A polêmica em torno do vídeo mostrando um policial branco agredindo uma aluna negra em uma escola do Estado americano da Carolina do Sul ganhou novos contornos. O que pareceu um incidente isolado agora surge como evidência de tensões raciais não apenas na escola, mas na cidade de Columbia.
O episódio ocorreu na semana passada, na Spring Valley High School, mas veio à tona na segunda-feira com divulgação de um vídeo mostrando o agente Ben Fields atirando a estudante no chão e arrastando-a pela sala de aula - aparentemente, tudo teria começado quando a estudante se recusou a sair de sala após ser advertida pela professora por ter enviado uma mensagem de texto em seu celular.
As imagens viralizaram e causaram revolta nos EUA, motivando até a abertura de uma investigação pelo Departamento de Justiça, que também acionou o FBI, a polícia federal americana.
Fields foi suspenso preventivamente, mas o comandante da polícia local, o xerife Leon Lott, disse que o agente foi agredido pela estudante - algo que não teria sido mostrado pelo vídeo. Na sua opinião, a menina, que ainda não foi identificada, "tem alguma responsabilidade pelo que aconteceu".
"Se ela não tivesse tumultuado a sala de aula, não estaríamos aqui falando sobre isso", afirmou Lott em entrevista à rede CNN.
'Apaziguar os ânimos'
O xerife, porém, enfatizou sua reprovação ao comportamento do policial.
"Não há justificativa para alguma de suas ações. Queremos apaziguar os ânimos em vez de acirrá-los. Se alguém está pegando fogo você não derrama gasolina sobre ele".
A investigação do FBI vai apurar se houve violações à legislação americana de direitos civis, evidenciando que o caso pode ganhar contornos políticos.
Nos últimos anos, grupos de defesa dos direitos civis acusaram as autoridades educacionais de Columbia de discriminação racial no tratamento disciplinar de estudantes, e uma associação de pais de alunos negros foi formada para fazer pressão junto às escolas.
As tensões na região cresceram com as mudanças demográficas. O distrito de Richland, onde fica a Spring Valley High School, era majoritariamente branco, mas nos últimos a proporção de alunos negros superou a de brancos e chegou a quase 60% dos 27,5 mil alunos.
No entanto, de acordo com Hugh Harmon, presidente da associação de pais, professores e autoridades educacionais são majoritariamente brancos.
"As ações do policial apenas ressaltaram o que muitos pais de alunos afro-americanos têm sofrido neste distrito há muito tempo", declarou Harmon.
Mas o caso também voltou a colocar uma força policial americana na berlinda por conta das suspeitas de racismo. Nos últimos meses houve diversos casos de uso desproporcional de força de policiais brancos contra suspeitos negros, gerando reações públicas até do presidente Barack Obama.
Fonte: BBC
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