domingo, 27 de janeiro de 2019

Tragédia em Brumadinho - De quem é a culpa?


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No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem do Fundão, localizada a 35 quilômetros do centro de Mariana (MG), deixou 19 mortos e 362 famílias desabrigadas. O evento, tido como o maior desastre ambiental do país, despejou toneladas de rejeitos de mineração no Rio Doce e no Oceano Atlântico.

Pouco mais de três anos depois, mais uma barragem rompida em instalação operada pela mineradora Vale do Rio Doce em Minas, cuja controladora principal é a mineradora anglo-australiana BHP Hilton. Dessa vez, o acidente aconteceu na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho. O próprio presidente da Vale, Fabio Schvartsman, admite que “o dano será maior que em Mariana”.

De acordo com informações da própria Vale, cerca de 300 pessoas estavam nas instalações administrativas da empresa no momento do rompimento da barragem. Por volta de 100 pessoas já foram resgatadas com vida e os outros 400 continuam desaparecidos.

O Complexo de Paraopeba, onde estava localizada a barragem, conta com quatro minas e uma jazida e duas usinas de beneficiamento. O complexo produziu cerca de 7% do volume total beneficiado pela Vale em 2017 – 26 milhões de toneladas de minério, segundo informações do site da empresa.

A lama pode invadir o reservatório do rio Manso, que abastece a capital Belo Horizonte, e também pode atingir o rio Paraopebas e desaguar no São Francisco, que atravessa Minas, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

“Desde o rompimento de Mariana, nada foi feito para evitar que esse tipo de desastre aconteça”, afirmou o procurador Carlos Eduardo Ferreira Pinto, procurador encarregado do caso. “Era lógico que isso iria acontecer”, diz Pinto, por conta da falta de ações para prevenir acontecimentos como os de Mariana e Brumadinho.

Segundo o promotor, “uma barragem rompe porque entra água na sua estrutura. Simples assim. Isto só é possível por descuido da empresa e falta de fiscalização das autoridades e de consultorias independentes”. Por conta das investigações sobre o caso, o procurador foi afastado da força-tarefa e transferido para um posto no interior do estado.

Relatórios encontrados no site do governo do Estado mostram atas de reuniões do Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam). Há pouco mais de um mês, em 5 de dezembro de 2018, uma “equipe multidisciplinar” da Superintendência de Projetos Prioritários da Secretaria de Meio Ambiente de MG recomendou a “aprovação da expansão da mina da Vale em Brumadinho por um período de 10 anos”.


Brumadinho
Já os ambientalistas viam muitos riscos na “insanidade” de ampliar a capacidade de produção em Brumadinho – uma mina que estava desativada desde 2015. O projeto foi posto em prática por conta justamente da desativação da mina em Mariana, cujo rompimento aconteceu em novembro daquele ano.

Ainda no final de 2018, uma carta do Fórum Nacional da Sociedade Civil na Gestão de Bacias Hidrográficas, o Fonasc, pedia a suspensão do licenciamento. Existiam inúmeras falhas no processo: em vez de ter as licenças prévia, de instalação e de operação, a Vale encurtou o processo por meio da chamada licença LAC1. O governo estadual facilitou a gambiarra: aprovou uma deliberação para que projetos de mineração de grande porte, antes classe 6, fossem enquadrados como classe 4, cujo procedimento é mais simples e rápido.

O parecer do Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais, ratificando a recomendação foi assinado apenas por representantes da Instituto Brasileiro de Mineração e o Sindicato da Indústria Mineral de MG – ou seja, representantes das mineradoras.

Ironicamente, segundo avaliação do próprio governo mineiro, feita em dezembro de 2016, a barragem em Brumadinho “era de pequeno porte, com risco baixo, mas com dano potencial alto. O empreendimento licenciado em 2018 tinha capacidade para 10 milhões de metros cúbicos na maior das três barragens. Em Mariana, para efeito de comparação, vazaram 55 milhões de metros cúbicos.







Fonte: CHARLES NISZ/dcm






terça-feira, 22 de janeiro de 2019

E os pobres cada vez mais pobres!


