A medida que destroem antiguidades e capturam cidades, os lutadores do Estado Islâmico também têm se empenhado em uma campanha sistemática de estupro e violência sexual contra mulheres e meninas Yazidi no Iraque e na Síria, conforme um relatório da Human Rights Watch divulgado na última quarta-feira.
De acordo com o relatório, a violação generalizada de meninas e mulheres a partir do grupo de minoria cristã Yazidi faz parte de um sistema organizado de abuso que inclui a escravidão, o casamento forçado, e o dar as meninas como "presentes" para homens diferentes. De acordo com um relatório recente da ONU, cerca de 3.000 pessoas estão atualmente em cativeiros do Estado Islâmico, muitos delas mulheres Yazidi.
No ano passado, O Estado Islâmico publicou um artigo que estabelece a sua defesa da escravidão sexual por motivos religiosos, apesar do fato de que a escravidão sexual é condenado pela comunidade internacional. "A confluência de crises provocadas pelo extremismo violento revelou uma tendência chocante de violência sexual empregada como uma tática de terror por grupos radicais", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon no início desta semana.
Uma mulher Yazidi de 20 anos de idade disse à Human Rights Watch que homens do Estado Islâmico prenderam-na com de cerca de 60 outras mulheres em um salão de casamento na Síria,para serem estupradas à vontade. Elas foram orientadas a "esquecer os seus parentes, e a partir de agora vocês vão casar conosco e levar os nossos filhos, Deus vai converter-las ao Islã e vocês vão ter que orar." Veja como ela descreveu a cena:
"A partir das 9:30 da manhã, homens vieram para comprar meninas e estuprá-las. Eu vi em frente aos meus olhos soldados puxando cabelos, espancando garotas e batendo as cabeças de qualquer uma que resistisse. Eles eram como animais. Uma vez que as garotas fossem levadas para fora, elas seriam estupradas e seriam trazidas de volta para serem trocadas por novas outras garotas. A idade das mulheres variava de 8 a 30 anos de idade. No final permaneceram apenas 20 garotas".
Apesar dessas histórias serem horríveis, elas não são um fato muito novo. A Human Rights Watch publicou um relatório detalhando semelhantes casamentos forçados de soldados e conversões de pessoas Yazidi no ano passado, que incidiu menos sobre o abuso sexual e mais especificamente sobre devastação generalizada das comunidades Yazidi.
Ainda assim, a indignação internacional tem feito pouco para acabar com a violência. "As pessoas se sentem bastante impotentes diante de um grupo como o Estado Islâmico, diz Liesl Gerntholtz, a Diretora Executivo dos Direitos da Mulher da Human Rights Watch "Táticas tradicionais como nomear e envergonhar simplesmente não funcionam para eles."
Mas, apesar das atrocidades, há um vislumbre de esperança no mais recente relatório sobre o Estado Islâmico e as mulheres Yazidi. Líderes religiosos Yazidi emitiram declarações de boas-vindas às meninas abusadas que voltaram para a comunidade depois de escapar de seus captores, um movimento que pode amainar o estigma social generalizado contra meninas que foram vítimas de agressão sexual. "Isso é incomum, e para mim, pessoalmente, é uma parte emocionante", diz Gerntholtz. "Elas precisam ser aceitas de volta, elas precisam ser apoiadas. Isso é muito importante e muito influente para se certificar de que não houve crimes ou violência contra a honra relacionados. "
Fonte: Revista Time
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