sábado, 30 de julho de 2016

Ficar parado pode levar à morte!





O sedentarismo custa à economia global US$ 67,5 bilhões (R$ 220 bilhões) todo os anos, mais do que o PIB do Paraguai. Desse total, US$ 58,8 bi são gastos anualmente em cuidados médicos decorrentes da inércia prolongada, além de US$ 13,7 bi que são perdidos todos os anos em produtividade.


As estimativas são parte de uma série de estudos publicada na revista científica Lancet, que revela ainda que a falta de atividades físicas mata todos os anos cerca de 5 milhões de pessoas ─ um número de mortes equivalente ao do tabagismo e maior do que o da obesidade.

A pesquisa chama atenção para os malefícios do sedentarismo e o perigo de morte associado a esse estilo de vida. Os cientistas ressaltam que passar mais de oito horas por dia trabalhando sentado aumenta as chances de morte prematura em 60%.

Mas o artigo da Lancet revela que exercitar-se durante uma hora por dia pode contrabalançar os efeitos nocivos de trabalhar sentado por longos períodos.
Uma equipe formada por cientistas de diferentes países descobriu que o risco de morte era de 9,9% para quem permanecia sentado por 8 horas por dia e mantinha um estilo de vida sedentário.

Já quem permanecia sentado pela metade do tempo (4h) e se mantiva ativo por 1 hora por dia, tinha o risco de morte reduzido para 6,8%.
Os pesquisadores também descobriram que o aumento do risco de morte associado a ficar oito horas sentado por dia foi completamente eliminado nas pessoas que fizeram pelo menos uma hora de exercício físico diariamente.

Eles acrescentam que, atualmente, o sedentarismo constitui uma ameaça tão grave à saúde pública quanto o tabagismo e já mata mais do que a obesidade.

Intervalo
Os cientistas recomendaram a quem passa muitas horas trabalhando sentado fazer um intervalo de cinco minutos a cada hora, além de se exercitar durante o almoço e à noite.
Responsável pela pesquisa, o professor Ulf Ekelund, da Escola Norueguesa de Ciências do Esporte e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, disse que não é necessário "ir à academia" para compensar o prejuízo de trabalhar longas horas sentado.

"Você não precisa fazer um esporte. Você não precisa ir à academia. Você pode fazer uma simples caminhada, talvez durante a manhã, durante o horário do almoço, ou depois do jantar à noite. Você pode dividir isso durante o dia, mas precisa fazer pelo menos 1 hora de atividade física para obter os efeitos positivos".

O estudo analisou dados de 15 pesquisas anteriores, muitas das quais envolvendo pessoas cima de 45 anos dos Estados Unidos, da Europa Ocidental e da Austrália.
Os autores descobriram que uma hora de exercício de "intensidade moderada", como caminhar a 5,6 km/h ou andar de bicicleta por prazer a 16 km/h, foi suficiente para contrabalançar os efeitos nocivos de permanecer sentado por longos períodos.

Ekelund disse ainda que um intervalo de cinco minutos a cada hora fechada, mesmo que seja ir buscar documento na impressora, poderia trazer benefícios à saúde do funcionário.

Mudanças
Os cientistas afirmaram que a combinação de passar muitas horas trabalhando sentado e ainda assistir à TV à noite sentado no sofá de casa vem se provando letal.

Eles cobraram maiores mudanças nas políticas do governo, de modo a estimular hábitos saudáveis, como aumentar a distância entre os pontos de ônibus para forçar as pessoas a andar mais, fechar o acesso de ruas a veículos durante o fim de semana e abrir academias de ginástica gratuitas nos parques.

Segundo os pesquisadores, os empregadores também encorajar os funcionários a realizar atividades físicas, ao fornecer chuveiros e academias, além de estimular intervalos mais longos.







Fonte: BBC







sábado, 23 de julho de 2016

5 mitos sobre comida criados pela propaganda!



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Quem nunca se confundiu com as pesquisas de alimentos que atire o primeiro ovo sem colesterol. Um dia, a chia é a semente mais saudável do momento, mas bem antes de você acabar seu estoque de três anos, os cientistas descobrem que a história não é bem essa. A verdade é que muitos hábitos alimentares são postos em nossas mesas não por causa da ciência, mas por causa do marketing. Fãs da série Mad Men não vão ficar surpresos, mas grande parte dos alimentos que consumimos, mesmo os saudáveis, só estão em nossa lista de supermercado porque alguém quer ganhar dinheiro com eles.

