Um litro gera 6 horas de eletricidade. Invenção foi apresentada na Nigéria, durante um evento de inovação voltada aos problemas da África
Se o brasileiro é considerado um povo criativo, é porque a vida aqui nunca foi fácil. Condições adversas demandam soluções inusitadas. Na África a coisa funciona mais ou menos desse jeito, com condições ainda mais extremas que as nossas, aqui. É por isso que, entre uma rebolada e outra pra sobreviver, os africanos acabam inventando coisas como um gerador movido à urina. E não tem nenhuma start-up metida à besta por trás do produto: ele foi criado por 4 adolescentes - Duro-Aina Adebola, Akindele Abiola, Faleke Oluwatoyin e Bello Eniola, a mais velha do grupo, com 15 anos.
O segredo é transformar o xixi nosso de cada dia em gás hidrogênio: a urina é colocada dentro de uma célula eletrolítica, um tipo de dispositivo que transforma energia elétrica em energia química. Esse processo isola o hidrogênio da urina para, em seguida, purificá-lo dentro de um filtro de água. Então um cilindro de gás leva o hidrogênio para um segundo recipiente, dessa vez repleto de borato de sódio, cuja função é retirar toda a umidade dele e deixar o hidrogênio na forma de gás. Esse gás será o combustível do gerador.
A novidade foi apresentada durante a Maker Faire Africa, um evento de inovação que acontece todo ano, cada vez em uma cidade diferente da África. A de 2012 foi em Lagos, capital da Nigéria. A ideia é incentivar comunidades locais a desenvolverem tecnologias que possam melhorar as suas vidas e a de outras pessoas do continente que vivam em condição semelhante. É a África se ajudando por ela mesma, sem depender da compaixão ou da boa vontade dos países ricos.
Como dá pra ver na foto, é tudo meio feito na base do improviso, o que deixa o gerador – e a iniciativa das meninas – ainda mais admirável. De acordo com Gerardine Botte, engenheira química da Universidade de Ohio, a grande sacada da invenção das meninas é o potencial que ela tem para tratar a água residual de indústrias. Como a urina já está sendo coletada nesses locais, nada mais natural que aproveitar sua energia para usar no próprio tratamento. No site da feira não há informações sobre a quantidade de watts produzida (dá pra carregar um celular ou abastecer um bairro?), mas, para um trabalho de meninas do ginásio, dá pra garantir que está melhor que aquela cartolina cheia de plantinhas coladas com durex que você apresentou na quinta série.
Fonte: Revista Galileu
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