quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Adeus 2015!




Final de ano é sempre a mesma coisa! Até já se tornou sem graça usar a frase: Adeus ano...!
Como já disse em outros anos, o que realmente muda nos lares das pessoas é apenas o calendário..
Esse ano que passou foi um dos piores que já tivemos em todos os sentidos.

Tivemos de tudo! Corrupção assolou como nunca. A polícia matou como nunca, e o pior que não foi só bandido, mas crianças, jovens, pessoas que não tinham nada que ver com o assunto.
Os políticos e empresários roubaram como nunca. Claro, não vamos generalizar, mas são poucos os políticos sérios!

Conseguiram até mesmo acabar com um rio em Minas Gerais! A culpa é de quem? Deles, é claro! Políticos e empresários inescrupulosos que só pensam no seu umbigo! E as pessoas que perderam tudo inclusive ente queridos estão até hoje lamentando, porque a mísera indenização que a Samarco está pagando não vai recuperar o que as pessoas perderam emocionalmente.

 Até mesmo para darem uma máquina de lavar para um casal de idosos que a perderam no acidente com a lama, a Samarco exigiu um laudo médico da idosa que comprovasse que ela "não poderia torcer roupa"! Dá pra acreditar nisso??!!

Tivemos políticos e empresários presos, mas será que vão ficar presos mesmo? Acho que nenhum deles está em presídio comum. E tem muitos que deveriam estar presos! Só no Brasil o presidente do Congresso é um corrupto e mesmo assim a lei protege um salafrário desses!

A saúde está um caos! E isso já ocorre a anos! Microcefalia, dengue, zika vírus...alguma outra doença que esqueci?
Até no mundo do esporte tivemos escãndalos, tanto a nível nacional como mundial.

A nível mundial a coisa foi pior ainda! Mais de um milhão de imigrantes irregulares e refugiados chegaram à Europa por terra e por mar até agora neste ano. A maioria, cerca de 816.000, entrou pela Grécia a partir da Turquia, segundo o último balanço (até 21 de dezembro) da Organização Internacional de Migrações (OIM) e da Agência da ONU para os refugiados (ACNUR).

 Uma de cada duas pessoas que utilizaram essa via de entrada irregular era refugiada síria fugindo do conflito em seu país e 20%, cidadãos afegãos. Em 2015, mais de 3.600 pessoas morreram tentado alcançar a Europa.

Tudo isso para poder fugir da guerra em seus países! Guerra civil na Síria que já dura desde janeiro de 2011 com a morte de mais de 200 mil pessoas, sendo que 27% desse número são de crianças!
No Afeganistão o Talibã impondo suas leis com a matança da população assim como o Estado Islamico que pratica o terrorismo além do Oriente Médio, levando o medo para a Europa e Estados Unidos.
Claro que tivemos fatos positivos em 2015. Mas foram poucos! O que aconteceu de negativo suplantou  e muito o que houve de positivo.

E pelo andar da carruagem, 2016 vai ser muito pior! Esperança de melhora? Tenho sim! Mas como disse o próprio Jesus Cristo: A solução não é desta fonte!





Eliézer.





















segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A verdadeira história do Ano Novo!





A sensação é poderosa. No dia 31 de dezembro você sabe que um ano zero-quilômetro vai tomar o lugar do velho, que já deu tudo o que tinha que dar. Hora de todo mundo se reunir para ver fogo no céu, muitos fazerem oferendas, pular 7 ondinhas, abraçar qualquer estranho que estiver por perto. É a maior festa pagã da humanidade. A grande celebração ao ciclo da vida, que agora recomeça.

Mas espera um pouco. Que ciclo? Que recomeço? A geometria da vida é implacavelmente reta: você fica mais velho a cada virada de ano e pronto. Não acontece nada de sobrenatural na meia-noite do dia 1º. Concorda? Se você pensou "concordo", provavelmente está mentindo. Para si mesmo, até. A ilusão de que as viradas de ano significam algo - algo grande e bom - é universal. E é graças a ela que você está aqui, vivo.

Isso porque cada um de nós descende de alguém que sobreviveu à maior crise econômica da história. A única que teve potencial para riscar a humanidade da face da Terra. Ela aconteceu há milhares de anos, quando a única coisa que nós conhecíamos como trabalho era caçar. Às vésperas de 11000 a.C., o modo de vida dos caçadores estava no auge. O homem, àquela altura, tinha uma arma com a qual nenhum outro predador contava: a religião.

 Não exatamente aquilo que vem à nossa cabeça quando pensamos em religião, mas algo realmente abstrato: a ideia de acreditar que existe alguma coisa maior, além da vida. Isso é um instinto básico da nossa mente. E por ser algo comum a todos ele tornava as tribos mais coesas em torno dos ritos espirituais e divindades que cada uma criava. Agora, unidos, cada vez mais numerosos e habilidosos, os homens tinham virado os maiores predadores que a Terra já vira. Era um momento de euforia. Só que, como toda euforia, essa também era irracional.

A caça indiscriminada tinha diminuído a quantidade de animais selvagens disponíveis por aí. Para piorar, um mini aquecimento global fez rarear presas das boas, como bisões e mamutes (nota: daquela vez o aquecimento não foi culpa nossa, era só o fim de mais uma Era Glacial). O ponto é que a escassez de proteína animal colocou em xeque o modo de vida dos nossos avós caçadores.

Isso não aconteceu de uma tacada só no planeta todo, note bem. Naqueles dias a vida era em tribos de 100, 150 pessoas que, quando entravam em contato umas com as outras, era para guerrear. Cada uma viveu uma escassez a seu tempo. E foi mais de uma. Só que, olhando daqui de longe, a junção desses problemas esparsos pode ser vista como uma grande crise global.

Mas e para sair dessa crise? Bom, a solução foi parecida como as que se fazem hoje. O que os Bancos Centrais fizeram para aplacar a crise globol que começou em 2008 foi imprimir dinheiro (tanto lá fora como no Brasil). Em 11000 a.C. decidiram imprimir outra coisa: comida. Na terra. Cultivar sementes e esperá-las crescer era o jeito de conseguir as calorias que a caça não dava mais.

Só que aí veio uma surpresa: essa técnica, a agricultura, permitia sustentar de 10 a 100 vezes mais pessoas no mesmo espaço físico. Os que optaram por esse caminho cresceram e se multiplicaram. Mas eles só conseguiram isso porque inventaram um novo deus: o calendário.



No culto da passagem dos dias esperando as sementes darem fruto, a humanidade descobriu um ótimo método para saber as épocas certas de plantar: observar a posição das estrelas e a trajetória do Sol ao longo do ano. Fazer a leitura do céu era tão essencial para a agricultura, que povos de todos os cantos do mundo aprenderam isso mais hora menos hora. E assim dominaram algo que parecia sobrenatural: os ciclos do tempo.

 Mas pragmatismo científico nunca foi o nosso forte como espécie. E é por isso que o céu foi tratado como divindade. Só o fato de se acreditar em signos já se trata de uma herança dessa época - as 12 constelações do zodíaco são nada mais que os conjuntos de estrelas mais usados para marcar as estações do ano.

É esse mesmo impulso de divinizar as coisas que levou à felicidade instintiva de se entregar a rituais como pular 7 ondas. É esse impulso que faz a vida parecer feita de ciclos. As colheitas é que são de fato cíclicas. Ao divinizá-las, nossos ancestrais imprimiram na cultura humana a ideia de que a própria vida se renova a cada ano. E festejar essas renovações era fundamental para que continuássemos vivos. Olha só. O Ano-Novo é uma das festas para marcar o auge do frio no hemisfério norte - a outra é a festa pagã do Natal.



 Na ausência de um instinto biológico tão forte quanto o das formigas para acumular comida para o inverno, a sensação de que um evento superimportante estava para acontecer bem no meio da estação fria fazia nossos ancestrais agir exatamente como elas, economizando para ter banquetes na época de fome. E cada geração transmitiu para suas crianças que aquele era o momento mais especial do ano. Era mesmo. E ainda é. Trata-se do momento em que as pessoas comemoram a sobrevivência da espécie humana. Pelo menos até a próxima grande crise chegar. Ou ela já chegou?








Fonte: Alexandre Versignassi, Rodrigo Rezende/Sujper







domingo, 20 de dezembro de 2015

Quem lembra dos 5 jovens mortos pela polícia do Rio?


jovens fuzilados 2

Há pouco mais de duas semanas, cinco rapazes negros foram metralhados pela polícia no Rio de Janeiro. A despeito dos mais de 100 tiros disparados e de estarem desarmados, o crime sumiu do noticiário nacional. Nos dias seguintes ao homicídio houve comoção, luto nas redes sociais e manifestações na comunidade onde os jovens moravam, mas nada com a intensidade de recentes protestos ocorridos nos Estados Unidos por causa da morte de negros pelas mãos de policiais.

Um artigo publicado no Washington Post cita este crime para perguntar por que no Brasil não existe um movimento como o ““Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”), criado nos EUA como reação à epidemia de assassinatos de jovens negros.

Não é possível ter uma resposta única e definitiva para este questionamento, mas a chave para entender o problema está na forma como as diferenças de privilégios entre brancos e negros foram abafadas sob o mito da democracia racial.

Se por um lado os negros foram deixados à própria sorte após a abolição da escravatura, por outro construiu-se uma oportuna exaltação do Brasil como um país mestiço.

Esta visão sobreviveu ao longo de décadas, com a falsa noção de que a inexistência de segregação institucional como nos Estados Unidos ou na África do Sul impediu que o racismo florescesse aqui.

Como “não somos racistas”, não há necessidade de implantar medidas que diminuam o abismo social entre negros e brancos. As diferenças, segundo os que recusam o racismo, são motivadas por causas socioeconômicas, nunca pelas diferenças raciais, não importa se estatísticas irrefutáveis mostrem que a maioria dos jovens vítimas de homicídios são negros.

Ao comentar a morte dos cinco jovens, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, foi enfático ao dizer que o crime não envolveu racismo. Pode ser que ele, como político, tenha defendido esta opinião para não precisar se comprometer em resolver o problema.

Mas a fala reverbera a opinião de muita gente, inclusive negra, que ainda está imbuída das consequências de interpretações levianas do livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre.

“Hoje em dia tudo é racismo”, costumam dizer enquanto criticam o sistema de cotas raciais ou minimizam ataques contra negras famosas nas redes sociais.

O que parece um comentário raso baseado em senso comum na verdade é consequência de um processo histórico de negação do racismo, fazendo com que até negros estufem o peito para dizer que não existe preconceito de cor no Brasil.

Protestos contra o extermínio dos jovens negros existem, mas entre os participantes predominam militantes dos direitos humanos ou da causa negra. O cidadão médio fica fora dessa.

Pouquíssimos políticos adotaram o problema como frente de trabalho, sinal de que combater o racismo não rende tantos votos como declarar guerra às drogas ou fiscalizar a sexualidade alheia.

