O Vaticano anunciou nesta segunda-feira (15/06) que Jozef Wesolowski, um ex-arcebispo e antigo núncio (embaixador) papal na República Dominicana, será o primeiro membro do alto escalão da Igreja Católica a ser julgado por acusações de abuso sexual de menores. O julgamento está marcado para começar em 11 de julho.
Wesolowski é acusado de abuso sexual de menores enquanto desempenhava suas funções na República Dominicana, entre 2008 e 2013, e de posse de pornografia infantil já em Roma, em 2013 e 2014. O antigo arcebispo, de 66 anos, havia sido discretamente afastado do cargo, depois de a hierarquia católica ter sido informada de que ele pagava regularmente rapazes dominicanos por serviços sexuais.
Wesolowski é acusado de corromper sexualmente jovens, possuir material pornográfico infantil, causar danos psicológicos e manter uma conduta que ofende os princípios religiosos e morais. Se for considerado culpado, pode ser condenado a uma pena de 6 a 12 anos de prisão. Em junho de 2014, ele foi afastado da Igreja Católica, mas permaneceu em liberdade até setembro de 2014, quando foi colocado em prisão domiciliar. Wesolowski nasceu na Polônia, mas é cidadão do Estado da Cidade do Vaticano.
Em comunicado, o Vaticano afirma que "as graves alegações" contra Wesolowski serão avaliadas e, "se necessário", haverá recurso à "cooperação legal internacional para a avaliação da prova testemunhal" obtida na República Dominicana. As autoridades dominicanas, com as quais o Vaticano afirmou cooperar estreitamente, identificaram ao menos quatro rapazes vítimas de abuso pelo enviado papal.
Pessoas ligadas ao Vaticano disseram à agência de notícias Reuters que a decisão do presidente do tribunal da Santa Sé de processar Wesolowski não seria tomada sem o aval do papa Francisco. Segundo elas, tal medida é um claro sinal de que o pontífice tenciona ser inflexível com os religiosos que cometeram abuso sexual.
Também nesta segunda-feira, o papa Francisco aceitou a demissão de dois bispos norte-americanos, o arcebispo de Saint Paul e Minneapolis, John Clayton Nienstedt, e seu adjunto, Lee Anthony Piche, acusados de encobrirem casos de abuso sexual de menores por um padre.
O Vaticano não explicitou a razão das demissões, mas Nienstedt e Piche foram identificados por associações de vítimas como os responsáveis hierárquicos por ocultar abusos sexuais cometidos pelo padre Curtis Wehmeyer.
Fonte: DW
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