Decidi não usar mais o app do Facebook (nem o seu Messenger) no meu celular há alguns meses. A primeira razão foi mais social: estava cansado de ficar recebendo notificações e mensagens desimportantes a qualquer hora do dia e da noite. Depois, quando eu vi a quantidade de informações que o aplicativo acessa - a maioria delas sem a gente saber o motivo - eu fiquei feliz com a minha decisão.
Você já deu uma olhada nas permissões do aplicativo? Separei algumas (você pode olhar todas aqui):
Contas. Ele pode mexer nas contas do aparelho: encontrar, modificar, adicionar e remover contas e senhas
Localização. Acesso total à sua localização (via GPS e Wi-Fi)
Mensagens. Ler suas mensagens (SMS ou MMS) arquivadas no cartão SIM.
Acesso à rede. Mudar a conectividade da rede, baixar arquivos sem notificações, encontrar, fazer alterações e se conectar (ou desconectar) de conexões Wi-Fi.
Informações pessoais. Acessar informações pessoais suas (nome e dados de contato) que possam identificá-lo e repassá-las a terceiros
Calendário. Acessar, modificar e compartilhar eventos no calendário (mesmo informações confidenciais), enviar e-mails para os convidados sem o seu conhecimento, ler sua lista de contatos
Ligações. Ler e modificar seus contatos; ler histórico de ligações.
Sistema. Acessar informações da bateria. Reordenar outros aplicativos. Impedir o aparelho de dormir.
E por que o Facebook precisa acessar tudo isso? Boa pergunta. Algumas coisas são óbvias: o app tem de acessar sua câmera, porque isso é necessário para você tirar e postar fotos pelo celular. O acesso ao microfone também pode ser explicado, já que o app permite o envio de mensagens de voz.
A rede social se explicou sobre algumas dessas permissões. O app lê mensagens de texto, por exemplo, para confirmar o número de telefone. Baixar conteúdos sem autorização é uma maneira de “melhorar a experiência abrindo previamente o conteúdo do feed de notícias”. Realizar modificações no calendário seria uma maneira, segundo a rede social, de visualizar os eventos do Facebook no seu celular.
Mas essa explicação, convenhamos, não explica muita coisa - até porque nela eles dão exemplos dos usos das permissões, e não detalham exatamente o que é feito com os dados dos usuários.
A pergunta é: você quer compartilhar essas informações?
“A coisa está ficando muito complicada para o usuário final”, diz o advogado Omar Kaminski, especialista em direito digital. Para ele, o Facebook fez uma explicação técnica com base na usabilidade das funções. Mas os usuários não as conhecem.
E há ainda outro problema: na teoria, os dados não podem ser repassados para terceiros. Na prática, porém, isso pode acontecer através de fraudes e acordos ‘por baixo dos panos’, diz Kaminski. “Há muita displicência em relação a dados pessoais. O menor dos efeitos, o mínimo, é você ficar recebendo spam ou mala direta.” Kaminski acha que o ideal seria que o app tivesse níveis ou padrões de permissões, como o que o Creative Commons faz.
Eu pedi ao Facebook informações detalhadas sobre o uso das permissões do aplicativo. Enquanto elas não chegam, o que devemos fazer? Eu mantive a minha opção de ficar sem o app - mas isso não significa ficar sem o Facebook. Você pode acessar a rede social através do browser no celular (o funcionamento é praticamente o mesmo. O único problema é que você consumirá mais dados).
Fonte: Tatiana de Mello Dias/ Galileu
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