Para complicar, os elevados índices de assassinatos e mortes violentas no país criaram uma espécie de letargia na população. “Brasil perdeu a sensibilidade para o absurdo”, disse o cineasta José Padilha em entrevista para Trip TV, referindo-se, de modo geral, à criminalidade no país.

Uma coisa que Padilha não comenta é que esta sensibilidade depende da cor da pele dos envolvidos. Se os cinco rapazes fuzilados fossem brancos e estivessem na zona sul, estariam até hoje nos noticiários. Saberíamos dos seus planos, haveria entrevistas com namoradas, professores, vizinhos, com direito a música de fundo para arrancar lágrimas do expectadores mais sensíveis.







Fonte: Marcos Sacramento



Uma das melhores invenções da humanidade!

A Privada.

Resultado de imagem para privada


Quando - 1596

Por quê - Permitiu o aumento da expectativa de vida nas cidades. E o mundo como o conhecemos.

Anestesia, cerveja, matemática, roda. Todas invenções da humanidade perdem importância quando se pensa em como era a vida nas grandes cidades sem o vaso sanitário. Mas não é exatamente a privada a maior invenção da história. Aqui, ela representa o verdadeiro vencedor: o saneamento básico, que nos propiciou a dádiva de não termos mais de conviver com os nossos excrementos.

 As primeiras tentativas de construir toaletes e um sistema de esgoto datam de 1.200 a.C, quando habitantes da civilização de Harappa, na atual Índia, criaram formas de encanamento por onde os dejetos eram levados a um esgoto coberto. Sofisticado, mas o primeiro vaso sanitário com descarga veio bem mais tarde, em 1596. Obra do inglês John Harington, afilhado da rainha Elizabeth 1a, a peça ganhou modificações importantes de inventores como Alexander Cummings, Joseph Bramah e Thomas Crapper, que acrescentaram detalhes como o assento e tornaram as privadas mais parecidas com as que usamos hoje.


Banheiro público no século XVIII.

 O desenho definitivo veio com a primeira privada de cerâmica, em 1885, uma criação de Thomas Twyford. E põe definitivo nisso: de lá para cá pouco mudou, se transformando num ícone do design. É reconhecido instantaneamente e não há nada a acrescentar - um efeito parecido ao que vemos hoje em produtos da Apple, reconhecidos pelo minimalismo operacional e estético.

 O vaso de cerâmica de Twyford trouxe a vantagem de facilitar a limpeza e a instalação (basta um cano de entrada de água e outro de saída de esgoto). A privada fez mais pela humanidade do que medicamentos e processos cirúrgicos. As fezes humanas carregam mais de 50 doenças transmissíveis, e uma privada pode reduzir infecções em 40%. Pense nisso quando... Bom, quando você achar melhor.





Fonte: Superinteressante




segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Só no Brasil pra acontecer esse tipo de coisa!




Cada vez mais fico convencido que o nosso país é uma verdadeira piada ao ficar atualizado com os últimos acontecimentos!

Sempre digo que não entendo muito de política, mas ao mesmo tempo procuro sempre me manter informado com o que vêm acontecendo com esse nosso pobre país.

Como é possível um sujeito hipócrita e mentiroso como Eduardo Cunha ter poder para abrir um processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef?

Não que eu seja a favor de Dilma, mas será que ele tem ética para exigir alguma coisa de Dilma?
Claro que muitos dirão que sou ignorante, que o que ele está fazendo está dentro da lei e que portanto a lei lhe dá esse poder.

Mas que lei porca é essa? Onde está a Justiça no Brasil? Será que ninguém pode parar um sujeito como esse? Todo mundo sabe o que ele fez e continua fazendo. E porque ele continua lá?

Outra coisa que não entra na minha cabeça são essas leis que não permitem que a justiça comum prenda parlamentares acusados de corrupção!

São leis criadas pelos próprios políticos para se protegerem e continuarem a roubar do povo brasileiro!

Voltando ao assunto de impeachment, pergunto: O que vai mudar? Vai melhorar alguma coisa?
Digamos que o processo vá adiante e Temer assuma o comando do país, vai melhorar a situação de maneira geral? Vai haver mais dinheiro para saúde e educação? Os casos de corrupção irão diminuir?
O salário mínimo vai aumentar? Os corruptos como Cunha irão para a cadeia e vão devolver o dinheiro que roubaram dos cofres públicos?

É claro que não e todo mundo sabe disso! Não vai mudar nada! Quem é empresário e rico vai continuar governando o país e se lixando se o pobre está morrendo na fila do SUS ou não; se o cidadão que trabalha e gera riqueza para esse imenso país tem um salário digno ou não; se os favelados estão morrendo pela mão da polícia ou dos traficantes! Ninguém está nem aí!

Só pobre é que vai pra cadeia! E se estamos vendo algum rico preso hoje, pode ter certeza que não é por muito tempo ou está recebendo inúmeras regalias na prisão!

Não adianta! Se o Aécio ganhasse as eleições seria a mesma coisa! A elite está sempre no poder!
Nem Dilma nem Cunha são santos! Eles são políticos e só pensam no poder! Aliás esse país é governado pelo toma-lá-da-cá!

 No Congresso em Brasilia não existem mocinhos! Se fôssemos investigar um por um sempre encontraríamos alguém com culpa no cartório!

O que importa para os partidos é o poder! Sempre o poder!

Aqui no meu Estado o governo estadual parcelou o salário dos servidores deixando muitos trabalhadores desesperados alegando que o Estado está quebrado, enquanto paga uma aposentadoria imoral para viúvas de ex-governadores e para os próprios ex-governadores!

E se perguntar para qualquer um desses ex-governadores se isso é correto, eles dirão que estão amparados pela lei e que isso é um direito adquirido. Mas então eu pergunto: Quem criou essa maldita lei? Não foram eles mesmos? Esse bando de parlamentares que entraram na política com o objetivo unicamente de se darem bem?

Porque eles tem que ganhar uma grande quantidade de benefícios enquanto um trabalhador comum não ganha nem mesmo um salário digno?

A solução seria mudar as leis mas quem deles quer mudar? Qual é o político que gostaria de abdicar dos polpudos salários que eles ganham?

Ainda bem que eu acredito em uma mudança real que vai acontecer em breve, por que se tivéssemos que esperar por alguma mudança pra melhor, não só aqui mas no mundo todo, por aqueles que governam e fazem as leis, estaríamos perdidos!

Por que esse Brasil é uma verdadeira piada!








 Por Eliézer.




Ransomware - Que bicho é esse?




Um tipo de vírus conhecido pelo termo em inglês ransomware é a forma de ameaça digital que mais cresce atualmente, alertam especialistas.

Esse tipo de vírus "sequestra" computadores, tablets e smartphones e depois exige da vítima o pagamento de um resgate para devolver os arquivos e dados que estavam armazenados no aparelho.
Um relatório publicado pelo governo australiano diz que 72% das empresas pesquisadas em 2015 enfrentaram problemas com ransomware. O índice era de apenas 17% há dois anos.

Também é um problema cada vez mais frequente entre aparelhos móveis, afirma Gert-Jan Schenk, vice-presidente da empresa de segurança online Lookout.
"Na maioria das vezes, esse vírus infecta o aparelho por meio de downloads, fingindo ser um aplicativo, o que aumenta as chances de uma pessoa clicar nele", diz Schenk.
"Para se proteger dessas ameaças, usuários precisam ter muito cuidado com os aplicativos que instalam e checar de onde eles vêm, além de ler as avaliações deixadas na loja de aplicativos e evitar baixar programas de fontes suspeitas."

A seguir, as respostas a algumas perguntas sobre o vírus:

Como ele funciona?
Como a maioria dos vírus de computador mais comuns, o ransoware chega por meio de um e-mail que ludibria o destinatário a clicar em um link ou abrir um arquivo anexado.
O vírus começa, então, a criptografar os arquivos contidos no aparelho onde foi baixado. Também bloqueia a máquina e pede um resgate - normalmente, na moeda digital bitcoin, já que é mais difícil de rastrear as transações - para devolver os arquivos.

Este valor é de normalmente uma ou duas bitcoins - o equivalente a US$ 500 (R$ 1,9 mil).
Quando este tipo de vírus surgiu, há cinco anos, era comum que o usuário recebesse uma carta de resgate disfarçada como uma notificação oficial da polícia.

A pessoa era direcionada a uma página que aparentava ser, por exemplo, do FBI, a polícia federal americana, onde havia uma falsa alegação de que imagens ilegais de crianças tinham sido encontradas na máquina e que era preciso pagar uma multa.

Hoje, este disfarce caiu em desuso, mas os pedidos de resgate continuam ocorrendo, agora de forma mais direta. A vítima tem um prazo para fazer o pagamento, senão o valor aumenta.

Há como burlar o sequestro de arquivos?
Às vezes trata-se apenas de uma ameaça vazia, mas, na maioria dos casos, o vírus de fato criptografa os arquivos, e a única forma de recuperá-los sem pagar o resgate é recorrer a cópias de segurança feitas pela vítima antes do ataque.

Neil Douglas, da empresa de segurança e tecnologia Network Roi, acaba de auxiliar um cliente em um caso assim.

"Tivemos que recuperar tudo por meio de cópias de segurança. Elas haviam sido feitas dois minutos antes da infecção, então a situação não poderia ter sido melhor, mas (o problema) acabou paralisando os sistemas do cliente por um bom tempo", ele diz.

"Você pode se arriscar a pagar o resgate, mas é como pagar a um chantagista. Só recomendamos se for a última opção, porque você não sabe se voltarão a pedir mais dinheiro e de fato livrarão sua máquina do vírus."

Alan Woodward, especialista em segurança digital, diz que o pagamento também deixa a vítima vulnerável a novos ataques.
"Assim que você paga, você entra na lista dos trouxas e, provavelmente, vai se atacado novamente", ele diz. "Você vira um alvo fácil para os criminosos."

As pessoas costumam pagar o resgate?
Apesar do conselho dado por especialistas de não pagar o resgate, muitas pessoas fazem isso - até mesmo aquelas que você menos espera.

A polícia da cidade de Tewsbury, no Estado de Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos, admitiu ter pago o resgate quando seu principal servidor foi sequestrado no final do ano passado.
"Ninguém quer negociar com terroristas. Ninguém quer pagar a terroristas", disse o chefe de polícia Timothy Sheehantold a um jornal local.

"Fizemos tudo que era possível. Foi uma experiência que abriu nossos olhos. Isso faz com que você sinta ter perdido o controle de tudo. Pagar o resgate em bitcoins foi o último recurso."

O ransonware é lucrativo para os criminosos porque muitas vítimas fazem o mesmo para evitar serem alvo de difamação, ou, como o departamento de polícia, precisam desesperadamente de seus arquivos.

"Algumas empresas têm contas de bitcoins só para o caso de isso acontecer com elas", diz Woodward. "Não recomendo que façam o pagamento. A única forma de lidar com isso é ter certeza de que está protegido contra vírus e fazer cópias dos arquivos."

Quem está por trás dos ataques?
"Tende a ser o crime organizado", afirma Woodward. "Eles faturam milhões com isso. É algo oportunista... Eles tentam com todo mundo."

