quarta-feira, 30 de maio de 2018

Greve - Isso não é de hoje...!


Greve em São Paulo em 1907


Muito antes dos caminhoneiros cruzarem os braços por aqui, trabalhadores de vários setores, épocas e continentes pararam de trabalhar como forma de protesto.

Você já está cansado de saber: a greve dos caminhoneiros parou o Brasil (aliás, esse post aqui é para ajudar a entender um pouco melhor o cenário). Mas não foram os colegas de Pedro e Bino que inventaram as paralisações trabalhistas. A história das greves é quase tão antiga quanto a própria história. Então pare o que está fazendo e olhe para trás, o passado grevista pode te ensinar alguma coisa – enquanto você espera o ônibus com frota reduzida.

Direto da Tumba
No Egito antigo só tinha uma coisa mais importante que a vida do faraó: a morte do faraó. Mumificações, construções de templos, rituais, artefatos, tudo girava em torno do momento em que o líder do reinado fosse dessa pra uma melhor. E grande parte dessa responsabilidade caía especialmente sobre um seleto grupo de profissionais egípcios, os construtores de tumba. Membros de linhagens familiares que, há gerações, cuidavam especificamente do recinto em que os corpos dos faraós ficavam após a morte, os artesãos que trabalhavam nas tumbas formavam uma das categorias mais bem remuneradas do Egito. Pelo menos, em valor de mercado. Pesquisadores alemães encontraram registros do ano de 1152 a.C. que mostram o descontentamento dos trabalhadores após um atraso de quase um mês no seu pagamento. Foi quando os construtores largaram as ferramentas, e rumaram sentido ao palácio do faraó, clamando pelo pagamento. Foi a primeira greve já registrada.

Habbemus Greve
Secessio Plebis, é um termo em latim que pode ser traduzido para algo como “Secessão da plebe”. Se os egípcios realizaram a primeira greve, organizada por uma elite e visando os benefícios de um único grupo, coube aos romanos a primeira greve geral. Acontece que no Império Romano não tinha Serasa. Os Patrícios eram o grupo com maior concentração de renda. Se eles te emprestavam um grana ou cediam um espaço para você construir uma casa e você não conseguia pagar, a pena era nada a menos do que uma vida de servidão. Os devedores eram condenados à escravidão. O povo, como é fácil imaginar, não gostava muito dessa regra, principalmente porque as principais vítimas dessa história tendiam a ser justamente os membros do exército que saíam da cidade para guerrear por Roma. Enquanto eles estavam fora, suas esposas e parentes tendiam a fazer dívidas para sobreviver – e quando eles voltavam o montante já era alto demais para ser pago. Em 495 a.C. os romanos plebeus se rebelaram. Pediram um posicionamento do Senado – que, por medo, não se manifestou. Os plebeus não só cruzaram os braços, como deixaram a cidade. Os trabalhadores rumaram para a cidade vizinha de Monte Sacro, a 5 km de Roma. As consequências apareceram rápido: os plebeus eram os responsáveis pelas colheitas e logo a cidade ficou sem alimentos. Foi quando o governo cedeu: a plebe teria representantes no poder legislativo. Só então os trabalhadores voltaram à cidade.

Ordem e Progresso
A primeira greve registrada no Brasil ocorreu em 1858. Os responsáveis foram quem registrava os acontecimentos: os tipógrafos, que foram os primeiros brasileiros a cruzar os braços. Os trabalhadores afirmavam que a tarefa, que consistia em revisar, organizar e publicar os textos de jornais, era muito mal remunerada e que não havia condições básicas para esse tipo de trabalho. A paralisação, que envolveu apenas 83 grevistas parou a produção do Jornal do Commercio, do Correio Mercantil e do Diário do Rio de Janeiro. A única publicação impressa que rodava na Cidade Maravilhosa (à época capital do país) era o Jornal dos Typographos, um folhetim que divulgava as reivindicações do grupo: direito a férias e aumento salarial.

