Citando atrasos nas obras da Copa e da Olimpíada e a desaceleração da economia brasileira, o jornal britânico Financial Times (FT) comparou na sua edição de segunda-feira a performance do governo Dilma Rousseff na área de implementação de projetos às apresentações de um grupo de palhaços do cinema.
Em um editorial publicado nesta segund-feira, o FT diz que Dilma tem uma "tediosa aura de eficiência, semelhante à da (chanceler alemã) Angela Merkel", mas que a implementação de seus projetos parece obra "dos irmãos Marx" - comediantes que ganharam fama na primeira metade do século 20 nos Estados Unidos.
Segundo o FT, o Brasil precisa de um "choque de credibilidade", e o jornal sugere que os brasileiros cobrarão isso nas urnas.
"Se a senhora Rousseff não conseguir (promover esse choque), as eleições presidenciais de outubro o farão", afirma o jornal.
Desafios
Em seu editorial, o FT cita três desafios que, na sua avaliação, o governo brasileiro precisará enfrentar nos próximos meses: o escândalo de corrupção na Petrobras, o "crescente risco" de falta de energia, e a possibilidade de que sejam organizados grandes protestos durante o Mundial.
"Seria ainda pior para a senhora Rousseff se a equipe do Brasil não for bem", opina o FT. "Os brasileiros podem admitir os custos do evento se vencerem, mas não se falharem em obter uma performance respeitável - digamos, chegando ao menos às semifinais."
O FT qualifica o governo Dilma como "uma decepção", mas diz ver com bons olhos os rumores de que ela poderia dar independência formal para o Banco Central (BC) em um eventual segundo mandato e substituir o ministro das Finanças, Guido Mantega, pelo atual presidente do BC, Alexandre Tombini.
Segundo jornal, esses seriam sinais de que o debate político no Brasil estaria caminhando em uma direção que favoreceria os investidores. "Isso só pode ser algo positivo", conclui o FT.
Onda negativa
O editorial do FT é mais um em uma série de matérias, reportagens e artigos opinativos negativos sobre o Brasil e o governo brasileiro que vêm sendo publicados na imprensa internacional desde 2012 - quando ficou claro que a economia do país não retomaria o ritmo de crescimento acelerado da década passada.
Até então, o tom do noticiário sobre o Brasil parecia ser bastante positivo - principalmente em publicações econômicas como o FT e a revista britânica The Economist.
Em setembro do ano passado, a Economist perguntou em sua capa O Brasil estragou tudo?, depois de ter destinado outra capa ao Brasil de novembro de 2009 em que dizia que o Brasil tinha “decolado”.
Na semana passada, o vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates, que disse que os preparativos para a Olimpíada de 2016 são os "piores" que já viu – embora depois ele tenha voltado atrás na avaliação.
Fonte: BBC Brasil
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