Uma pesquisa recente da empresa de segurança Palo Alto Networks indica que uma família de ransomware conhecida como Crypto Wall gerou US$ 325 milhões para a gangue por trás dela.
"No mundo do cibercrime, o ransomware é um dos problemas mais prolíficos que enfrentamos", diz Greg Day, vice-presidente de segurança para a Europa da companhia.

"Hoje, os ataques a cartão de crédito geram muito pouco valor a cada golpe. Como resultado, o ransomware passou a ser mais usado, por garantir um valor maior por cada vítima atacada."







Fonte: Zoe Kleinman/BBC





domingo, 6 de dezembro de 2015

Chacina em Costa Barros - Parte 2

jovens fuzilados 2

Os cinco jovens fuzilados pela PM no Rio eram negros — e isso não é coincidência. 


Roberto de Souza Penha, Carlos Eduardo de Souza e Cleiton Correa de Souza tinham entre 1 e 3 anos de idade quando Cidinho e Doca emplacaram o mega sucesso “Rap da Felicidade”. Wilton Esteves e Wesley Castro Rodrigues eram um pouco mais velhos, contavam entre 5 e 10 anos. Talvez eles tenham cantado com outros contemporâneos de comunidade que morreram antes deles os versos proféticos: “Eu só quero é ser feliz / andar tranquilamente na favela onde eu nasci / e poder me orgulhar / e ter a consciência que o pobre tem seu lugar”.

Talvez cantassem este hino do funk enquanto comemoravam dentro do carro, o primeiro salário do menino Roberto, de 16 anos. Talvez sorrissem e planejassem a diversão do domingo antes de tentarem, desesperados, segundo testemunhas, colocar braços e cabeças para fora do veículo conduzido por Wilton, clamando por misericórdia aos policiais militares postados em posição de guerra na entrada da favela.

Outro verso da música ecoa: “Faço uma oração para uma santa protetora / mas sou interrompido / a tiros de metralhadora”. Não adiantou. Thiago Resende Barbosa, Marcio Darcy dos Santos, Antônio Carlos Filho, fuzilaram o carro dos rapazes com cerca de 50 tiros, no começo da favela onde viviam, em Costa Barros, zona Norte do Rio de Janeiro. A conclusão lógica é que a liberdade de ir e vir não é facultada aos jovens negros sequer na favela onde nasceram, como eternizado na canção.

Posteriormente, o policial Fabio Pizza da Silva ainda tentou fraudar a cena do fuzilamento para simular um Auto de resistência, ou seja, tentou criar um cenário de revide dos policiais a um forjado ataque das cinco vítimas com uma arma plantada debaixo do carro, multiplamente perfurado. Felizmente não deu certo. Os três assassinos e o comparsa estão presos e serão julgados. O comandante responsável pela área de atuação dos quatro policiais foi exonerado. Ok.

O Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame se pronunciou e eximiu a Corporação Militar de responsabilidades, haja vista que em sua opinião não se trata de um problema de despreparo profissional dos responsáveis pela matança. Trata-se de um problema de caráter dos matadores.

Assim fica fácil! Difícil mesmo foi a vida dos rapazes assassinados, que nunca gozou de garantias constitucionais básicas. Difícil é a vida das famílias que precisarão administrar dores, revolta e desamparo, sem tempo para o luto, porque se fraquejarem seus mortos apenas comporão a cifra das 83 vidas de jovens negros perdidas a cada dia no Brasil. O problema da carnificina de Costa Barros é que a Polícia Militar é o braço armado do Estado, autorizado a matar, a exterminar jovens negros e pobres. Quilombolas e indígenas. Moradores de favelas, periferias, palafitas, alagados e todos os demais quartos de despejo do Brasil endinheirado e branco.

Dezenas de jovens que conseguiram ser avisados por familiares ou amigos para não voltarem para casa naquela noite porque havia ação policial no morro, agora choram e tremem, com os nervos em frangalhos. Poderia ter acontecido com eles. Pode acontecer amanhã.

É mais ou menos tácito que vivemos uma cultura de violência, como vários ex-secretários de segurança pública do Rio de Janeiro apontam a cada chacina. E que precisamos combatê-la, por suposto. Cada um fazendo uma parte, o Estado, a Polícia, a escola, o cidadão e a cidadã comuns, os meios de comunicação, de maneira integrada.

Temos conhecimento de boa parte das ações necessárias, mas não fazemos nada ou praticamente nada. Ocorre que discutir a violência, apenas, não resolve. É preciso problematizar o racismo estrutural da sociedade brasileira que gera violência e avaliza o extermínio de jovens negros, comemorado por governantes  como gols de placa. Ou alguém ousa negar que a vida desses garotos não tem valor porque são vidas de negros?






Fonte: Cidinha da Silva







quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Chacina em Costa Barros - Atirar primeiro e perguntar depois!




Wilton era o menino dos olhos da sua mãe. E da sua avó, com quem sempre dormia. Estudava contabilidade e, pela sua timidez, era raro vê-lo nas festas. Não bebia, conversava pouquinho e, com 20 anos, ainda pedia permissão para fazer planos. Assim foi no último sábado quando estacionou seu Fiat Palio branco na lanchonete onde sua mãe trabalhava de copeira e lhe disse que ia sair com os amigos, os da infância, com os que jogava videogame em casa. “Vai com Deus”, lhe disse a mulher, contente de ver o jovem na rua. Horas depois, Marcia Ferreira, de 38 anos, encontrou Wilton agonizando no volante do carro, perfurado por mais de 50 disparos de fuzil disparados por policiais. Junto com ele, jaziam banhados em sangue mais quatro amigos. Aos gritos, Márcia pediu para socorrer seu filho, mas a polícia não permitiu. Um dos agentes, assegura ela, lhe apontou um fuzil para afastá-la, e a mãe deu uns passos para trás enquanto Wilton morria, ainda com os olhos abertos. Dopada com tranquilizantes desde aquele dia, Marcia não conseguiu nem enterrar o filho nesta segunda-feira e desmaiou antes do funeral terminar. “Ele cuidava muito de mim. Quem vai cuidar de mim agora?”, pergunta a mãe antes de desabar.

A execução de Wilton, Wesley, Cleiton, Carlos Eduardo e Roberto em Costa Barros, um bairro pobre na Zona Norte do Rio, tinha todos os ingredientes para se fundir na estatística invisível dos autos de resistência no Estado do Rio de Janeiro, que justificaram, nos primeiros oito meses do ano, a morte de 459 pessoas em confronto com policiais, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio. Eles eram jovens, pobres e negros – as principais vítimas de violência no Brasil – e rodavam à noite numa favela. Mas o tiroteio teve testemunhas que denunciaram que os agentes forjaram a cena do crime colocando uma arma perto do veículo e que aquilo foi uma emboscada. “É morador! É morador!”, gritaram os rapazes antes de morrer. Quatro policiais foram presos em flagrante e a versão de que estariam se defendendo de bandidos armados se desmoronou com as primeiras conclusões da perícia, que não achou indícios de disparos vindo do interior do carro.

Diante das evidências e os 50 disparos, o secretário de Segurança Pública, José Maria Beltrame, e o governador Luiz Fernando Pezão reconheceram com celeridade incomum o erro e qualificaram o crime como “indefensível” e “abominável”. Há três anos, o 41º batalhão de Irajá, onde trabalhavam os policias presos, é o que mais mata em supostos confrontos com a polícia. Houve 67 vítimas só de janeiro a outubro deste ano. Seu comandante foi exonerado. “Temos uma polícia pouco valorizada, mal remunerada e pessimamente treinada e espera-se que um rapaz com uma pistola e uma farda dê conta de um problema social de enorme complexidade”, lamentou Antônio Carlos Costa, diretor da ONG Rio de Paz que abraçou, logística e financeiramente, a causa das família.

No subúrbio de Costa Barros, o penúltimo bairro do Rio no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), baseado na saúde, educação e dignidade dos moradores, há meninos voltando da escola sem calçado, homens surgindo dos contêineres de lixo, pequenas cracolândias e muito medo. Tanto que até os familiares, descontrolados pela dor, medem cada uma das suas palavras para não incomodar nem traficantes nem policiais ao relatar o acontecido. “Na rotina das comunidades”, conta um morador da região, “a regra é sempre ver, ouvir e calar”. Os moradores sofrem há anos com a guerra de facções, entre o Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, para se apoderar do controle dos pontos de droga e os complexos de favelas do entorno, como o de Pedreira e o Chapadão, estão na mira do Governo para serem ocupados pelo Exército antes das Olimpíadas de 2016, como já foi feito no Complexo da Maré nas vésperas da Copa do Mundo, em abril de 2014.

O crime dos jovens mobilizou a imprensa fluminense completamente, mas ainda assim uma mesma pergunta ecoa entre os familiares e amigos das vítimas: qual seria a comoção da sociedade se os cinco mortos fossem jovens brancos da Zona Sul? “Os tiros soam diferente na favela”, responde Mônica, mãe de Cleiton, de 18 anos. “Somos muito discriminados pelo ambiente onde a gente mora. Eles eram negros, favelados, foi por isso que nossos filhos foram mortos. Temos que mostrar que aqui é como em Copacabana. Em todo ser humano de Costa Barros corre o mesmo sangue que em Copacabana. Não tem nada de diferente”, disse Mônica, entre os aplausos dos seus vizinhos. Os familiares, reunidos nesta terça-feira na comunidade, estudam agora como se organizar para que a repercussão da morte dos jovens não morra junto com eles, já na semana que vem.



A tragédia acabou também com a vida das famílias. A mãe de Wilton não voltou a trabalhar, não dorme apesar dos remédios, desmaia com frequência e perdeu completamente o olhar. O filho caçula de 15 anos ia em uma moto na frente do carro que Wilton dirigia, conseguiu fugir dos disparos e testemunhou a execução. Ele declarou que foi uma emboscada, que o carro dos policiais estaria aguardando um comboio do tráfico. O único consolo que ela tem hoje é que o caçula e a sua neta, de cinco anos, que berrou para poder acompanhar os tios naquela noite, também poderiam ter sido mortos.

Jorge Roberto, o pai de Roberto, de 16 anos, passou os últimos dias recuperando fotos do filho nas gavetas de casa. Ele, que estudou Direito e trabalhava como soldador, chora em silêncio a morte de um menino que sorria e abraçava e que naquele sábado comemorava seu primeiro salário como aprendiz em uma rede de supermercados. Mônica cumpriu a promessa que fez ao filho de sepultá-lo junto com os amigos, e aguardou durante horas a chegada do corpo que só foi enterrado após às oito horas da noite, com o cemitério fechado e os faróis de um carro como única luz. Ela tem crises constantes de queda de pressão, não consegue comer e, na terça-feira, antes da reunião com outros moradores finalizar, teve que ser atendida num posto de saúde após ser retirada aos prantos e meio desmaiada entre vários dos seus vizinhos.


