Um ataque aéreo ao leste da cidade síria de Aleppo atingiu o maior hospital da região deixando pelo menos 10 pessoas feridas, segundo informações da instituição médica de caridade, Sociedade Sírio-Americana de Medicina.
A instituição é responsável por apoiar o hospital e afirma que ele foi atingido por bombas de barris. É a segunda vez que isso acontece em menos de uma semana - na última quarta-feira, um ataque semelhante aconteceu no mesmo local.
Também há relatos de ataques na chamada "Cidade Velha" de Aleppo pelas forças russas apoiadas pelo governo sírio. Além disso, inúmeros confrontos entre tropas oficiais e rebeldes têm acontecido nos arredores da cidade.
Forças aéreas da Rússia e da Síria retomaram os ataques ao leste da cidade, que é dominado pelos rebeldes, após uma trégua parcial que acabou no último dia 19 de setembro. As tropas do governo também lançaram uma ofensiva em solo contra os rebeldes.
A quantidade de civis mortos na guerra despertou diversos protestos internacionais.
'Bomba de cloro'
Responsável pela administração do hospital, Abu Rajan disse à imprensa local que cerca de 10 pessoas estavam nos hospital e ficaram feridas no momento em que as bombas estouraram. Os explosivos e as bombas de cloro teriam caído de helicópteros.
"Com o ataque, a UTI parou de funcionar e o concentrador de oxigênio sofreu danos graves", explicou. "Graças a Deus, pacientes não se machucaram e puderam ser transferidos para outros locais. Mas o hospital está fora de serviço."
O Ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Marc Ayrault condenou o bombardeio ao hospital e disse que ter como alvo desses ataques instituições de saúde e suas equipes seria enquadrado como crime de guerra.
"Os responsáveis precisam ser punidos", disse ele por meio de nota. "A França está mobilizando o Conselho de Segurança para colocar um ponto final nessa tragédia inaceitável."
Aleppo costumava ser o centro comercial e industrial da Síria, mas acabou sendo dividida em duas partes desde 2012. A ONU afirma que pelo menos 400 civis, incluindo muitas crianças, foram mortas na cidade nesta semana em consequência dos ataques russos e sírios.
Confronto
Washington e Moscou continuam divididos sobre a Síria, com os americanos negando acusações russas de que estariam protegendo um grupo jihadista em sua tentativa de tirar o presidente Bashar al-Assad do poder.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os Estados Unidos não teriam cumprido a promessa de separar o poderoso Jabhat Fateh al Sham (antigamente conhecido como Frente Nusra) de outros grupos extremistas de rebeldes mais moderados.
Já o porta-voz do departamento de Estado dos Estados Unidos, Mark Toner, disse que as alegações russas eram "absurdas". Ele explicou que os americanos não estavam atacando a al-Nusra mais porque eles haviam se misturado com grupos de civis.
Pelo menos 250 mil pessoas já morreram no conflito na síria desde que ele começou em março de 2011. O Observatório Europeu estima que esse número pode chegar a pelo menos 430 mil.
Mais de 4,8 milhões de pessoas já fugiram do país e cerca de 6,5 milhões já foram deslocadas dentro do país, segundo a ONU.
Fonte: BBC