1 - O café da manhã não é necessariamente a refeição mais importante do dia
Apesar do mantra de que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, não há de fato evidência científica de que isso seja verdade. Ainda assim a ideia está enraizada em nossos cérebros. Tudo isso graças aos esforços de companhias que vendem cereais. A Kellogg’s, por exemplo, financiou um estudo que relaciona o café da manhã com o índice de massa corporal. Já o The Quaker Oats Center of Excellence, um centro de pesquisas da Quaker, foi enfático ao divulgar um estudo que dizia que refeições matinais com aveia reduzem o colesterol.

Outra prova de como o marketing influencia o comportamento à mesa vem do relações públicas Edward Bernays, considerado um gênio em sua área. Em 1920, ele recebeu a tarefa de aumentar o consumo de bacon nos Estados Unidos. Ele descobriu que uma boa forma de fazer as pessoas comerem mais bacon seria aumenatando o consumo no café da manhã. Assim, ele pediu a vários médicos que confirmassem que “um café da manhã substancioso era melhor do que um café da manhã light para repor as energias perdidas durante a noite”. 4.500 médicos concordaram com a afirmação e Bernays publicou o resultado juntamente com propagandas de bacon. Hoje, 70% do consumo de bacons nos EUA é feito durante as refeições da manhã.

2 - Suco de laranja não é tão saudável assim
Em 1908, a Califórnia enfrentou uma alta na produção de laranjas. Os produtores de laranja (organizados pela marca Sunkist, o primeiro refrigerante de laranja dos EUA) precisavam fazer com que o consumo da fruta aumentasse, ou eles entrariam em colapso. Apesar de não ser um costume beber suco de laranja no país, uma agência de publicidade decidiu mudar isso. Eles inventaram um espremedor barato que teve seus anuncios vendidos juntamente com as informações sobre os benefícios da fruta à saúde. Essa crença ficou tão forte que só recentemente ela começou a ser questionada.

3 - Água é bom, mas calma
Há quem diga que beber oito copos de água por dia é o ideal para se manter hidratado. Esse mito, provavelmente, vem da ideia de que as pessoas precisam consumir, no mínimo, 2,5 litros de água por dia - o que já conseguimos com uma dieta regular. Obviamente, hidratação é muito importante, mas graças aos esforços das companhias de água engarrafada as pessoas acabam se preocupando em consumir muito mais do que o necessário. Hoje, na Inglaterra, por exemplo, o consumo de água engarrafada é 100 vezes maior do em 1980.

4 - Cenoura não vai te fazer enxergar melhor
É até verdade que a cenoura mantém os olhos saudáveis e que ajuda a retardar a progressão doenças como catarata, mas ela não ajuda a melhorar a visão necessariamente. O mito nasceu na Segunda Guerra Mundial, quando o governo britânico sugeriu que a habilidade de visão noturna dos oficiais da aeronáutico vinha da cenoura - e não dos radares, que, na época, era uma informação sigilosa.

5 - Você não vai ficar como o Popeye ao comer espinafre
Uma atrapalhada fez com que, durante muito tempo, as pessoas associassem a forte presença de ferro no espinafre. Culpa de alguns cientistas alemães que colocaram uma vírgula no lugar errado e tornaram o vegetal 10 vezes mais rico em ferro do que ele realmente é. A história foi esclarecida há um tempo, mas ainda assim a humanidade ainda tem uma relação longuíssima com os desenhos do Popeye que não deixa as pessoas desassociarem espinafre e força. A culpa não é do marketing, mas mostra como os mitos são poderosos. E disso os publicitários entendem.






Fonte: The Guardian/Galileu





quinta-feira, 21 de julho de 2016

Pedaços de baratas, pelos de ratos - Você sabe o que anda comendo?




Na última segunda-feira (18) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda e distribuição de um lote do extrato de tomate da marca Heinz. Foram encontrados pelos de ratos "acima do limite máximo de tolerância pela legislação vigente".

Mas o que significa "acima do limite permitido"? Desde 2014, a Anvisa estabelece alguns requisitos mínimos para a quantidade de "sujeira" tolerada em alimentos e bebidas.

No caso dos produtos derivados de tomate, como o do lote fabricado pela Heinz, é permitido um fragmento de pelo de roedor por 100g de produto. Mais do que isso, o lote é vetado e a empresa ainda pode ser interditada e obrigada a pagar uma multa entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão.

