Sempre recebo um olhar de admiração quando revelo que não tenho perfil da notória rede social Facebook (ou "Face", como dizem alguns brasileiros). No dia 9 de dezembro, minha saída do Facebook completou um ano. Espero que tenha sido o primeiro de muitos anos.
Minha receita de sobrevivência? Celular pré-pago, e-mail e perseverança. Pronto. Várias questões me incomodavam. "Ele curtiu meu "status" - será que gosta de mim?" "Será que vai mandar uma mensagem?"
Eram diálogos que travava solitária enquanto entrava no site a cada cinco minutos. Ficava horas naquele buraco negro da comunicação. Para mim, deixar o Facebook foi derrotar um vício.
No Brasil, no entanto, o Facebook parece ter também um outro papel. Para empresas ou organizações sem muito dinheiro, é uma ponte com o público sem necessidade de um site profissional.
É também um espaço relativamente democrático de criatividade, bate-papo e também de denúncia. Eu me lembro como correu a história do "mendigo gato" e, depois, as críticas do racismo implícito que a solidariedade seletiva ao jovem de olhos azuis gerou. A voz virtual acaba tendo mais potência que um grito na vastidão da realidade.
Enfim, apesar de ter de enfrentar o desafio diário de manter contato com as pessoas que conheço em viagens, sigo na vida sem 'Face' porque não quero voltar ao que para mim parece uma competição incessante de quem tem a melhor vida, de quem é mais feliz ou de quem se divertiu mais na festa de fulano.
Prefiro aguentar o sinal ruim do meu celular. Ou: "Ele não ligou depois da festa?" "Deve ser falta de crédito!"
E escrevo muitas cartas! Gastei uma pequena fortuna nos correios. O processo era um pouco frustrante: levou três semanas para minhas cartas chegarem à Inglaterra, mas apenas dez para as de lá chegarem aqui!
Dos mais de mil amigos que tinha no Facebook, me restaram uns 20, com quem mantenho contato semanal. Mas confesso que, desde que comecei aqui no 'Para Inglês Ver', tenho frequentemente pegado carona no perfil do meu namorado, ansiosa para ler os comentários.
Afinal, ninguém é de ferro. E você? Conseguiria sobreviver sem Facebook? Que impacto a rede social teve no Brasil pela sua ótica? Muito obrigada pelos excelentes comentários (mesmo os críticos!).
Fonte: Lily Green
Estudante, Universidade de Oxford, blogueira da BBC Brasil
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