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A desigualdade na distribuição de riqueza em todo mundo está “fora de controle”, alerta um relatório da ONG antipobreza Oxfam divulgado nesta segunda-feira (21/01). Segundo o documento, em 2018, enquanto as camadas mais favorecidas acumulavam riquezas, as mais pobres ficavam ainda mais pobres, aumentando o abismo entre os dois grupos.

A Oxfam afirma que, no ano passado, um novo bilionário surgiu a cada dois dias, enquanto o patrimônio dos 3,8 bilhões de indivíduos mais pobres diminuía diariamente em 500 milhões. As fortunas bilionárias aumentaram 12%, ou 2,5 bilhões de dólares por dia, enquanto as camadas mais pobres viram sua riqueza diminuir 11%.

Segundo o relatório, os 26 indivíduos mais ricos do mundo concentram riqueza equivalente ao patrimônio dos 3,8 bilhões de pessoas que formam a camada mais pobre da população mundial, ou seja, 50% das pessoas em todo o planeta.

Os sistemas tributários que pesam sobre as camadas mais desfavorecidas da população mundial aumentam a disparidade entre ricos e pobres e a insatisfação popular, afirmou Winnie Byanyima, diretora executiva da Oxfam International. Esse quadro traz efeitos negativos particularmente para as mulheres.

“Enquanto corporações e os super-ricos desfrutam de impostos baixos, milhões de meninas não têm acesso à educação de qualidade e muitas mulheres morrem por falta de cuidados na maternidade”, disse Byanyima.

O relatório afirma que os governos subfinanciam cada vez mais os serviços públicos e subtributam os ricos. “Os pobres sofrem duplamente, com a falta de serviços essenciais e também ao pagar uma carga maior de impostos”, afirmou a diretora executiva da Oxfam.

A ONG ressalta que os impostos sobre os mais ricos e as grandes empresas vêm sendo reduzidos nas últimas décadas. Quando os governos fracassam em taxar os mais ricos, a carga tributária recai sobre os mais pobres através de impostos sobre o consumo, como os impostos sobre o valor agregado (IVA).

“Tributações indiretas como essa recaem sobre sal, açúcar ou sabão, recursos básicos de que as pessoas necessitam […] Dessa forma, os pobres pagam uma fatia relativamente maior de seus rendimentos do que as pessoas ricas”, apontou Byanyima.

Sistemas tributários mais justos podem contribuir para resolver o problema. A Oxfam afirma que se a camada de 1% dos mais ricos da população mundial pagasse apenas 0,5% a mais de impostos sobre suas riquezas, isso arrecadaria por ano mais que o suficiente para financiar os estudos de todas as 262 milhões de crianças que se encontram hoje fora da escola, além de garantir assistência médica que evitaria a morte de 3,3 milhões de pessoas.

A ONG sugere que os governos reavaliem a tributação sobre riquezas, como os impostos sobre heranças de propriedades, que vêm sendo reduzidos ou eliminados em boa parte das nações mais desenvolvidas e sequer foram implementados nos países mais pobres.

O relatório, divulgado pouco antes do início do Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne na Suíça lideres mundiais da política e dos negócios a partir desta terça-feira, é baseado em informações do registro de dados sobre a riqueza do banco de investimentos Credit Suisse e da “lista dos bilionários” da revista Forbes.











Fonte: Vermelho






sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Proibir ou não a tela para as crianças?


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Nesta era tecnológica, o castigo que muitos pais dão aos filhos é proibi-los de usar o celular. E o bom comportamento pode ser  recompensado com uma horinha a mais no tablet. Mas um estudo da Universidade de Guelph, no Canadá, afirmou que essas iniciativas aumentam a vontade das crianças de ficar em frente à tela.

Dados recentes estimam que crianças de até 8 anos passam em média 2 horas e 20 minutos na frente de aparelhos eletrônicos por dia. E os pesquisadores descobriram que crianças cujos pais usam tempo de tela como castigo ou recompensa passam mais tempo em frente a smartphone, tablet, computador ou televisão que aquelas que os pais não usam esse artifício.

“É semelhante a como não devemos usar guloseimas açucaradas como recompensa para crianças. Isso pode aumentar a atração por elas”, disse o professor de nutrição Jess Haines, co-autor do estudo. “Quando você dá comida como recompensa, faz as crianças gostarem menos da cenoura e mais do bolo. É a mesma coisa com o tempo de tela.”