Carlos Henrique, o pai de Carlos Eduardo, de 16 anos, não conseguiu, até agora, voltar a dirigir o táxi do que depende o sustento familiar. “Eu não posso atender a um cliente assim”, lamentou e reconheceu que viver uns dias de luto sem trabalhar é um luxo que sua família está longe de poder se permitir. O governador Pezão disse que os familiares podiam contar com o auxílio do Estado, mas eles ainda esperam uma ligação. “Já que ele nem veio ao cemitério, o mínimo é que nos receba, né?”, cobrou Mônica. “Eu não quero saber de dinheiro, isso não vai trazer meu filho de volta. O que eu quero é Justiça”, disse Márcia.

Nos primeiros oito meses do ano houve 459 mortes justificadas como  confrontos com policiais
O caso dos cinco jovens será alvo de um processo criminal por homicídio doloso (com intenção de matar) e fraude processual, um processo interno da PM para apurar a responsabilidade dos agentes e decidir seu destino e uma ação indenizatória que as famílias ainda devem articular, explicou João Tancredo, o advogado de casos como o desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, ou a morte de Claúdia, que depois de ser alvo de disparos foi arrastada durante metros por uma viatura policial. Tancredo, de terno e gravata, mas curtido na defesa de episódios de violência policial nas favelas, exortou as famílias, moradores e líderes comunitários a se mobilizarem para ter voz frente os abusos. Ele parafraseou Raul Seixas para tentar confortá-las: "Sonho que se sonha só / É só um sonho que se sonha só / Mas sonho que se sonha junto é realidade".





Fonte: Maria Martín/ El País.








terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Solidão causa doenças!

Resultado de imagem para solidão


Um novo estudo mostrou que a solidão está ligada ao mecanismo da luta ou fuga, que pode afetar a produção de glóbulos brancos, as células de defesa do organismo. Foram analisados humanos e macacos rhesus, uma espécie altamente sociável. Os novos resultados são complementos de estudos anteriores, realizados pelo mesmo grupo de cientistas.

Anteriormente, eles descobriram que a solidão também está ligada a um fenômeno que se chama resposta transcricional conservada às adversidades (CTRA, em inglês). Essa resposta é caracterizada pela maior expressão de genes envolvidos na inflamação do corpo e pela menor expressão de genes envolvidos na resposta antiviral. Isso quer dizer que as pessoas solitárias têm mais inflamações e um sistema imunológico mais fraco do que os mais sociáveis.

No estudo mais recente, foi examinada a expressão desses genes nos glóbulos brancos, ou leucócitos. O resultado não surpreendeu: os leucócitos dos humanos e macacos apresentaram os efeitos da CTRA, o que significa que eles são mais suscetíveis a doenças causadas por bactérias e vírus.

O outro efeito da solidão observado em laboratório foi o aumento no neurotransmissor norepinefrina, responsável pelo mecanismo de luta ou fuga. Esse mecanismo comanda o corpo para deixá-lo mais preparado para enfrentar situações de estresse, como uma luta ou um assalto. A norepinefrina pode estimular a produção de um tipo específico de célula: o monócito imaturo, que apresenta altos níveis de genes inflamatórios e baixos níveis de genes antivirais. Nos macacos solitários, esses genes permitiram que o vírus da imunodeficiência símia -e quivalente ao HIV -, crescesse mais rapidamente no corpo.





Fonte: Ana Luisa Fernandes/Super





segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ah...! Se Eduardo Cunha fosse deputado na Suécia...!

override-if-required

As trevas que escurecem os céus às três e meia da tarde, neste nebulento outono sueco, são um convite a conversas e especulações tenebrosas. Lanço a pergunta aos meus convivas: e se o impoluto Presidente do Parlamento sueco, num delírio lancinante, abrisse quatro contas secretas na Suíça, mentisse para os nobres colegas da Câmara e se tornasse personagem de uma investigação das autoridades suíças sobre corrupção passiva e lavagem de dinheiro?

“Eu seria a primeira cidadã a entrar com uma ação judicial contra ele”, responde a nossa anfitriã da tarde, que durante seis anos foi a porta-voz do primeiro-ministro sueco. À volta da mesa, os demais comensais, incluindo um ex-deputado, balançam a cabeça em sinal afirmativo.

Sim: na Suécia, qualquer cidadão tem o direito de se dirigir à polícia, ou à Procuradoria Geral de Justiça, e apresentar uma denúncia criminal contra qualquer político.

“E pela lei, tanto a polícia como os promotores têm a obrigação de investigar uma denúncia pública, que poderá se converter assim em uma ação penal”, diz na roda da conversa um dos sócios do Mannheimer Swartling, o maior escritório de advocacia da região nórdica.

Nenhum político sueco tem direito a imunidade parlamentar, que na lógica sueca nada mais é do que um salvo-conduto para roubar, desviar e achacar. Políticos suecos também não têm direito a foro privilegiado – nem mesmo o Presidente do Parlamento sueco, que é o mais alto cargo político do país: na hierarquia do poder, ele está acima do primeiro-ministro, e abaixo apenas do rei, que tem a protocolar função de Chefe de Estado.

Vou em busca de informações junto ao Procurador-Chefe do Särskilda Åklagarkammaren, o órgão especial da Procuradoria Geral da Suécia que investiga denúncias contra políticos, policiais, magistrados, promotores e juízes da Suprema Corte.

“Suspeita de corrupção contra um presidente do Parlamento sueco? Nunca ouvi falar nisso. Preciso verificar os procedimentos. Volte a ligar amanhã”, diz o Procurador-Chefe, Mats Åhlund.

Enquanto isso, decido ir ao encontro de um deputado do Parlamento sueco com a pergunta: quanto tempo o presidente do Parlamento sueco permaneceria no exercício de suas funções, caso estivesse sob uma investigação criminal?

“Aqui na Suécia, os políticos têm que se afastar de suas funções até quando são flagrados numa blitz por beber e dirigir”, diz o deputado Kent Härstedt. “Porque um sistema político deve ser extremamente exigente com aqueles que violam a lei. Mesmo quando não se trata de um crime grave”.

Via de regra, um político sueco acusado ou suspeito de algum ato impróprio sempre se afastará temporariamente do cargo. É o que se chama informalmente, nos círculos políticos suecos, de fazer um “time-out”.

“Caso as acusações se provem infundadas, o presidente do Parlamento ou qualquer outro político suspeito poderá, aí sim, retomar suas funções”, prossegue Härstedt.

“Mas enquanto estiver sob suspeita, um político sueco se afastará de suas funções, e por iniciativa própria, a fim de evitar constrangimentos ao seu partido. Ninguém precisaria exigir ou pedir a ele, ´você deve sair´”, pontua o deputado.

Como quem recita o trecho de um romance policial no melhor estilo Stockholm noir, passo a narrar ao deputado sueco os palpitantes acontecimentos envolvendo o presidente do Congresso brasileiro.

“‘Oh my God!’ (´Oh meu Deus!’)”, exclama o deputado, ao ouvir as acusações feitas pelo Ministério Público da Suíça contra Eduardo Cunha.

“O presidente do Congresso nega todas as acusações”, ressalto. “Mas há evidências de que o deputado usou o nome da própria mãe, como contrassenha a ser usada em consultas ao banco suíço”, prossigo.

“‘Oh my God!’”, repete Kent Härstedt, deixando escapar risos nervosos.

Conto a ele, então, que o presidente do Congresso brasileiro nunca declarou a existência das contas às autoridades brasileiras, e que chegou a afirmar, diante de uma CPI do Congresso, que não possuía contas no exterior. Ele tenta se defender agora argumentando que não se trata de contas, e sim de trustes, e que ele é apenas “usufrutuário em vida” do dinheiro.

“‘Jesus!’”, exalta-se mais uma vez o deputado sueco.

Digo a ele que Jesus, na verdade, é o nome da empresa do evangélico deputado, a Jesus.com, em nome da qual Cunha e a mulher têm uma frota de carros de luxo avaliada em R$ 642 mil. E que, apesar de todas as evidências apresentadas e da seriedade das acusações que pesam contra ele, o presidente do Congresso brasileiro se recusa a afastar-se do cargo.

“Uma situação como essa só pode ocorrer em um país que ainda tem instituições frágeis”, diz Kent Härstedt, formulando, enfim, uma frase.

“Em sociedades onde há instituições fortes e independentes, uma imprensa livre e um Judiciário limpo, ninguém está acima da lei. Outro pilar determinante de uma sociedade justa é o grau de escolaridade de uma população, que estabelece sua capacidade de compreender o que ocorre nos poderes do país”, acrescenta o deputado sueco.

Volto a ligar para o Procurador-Chefe Mats Åhlund, que já se inteirou sobre os procedimentos na Suécia para o caso hipotético de uma denúncia criminal contra o presidente do Parlamento sueco: sim, o político poderia ser denunciado por qualquer cidadão, ser processado como qualquer cidadão – e ser julgado, como qualquer cidadão, por um juiz de primeira instância.

“Os cidadãos são livres para vir até mim, ou à polícia, e fazer uma denúncia contra o presidente do Parlamento sueco”, confirma Åhlund.

“A denúncia também pode partir diretamente dos serviços de inteligência da polícia, ou ser deflagrada por minha própria iniciativa, sem qualquer interferência do poder político”, ele acrescenta.

Dependendo da natureza das acusações, o caso pode ser investigado também – de forma individual ou conjunta – pelos promotores da Agência Nacional Anti-Corrupção da Suécia (Riksenheten mot Korruption) ou pela temida Ekobrottsmyndigheten, a Autoridade Sueca contra Crimes Financeiros.

“O que vale para o Presidente do Parlamento, assim como para todos os políticos, são os procedimentos judiciais de praxe, válidos para qualquer cidadão. Não há foro especial”, sublinha o procurador-chefe sueco.

A partir do recebimento de uma eventual denúncia de um cidadão contra o presidente do Parlamento sueco, seria feita uma investigação preliminar sobre o caso.

“Se as acusações mostrassem ter fundamento, meu próximo passo seria conduzir uma investigação mais abrangente. Estas investigações seriam realizadas, sob a minha condução, por uma unidade especial da polícia que trabalha com nossa força-tarefa”, explica o Procurador-Chefe da Särskilda Åklagarkammaren.

E se o Procurador-Chefe entrasse em um estado patológico semelhante à Síndrome de Estocolmo, desenvolvendo um sentimento súbito de simpatia pelo político acusado, e decidisse arquivar o caso?

Para esse tipo de eventualidade, o cidadão que deflagra um processo contra um político pode recorrer da decisão do procurador junto aos cães de guarda do sistema judiciário sueco: o Ombudsman da Justiça (JO, na sigla em sueco) e o Provedor de Justiça (JK). São as duas ouvidorias inventadas pelos suecos entre os séculos XVIII e XIX para – horror, horror – ouvir o povo.

Da mesma forma, a eventual absolvição do presidente do Parlamento sueco em um hipotético julgamento, por um juiz de primeira instância, também poderia ser contestada nas instâncias superiores da Justiça pelo cidadão responsável pela denúncia criminal.