Work Work Work
Você tem direito a uma folga no dia 1º de maio. E você só pode ficar sem trabalhar na data porque há uns 130 anos, em 1886, os trabalhadores do EUA realizaram sua mais importante greve geral – que hoje é comemorada com o Dia do Trabalho. Com a participação de mais de 200 mil trabalhadores, o movimento começou após um funcionário da ferroviária Union Pacific ser demitido por ir à uma reunião sindical. A paralisação, então, começou a reivindicar direitos trabalhistas, como uma jornada de trabalho de, no máximo, 8 horas diárias. Alguns trabalhadores ficaram sem trabalhar por dois meses – o que resultou na criação da Central Sindical Americana.

Girl Power
Outro feriado grevista é comemorado no dia 8 de março. O dia da Mulher homenageia as 90 mil trabalhadoras de São Petesburgo que largaram as atividades e protestaram contra a fome e as condições precárias de trabalho que imperavam na Rússia em 1917. A ação foi tão significativa que é considerada o início da Revolução Russa, que acabou com o império czarista.

Caminho das Índias
Mais recentemente, em 2016, a Índia foi palco da maior greve já registrada: no dia 2 de setembro daquele ano, 180 milhões de indianos não foram trabalhar. Durante 24 horas, os principais serviços do país, públicos e privados, não funcionaram. Os participantes protestavam contra a política de privatizações do governo e reivindicavam aumentos salariais – incluindo o salário mínimo. Conseguiram. A remuneração base do país aumentou 42%.











Fonte: Superinteressante




terça-feira, 29 de maio de 2018

Brasil - Porque o país depende tanto do transporte rodoviário?


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O Brasil é o país que tem a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros entre as principais economias mundiais. Segundo dados do Banco Mundial, 58% do transporte no país é feito por rodovias - contra 53% da Austrália, 50% da China, 43% da Rússia e 8% do Canadá. Os números são relativos a 2013.

A malha rodoviária é utilizada para o escoamento de 75% da produção no país, seguida da marítima (9,2%), da aérea (5,8%), da ferroviária (5,4%), da cabotagem (3%) e da hidroviária (0,7%), de acordo com a pesquisa Custos Logísticos no Brasil, da Fundação Dom Cabral.

É por isso que a greve de caminhoneiros em curso pode realmente parar o país e provocar uma enorme crise de abastecimento, segundo especialistas em transporte ouvidos pela BBC.

Há nove dias, os caminhoneiros do país estão paralisados e fazendo bloqueios em rodovias em 25 Estados e no Distrito Federal. O movimento foi iniciado após sucessivos aumentos no preço do óleo diesel, que agora custa R$ 3,59 por litro.

Rodovias primeiro
Mas por que, afinal, o Brasil depende tanto do transporte rodoviário de carga e de passageiros?

Para Paulo Resende, coordenador do núcleo de Logística e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, os governantes brasileiros nunca priorizaram adotar outros tipos de sistema de transporte porque isso não tem impacto eleitoral.

Essa seria uma das razões, por exemplo, para que o projeto da ferrovia Norte-Sul, que cruzaria o país, nunca tenha saído do papel.

"Já viu alguém inaugurar ferrovia rapidamente pra ganhar eleição?". "No Brasil, acontece o chamado fator subjetivo, que tem a ver com modelo de gestão de negócios. Os políticos e os burocratas pensam 'Eu tenho que deixar a marca do meu governo, tenho que fazer alguma coisa nova'. Aí todo mundo que entra (num governo), abandona projetos anteriores e cria um novo, que acha que é melhor.

 O Brasil é um país cuja estratégia é substituir o velho pelo novo, com completo abandono do velho. Você cria uma descontinuidade de projetos. Há uma questão cultural de trabalhar com curto prazo porque é compatível com a agenda eleitoral."

O consultor de trânsito Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela Universidade de São Paulo, diz que o Brasil chegou a esse modelo de dependência quase total de rodovias em função de décadas de decisões "desastrosas" e não tem como mudar esse quadro no curto prazo.

"Precisamos de menos ingerência política nas decisões técnicas que envolvem a logística de transportes. O Brasil tem dimensão continental e produz quantidades de commodities, tanto agrícolas quanto minerais, que precisam ser transportadas por meios razoáveis e racionais, não por apenas caminhões. É inacreditável que para levarmos soja até o porto de Santos, essa mercadoria precise ser escoada antes por rodovias", diz.

