mesmo na Tardis, a nave espacial - que também é uma máquina do tempo - usada pelo personagem Dr. Who, da série britânica de mesmo nome, para viajar no tempo e espaço.

Mas a questão mais comum é se estes feitos da ficção poderiam ser repetir na vida real, se é mesmo possível viajar no tempo.

A possibilidade das viagens no tempo está sendo investigada por pesquisadores na Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha. Esta equipe faz parte de um projeto maior, um programa de pesquisa sobre a natureza do tempo que envolve universidades na Austrália, Estados Unidos, Alemanha, Holanda e Turquia.

Até o momento, o que se pode afirmar é decepcionante: a equipe da Universidade de Birmingham não está construindo uma máquina do tempo em segredo.

Mas eles estão analisando algumas grandes ideias, levantando questões não apenas sobre física, mas também sobre filosofia e a natureza da realidade.

Nikk Effingham, chefe do departamento de filosofia em Birmingham, está liderando o projeto com Alastair Wilson, especialista, entre outras coisas, em filosofia da física.

E, de acordo com Effingham, a possibilidade de viagens no tempo é "infinitesimal", mas não é impossível.

'Paradoxo do avô'
Até algumas ideias que parecem incompreensíveis têm aplicações diretas. O objetivo é compreender mais sobre um sentido do tempo e sequenciamento, uma grande questão que também pode ser ligada às doenças degenerativas humanas.

O projeto de Birmingham também vai tratar de alguns argumentos clássicos contra as viagens no tempo, como o "paradoxo do avô". Segundo este paradoxo, se alguém pudesse voltar no tempo, esta pessoa poderia matar os próprios avós e, com isso, tornar impossível o nascimento do viajante no tempo.

E, se o viajante no tempo nunca nasceu, ele nunca poderia voltar. Com isso, a viagem no tempo se transforma em uma impossibilidade.

No entanto, filósofos têm um outro argumento segundo o qual, para evitar este processo de acabar com a possibilidade da própria existência, qualquer viajante no tempo seria sempre impedido de matar os avós: a arma iria emperrar ou então eles acertariam a pessoa errada.

Isto aconteceria para que a linha do tempo não fosse interrompida.

Outra teoria é que mudanças feitas por uma viajante no tempo poderiam criar uma cadeia de eventos em outro universo paralelo, ao invés de alterar o mundo original de onde o viajante saiu.

Isto está relacionado à teoria dos "muitos mundos" que sugere que nós ocupamos apenas uma versão da realidade e que um número infinito de outras possibilidades estão ocorrendo em universos paralelos.

O viajante no tempo pode fazer mudanças que vão desencadear novas sequências de eventos nestes mundos diferentes, sem interromper a linha do tempo original.

Física fundamental
Para Alastair Wilson, que participa do estudo na Universidade de Birmingham, a análise da viagem no tempo é uma forma de analisar questões sobre física fundamental.

Isto significa que a pesquisa é uma forma de pensar sobre o tempo não como uma maneira de medir as horas e dias, mas como uma dimensão mais parecida com o espaço.

Wilson afirma que, se uma pessoa pudesse viajar dentro destes conceito de tempo, ela entraria em uma espécie de portal, loops temporais, onde uma pessoa pode ir e então voltar ao mesmo lugar - algo descrito pela física como "curvas temporais fechadas" (CTC, na sigla em inglês para "closed timelike curve").

Mas, quando questionado se isto algum dia poderia acontecer, o pesquisador prefere ser mais realista.

"Nossa física mais avançada no momento deixa em aberto. Se acontecesse, poderia ser em alguma região exótica do universo, (...) algum lugar perto de um buraco negro com altas concentrações de energia. Não é (preciso) inventar uma máquina do tempo, (mas sim) descobrir um lugar", afirmou.

Bradford Skow, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) afirma que, "mesmo se a viagem no tempo seja coerente com as leis da física", ainda não significa que pessoas vão entrar em máquinas do tempo.

Skow publicou recentemente um livro a respeito dos conceitos de tempo, Objective Becoming, que rejeita a ideia de que o tempo "passa" ou que esteja, de alguma forma, em movimento. Ele afirma que momentos ou experiências do passado são tão reais como as do presente, mas são inacessíveis em qualquer outra parte do tempo.

Tempo e experiência humana
A fascinação com o tempo também reflete como ele é intrínseco à experiência humana e de todas as criaturas vivas.

O tempo está entrelaçado com os ritmos naturais do dia e noite, nascimento e morte, o batimento do coração e até às menores unidades da natureza e à origem do universo.

"Nossos melhores relógios usam a vibração de um átomo para medir o tempo, átomos que estão vibrando desde que foram criados há milhões de anos", disse Wilson.

Mas há outro argumento contra a ideia de que a viagem no tempo possa se tornar possível em um futuro distante, quando a tecnologia progredir.

Se isto acontecer realmente no futuro, como ainda não encontramos os humanos do futuro, que voltaram para nos visitar aqui no passado?

Mesmo que a perspectiva de trombar com um viajante no tempo seja remota, Wilson afirma que estas viagens intelectuais rumo ao desconhecido têm valor.

"As pessoas se dividem entre aquelas que perguntam: 'existe uma possibilidade prática de acontecer durante a minha vida?' e quando você responde 'não', elas não se interessam mais."

"E também há muitas pessoas que estão interessadas nestas questões (...) pois elas levam a algumas questões fundamentais sobre a humanidade", disse.








Fonte: Sean Coughlan/BBC