Mais tarde, porém, os pesquisadores constataram que, na maioria das células, os telômeros ficam mais curtos a cada divisão sucessiva. Assim, após mais ou menos 50 divisões, os telômeros da célula se reduziam a pontinhos minúsculos, a célula parava de se dividir e, por fim, morria. Foi nos anos 60 que o Dr. Leonard Hayflick anunciou pela primeira vez que as células parecem estar limitadas a um número definido de divisões antes de morrerem. Assim, esse fenômeno é hoje chamado por muitos cientistas de limite de Hayflick.
Será que o Dr. Hayflick havia descoberto a chave do envelhecimento celular? Alguns achavam que sim. Em 1975, Nature/Science Annual disse que os pesquisadores de ponta na área de envelhecimento acreditavam que “todas as criaturas vivas carregam dentro de si um mecanismo preciso de autodestruição, um relógio do envelhecimento que aos poucos diminui a vitalidade”. De fato, cresceu a esperança de que os cientistas finalmente estivessem perto de desvendar o próprio processo do envelhecimento.
Nos anos 90, os pesquisadores que estudavam células humanas cancerígenas descobriram outra pista importante sobre o relógio biológico das células. Descobriram que as células cancerígenas de algum modo aprendiam a neutralizar seu relógio biológico e, assim, continuavam a se dividir indefinidamente. Em resultado dessa descoberta, os biólogos se voltaram para uma enzima incomum, descoberta na década de 80 e que posteriormente se constatou existir em quase todos os tipos de células cancerígenas. Chama-se telomerase. O que ela faz? Em suma, a telomerase pode ser comparada a um controle que altera o “relógio” da célula aumentando os telômeros
Fim da velhice?
A pesquisa da telomerase logo se tornou um dos campos mais procurados da biologia molecular. Os biólogos achavam que, se conseguissem usar a telomerase para compensar o encurtamento dos telômeros que ocorre quando células normais se dividem, talvez se pudesse frear o envelhecimento ou pelo menos atrasá-lo consideravelmente. O interessante é que Geron Corporation News noticiou que pesquisadores que fazem experiências com telomerase em laboratório já demonstraram que células humanas normais podem ser alteradas de forma a “ter capacidade de replicação infinita”.
Apesar desse progresso, há poucas razões para esperar que no futuro próximo os biólogos estendam consideravelmente nossa expectativa de vida por meio da telomerase. Por quê? Uma razão é que a deterioração dos telômeros não é o único fator para o envelhecimento. Veja, por exemplo, o comentário do Dr. Michael Fossel, autor do livro Reversing Human Aging (Como Reverter o Envelhecimento Humano): “Se vencermos o envelhecimento como o conhecemos hoje, ainda vamos envelhecer de algum modo novo, menos conhecido. Se aumentarmos nossos telômeros indefinidamente, talvez não venhamos a desenvolver doenças que hoje associamos à velhice, mas por fim ainda vamos definhar e morrer.”
Provavelmente, vários fatores biológicos contribuem para o processo do envelhecimento. Mas até o momento os cientistas não conhecem todos esses fatores. Leonard Guarente, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, diz: “Até o momento, a velhice é na maior parte um mistério.” — Scientific American, outono (hemisfério norte) de 1999.
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