O laudo da Fundação Ezequiel Dias (LACEN-MG) - laboratório credenciado pela Agência - informa que foi detectada uma "matéria estranha" indicativa de risco à saúde humana no extrato de tomate.

A Heinz enviou uma nota  dizendo que o lote em questão já foi recolhido e que os produtos que estão no mercado são adequados ao consumo.

A empresa afirma que "a presença de fragmentos microscópicos é intrínseca a alimentos naturais como o tomate". Também diz que a acidez do produto e a alta temperatura no processo produtivo eliminam riscos à saúde.

No grupo das "matérias estranhas", aceitas em produtos como biscoitos e achocolatados, estão insetos, roedores, excrementos de animais, areia e fungos. Até a Anvisa definir esses parâmetros, não havia regulamentação para os limites de tolerância.






Fonte: Valéria Bretas, de EXAME.COM




terça-feira, 19 de julho de 2016

Racismo faz mal para a saúde!




Não bastam os problemas sociais: ser preconceituoso também faz mal para o corpo

Além dos diversos problemas sociais conhecidos como resultado do racismo, ele também pode afetar a saúde. Vários estudos apontam que o preconceito racial está conectado a doenças cardiovasculares em negros, além de ser a possível causa da depressão, da ansiedade e de outros problemas de saúde em pessoas que são vítimas de racismo.

Alguns estudos científicos evidenciam que esses problemas podem surgir como resultado de uma vida sob o estresse de conviver com a discriminação racial.

Veja a seguir alguns desses trabalhos que analisam a relação entre o racismo e problemas de saúde:

Problemas renais
Um estudo norte-americano mostra que indivíduos que são discriminados pela sua cor têm mais chances de terem falência renal. Os pesquisadores estudaram 1.574 moradores da cidade de Baltimore, nos EUA, durante cinco anos. Desse total, 20% dizem sofrer muito com o racismo e têm maior pressão arterial do que aqueles que afirmam sofrerem menos.

Em entrevista para o site da revista Time, a coautora do estudo Deidra C. Crews disse que a liberação de hormônios do estresse pode levar a um aumento na pressão arterial. Uma das principais causas da falência renal é a elevada pressão arterial.

De acordo com a Fundação Nacional de Rim dos EUA, os afro-americanos sofrem três vezes mais de insuficiência renal do que os brancos. Além disso, os negros norte-americanos constituem mais de 35% de todos os pacidentes em diálise por insuficiência renal nos Estados Unidos.


Hipertensão
Um estudo publicado no Jornal da Associação Americana de Saúde Pública mostra que a discriminação racial está ligada a taxas elevadas de hipertensão. Os pesquisadores examinaram quase cinco mil voluntários negros com idades entre 35 e 84 anos que sofreram ou sofrem com racismo.

Eles descobriram que 64% das mulheres e 59,7% dos homens tinham hipertensão. Vale ressaltar que, para chegar a esse resultado, o nível socioeconômico dos voluntários foi adicionado à conta. A associação entre a hipertensão e a discriminação foi ligeiramente enfraquecida devido a dois fatores: índice de massa corporal e fatores comportamentais. Mesmo assim, as taxas de hipertensão continuaram maiores entre os negros.


O racismo ainda pode levar à depressão e causar outras doenças mentais. Em um estudo feito na Holanda, 4.800 pessoas foram divididas em dois grupos: um com indivíduos que sofreram com discriminação racial e outro que não. Ambos testaram negativo em exames relacionados a traços paranoides e doenças mentais. No entanto, os pesquisadores descobriram que as pessoas que foram discriminadas eram duas vezes mais propensas a desenvolver sintomas psicóticos nos próximos três anos.

Outra pesquisa revelou que o racismo também está conectado com sintomas graves de estresse pós-traumático. Os pesquisadores analisaram 408 voluntários e notaram que negros que foram discriminados racialmente ou testemunharam atos racistas tinham sintomas mais graves de estresse pós-traumáticos do que outros grupos étnicos.

Políticas públicas de saúde
O negro brasileiro, além de sofrer o racismo nas ruas, também é discriminado no sistema público de saúde. O próprio Ministério da Saúde lançou a campanha "Não fique em silêncio. Racismo faz mal à saúde" que reconhece que o racismo é um determinante social em saúde.