Para Mauricio Lima, sócio-executivo da consultoria em logística Ilos, o fato de basicamente dois terços das cargas serem transportadas por meio rodoviário deixa o país mais vulnerável a greves que afetem o abastecimento, como a dos caminhoneiros.

"Temos uma infraestrutura aquém das nossas necessidades, tanto de dutos - por isso falta combustível - quanto ferroviária e hidroviária", diz.

O mesmo levantamento mostra que, entre 2001 e 2016, a frota de caminhões cresceu 84,3% (de 1,5 milhão para 2,6 milhões).

Da frota total que circula no Brasil, 1,09 milhão de caminhões são de empresas, 554 mil são conduzidos por caminhoneiros autônomos e 23 mil, são de cooperativas.

Descompasso
O professor Resende, da Fundação Dom Cabral, afirma que o governo federal não entende a matriz de transportes no Brasil. "A participação do sistema modal rodoviário é de mais de 75% no país, mas o governo trabalha com uma matriz de 58%, cuja logística não representa a realidade. E aí ele perde a noção da rede brasileira de abastecimento por caminhões. O governo não tem noção", fala.

Segundo o especialista, as autoridades cometem um erro ao atribuírem a greve apenas ao elemento caminhoneiro.

"A indústria passou por uma transformação e as políticas brasileiras não acompanharam a transformação. A cadeia de suprimentos não trabalha mais com grandes estoques, é quase que na hora em todos os setores. Quando você tem uma logística desse tipo, o papel do estoque é substituído pelo do transporte. Não tem estoque mais pra amortecer a demanda", diz.

Na prática, isso significa, segundo ele, que em três dias não há mais estoque para a linha de produção. E que em cinco dias já começa o desabastecimento no ponto de consumo, o varejo.

"É o que acontece com essa greve. O setor automobilístico, por exemplo, já está parando. Até o próximo sábado, pode haver um grande desabastecimento."

Para o consultor Ejzenberg, o aumento do preço do diesel também não pode ser visto, isoladamente, como o único fator responsável pela insatisfação que levou à greve. Segundo ele, a recessão que o país atravessou recentemente desencadeou uma série de problemas em relação aos fretes - sendo o principal deles a redução do número de transporte de cargas.

"Um dos principais fatores para essa greve é a falta de trabalho dos motoristas", diz. "Porque muitos caminhoneiros dependem dos fretes para continuar pagando as prestações de seus caminhões."









Fonte: BBC



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Ser negro no Brasil ainda é um sofrimento!



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Pessoal

Em lágrimas escrevo:

Tem muita coisa linda na maternidade, mas tem muitas dores também. Ser mãe de uma menina preta me trouxe muitos medos, muitos desafios e muita força.

É muito triste ver a sua filha sendo rejeitada! Mesmo antes de dizer “Olá!” ela chega perto e todas correm, ela se aproxima, e todas as outras se agrupam, ela chama e ninguem responde. Isolam-a, excluem-a, a machucam.

Ela não entende, mas sente. Não reclama, mas entristece. Meu coração parte!

Dessa vez eu tava aqui espiando, chorando e pensando em formas de acolher a minha filha. Dessa vez eu chamei ela pro meu colo, abracei, disse que ela era linda e inteligente, falei que a amava.

Mas e quando eu não estiver?

A gente sempre fala da solidão da mulher negra, muitas vezes relacionada a afetividade adulta. Mas essa solidão começa muito cedo, começa na infância. O racismo é aprendido pelas estruturas e reproduzido pelos pequenos de forma assustadora. Tivemos avanços, mas as nossas meninas negras ainda são preteridas, rejeitadas, isoladas.

A minha filha eu perguntei:
– Suas amigas não querem brincar?

E ela me respondeu:
– É sempre assim mãe, mas eu não me importo, gosto de brincar sozinha.

Será que gosta? ou aos 4 anos já se protege na solidão?

E pra você que acredita que é “coisa de criança” certamente você nao é uma mulher negra. Nós mulheres negras vivemos esses mesmo traumas na infância, foi ruim mas com o passar do tempo a gente esqueceu, superou ou refletiu em outros momentos da vida. Mas ser mãe te faz reviver alguns deles, e dessa vez de forma mais intensa e muito mais dolorosa.