Para investigar o impacto das práticas parentais no comportamento das crianças, os pesquisadores resolveram analisar bebês e crianças em idade pré-escolar. Segundo eles, é nesse período que os hábitos futuros em relação as telas irão se estabelecer. Participaram do estudo 62 crianças, entre 1 ano e seis meses e cinco anos de idade — e 68 pais.

A conclusão do estudo mostra que a quantidade de tempo que as crianças passam em frente às telas é muito influenciada pelo comportamento dos pais. Quando os pais ficam em frente à tela na presença dos filhos, as crianças se sentem no direito de ficar também, e isso aumenta o tempo que elas passam usando aparelhos eletrônicos.

Outra ponto destacado pelo estudo é que faz mal para as crianças usar esses aparelhos durante as refeições — pois é um momento único que a família tem para conversar e se conectar.

Por fim, apareceu a questão da recompensa: os pais usam cada vez mais o tempo de tela como uma forma de controlar o comportamento dos filhos. Vista com maus olhos pelos especialistas, essa prática também foi comprovada por números: crianças pequenas que convivem com esse hábito como “prêmio” passam, em média, 20 minutos a mais em frente às telas no fim de semana. Pode parecer pouco. Porém, segundo os pesquisadores, o fim de semana é um período que as crianças poderiam estar aproveitando de outras maneiras com os pais ou amigos.

Atualmente, apenas 15% dos pré-escolares canadenses atendem às Diretrizes Canadenses de Comportamento Sedentário, que recomenda no máximo uma hora de tempo de tela recreativa por dia para crianças. Ainda segundo o documento, aquelas com menos de dois anos de idade não devem ficar em frente a essas telas em nenhum momento.

Os pesquisadores afirmam que é importante entender os fatores que influenciam o aumento do tempo de tela das crianças, porque essa atividade sedentária está associada a um maior risco de obesidade, bem como piores habilidades acadêmicas e sociais no futuro. “Nossa esperança é que essas descobertas possam nos ajudar a armar os pais que estão entrando em um mundo onde as telas são onipresentes”, disse Lisa Tang, autora do estudo.











Fonte: Superinteressante






quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Prevenção contra doenças infectocontagiosas!


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A lista de doenças infecciosas, causadas por micro-organismos como vírus, bactérias, protozoários e fungos, é enorme. Para muitas existem vacinas, mas uma parte significativa não conta com proteção - apenas medidas paliativas de prevenção.

Entre as principais, ainda com alta incidência no Brasil, de acordo com Alexandre Naime Barbosa, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), e Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, estão aids, hanseníase, hepatite C, malária e sífilis. A boa notícia é que elas têm tratamento, e com excelentes prognósticos. A seguir, saibam o que são exatamente estas patologias, seus sintomas, tratamentos e formas de evitá-las.

Aids
O que é: trata-se de uma infecção sexualmente transmissível (IST) provocada pelo HIV, um retrovírus que ataca o sistema imunológico. Ele é transmitido pelo sexo vaginal, anal e oral sem camisinha, uso de seringa e instrumentos perfurocortantes contagiados, transfusão de sangue contaminado e de mãe infectada para o filho durante a gravidez, no parto ou na amamentação.

É importante destacar que ter HIV não é o mesmo que ter aids - há muitas pessoas soropositivas (que possuem o vírus em seu corpo) e que passam anos sem apresentar qualquer sintoma e sem desenvolver a doença. sigla "aids" significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, e refere-se à doença criada pelo vírus.

Sintomas: na fase inicial, chamada de infecção aguda, a enfermidade pode ser facilmente confundida com uma simples gripe, pois provoca febre e mal-estar. Outros sinas comuns são manchas pelo corpo, gânglios no pescoço e dor de garganta. Segundo o Ministério da Saúde, a fase seguinte, que é assintomática e pode durar vários anos, "é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus".


Depois vem a fase em que os sintomas aparecem: diarreia, febre, astenia (perda ou diminuição da força física), sudorese noturna e perda de peso superior a 10%. Com o passar do tempo, a imunidade vai ficando cada vez mais baixa, favorecendo o surgimento de doenças como hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmoses e até alguns tipos de câncer.