Sobre os termos de uma eventual punição de um presidente do Parlamento por corrupção passiva e evasão de divisas, o procurador sueco adota a cautela.

“Não faço especulações”, rechaça ele.

A lei sueca prevê pena de dois a seis anos de prisão para crimes de corrupção. Para contas bancárias não declaradas – o que na Suécia é considerado um crime severo -, a punição varia de seis meses a seis anos no xadrez.

Pergunto a Mats Åhlund se o presidente do Parlamento poderia permanecer no cargo, durante as investigações.

“Esta decisão caberia ao Parlamento”, diz o Procurador-Chefe. “Normalmente, os próprios políticos tomam voluntariamente a decisão de se afastar. Mas nunca passamos por tal situação com um presidente do Parlamento, então não há precedentes.”

O procurador recusou-se, elegantemente, a comentar o caso Eduardo Cunha.

Mas na animada roda de conversa dos meus convivas, naquela tarde escura de outono, travara-se um diálogo sueco em torno da novela policial que se desenrola no Congresso brasileiro:

“Parece que no Brasil os políticos têm imunidade parlamentar”, comentou o ex-deputado ao redor da mesa.

“Imunidade parlamentar? Isso é um absurdo incompreensível”, reagiu o marido da anfitriã entre goles de glögg, o tradicional vinho quente com especiarias que é apreciado nesta época do ano.

“Se o próprio Congresso não exige a renúncia do presidente da Câmara, então todo o sistema está podre”, decretou a ex-porta-voz do primeiro-ministro sueco.







Fonte: Claudia Wallin



segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Franceses valem mais do que Quenianos?




Por que a vida de um queniano vale menos que a de um francês? A culpa é dos meios de comunicação do Brasil? Da mídia internacional? Dos governantes do ocidente? Nossa compaixão seletiva precisa ser discutida.

Imagine que, numa madrugada de quinta-feira, quatro radicais muçulmanos invadissem uma universidade dos Estados Unidos, da Alemanha ou da Inglaterra. Imagine que carregassem explosivos e armas automáticas. Imagine que seguissem para os dormitórios estudantis e perguntassem a religião de cada rapaz ou moça que encontrassem por lá. Imagine que, se o jovem respondesse “sou cristão”, os atiradores o matassem. Imagine que os insurgentes permanecessem no campus durante 16 horas e mantivessem centenas de reféns, entre alunos e professores. Imagine que, depois de a polícia e o Exército tomarem conta da situação, a horrorosa jornada terminasse com um saldo de 148 mortos.

Como o Ocidente — incluindo o Brasil, claro — enxergaria a carnificina? De que maneira nossos jornais, revistas, televisões, rádios e sites noticiosos relatariam o fato? Cobririam a tragédia em tempo real? Enviariam correspondentes para a cidade onde se deu a tenebrosa investida? Continuariam destacando o assunto por quanto tempo: dias, semanas, meses? O que os internautas comentariam nas redes sociais e com que frequência? O Facebook estimularia campanhas de apoio às vítimas? Os chefes de Estado se pronunciariam imediatamente? Em que tom? Falariam que o atentado maculou não apenas o campus, mas todas as sociedades que se proclamam civilizadas? O infortúnio viraria um marco, sempre mencionado por gerações futuras?

Infelizmente, o crime bárbaro aconteceu há sete meses em Garissa, no Quênia. A república africana — e negra — reúne 47,3 milhões de habitantes, mais ou menos a mesma população da Espanha. Como dispõe de praias, savanas, florestas, lagos, montanhas e desertos belíssimos, atrai um número considerável de visitantes (não à toa, converteu o turismo num dos pilares de sua economia, majoritariamente agrícola). Ocupa a 82ª posição no ranking do Fundo Monetário Internacional que compara o Produto Interno Bruto de 183 nações. Embora não se trate de um país miserável, está longe de figurar entre as potências e enfrenta dificuldades severas em diversas áreas: educação, saúde, infraestrutura, segurança. Mesmo assim, exibe uma classe média pujante, o que faz crescer os olhos de investidores estrangeiros. Politicamente, é uma democracia, mas disputas étnicas, corrupção e fraudes eleitorais costumam ameaçá-la.

Os terroristas que tomaram o campus, na fronteira com a Somália, integravam o Al-Shabaab, grupo somali ligado à Al-Qaeda e combatido pelo Quênia desde o fim de 2011. Consideravam a universidade “um território muçulmano”, que precisava se libertar “dos infiéis”. Daí a ação sanguinária. Os quatro extremistas acabaram assassinados durante o cerco policial. Entre os 148 mortos, contavam-se 142 estudantes.

Há 17 anos, o país da África Oriental sofre ataques jihadistas de imensas proporções. Por que, então, pouquíssimos de nós mencionam o Quênia quando esbravejam contra o terrorismo? Você tomou conhecimento do que se passou na universidade? Recordava-se do episódio? Eu tomei, mas só me lembrava vagamente daquele 2 de abril. E a descoberta de não o guardar vivo na memória me angustiou pela manhã, quando avistei uma fotografia dos alunos mortos em meio à enxurrada de informações que ando consumindo sobre os recentes e terríveis acontecimentos da França. “Como posso não lembrar?!”, indaguei-me, perplexo. O ato escabroso ocorreu no primeiro semestre de 2015 e dentro de uma universidade, território que sempre julguei sagrado, que sempre quis ver protegido da intolerância, da brutalidade e da desesperança.

Para o Ocidente, um campus não agrega simbolismos parecidos com os do Bataclan, casa de espetáculos parisiense onde o Estado Islâmico provocou dezenas de mortes? Não representa a liberdade, a promessa de diálogo e o apelo à convivência pacífica? Não abriga a alegria e o inconformismo juvenis? No entanto, apaguei da mente e do coração tudo o que se desenrolou em Garissa. Aliás, antes da matança, nunca ouvira falar da cidade e não retive o nome dela após a pavorosa quinta-feira. Assim que recebi as notícias do massacre, não me preocupei em aprender mais sobre o Quênia e não procurei os testemunhos de quenianos na internet (uma das línguas oficiais de lá é o inglês).

Tampouco vasculhei a mídia local atrás de análises, opiniões e histórias de solidariedade ou heroísmo. Não observei direito o rosto dos garotos e garotas que morreram antes de deixarem os próprios quartos. Não cogitei pintar meu retrato no Facebook com o vermelho, o preto e o verde que tingem a bandeira da república africana — até porque Mark Zuckerberg não me ofereceu nenhuma ferramenta capaz de efetivar a metamorfose nem minha curiosidade se prontificou a checar quais as cores nacionais do país.

Agora, à medida que faço essas pesquisas tardias, sinto-me como se desbravasse Marte. Percebo que o Quênia é, para mim, tão distante quanto o planeta alaranjado. Garimpo inúmeras reportagens e artigos sobre a terra das girafas, dos rinocerontes e das zebras, mas não consigo avaliá-los, tamanho meu gap de referências. Devo confiar no que leio? O que me afirmam as fontes britânicas, norte-americanas, espanholas, portuguesas e mesmo quenianas merecem crédito? Não tenho ideia, já que estou me aventurando por aquelas bandas pela primeira vez.

Lógico que Paris me soa infinitamente mais familiar. A questão, porém, não é conhecer melhor a França. O problema é não conhecer nada do Quênia nem nutrir uma empatia avassaladora pelos que moram ali. Afinal, no Brasil, negros e pardos ainda constituem a maioria da população. Dizem os historiadores que parte deles se origina de escravos “moçambiques”, assim designados porque vinham justamente de Moçambique e arredores, uma região que hoje engloba a Tanzânia, o Malauí, a Zâmbia, a África do Sul, o Zimbábue e… o Quênia! A França, em muitos sentidos, é aqui. Mas o Quênia também não é? Estima-se que, no século 19, entre 18% e 27% dos africanos que habitavam o Rio de Janeiro pertenciam à linhagem dos “moçambiques”.

Eu poderia culpar os meios de comunicação brasileiros, a opinião pública internacional e os governantes ocidentais pela apatia com que encarei a chacina de Garissa. Praticamente todos, de um modo ou de outro, abordaram a selvageria, mas sem persistência e sem aquilo que Aristóteles chamava de “a justa indignação”. Seria cômodo lhes atribuir o ônus da minha fraternidade seletiva. Ocorre que já possuo cabelos brancos suficientes para admitir o óbvio: a compaixão — a minha, a de você, a de Zuckerberg, a de Barack Obama, a do Papa — não deveria nascer somente do jeito como a mídia e a geopolítica descrevem o mundo. Eu soube do que aconteceu com a meninada do Quênia. Nós soubemos. A notícia nos chegou logo depois de o inferno baixar naquela universidade. Entretanto, conscientemente ou não, preferi esquecê-la. E tal escolha, à luz de como reagimos diante das atrocidades em Paris, se tornou inesquecível.








Fonte: Armando Antenore/ Revista Samuel



Como fica o meio ambiente depois do desastre em Mariana MG.



Quem chega em Gesteira, distrito rural no município de Barra Longa, MG, nunca vai imaginar que antes passava um córrego com água cristalina e havia um campo verde amplo na frente, onde bois e cavalos pastavam. Porque quem chegar hoje em Gesteira não verá um pasto, nem um animal ou um riacho. Verá apenas uma gigantesca lagoa de barro escuro onde antes era um vale. Os moradores descrevem para mim, entre o luto e a saudade, a paisagem onde cresceram e que, provavelmente, nunca mais verão na vida.

“Antes esta paisagem daqui era tudo verdinho com uma pastagem e tinha um rio com água clarinha. Acabou tudo.” — diz Claudiano da Costa, morador de Gesteira.
Mais de dez dias após a queda das barragens da mineradora Samarco, ainda se desconhece todas as extensões do impacto ecológico liberado na forma de 62 milhões de litros de lama residual da mineração. O barro de rejeitos saiu de Bento Rodrigues, na cidade histórica de Mariana, em Minas, e ainda percorrerá mais de 850 km até chegar ao mar, deixando um rastro de destruição à fauna, à flora e às comunidades que estiverem em seu caminho. Só é preciso observar a área destruída — seja do leito do rio, seja do espaço — para compreender que é um dos maiores desastres ambientais na história do Brasil.

No entanto, ainda há muitas perguntas buscando entender como esta tsunami de lama afetou todo um ecossistema. Aqui está um panorama do que já sabemos.

Lama Tóxica?




Para ter compreensão do impacto é preciso primeiro entender qual é o conteúdo da enxurrada de lama que vêm das minas. Segundo a mineradora Samarco, as barragens apenas continham rejeitos de minério de ferro e manganês, misturados basicamente com água e areia. A empresa insiste que o material é inerte, não causando danos ao ambiente ou à saúde. No entanto, análises do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu, ES, mostram a presença de diversos metais pesados na água do Rio Doce, como arsênio, mercúrio e chumbo.

