domingo, 12 de abril de 2015

Apenas um trabalhador brasileiro chamado Roberto!




Segunda-feira. 7 horas da manhã.

Ele estava atrasado para o trabalho. Esquecera de colocar o relógio para despertar e quando acordou já passava das sete horas da manhã.

Rapidamente tomara uma ducha e engoliu um café requentado no microondas e foi para a garagem pegar o carro - mas que azar! Um dos pneus dianteiros estava furado! O jeito era correr até a parada de ônibus, já que não teria tempo de trocar o pneu, se bem que ele sabia que o macaco não estava muito bom...!

 Da última vez que trocara o pneu o macaco o deixou na mão. Não levantou o carro o suficiente e ele teve que pedir ajuda no meio da estrada. Mas como todo o brasileiro, deixara para outro dia para mandar consertar e veja no que deu! O pneu estava novamente furado e agora ele não conseguiria trocar, mesmo que tivesse tempo.

Assim que chegou no ponto de ônibus, quase teve um colapso! Haviam umas 30 ou 40 pessoas esperando o ônibus! E quando veio um, ele não conseguiu embarcar, porque já estava praticamente lotado e naquele empurra-empurra não conseguira subir!

Passaram-se mais uns trinta minutos e lá veio outro ônibus. Dessa vez ele não seria gentil, pensou.
Colocou-se na frente das pessoas mais idosas e mulheres e conseguiu embarcar!
Mas o calor ali dentro era insuportável! Só de pé, haviam umas 100 pessoas! Mas ele foi se enfiando entre aquela multidão para conseguir chegar até a porta de desembarque e com os braços para cima para tentar se segurar e ainda carregar sua pasta!

 Naquele aperto total ele viu que não conseguiria ir mais adiante e resolveu ficar por ali mesmo! Nas suas costas estava um homem alto e muito obeso e no seu lado direito outro senhor mais idoso com cara de poucos amigos e na sua frente...Ah não! Pensou ele. Uma mulher muito bonita e como estava muito cheio o coletivo, ele notou que estava encostado demais em suas nádegas bastante avantajadas!
Meu Deus! Preciso sair daqui, se não a mulher vai pensar que estou a assediando!

Ao tentar se locomover naquele espaço tão diminuto, sentiu que quanto mais se movia mais ele pressionava aquele traseiro macio! E não deu outra! De imediato a moça olhou para ele com um semblante feroz e com um esforço descomunal lhe desferiu um tapa no rosto!

Seu tarado! Gritou ela. E logo ele sentiu um soco atrás na sua cabeça! E mais uma cotovelada nas costelas da mesma mulher e um pisão bem naquele calo que tanto doía! Eram tantos tapas e socos e sopapos que ele não sabia nem mesmo quem o estava agredindo! Parem o ônibus! Alguém gritou!
Chamem a polícia! Um tarado no ônibus! A gritaria era geral! Quando ele percebeu, mãos fortes já o retiravam do ônibus numa rapidez gigantesca! Meu Deus! Se eu quisesse descer no meu ponto, levaria uns trinta minutos! Mas com a ajuda dos passageiros enraivecidos desembarcou em um segundo!

Com um olho roxo  e dores por todo o corpo reparou que um carro de polícia já estava o esperando!
Vem cá vagabundo! Gritou o policial. E mais um tapa no rosto! E mais um chute nas canelas de uma senhora que estava em meio a todo aquele alvoroço! Ele tentou se explicar mas não consegui falar devido a um hematoma no lábio superior.Quando viu já estava dentro do camburão da polícia e sendo transportado para a delegacia!

Sentado e algemado na delegacia esperando sua vez de ser interrogado olhou para cima e percebeu que havia um pequeno aparelho de televisão. E qual era a notícia! Ele! Sua imagem aparecia sendo agredido pela multidão enfurecida e a repórter dava a manchete: Preso hoje pela manhã um homem conhecido como o tarado do ônibus que algum tempo vem assediando as passageiras nessa linha que vem para o centro da capital!

Algum tempo? Mas todos os dias vou de carro para o trabalho! Meu Deus! Delegado! Isso não é verdade! Uma dor excruciante veio dos seus lábios inchados.

 Então ele percebeu que apenas pensara tudo aquilo, porque da sua boca não saiu som algum.
O que ele percebeu foi seu celular vibrando no bolso lateral do paletó! Com dificuldade conseguiu pegá-lo e viu que era do escritório! Quando conseguiu com as duas mãos algemadas colocar no ouvido e atender apenas ouviu: Roberto!! Você está demitido!

(Continua..)





Eliézer



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