Prevenção contra aids: uso de preservativos (feminino ou masculino) em todas as relações sexuais, realização de pré-natal, no caso das gestantes, e utilização de seringas e agulhas descartáveis e luvas para manipular feridas e líquidos corporais
Diagnóstico e tratamento: o diagnóstico da aids é feito por exame de sangue, e o tratamento se dá com a combinação de medicamentos antirretrovirais (ARV) , cujas funções são impedir a multiplicação do HIV no organismo e evitar o enfraquecimento do sistema imunológico para, assim, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. O paciente precisará tomar os remédios para o resto da vida.

Prevenção: uso de preservativos (feminino ou masculino) em todas as relações sexuais, realização de pré-natal no caso das gestantes, e utilização de seringas e agulhas descartáveis e luvas para manipular feridas e líquidos corporais.

Incidência no Brasil: em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 de aids, com uma taxa de detecção de 18,3/100.000 habitantes. O número de mortes foi de 11.463. De 1980 a junho de 2018, o Ministério da Saúde registrou 982.129 casos de aids.

Hanseníase
O que é: antigamente conhecida como lepra, é uma doença crônica, infectocontagiosa, curável e que acomete, principalmente, pele e nervos periféricos. Ela é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae e sua transmissão ocorre pelo contato com a tosse e o espirro, e pelo contato próximo e prolongado com pessoas infectadas.

Sintomas: variam conforme os seis tipos de doença, mas os mais comuns são, segundo o Ministério da Saúde, "manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, aliadas à perda ou alteração de sensibilidade térmica (calor e frio), ao tato e à dor, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas".

Para diagnosticar a hanseníase é preciso fazer exames clínicos, dermatoneurólogicos e de sensibilidade
Diagnóstico e tratamento: para diagnosticar a hanseníase é preciso fazer exames clínicos, dermatoneurólogicos e de sensibilidade. O tratamento é ambulatorial (sem a necessidade de internação) e feito com o uso de antibiótico poliquimioterápico. A duração é determinada pelo médico - pode ser de seis meses a dois anos. Com tratamento correto, ininterrupto e feito logo nos estágios iniciais da doença, a hanseníase tem cura. O Ministério da Saúde informa que, durante o tratamento, os pacientes deixam de ser contagiosos e, portanto, não precisam ficar em isolamento.

Prevenção: para não contrair hanseníase é fundamental evitar o contato com pessoas infectadas. Fora isso, quando a doença já está presente, a melhor forma de prevenir a instalação de deficiências e incapacidades físicas é o diagnóstico precoce.

Incidência no Brasil: no período de 2008 a 2016 foram notificados 301.322 casos em todo o país, dos quais 21.666 (7,2%) eram em menores de 15 anos de idade.

Hepatite C
O que é: causada por vírus (HCV), a hepatite C provoca inflamação no fígado. Sua transmissão se dá pelo contato com sangue, por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos contaminados. Também pode ocorrer em procedimentos cirúrgicos, odontológicos, hemodiálise, transfusão e endoscopia quando as normas de biossegurança não são aplicadas e, menos comumente, no parto e durante o sexo desprotegido.

Sintomas: nem sempre a doença apresenta sintomas, e muitas vezes eles são inespecíficos, o que torna seu diagnóstico mais difícil. De toda forma, alguns deles são fraqueza, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, mal-estar, tontura, vômito e febre baixa.

O Ministério da Saúde informa que quando o vírus persiste por mais de seis meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-se a evolução para a forma crônica. Nessa situação, cerca de 20% dos infectados correm o risco de desenvolver cirrose hepática e, de 1% a 5%, câncer de fígado.

Diagnóstico e tratamento: a hepatite C, diagnosticada através de exame de sangue, tem tratamento com grandes chances de sucesso (de 90% a 95%) quando seguido corretamente. Normalmente, ele é realizado por cerca de três meses com o uso de antivirais de ação direta.

Prevenção: evitar a doença é até fácil: basta não compartilhar itens pessoais, como escova de dente, aparelho de barbear, alicate, seringa e agulha; certificar-se de que os objetos que serão utilizados em salões de beleza e de tatuagem, por exemplo, foram devidamente esterilizados e usar preservativo. Fora isso, toda mulher grávida precisa fazer no pré-natal os exames para detectar a patologia.