Estes elementos são extremamente tóxicos ao ambiente e à saúde humana, sendo absorvidos nos corpos dos diferentes organismos e dificilmente eliminados. Normalmente, eles acumulam nos tecidos de seres vivos e, com o tempo, na própria cadeia alimentar. Ao ingerir a carne ou folhas contaminadas, o metal pesado não é processado, envenenando o bicho ou pessoa que consumiu a comida intoxicada. Com o tempo, os metais pesados podem gerar problemas sérios à saúde, como câncer, úlceras e danos neurológicos.

Na tarde de sábado, 14/11, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, apresentou um laudo da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) negando a existência de metais pesados na água e contrariando os laudos de Baixo Guandu. Nesta quinta-feira, 12/11, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também foi coletar amostras da lama e da água no Rio Doce para apurar o grau da devastação e verificar, entre outros aspectos, a presença de metais pesados. Ainda resta esperar os resultados da investigação dos cientistas mineiros, que devem chegar no decorrer da semana.

O Fim da Vegetação



No entanto, mesmo sem arsênio e mercúrio e ao contrário do que a mineradora sugere, a lama está longe de ser inofensiva. Apesar da presença do ferro e manganês não significar um perigo à saúde, estes elementos causam consequências profundas à terra.

“O ferro (e o manganês) tem uma facilidade muito grande de reação, sendo um ligante por sua própria natureza. No caso, essa lama vai formar uma capa muito dura devido à presença do ferro. A tendência é fazer uma ligação muito forte e ficar sobre a superfície formando uma crosta” — diz a professora do Instituto de Geociências da UFMG e especialista em geologia ambiental, Leila Menegasse. Segundo ela, esta cobertura poderá impedir a infiltração da água e também cobrirá a própria vegetação, tornando o ambiente estéril.

“As raízes ficam soterradas, desaparece a possibilidade da fotossíntese porque a água fica muito turva e as folhas ficam todas fechadas pela deposição de materiais. As plantas que entrarem em contato com essa lama certamente irão morrer” acrescenta o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, Francisco Barbosa.

Rio Doce Morto
Quem se aproximar do Rio Doce, seja em Minas seja no Espírito Santo, verá ele amarronzado, escuro e com diversos detritos boiando. Essa imagem não é apenas feia e desagradável, ela também é extremamente danosa à vida aquática. Esse barro, mesmo diluído, torna á água turva e barra a passagem de raios solares, escurecendo o rio e impedindo que algas façam fotossíntese. O baixo nível de oxigênio na água é insustentável para os animais, fazendo com que, em um ato de desespero, muitos peixes simplesmente pulem fora d’água.

Se em cima cadáveres boiam, embaixo o rio encolhe. “Toda essa área que recebeu uma carga de segmentos irá sofrer um processo de deposição de material no fundo do rio. Isto vai aumentar a altura da calha e, a grosso modo, vai entupir o rio” explica o coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas, Carlos Barreira Martinez. O processo é intensificado pela destruição da mata auxiliar, ainda existindo a possibilidade de a lama cobrir as nascentes, diminuindo consideravelmente o volume da água. Este perda não significa apenas menos água, mas compromete sua qualidade e a torna imprópria para o uso.

Os mananciais oriundos do Rio Doce são usados para abastecer diversas comunidades rurais, seja para o uso pessoal, seja para irrigação de plantações ou consumo pelo gado. Essas comunidades rurais serão profundamente afetadas e não poderão recorrer ao rio mais. Mesmo considerando apenas a população urbana, a enxurrada de lama passa por, no mínimo, 23 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, o que representa meio milhão de pessoas com a torneira seca.

Milhares de pessoas sem água
A cidade mais afetada pelos rejeitos da Samarco é também a maior da bacia do Rio Doce: Governador Valadares, MG, com 280 mil habitantes. Mesmo a 300 km de Mariana, sua SAAE, em laudo preliminar da água, encontrou um nível de turbidez oitenta vezes maior do que o tolerável, além de níveis de ferro que chegaram a superar treze mil vezes o tratável. Esta condição insalubre do rio fez com que o abastecimento de água fosse cortado no domingo, 08/11. Dois dias após a interrupção, a prefeita Elisa Costa declarou estado de calamidade pública.

“Todo o dia esse caos. Todo dia gente transportando água. Todo mundo carregando água como pode”, descreve de Marcos Renato, habitante da cidade. Em longas filas, a população gasta horas em pontos de distribuição de água, sofrendo, além da seca e da sede, das altas temperaturas. “Estamos atendendo normalmente nas unidades de saúde e nos preparando para possíveis doenças que venham a surgir pela falta de água e pelo uso da água contaminada.

 Enfim, a situação aqui não está nada fácil” comenta Flávia França, médica local e membro da Rede de Médicas e Médicos Populares.
Segundo a prefeitura do município, as companhias Samarco e Vale fizeram pouco ou mal esforços para ajudar a população. Na sexta-feira, 13/11, em nota ela comunicou que a mineradora só tinha aceitado pagar os caminhões pipa.

 Mais tarde do dia, a primeira remessa de água, com 280 mil litros, estava contaminada com querosene, não servindo para consumo. A situação só começou a melhorar no sábado, quando o governador de Minas, Fernando Pimentel, anunciou o uso de um coagulante que permitirá o tratamento da água. A substância facilita a separação da lama e da água, permitindo assim que ela seja filtrada e volte a ser potável. A expectativa é que o abastecimento na cidade retorne nesta segunda-feira, dia 16/11.

Um Oceano Inteiro Afetado



É importante lembrar que o rio não é só água em movimento, mas também funciona como transporte de nutrientes para o mar, que acabam sustentando diversos organismos. Coincidentemente, na foz do Rio Doce, ocorre também o encontro de correntes marinhas do Sul e do Norte, formando um “rodamoinho” de água de cerca de setenta quilômetros de diâmetro. Esta área é rica em nutrientes e também reúne espécies marinhas de todo o mundo. Por isso, segundo o diretor da Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, o biólogo e ecólogo André Ruschi, a foz do Rio Doce se torna uma dos maiores pontos de desova de peixes marinhos do mundo.

“É o maior criadouro do Oceano Atlântico. Todos os grandes peixes do Oceano, do hemisfério sul e norte, vêm para lá se reproduzir, sendo um fenômeno impar. É uma das regiões marinhas mais importantes do planeta e, da costa brasileira, é a mais sensível de todas”. A chegada de diversos rejeitos da mineração significa um risco para todo o ecossistema do oceano. Como ainda resta a chance da presença de metais pesados na lama, há a possibilidade de contaminação da imensa biodiversidade do local. Todos os seres vivos, desde o minúsculo plâncton ao gigante marlim, podem acabar envenenados por estes elementos.

Recuperação?
Restam ainda muitas dúvidas em relação a como e quanto o ambiente será afetado pela lama da Samarco. Mas uma merece destaque: é possível recuperar o estrago? Ainda é muito cedo para afirmar com certeza, porém se estipula que o volume de água do rio talvez será o primeiro a normalizar.
“A natureza é muito mais forte do que podemos imaginar. Com o passar do tempo e muito lentamente os rios vão se recuperando. A vida dos tributários vai voltar a ocupar o rio e ele, em uma ou duas décadas, vai se recuperar. O que é muito tempo.” afirma o coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas, Carlos Barreira Martinez. No entanto, para que isto ocorra é necessário que a lama se dilua e escorra para outras áreas, o que só é possível com a ação da chuva. A estiagem que a região sudeste enfrenta é um agravador deste cenário, atrasando muito uma possível revitalização do Rio Doce.

Obviamente, a biodiversidade animal e vegetal da região não pode esperar décadas para ver o rio novamente. “O conjunto de seres vivos vai estar todo ameaçado e vários desses organismos vão desaparecer, ainda que, vamos esperar, seja localmente. Eventualmente alguns desses organismos podem ter a chance de voltarem a colonizar essas áreas. Para que isso aconteça, vai precisar de tempo. No entanto, outros organismos não vão ter a chance de colonizar porque requer um tempo muito mais longo para que as cadeias alimentares se restabeleçam”explica o professor do ICB da UFMG, Francisco Barbosa.

 Ele estima que o começo dessa recuperação só irá acontecer em um futuro distante, precisando de 20 a 30 anos para a maioria dos diversos processos se sucederem.
Mas, se este prazo já é muito grande no continente, no oceano, ele é ainda maior. O especialista em biologia e ecologia marinha, André Ruschi lembra que a chegada de nutrientes ao oceano depende dos ciclos da maré, definidos pelos movimentos dos astros, como a lua e o sol: “A cada onze anos, com as enchentes, as cheias carregam grandes quantidades do material do rio para o mar”.
Como a região também é onde ocorre a confluência de espécies e correntes de todo o Oceano Atlântico, sendo uma das áreas de maior biodiversidade no mundo, o impacto, segundo o cientista, representará um atraso de séculos ao ecossistema.





Fonte: Pragmatismo


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Jim Jones - O pastor que levou 900 pessoas ao suicídio!



Até os ataques de 11 de setembro, a maior tragédia envolvendo ações deliberadas contra civis americanos teve lugar em meio à floresta amazônica, no território da Guiana. Há exatamente 37 anos.

Em 18 de novembro de 1979, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, uma comuna fundada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de orientação socialista.
Embora algumas pessoas tenham sido mortas a tiros e facadas, a grande maioria pereceu ao beber, sob as ordens do pastor, veneno misturado a um ponche de frutas.

Foi um fim trágico para um projeto utópico iniciado em 1956, no estado americano de Indiana. Apesar de promover curas "milagrosas" fraudulentas, Jones promoveu ideais igualitários, como impor vestuário modesto para os frequentadores de cultos, distribuição de comida gratuita e mesmo o fornecimento de carvão para famílias mais pobres no inverno, o que atraiu um imenso contingente de fiéis de perfis raciais mais diversos.

'Messiânico'
Em meados dos anos 60, o Templo Popular se mudou para a Califórnia, um local mais apropriado para os ideais esquerdistas do pastor. Nos anos seguintes, o movimento ganhou popularidade suficiente para que Jones circulasse entre os poderosos - a primeira-dama Rosalynn Carter, por exemplo, encontrou-se várias vezes com ele.

Mas a seita também despertou suspeitas e investigações da mídia americana, que explorou relatos de dissidentes sobre um suposto estilo messiânico e ditatorial do pastor. O escrutínio levou Jones a buscar refúgio na Guiana, onde conseguiu permissão das autoridades locais em 1974 para arrendar um terreno em meio à selva e criar uma comuna longe de olhos mais curiosos.

Jonestown, como o assentamento foi batizado, tinha uma escola, bangalôs e um pavilhão central, além de espaço para que os habitantes plantassem verduras e legumes. O pastor e centenas de seguidores se mudaram para lá em meados de 1977. A única forma de contato com o mundo era um rádio de ondas curtas. Houve relatos de que Jones promovia um regime ditatorial, marcado por punições severas e pela presença de guardas armados para tentar evitar fugas.


Reportagem da revista Newsweek

O pastor também avisava aos seguidores que os serviços de segurança americanos estavam "conspirando contra Jonestown", e que uma das soluções seria um "suicídio revolucionário". Algo que, por sinal, teria sido ensaiado algumas vezes em assembleias.