De acordo com números da Pesquisa Nacional de Saúde, de toda a população branca atendida no SUS, 9,5% sentem discriminação, enquanto 23,3% da população negra (pretos e pardos, segundo o IBGE) sai da unidade hospital com o sentimento de preconceito racial.






Fonte: Marina Demartini/Exame

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Desigualdade - Pobreza e Riqueza permanece nas mãos dos mesmos há séculos!




No ano de 1427, a então pequena província de Florença elaborou um censo entre seus habitantes com a finalidade de cobrar impostos. Ali ficou registrado, além do nome, o que faziam, quanto ganhavam e qual o patrimônio dos moradores da cidade que já tinha dado ao mundo Dante Alighieri e ainda nos presentearia com Leonardo Da Vinci.

Recentemente aquele levantamento foi digitalizado e disponibilizado na internet. Foi então que dois economistas da Banca D’Italia (o Banco Central italiano), realizaram um estudo com base nas informações disponíveis cruzando-as com as declarações de renda de famílias remanescentes na cidade até 2011. Guglielmo Barone e Sauro Mocetti ficaram espantados. Num arco de seis séculos, mais precisamente após 584 anos, as famílias mais ricas em 1427 eram as mesmas em 2011. E ainda: os sobrenomes dos contribuintes mais pobres também não haviam mudado.

A tecnologia da digitalização permitiu não apenas fazer um comparativo sobre uma linha temporal longa, como colocou em dúvida alguns mitos sobre o capitalismo. No geral esses estudos cobrem 2 ou 3 gerações contíguas e podem dar uma sensação de alternância ou de migração de riqueza para outras mãos. Por vezes, um filho playboy mais rebelde e inconsequente termina mal e isso indicaria, numa medição precipitada, que haveria uma anulação na transmissão de bens e nas vantagens sociais e econômicas. Errado. A hereditariedade e os mecanismos de proteção das elites, quando analisados numa linha de tempo maior, comprovam uma estabilidade assombrosa.

Nas estatísticas, desde então a renda per capita em Florença foi multiplicada por doze, a população aumentou dez vezes e a cidade cresceu. É a maior cidade e também capital da Toscana. Em números frios, tudo melhorou, certo? Porém os mais ricos continuam sendo os mais ricos e os mais pobres permanecem ralando dia e noite para chegar lá, sem sucesso. Onde está a mobilidade social?

Os italianos não foram os únicos a constatarem essa realidade. Pesquisadores ingleses também já tinham feito um outro levantamento no qual ficou demonstrado que famílias da Inglaterra são ricas e poderosas há 28 gerações. Uma prova de que o 1% está no alto do pódio há mais de 800 anos.

O trabalho dos pesquisadores da terra da rainha abrangeu o período entre os anos de 1170 e 2012 e, além de analisarem os dados priorizando os sobrenomes das famílias, utilizaram informações sobre grau de escolaridade e instituições de ensino frequentadas. Daí vemos aquela confirmação daquilo que todos intuímos.

Gregory Clark e Neil Cummins revelaram que as famosas Oxford e Cambridge despontam entre as classes mais ricas e evidenciam uma seletividade obscena mesmo com o acesso livre durante um período. Os pesquisadores acreditavam que o apoio do Estado com o fornecimento de bolsas para o ingresso nas universidades iria ser traduzido em uma maior variedade de sobrenomes entre aqueles que nelas se formavam. “Não há nenhuma evidência disso. Os nomes da elite persistiram tão tenazmente a partir de 1950 como antes do incentivo. O status social é fortemente herdado”, afirmaram. Ou seja, de nada resolve abrir as portas do ensino universitário sem ter oferecido uma boa base.

“Essa correlação é inalterada ao longo dos séculos. Ainda mais notável é a falta de um sinal de qualquer declínio na persistência de status social durante os períodos de mudanças institucionais como a Revolução Industrial do século XVIII, a disseminação da escolarização universal no final do século XIX, ou a ascensão do estado social-democrata no século XX. A mobilidade social na Inglaterra em 2012 foi pouco maior do que no tempo pré-industrial”, cravou Neil Cummins, da London School of Economics.

Thomas Piketty, em seu “O capital no século XXI”, sustenta que a concentração de renda vem aumentando os índices de desigualdade. Os estudos dos economistas italianos e ingleses não afirmam isso mas ratificam o livro do francês. Se o topo da sociedade é habitado pelos mesmos há séculos, se a correlação entre sobrenomes e status social não se altera nunca, é lógico supor que a propensão é por um maior distanciamento entre as camadas.