Incidência no Brasil: pelos dados do Ministério da Saúde, de 1999 a 2017, foram 200.839 casos da doença - só no ano passado foram 23.070, sendo que mais de 70% das mortes por hepatites virais foram causadas pelo tipo C.

Malária
O que é: trata-se de uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, causada por protozoários Plasmodium - há mais de 100 tipos -, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles.

Sintomas: o principal é febre alta, de 38º ou 39º, com calafrio, tremor e sudorese. Ela pode ocorrer de forma cíclica, indo e voltando a cada três dias, mais ou menos. Antes disso, é comum o paciente sentir náusea, cansaço e falta de apetite. Na forma grave ainda pode haver prostração, alteração da consciência, falta de ar ou hiperventilação, convulsão, hipotensão arterial ou choque e hemorragia.

Diagnóstico e tratamento: após o diagnóstico, feito através de exame de sangue, o tratamento é realizado com medicamentos, sendo que a sua escolha depende de alguns fatores, como espécie do protozoário infectante, gravidade, idade do doente e condições associadas (gravidez e outros problemas de saúde, por exemplo).

Em todo o território nacional, dados preliminares do Ministério da Saúde revelam que, de janeiro a setembro de 2018, foram notificados 146.723 casos de malária. Em 2017, foram 194.425
Prevenção: ainda não existe vacina contra a malária, mas um grupo de pesquisadores do Centro de Terapia Celular e Molecular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) está desenvolvendo uma para combater a forma com maior distribuição geográfica e maior prevalência nas Américas, a vivax.

Enquanto ela não é lançada, o importante é evitar a todo custo ser picado pelo mosquito transmissor - sobretudo na região da Amazônia, onde são registrados 99% dos casos no Brasil. As recomendações pessoais são não se expor no fim da tarde sem proteção; usar roupas de cores claras e que cubram a maior extensão possível do corpo; não passar perfume; aplicar repelente de ação prolongada e instalar mosquiteiro para dormir e telas nas janelas e nas portas. Fora isso, é fundamental desmantelar os locais com água parada, que são os criadouros dos mosquitos.

Incidência no Brasil: em todo o território nacional, dados preliminares do Ministério da Saúde revelam que, de janeiro a setembro de 2018, foram notificados 146.723 casos de malária. Em 2017, foram 194.425 - um aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior. Uma hipótese para explicar o crescimento é de que as autoridades tenham "baixado a guarda" contra a doença, após anos de queda nas infecções.

Sífilis
O que é: infecção sexualmente transmissível (IST) exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. A patologia tem diferentes estágios (primário, secundário, latente e terciário) e dois tipos: adquirida, quando é transmitida pelo sexo sem camisinha com uma pessoa infectada, e congênita, quando é passada para o bebê durante a gestação ou o parto.

Sintomas: assim como acontece com a hepatite C, esta doença praticamente não apresenta sintomas na fase primária. O que pode ocorrer é o surgimento de ferida no pênis, vulva, vagina, colo uterino ou ânus. Na maioria dos casos ela não coça, dói ou arde e se cura sozinha, fazendo com que o infectado não procure o médico.

Na etapa secundária, manchas pelo corpo, febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas são comuns. A latente, dividida entre recente (até 1 ano de infecção) e tardia (mais de 1 ano de infecção), é assintomática.

Já na terciária, os sinais surgem em um período variável de 2 a 40 anos do contágio e incluem lesões em diversos órgãos e tecidos, podendo ter como consequência demência, aneurisma da aorta e artrite, entre outras. No caso da sífilis congênita, os riscos são aborto, má formação do feto e surdez, cegueira, deficiência mental e até morte do bebê ao nascer.

O teste para diagnóstico da sífilis é simples e rápido, feito por meio de exame de sangue e/ou esfregaço de lesão cutâneo-mucosa.
Diagnóstico e tratamento: o teste para diagnóstico da sífilis é simples e rápido, feito por meio de exame de sangue e/ou pela análise laboratorial de lesões na pele. Uma vez confirmada a doença, o tratamento é realizado apenas com penicilina - a dosagem é definida de acordo com o estágio.