Em 1978, alertado pela preocupação de parentes de integrantes da comuna, o deputado federal Leo Ryan viajou à Guiana com uma delegação de 18 pessoas para visitar Jonestown, Depois de negociar entrada no local, a visita ocorreu em 17 de novembro. No dia seguinte, Ryan e mais quatro pessoas morreram a tiros em uma pista de pouso próxima ao assentamento. Poucas horas depois ocorreu o suicídio coletivo.

Os relatos de sobreviventes falam em um "estado de transe coletivo", mas uma sinistra gravação dos procedimentos, que inclui discursos de Jones, contém gritos de agonia das pessoas envenenadas. Quem tentou fugir foi morto.



Quando autoridades da Guiana chegaram a Jonestown, o pastor foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em uma posição que sugeriu suicídio. Dos habitantes que estavam em Jonestown naquele dia, apenas 35 sobreviveram. Mas também são considerados sobreviventes pessoas como Laura Johnston Kohl, que naquele dia estava na capital guianesa, Georgetown, comprando mantimentos para a comuna.

"Nós éramos visionários que deixaram para trás os confortos da vida urbana e se mudaram para o meio da floresta para criar um modelo de comunidade para o resto do mundo. Jim Jones era articulado para mascarar as partes dele que eram corruptas ou doentes", explica Kohl, autora de um livro em que relatou suas experiências no culto.

Mais de três décadas depois da tragédia, Jonestown ainda provoca polêmica na Guiana. O terreno da comuna foi "reconquistado" pela floresta, mas há no país quem queira ver o local explorado como ponto turístico, assim como acontece nos antigos campos de concentração nazistas na Europa, por exemplo. Mas o governo do país tem se recusado a considerar a possibilidade.






Fonte: BBC


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Terrorismo é uma guerra estúpida como qualquer outra!




Atentados como o de sexta têm que provocar reflexões muito amplas. Onde  nos perdemos? Em algum momento não estivemos perdidos? Em algum momento vamos nos encontrar?

Há registros de ataques terroristas desde a Grécia Antiga, com a diferença que, de modo geral, os terroristas procuravam evitar vítimas colaterais, isto é, inocentes que não tinham nada a ver com a picuinha. No Império Russo, por exemplo, quando tentaram depor o Czar Alexandre II, houve diversos cancelamentos de ataques para evitar ferir inocentes.

 Até mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, o terrorismo ainda era aceito como parte de um contexto revolucionário. A ONU considerava legítimas as lutas pela “autodeterminação” dos povos que se utilizavam de atos terroristas.

Foi só nos anos 70 que o terrorismo começou a ser discutido em âmbito global, obviamente com os países ocidentais liderados pelos EUA defendendo a repressão, enquanto a parte dos orientais e dos comunistas, defendiam a identificação e eliminação das causas. Mas você sabe qual visão se tornou padrão.

Qualquer que seja a “visão oficial” da ONU ou dos EUA, no entanto, o fato é que o terrorismo tem causa. Um bom começo para entender estas causas é assistir a uma das mais brilhante palestras já produzida pelo TED, com o sociólogo americano Sam Richards.


O terrorismo não advém de uma guerra do bem contra o mau. Nada, nunca, é uma guerra do bem contra o mau. Guerras vêm simplesmente de necessidades e crenças conflitantes. Vários conflitos poderiam ser resolvidos com o uso da razão, mas no fim das contas, nossa emoção é muito mais forte.

O problema quase sempre está em subjugar o amiguinho. Quando a Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial, foi subjugada no tratado de Versalhes. A raiva gerada no povo alemão pelo tratado deu força ao movimento nacionalista de Hitler, que por fim se tornaria o movimento fascista de um dos maiores criminosos da história.

 Se considerarmos que sem o tratado de Versalhes provavelmente não haveria Hitler, de quantas outras burradas históricas poderíamos nos ter livrado com atitudes mais delicadas?

Eu sempre penso que o padrão ético de guerra é determinado pelo mais forte. É muito fácil, quando você tem acesso às melhores tecnologias, dizer o que é justo e o que não é na guerra.

Deixar uma bomba no metrô e utilizar mísseis teleguiados em combates contra exércitos que usam pistolas são atitudes igualmente covardes. A diferença é que o míssil visa um alvo militar.

Mas vou contar uma coisa: a guerra, pelo caráter de longo prazo, mata mais civis colaterais do que atentados terroristas. O Iraq Body Count Project afirma que mais de 70.000 civis foram mortos como vítimas colaterais de ataques militares pela guerra do Iraque. Para comparar, nós falamos de algo entre 100 e 150 em Paris.

 The Lancet, a mais tradicional revista da área médica no Reino Unido, conduziu uma pesquisa no Iraque para saber quantas vítimas fatais indiretas houve em razão da guerra. Mortes provocadas pela falta de segurança, pela degradação da infra-estrutura, pela dificuldade em conseguir comida, medicamentos e, tudo o que poderia levar à piora na saúde-pública. O número gira em torno de 600.000.


Fica claro, então, que a guerra não é mais ética ou moralmente defensável do que o terrorismo. Por isso, em momentos como este, nada que não seja compreensão e diálogo podem resolver. A não ser que se dizime uma cultura inteira, sempre haverá uma resposta mais agressiva a qualquer repressão.

O terrorismo é a resposta possível do cara que não tem acesso a drones, mísseis teleguiados, aviões ultra-sônicos e a tecnologia mais avançada. É uma resposta que eu não apoio, fique claro. Ao menos não desta forma.

Da minha parte, desejo todo o amor aos amigos e familiares das vítimas deste atentado em Paris. Assim como das vítimas de todas as guerras e injustiças que motivaram os executores do ataque. Mas antes que comecem a planejar uma nova guerra ao terror, me adianto: a guerra contra o terrorismo não é mais nobre ou mais justa que o terrorismo contra a guerra.





Fonte: Emir Ruivo


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Por que 3x5 não é igual a 5x3?




Mesmo para os adultos que ainda sofrem com tabuada, 5x3 não traz grandes dificuldades.

Então por que essa simples conta está causando uma polêmica tão acalorada na internet?
Tudo começou quando uma foto da resposta dada a essa questão em um exame de um aluno americano foi compartilhada na rede social Reddit.

Na prova, o aluno responde que 5x3 era igual a 15 seguindo o raciocínio de que a soma de 5+5+5 tem o mesmo resultado. Mesmo assim, o professor corrigiu a questão dizendo que a resposta do aluno estava errada.

O professor faz a correção dizendo que a solução correta era "3+3+3+3+3".
A foto do exame deu a volta ao mundo, dividindo internautas entre partidários e detratores da professora e do aluno.

Diante da polêmica, o professor deixou claro que o exame pedia que fosse usada a 'estratégia de adição repetida', e que 5x3 significa que a ideia era somar 5 vezes o número 3, ou seja, 3+3+3+3+3.

A polêmica foi tamanha que o Conselho Nacional de Professores de Matemática dos EUA (NCTM, na sigla em ingles) resolveu se posicionar, dando razão ao professor.

"Parte do que ensinamos às crianças está baseado no fato de que queremos que elas sejam pensadoras e capazes de solucionar problemas. Queremos que os alunos entendam o que estão fazendo, e não apenas dar a resposta certa", disse Diane Briars, presidente da organização.

Para os defensores do método, ele ajuda os estudantes na hora de lidar com problemas mais complexos.

Já os críticos desse método afirmam que ele pode ser muito confuso para as crianças. E que seria por demasiado estrito considerar a resposta no exame errada, já que a resposta final à equação colocada está correta.

Essa não é a primeira vez que um problema matemático acaba virando um fenômeno de compartilhamento nas redes sociais. Em abril, um enigma de lógica proposto a alunos de uma escola secundária em Cingapura se tornou viral.
A tarefa colocada aos alunos era a de descobrir a data do aniversário de 'Cheryl', partindo de informações sobre ela e outros dois amigos.




Fonte: BBC



domingo, 15 de novembro de 2015

O que funcionaria contra a barbárie do terrorismo?



A ideologia do Estado Islãmico é simples: extinguir todas as nações, transformando o planeta num império regido por leis tribais (travestidas como crença religiosa). Essa até era a ideia original do islamismo, no século 7. Não só do islamismo: essa também foi a bandeira que fundou o judaísmo – e mesmo a cristandade, que surgiu no século 1 como uma reação pacifista ao domínio romano na Palestina, serviu de justificativa para absurdos. Foi o "cristianismo" da Inquisição, das Cruzadas, das caças às bruxas.

Mas tudo isso foi virando passado com a consolidação dos Estados laicos, movimento no qual a própria França foi pioneira. Cada indivíduo passou a poder acreditar no que bem entendesse, contanto que a prática religiosa do sujeito não infringisse o bem comum. Bom, o que os extremistas fizeram em Paris obviamente infringe. Mas também temos os nossos extremistas religiosos, muitos deles no papel de legisladores.

 E o que eles têm fazem aqui também infringe o bem comum, porque criar leis contra mulheres e gays baseando-se em crendices, por exemplo, é, sim, uma forma de barbárie. Obrigar por lei uma mulher estuprada a ter o filho do estuprador só porque intérpretes do texto bíblico decidiram ditar quando a vida começa é barbárie.

  Tudo isso é usar religião para tirar direitos do próximo – coisa que vai contra os princípios básicos da própria religião usada como bandeira.

O problema, no fim, nem está nas religiões. Está nas justificativas torpes. O próprio Estado Islãmico só é muçulmano por uma questão geográfica. Se o movimento desses asnos tivesse nascido em Salt Lake City ou na Baixada Fluminense, eles usariam Cristo como justificativa.

 Se fosse na Escandinávia, que tem 80% de ateus, usariam Eisntein para justificar assassinatos. Essa afirmação não é tão absurda quanto parece: o próprio Hitler, que não tinha religião nenhuma, usou Darwin para validar seu genocídio, ainda que o nazismo ignorasse completamente qualquer ideia de princípio científico. No fundo, o nazismi era uma nova religião, criada com o propósito de defender um crime – o maior crime de todos os tempos.      

O erro, então, não está nas religiões, mas nas barbáries impetradas em nome delas. E, apesar de os acontecimentos de Paris serem exponencialmente mais trágicos que qualquer projeto de lei da nossa bancada evangélica, vale usar o momento para lembrar que, sim, aqui também existe extremismo, e para entrar de vez em guerra contra ele. Porque para combater a barbárie não existe diálogo.







Fonte: Superinteressante







sábado, 14 de novembro de 2015

Atentados em Paris - De quem é a culpa?


Tiroteio em Paris deixa ao menos 18 mortos

Diante de uma tragédia como a de ontem em Paris, duas atitudes se impõem.

A primeira é chorar cada morte. Na última contagem, 120 pessoas foram mortas pelos atos conjuntos de terrorismo, e dezenas estão feridas, muitas em estado crítico.