O que esses estudos dizem com todas as letras (e números) é que os ricos se mantém ricos ao longo de séculos sem muitas dificuldades. E que o capitalismo que sugere ser dinâmico, meritocrático, justo, etc e tal, não passa de propaganda enganosa. No longo prazo, pouca coisa muda. É culpa exclusiva do sistema então? Não, até porque concentração de renda é ruim para o próprio capitalismo. O dinheiro não circula, está sempre as mãos dos mesmos. Mas sem uma preocupação social de base, que realmente dê oportunidades iguais a todos, teremos que continuar a responder à pergunta “Qual a possibilidade de um jovem mudar seu destino em relação a suas origens?” com um desanimador “Praticamente nenhuma”.

O Brasil tem uma história recente (italianos e ingleses fizeram levantamentos desde um período em que Cabral nem haviam chegado por aqui), não temos portanto nenhum estudo que passe perto disso. Mas se puxarmos as listas da publicação Forbes, é possível constatar que não fugiremos da regra. O primeiro ranking da revista, feito em 1987, contava com apenas três brasileiros: Roberto Marinho, Sebastião Camargo e Antonio Ermírio de Moraes. Vinte e sete anos depois, em 2014, já eram 65 os bilionários brasileiros na lista e lá continuavam os Marinho, os Camargo e os Moraes. Com um detalhe que confirma as pesquisas de Mocetti, Barone, Clark e Cummins: dos 65 brasileiros, 25 eram parentes.

Este ano, a Forbes aponta uma redução do número de bilionários verdes-e-amarelos. São 31 mas… tcharam! Lá estão nosso amigos de sempre em companhia de nomes que sabemos irão se perpetuar e facilmente identificados em levantamentos recentes: Safra, Moreira Salles e por aí vai.

O filho de Michel Temer já possui um patrimônio de R$ 2 milhões em imóveis. Michelzinho tem 7 anos de idade. O que ele fez para isso? Nada, nasceu. Essa é a forma mais eficiente de ficar rico.






Fonte: Mauro Donato/DCM

domingo, 17 de julho de 2016

Guerra e Religião!






Desde as Cruzadas em 1095 até hoje em dia, vimos inúmeros conflitos travados em nome da fé.
E enquanto muitos acreditam que as guerras explodiriam se não houvesse a religião e que a fé é, na realidade, uma grande promotora da paz, para outros a guerra e a religião não podem se separar.

Nesta reportagem, um historiador analisa o caso do grupo que se autodenomina Estado Islâmico; mostramos três conflitos que normalmente são associados à religião, mas também têm outras causas; e falamos de trechos de livros religiosos que se referem a conflitos.

Desde muito tempo, a guerra e a religião se encontram em uma relação complicada e, muitas vezes, tensa.
Mas será que a religião alguma vez é a causa principal de uma guerra? Ou simplesmente um veículo utilizado para incitar as tropas, dividir sociedades e saquear países?

A causa original de qualquer guerra ou conflito é complexa e cheia de nuances, e há muitos fatores em jogo, como poder, ideologia, dinheiro, território e identidade.
Ocasionalmente, esse causa original até é esquecida, se perde ou é mal interpretada.

Na Irlanda do Norte, por exemplo, um conflito de 30 anos parecia dividir a sociedade em grupos religiosos: os unionistas protestantes contra os republicanos católicos.
De fato, o problema era mais territorial, com visões distintas sobre a identidade e sentimento de pertencimento nacional em sua essência. Os unionistas queriam permanecer no Reino Unido e os republicanos queriam voltar a ser parte da República da Irlanda.


Guerra na Irlanda do Norte

Alguns especialistas acreditam que a religião nunca é a causa das guerras. Já outros dizem que a religião tem um papel de protagonismo na instigação da violência e do conflito.
A campanha do grupo autodenominado Estado Islâmico, por exemplo, criou uma violência generalizada que sacrificou milhares de inocentes, de todas e de nenhuma fé, em muitas partes do mundo.

O EI pratica uma versão extrema do Islã, e não pensa duas vezes antes de derramar sangue para lograr seus objetivos.
Sua causa imediata é a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos, durante a qual seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, foi preso.

