terça-feira, 14 de março de 2017

Trump - Mandando ver no Twitter!


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Álcool ele jura que não bebe – na verdade, nunca bebeu. Foi o que o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou num programa de televisão da emissora Fox News no ano passado. O motivo seriam as más experiências familiares, já que o irmão mais velho morreu em consequência do alcoolismo.

Mas não é só pela bebida que as pessoas podem desenvolver uma fraqueza. Há muitas coisas às quais elas podem se dedicar bem mais do que deveriam. Recentemente, o New York Times detectou o que considera ser a fraqueza pessoal do presidente: “Seu vício é o Twitter”.

Segundo o jornal americano, Trump é obcecado por popularidade. A publicação menciona as capas de grandes revistas dedicadas a ele, algumas delas de décadas atrás, expostas no escritório do magnata e do orgulho dele por ter sido escolhido personalidade do ano de 2016 pela revista Time.

E, agora, esse culto à personalidade prossegue por meio do Twitter. “Ele encontrou um meio que garante reconhecimento em cada fração de segundo e cujo alcance é medido em tempo real. Ele cria ratings para cada frase que você escreve”, comentou o jornal.

Disparos para todos os lados.

Frases no Twitter costumam ser curtas. A mensagem completa não tem mais do que 140 caracteres. Isso não é muito, mas, dependendo da mensagem, pode ser suficiente. Tudo depende do que a pessoa escreve. Em 2011, quando Trump publicou o primeiro de seus mais de 34 mil tuítes, o espaço bastava porque as mensagens não eram particularmente complexas. “Pensem como campeões”, tuitou o empresário para incentivar seus seguidores na rede social. Ele também escreveu que eles devem estar sempre cientes de que podem estar no início de algo maior.

Aqueles eram os tempos do Trump amável no Twitter, como escreveu o site Politico. Mais tarde ele descobriria que o Twitter pode mais: ele serve maravilhosamente também para xingar. Obama é “o pior presidente da história dos EUA”, escreveu Trump. E também que ele é “fraco”, “ruim” e “terrível”. Um “líder incompetente”, em resumo. Há muito tempo existem listas em que são coletados os insultos mais grosseiros de Trump. E elas são longas.

Como presidente, Trump mostra que política e emoções desenfreadas não se excluem. Ao contrário, até agora poucos políticos se comportaram de forma tão áspera quanto ele. E certamente nenhum que ocupe um posto tão alto. Trump não compartilha em absoluto da ideia de que seu cargo exige uma certa contenção.

Despreocupadamente, ele muda de lado, troca em questão de minutos o papel de cidadão pelo de presidente. Em 3 de fevereiro ele tuitou que Arnold Schwarzenegger fez “um trabalho realmente muito ruim como governador da Califórnia e um ainda pior no The Apprentice”, referindo-se ao programa de TV que o ator austríaco agora comanda, sucedendo ao magnata.

“O Irã está brincando com fogo”, ele postou no Twitter apenas quatro minutos depois. Nem meia hora depois, ele disparou verbalmente contra os participantes dos comícios contra ele em todo o mundo, afirmando que são “anarquistas profissionais, impostores e manifestantes pagos”.

Entre uma coisa e outra, às 12h34, ele comenta sobre as observações do premiê australiano, Malcolm Trunbull. Este tinha comentado anteriormente que a conversa telefônica entre ele e Trump teria sido cordial e – ao contrário do que fora dito na mídia – não foi encerrada abruptamente. “Obrigado”, escreveu Trump, acrescentando que a mídia divulgou “notícias falsas”, mas que Turnbull restituiu a verdade. “Very nice!”, comentou. Desde já é possível dizer que, com seus tuítes, Trump expandiu estilisticamente o cargo de presidente dos EUA.

O Twitter, afirmou o New York Times, um dia já representou uma esperança para o diálogo global. Isso é coisa do passado. Hoje, a plataforma é associada principalmente à difusão de ódio. E justamente esse espaço parece ter sido feito sob medida para Trump, acrescentou o jornal. “Para o cara que dá total importância para as aparências, o Twitter fornece o verniz do apelo populista sem o incômodo de que se tenha que responder por isso”.

Mas talvez Trump ainda tenha que responder por seus tuítes. A crítica mais dura ao estilo de suas observações pelo Twitter veio do ex-diretor da CIA John Brennan. Pouco antes da posse de Trump, Brennan escreveu que espontaneidade não é uma característica que colabore com a proteção dos interesses de segurança nacional, acrescentando que não se trata da pessoa Trump, mas dos Estados Unidos da América.

E mais outra coisa pode decepcionar Trump: o número de seus seguidores no Twitter. Quase um terço deles podem ser perfis falsos, segundo a ferramenta de controle twitteraudit.com. O número é baseado em análises complexas e não muito confiáveis, mas pode indicar uma tendência.

A conta de Trump continua crescendo em número de seguidores, mas uma outra também cresce: a @Trump_Regretts. Nela estão aqueles que votaram no magnata e agora se arrependeram. Quando o jornal The Guardian noticiou sobre a conta, neste domingo, ela tinha 169 mil seguidores. Algumas horas mais tarde, eles já eram 183 mil. Claro que alguns podem ser falsos, mas a conta indica uma tendência que certamente não agrada Trump.





Fonte: DW









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