Prevenção: a sífilis é prevenida com o uso regular de camisinha (feminina ou masculina) e acompanhamento das gestantes.

Incidência no Brasil: de acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, a taxa de detecção da enfermidade do tipo adquirida passou de 44,1 casos/100.000 habitantes em 2016 para 58,1/100.000 habitantes em 2017. Quando se trata da congênita, no ano retrasado foram 21.183 registros e 195 mortes, e, no passado, 24.666 e 206, respectivamente.

Vacina
De acordo com o Ministério da Saúde, neste momento não há perspectiva de oferta de vacina para qualquer uma dessas doenças pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois ainda não existem no país produtos devidamente registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em nota, o MS explica que as estratégias de vacinação no Brasil, bem como a inclusão de novas vacinas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o estabelecimento de grupos populacionais a serem cobertos, são decisões respaldadas em "bases técnicas, científicas e logísticas, evidência epidemiológica, eficácia e segurança", somadas à garantia da sustentabilidade da estratégia adotada para a vacinação e de custo-benefício econômico: se reduz os custos com tratamentos, hospitalizações, dias de trabalho/estudo perdidos pelo paciente e/ou seus familiares e sobrevida.







Fonte: BBC







segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Presidente novo que quer recriar antigos problemas !

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Desde que foi eleito, em 28 de outubro de 2018, as propostas do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, são recebidas com um misto de espanto e rejeição no Velho Continente, que ainda espana com dificuldade as cinzas do fascismo dos ombros de sua história. Com exceção dos governos considerados populistas, como a Itália de Matteo Salvini ou a Hungria de Viktor Orban, as democracias europeias tradicionais veem com desconfiança o projeto ultraconservador de Bolsonaro, que desafia em diversos momentos os cânones republicanos da política continental do bloco.

Na França, onde a imprensa assume abertamente suas cores políticas, as críticas a Jair Bolsonaro chegam de todos os lados: jornais e revistas de direita e esquerda encontram dificuldade em simpatizar com a polêmica figura do novo presidente brasileiro, e seu projeto de governo.

A começar pelo slogan, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, considerado por France Info como uma “réplica assumida” do hino nazista Deutschland über alles (“Alemanha acima de tudo”, em português).  O programa de governo é considerado propositalmente difuso e pouco objetivo, para “não ter que se explicar posteriormente com a população”. Assustada pelo populismo que assinou o cheque do Brexit e a ascensão de Trump na maior economia do mundo, a Europa lida ainda com velhas feridas de guerra e tem problemas para controlar os novos fantasmas do fascismo no continente.

Apresentado pela unanimidade da imprensa europeia como um representante da extrema direita, Bolsonaro, muitas vezes chamado de “Trump tropical”, foi descrito pelo jornal Le Monde como “um chefe de Estado que mistura paranoia e ódio ao socialismo”, representante de uma “corrente, defendida [pelo ex-conselheiro de Trump] Steve Bannon, que mistura antiglobalização, xenofobia e fé cristã”.

“Cidadãos de bem”

O projeto para a segurança pública defendido pelo novo presidente brasileiro, que promete liberar o porte de armas para “cidadãos de bem”, também foi fortemente criticado pelo vespertino francês, que cita um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado em 2015, mostrando que a lei brasileira de 2003 que proibiu o livre porte de armas “salvou 121.000 vidas em 10 anos, freando a onda de homicídios”.

A chamada “carta branca de Bolsonaro a policiais e militares” também chocou os franceses, que veem em suas declarações “uma situação inédita e perigosa para a democracia, onde se pode atirar sem investigações ou consequências”, segundo o jornal Libération. Incompatível com a tradição republicana europeia, o desmonte institucional brasileiro deixou perplexa a rádio France Info, que chamou o programa de Bolsonaro de “projeto fascista para o Brasil”.

Brasil à venda não vai pagar a dívida interna, segundo imprensa europeia

France Info considera o programa econômico de Jair Bolsonaro “claramente neoliberal, mesmo se ele defendeu anteriormente, em sua vida parlamentar, o modelo estatista”. “O presidente de extrema direita se comprometeu em lançar um vasto programa de privatizações de empresas públicas e propriedades agrícolas do Estado, para obter um lucro de RS$ 1 trilhão”, diz Le Monde.