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Estado Islãmico

Ao mesmo tempo, havia uma luta de poder em Bagdá entre duas facções do Islã: o governo dirigido por xiitas e os sunitas privados de representação.
Estes últimos se uniram a insurgentes anti-governo.
O EI aproveitou a situação e ganhou território na Síria e no Iraque.

Com esta situação política de fundo, podemos responsabilizar somente a religião por este conflito violento?
Especialistas como o ex-oficial da CIA e psiquiatra forense Mark Zeiman diriam: "Não, não se trata da fé, sim da indignação emocional e moral, o que leva às pessoas a se unir a grupos como o EI."
Mas eu tenho outro ponto de vista.

Depois de passar a maior parte da última década vivendo em meio a conflitos e escrevendo sobre muitos dos países mais assolados pela guerra, meu parecer é que não se trata de anti-imperialismo.
Trata-se se pintar o mundo de negro.
Com sua interpretação extremista do Islã, para este núcleo duro de crentes, o motivo é puramento religioso.

Histórias de guerras
Esses três conflitos são muitas vezes interpretados como tendo causas religiosas.
Mas será que é isso mesmo?
Os historiadores Marozzi e Aaron Edwards resumem fatores que, para eles, precisam ser levados em conta quando se pensa nessas guerras.

Guerra da Bósnia
No início da década de 1990, a Iugoslávia se desintegrou diante de uma série de guerras civis.
Depois da Eslovênia e da Croácia se separarem, a Bósnia teve seu referendo de independência, o que levou a um conflito entre muçulmanos, sérvios (predominantemente cristãos ortodoxos) e croatas (predominantemente católicos).

Com um forte apoio do governo sérvio e grupos extremistas de Belgrado, os bósnios sérvios estavam determinados a ficar no que restava da Iugoslávia e ajudar a estabelecer uma grande Sérvia.
A guerra foi, então, principalmente um conflito territorial, alimentado por nacionalismo e divisões étnicas.


Guerra na Bósnia

Os enfrentamentos foram amargos, os bombardeios indiscriminados, houve violações massivas sistemáticas e limpeza étnica.

Esta limpeza étnica obrigou comunidades inteiras a deixarem seus lares em operações cuidadosamente planejadas.
O incidente mais notório resultou no assassinato de quase 8 mil homens e meninos bósnios muçulmanos em Srebrenica em 1995, meses antes do fim da guerra.

Afeganistão
Quando os Estados Unidos foram atacados em 11 de setembro de 2011, foram considerados culpados a Al Qaeda e seu líder Osama Bin Lader, que previamente havia dito que os EUA haviam declarado "a guerra contra Deus, seu mensageiro e muçulmanos" e havia pedido a todos os muçulmanos que "cumprissem a ordem de Deus de matar os americanos".
Depois do 11 de setembro, os dirigentes do Talebã do Afeganistão foram acusados de proteger a Al Qaeda e Bin Laden.
Os EUA, apoiados por aliados, invadiram o país.

Operação Liberdade Duradoura: ideia era destruir bases da Al Qaeda e desbancar Talebã. Mas nem tudo saiu como se pensava
O objetivo alegado era desmantelar a Al Qaeda e impedir que tivessem uma base segura para suas operações, tirando os talebãs do poder no Afeganistão, onde eles aplicavam uma rígida interpretação da lei islâmica.

Depois do Afeganistão, a "guerra contra o terror" se expandiu com a invasão ao Iraque, justificada com argumentos que em sua maioria foram desacreditados.
Alguns começaram a considerar a "guerra contra o terror" com uma guerra do Ocidente contra o Islã.

Estado Islâmico.
O chamado Estado Islâmico emergiu dos escombros da invasão do Iraque e da guerra civil síria, e pratica uma forma extrema de islamismo no qual sangue é derramados com objetivos políticos e religiosos.
O grupo conquistou território na Síria e no Iraque e assumiu a responsabilidade por ataques em várias partes do mundo, como Tunísia, Líbano, França e Bélgica.

Ele rechaça a democracia, considerando-a como uma ideologia ocidental desencaminhada, e tenta desafiá-la não apenas atacando o que chama de governos apóstatas (não crentes) do Oriente Médio e África do Norte, mas também as democracias liberais centrais do Ocidente.

O grupo advertiu outros grupos jihadistas do mundo que eles têm de aceitar sua autoridade suprema para erradicar os obstáculos para restaurar o reino de Alá Terra e defender a comunidade muçulmana contra infieis e apóstatas.








Fonte: Aaron Edwards, historiador e escritor/BBC