A palavra mais comum nos jornais franceses deste sábado é, previsivelmente, horreur, horror.

Derramadas todas as lágrimas, vem a segunda atitude. Tentar compreender como uma violência de tal magnitude pôde acontecer.

É um passo essencial para evitar que outros episódios dantescos como o desta sexta em Paris possam se repetir.

Mas há, aí, uma extraordinária dificuldade em sair de lugares comuns como a “violência radical” do islamismo e dos islâmicos.

Trechos do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, são citados em apoio dessa tese falaciosa e largamente utilizada.

A questão realmente vital é esta: o que leva ao extremismo tantos muçulmanos, sobretudo jovens? Por que eles abandonam vidas confortáveis em seus países de origem, abraçam o terror e morrem sem hesitar pela causa que julgam justa?

Os líderes ocidentais não fazem este exercício porque a resposta àquelas perguntas é brutalmente indigesta para eles.

O terror islâmico nasce do terror ocidental, numa palavra.

Há muitas décadas os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, promovem destruição em massa nos países islâmicos.

Querem garantir o petróleo, a que preço for, e fingem que estão naquela região com propósitos civilizatórios.

O último grande ato de predação foi a Guerra do Iraque. Sabe-se hoje que as razões alegadas pelos americanos e seus aliados britânicos para realizá-la foram mentirosas.

O Iraque de Saddam Hussein simplesmente não tinha as armas de destruição em massa que serviram de pretexto para a guerra.

Um levantamento reconhecidamente criterioso calcula em cerca de 120 000 as mortes de civis iraquianos. Outras fontes falam em meio milhão.

Quem paga por este crime de guerra chancelado por Bush nos EUA e Tony Blair na Grã Bretanha?

Ninguém.

Você pode imaginar o tipo de reação que ações como a Guerra do Iraque provocam entre os sobreviventes da violência ocidental.

Mais recentemente, os drones americanos – os aviões de guerra teleguiados – vem semeando mortes em quantidade pavorosa nos países árabes.

Apenas nos anos de Obama, calcula-se que 500 civis tenham sido mortos pelos drones, muitos deles crianças e mulheres.

No mesmo dia do drama parisiense, os americanos comemoraram a morte, por um drone, do terrorista do Estado Islâmico que se tornou conhecido como Jihadi John. Aparentemente JJ foi quem degolou várias pessoas em medonhas execuções filmadas e postadas na internet.

Brutalidade gera brutalidade.

Bin Laden foi o cérebro por trás de uma mudança radical nas retaliações islâmicas. Ele levou a guerra para dentro dos países ocidentais. O maior exemplo disso foram os atentados de 11 de Setembro.

O que a mídia ocidental quase não noticiou é que Bin Laden virou um ídolo entre os muçulmanos e como tal foi chorado ao ser executado pelos americanos.

Os atentados de Paris obedecem à mesma lógica: transportar os combates para a casa dos inimigos.

O que torna esta guerra ainda mais complicada para os ocidentais é que os soldados islâmicos não se importam de morrer pela causa. Alguns deles se explodiram ontem em Paris.

Sem refletir profundamente sobre as origens do terror islâmico é impossível que a situação mude.

Obama, quando anunciou a morte de Bin Laden, disse famosamente que o mundo ficara mais seguro.

Os episódios de ontem em Paris mostram quanto Obama se equivocou – lamentavelmente.








Fonte: Paulo Nogueira





sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Câncer proviniente de um verme mata um homem!


Em caso inédito, uma espécie de tênia espalhou células do próprio câncer pelo corpo de um homem, que morreu 72 horas depois do diagnóstico.

Um novo estudo explicou o caso que intrigou médicos do mundo todo. Um homem colombiano, de 41 anos, foi parar no hospital depois de muita tosse, febre e perda de peso. Ele era HIV positivo, o que deixava seu sistema imunológico mais debilitado. Ao realizar uma tomografia, o médico encontrou tumores no pulmão e linfonodos e exigiu a realização de uma biópsia nos tecidos pulmonares.

A equipe do hospital não estava preparada para o que veio a seguir: as células analisadas eram claramente cancerosas: se multiplicavam em alta velocidade, eram desordenadas, invasivas e todas iguais. Mas nem de longe pareciam células humanas. Confusos, cientistas realizaram diversos testes até descobrirem que as células tinham DNA do verme H. nana, uma espécie de tênia que afeta mais de 75 milhões de pessoas no mundo.

O H. nana é um verme que mede de 15 a 40 milímetros e fica no intestino humano. A hipótese mais provável é que, como o homem possuía o vírus do HIV, o verme conseguiu crescer cada vez mais, sem ser ameaçado pelo sistema imunológico. Quando alguma divisão celular deu errado, a tênia desenvolveu câncer e as células doentes foram depositadas pelo corpo do paciente, já debilitado. Um dos pesquisadores do caso, Atis Muehlenbachs, diz: "Ficamos impressionados quando descobrimos esse novo tipo de doença - vermes crescendo dentro de uma pessoa, contraindo um câncer que se espalha pelo corpo humano e criando tumores".

Por ser uma situação tão inesperada, os resultados do estudo da doença só foram publicados agora, apesar de o homem ter morrido em 2013. É provável que esse não seja um caso isolado, mas os outros ainda são desconhecidos. O tratamento para o problema ainda é uma incógnita: drogas que matam o verme provavelmente não liquidariam o câncer, mas um tratamento quimioterápico para humanos pode ser efetivo.






Fonte: Ana Luísa Fernandes/Super





quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Estudantes universitários racistas - Vergonha para o país!



Após dizer que não concordava com uma publicação discriminatória, estudante grávida de três meses é vítima de agressões racistas e machistas na comunidade “Graduação da Depressão”. A jovem de 21 anos viu sua vida pessoal ser invadida por desconhecidos que iniciaram uma perseguição virtual sob uma aparente calma de quem acredita na impunidade.


Uma mulher negra, grávida de três meses, foi vítima de ofensas racistas, machistas e gordofóbicas depois de entrar no grupo “Graduação da Depressão”, no Facebook, para interagir com outros universitários.

Carla Gomes, de 21 anos, de Porciúncula, no Norte do Rio, decidiu comentar em uma postagem que a indignou, com conteúdo discriminatório. Foi o pretexto para uma enxurrada de ofensas a ela, que, de uma hora para outra, viu sua vida pessoal ser invadida por desconhecidos que iniciaram uma perseguição virtual, xingando-a e expondo sua imagem pela rede.

O cardápio de preconceitos foi extenso: racismo, machismo e gordofobia apareceram nas mensagens. Sob uma aparente calma de quem acredita na impunidade, dezenas de jovens — todos membros do grupo — partiram para o ataque contra ela, que se manifestou para alertar que muitas das piadas compartilhadas naquela rede eram discriminatórias.

Um dos integrantes do grupo, que se diz estudante de Direito, chega a comentar que sabe que as ofensas na internet não resultam em nenhuma punição para os agressores. As informações são do jornal Extra.

“Eu curtia a página deles, mas não postavam nada demais. Vi que, naquelas sugestões do Facebook, tinha o grupo da mesma página. Como eu estou começando a estudar, pensei que seria legal estar lá, dividindo experiências com outros estudantes. Mas entrei no grupo e vi umas postagens racistas e comentei embaixo de uma delas que achava aquilo errado, que somos todos iguais.

 Foi então que começaram a me agredir e falar coisas horríveis para mim” conta Carla, que, assustada, desabafou em um vídeo em seu perfil no Facebook, publicação que também foi invadida pelos agressores.

O vídeo acabou sendo excluído pelo Facebook após uma série de denúncias, que partiram das mesmas pessoas que ofenderam a estudante.

No “Graduação da Depressão”, a maioria das ofensas era relacionada à cor e ao tipo físico de Carla. O desabafo da estudante viralizou pela internet, mobilizando pessoas que foram até a página defendê-la, mas também não escaparam das agressões. É comum encontrar na página postagens machistas.

Muitas meninas que comentavam em defesa de Carla recebiam em troca mensagens como “vai lavar uma louça” ou “feminista fedorenta”. No caso da estudante, o nível dos xingamentos foi ainda pior.
“Me falaram que preto de cabelo ruim não tinha vez naquele grupo, que preto sangue ruim não tinha o direito de estar ali, que eu não valia nada e era apenas uma gorda preta de cabelo duro que tinha que fazer um regime. Foram no meu perfil e fizeram montagem minha.

 Fizeram piadinha até com a minha gravidez. Me senti ofendida não só pelos ataques a mim, mas senti a dor de muita gente. Eles fazem isso com muita gente, são covardes. Já fui vítima de racismo muitas vezes, mas passaram dos limites. Eu digo que atrás do portão qualquer Chihuahua late. Na minha cara, ninguém fala isso”, desabafa a estudante.

Alguns dos responsáveis por controlar a comunidade usam perfis disfarçados. Depois do caso, o grupo “Graduação da Depressão” passou a ser secreto no Facebook. Só pessoas que já estão nele podem vê-lo ou convidar novos membros.

Um dos administradores do grupo se valeu mais uma vez de comentários preconceituosos para falar sobre a mudança: “A partir de agora, só os administradores postam até eu limpar essa corja de feminista imunda e esquerdista vitimista do cabelo ruim”.

Frustração
Decidida a lutar contra o racismo que a atingiu, Carla decidiu procurar a polícia para denunciar o grupo. Foi quando viveu outra frustração. A jovem conta que ao chegar à 139ª DP, em Porciúncula, foi aconselhada por um funcionário da delegacia a não registrar ocorrência.

“Fui à polícia, mas um cara lá de dentro, que eu não sei qual é o cargo, me aconselhou a não fazer queixa. Disse que não ia dar em nada, que eu era um grão de areia e fazendo isso ia correr riscos, que ia demorar muito. Ele falou um monte de coisa e eu não fiz o boletim de ocorrência. Ele me disse: ‘Ih, isso vai demorar muito, ainda mais você que tá grávida… Não pode passar por isso. Às vezes tem que achar IP do computador das pessoas, demora muito'”.

Resignada, Carla diz que deixou a unidade policial e registrou a denúncia no portal da Polícia Federal, que recebe ocorrências de crimes cibernéticos.

Denúncias
A Polícia Federal tem um canal online para receber denúncias de internautas para quatro tipos de crimes na rede: pornografia infantil, crimes de ódio e genocídio, tráfico de pessoas. Interessados em denunciar casos desse tipo devem entrar no site denuncia.pf.gov.br e preencher um pequeno formulário, com o link da página onde é cometido o crime e um comentário, explicando o caso.

Há dez anos, a organização civil sem fins lucrativos SaferNet Brasil também recebe denúncias de crimes cibernéticos e as encaminha para órgãos públicos competentes, como o Ministério Público Federal. As denúncias podem ser feitas no site new.safernet.org.br/denuncie, classificada pelos temas: pornografia infantil, racismo, apologia e incitação a crimes contra a vida, xenofobia, neo nazismo, maus tratos contra animais, intolerância religiosa, homofobia e tráfico de pessoas.






Fonte: Pragmatismo