“Um número maluco, segundo especialistas, e que, de toda maneira, é incapaz de sanar a dívida pública, que representa mais de 80% do PIB do país”, avalia o jornal francês. A medida foi considerada um “tratamento de choque” pelo diário econômico Les Echos, que ressaltou, no entanto, o “otimismo dos mercados” com “a política ultraliberal do ex-banqueiro e novo ministro da Economia, Paulo Guedes”. “Mesmo que tudo seja vendido, não será suficiente. Mas isso significa uma completa liquidação de toda a participação do Estado na economia e a limitação do Estado em funções soberanas: Exército, polícia, justiça”, analisa a historiadora Maud Chirio no site de France Info.

A imprensa europeia noticiou também o vídeo publicado nas redes sociais pelo então candidato em 21 de outubro de 2018, onde prometia “acelerar a grande limpeza do país dos marginais vermelhos e dos bandidos esquerdistas”, deixando a seus adversários “a escolha entre o exílio ou a prisão”. O jornal britânico The Guardian repercutiu a polêmica declaração, falando em “expurgo político de adversários”, citando o famoso slogan da ditadura militar brasileira (1964-1985): “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Educação de olho no passado

Num continente laico, onde a separação entre Igreja e Estado [o chamado secularismo europeu] é lei, a figura de Bolsonaro, frequentemente descrito como “fervoroso católico, conservador e apoiado por cristãos evangélicos”, choca a sociedade. “Bolsonaro é o arauto da família tradicional, não hesitando em “denunciar notícias falsas”.

Fazendo eco à “guerra cultural” contra o marxismo e a “ideologia de gênero”, uma verdadeira caça às bruxas iniciada pelo premiê Viktor Orban na Hungria nos últimos anos, Bolsonaro denunciou durante a campanha presidencial uma suposta “doutrinação de crianças à homossexualidade orquestrada pelo Partido dos Trabalhadores”, relatou a historiadora francesa Maud Chirio ao site de France Info. A estratégia deu certo e foi amplamente reproduzida por seus seguidores nas redes sociais.

Outro fato que deixou perplexos os europeus foi a figura de Jair Bolsonaro na televisão, em agosto de 2018, quando o candidato de extrema direita brandiu a versão em português do Guide du zizi sexuel, e garantiu que o famoso livro ilustrado pelo desenhista Zep, que visa explicar a sexualidade às crianças, fazia parte de um “kit gay” “transmitido nas escolas brasileiras para promover a homossexualidade e seria” uma porta aberta para a pedofilia”. “Um manual que, na realidade, nunca foi distribuído para as escolas”, afirmou Le Monde.

Ameaça ao Meio Ambiente

Ponto de honra na política e na diplomacia europeia contemporânea, os programas de defesa do Meio Ambiente e as medidas contra o aquecimento global são respeitados e se tornaram divisas para o comércio de commodities. Por esta razão, as declarações e ações de Bolsonaro neste setor inquietam particularmente os europeus, como a ideia de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, com um propósito claro, segundo Maud Chirio: favorecer o agrobusiness, principal cavalo de batalha do comércio exterior brasileiro, um setor que não aprecia medidas e acordos internacionais que regulam o uso de terras protegidas e recursos naturais. O novo presidente brasileiro chegou mesmo a falar em “acabar com o ativismo ecologista xiita”.

Segundo o correspondente francês da RFI no Rio de Janeiro, François Cardona, “Jair Bolsonaro não esconde sua intenção de autorizar projetos industriais, hidráulicos e de mineração em áreas protegidas: da Amazônia, por exemplo. Entre a defesa da natureza e os interesses dos grandes latifundiários, o candidato de extrema direita escolheu o seu lado de maneira inequívoca”, afirmou Cardona.

As ameaças de Bolsonaro de seguir o exemplo de seu mentor, Donald Trump, e deixar o Acordo de Paris, podem, no entanto, trazer consequências para a balança comercial brasileira no exterior. Entre promessas de campanha e atos presidenciais, resta saber se as diferenças entre o governo brasileiro e a comunidade europeia serão amplamente assumidos em termos de diplomacia internacional, e suas devidas consequências econômicas para o Brasil.









DCM