Dói muito!










Por Ana Paula Xongani  ( Publicado originalmente no perfil de Facebook da autora)

sábado, 26 de maio de 2018

A grande diferença entre "caminhoneiros" e "empresários rodoviários"!


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A greve ou o locaute dos caminhoneiros Brasil afora – chamem o movimento do jeito que quiserem – se impôs às forças políticas como dramático mistério. Feito a esfinge, dita-lhes: “Decifrem-me ou os devoro”

Uma das grandes omissões dos governos civis que sucederam a ditadura militar foi a estruturação de um serviço de inteligência que merecesse esse nome. Não vale apontar para a tal Abin, que doravante chamaremos de “Abig” – agência brasileira de ignorância.

Afinal, só no Brasil para se ter um serviço secreto cujos agentes são recrutados por concurso público e têm seus nomes arrolados no Diário Oficial da União! E depois ficamos a caçoar dos dotes intelectuais de nossos irmãos portugueses…

A “Abig” não é um serviço secreto – é um serviço ostensivo. Não se destina à coleta conspirativa de dados essenciais à tomada de decisões estratégicas, mas a facilitar o serviço de conspiradores contra os interesses estratégicos da sociedade brasileira. Afinal, não se presta nem para recortar jornais de três semanas atrás! Quem tem “Abig” não precisa de CIA para ser engabelado.

Esqueçam, pois. Os governos civis nunca estiveram preparados para os grandes desafios a sua autoridade, ao estado democrático de direito e à constituição da República.

Ficaram a navegar à deriva num mar de riscos, brincando de roleta… brasileira! Até que demorou para serem engolidos pela crise mais aguda de nossa história política.

Não pode haver surpresas e nem indignação: os eleitos namoraram com o inimigo por anos a fio sem uso de anticoncepcionais e desdenhando até dos preservativos: diziam não gostar de chupar bombom com papel.

Agora, não vale atribuírem a culpa à fertilidade do companheiro ou da companheira. Quem faz amor com o capeta não tem direito de se queixar se passa carregar no bucho o Anticristo do Armagedom. Quem pariu a catástrofe que a embale!

Seria simples assim se não estivesse em jogo nosso destino como Nação altiva e respeitada e como sociedade livre e próspera. Decifrar o mais recente risco à governança é um passo necessário para encontrarmos uma saída do imbroglio que o golpe parlamentar de 2016 criou.

Como não temos serviço de inteligência, talvez devamos nos orientar tateando no escuro para evitarmos esbarrar uns nos outros. Quem não tem cão, caça com gato. Analisemos os dados mais óbvios.

O movimento de caminhoneiros existe porque existe uma demanda, justa ou não. Ela é clara e, de seu atendimento, depende a subsistência do serviço que esses atores prestam à economia industrial e de consumo.

Vejamos. Há dois tipos de transportes rodoviários de carga no Brasil.

Um é oferecido por grandes empresários, sejam eles de oferta terceirizada do serviço ou concomitantemente produtores dos bens transportados. Esses têm gordura para negociar as condições fiscais de seu empreendimento. Faturam e pagam suas obrigações com prazos mais largos, têm capital de giro e geralmente diversificam seus investimentos.

Eles são capitalistas, amigos dos golpistas e não têm problema em conchavar com estes. Querem desobstruir as rodovias porque o show deles tem que continuar. Contentam-se com o gracejo da redução do óleo Diesel em dez por cento, por trinta dias, porque aumenta sua margem de lucro. Business as usual.

Há outro tipo de transporte, porém, que é individual, levado a efeito por pequenos fretistas, por donos de cavalos mecânicos que se oferecem às indústrias, ao comércio para trasladar, a reboque fechado, cargas de um canto a outro do país. Recebem por viagem, assumindo os custos de sua atividade e os riscos inerentes à precariedade de nossa infraestrutura logística.

Têm que cobrir o preço do combustível, do pedagio e do próprio catering ao longo do caminho. Fazem-no com parte da féria ganha. Cumprem itinerários e prazos rígidos que lhes são impostos por contratantes e não dispõem de flexibilidade financeira.

O dinheiro que recebem é no mais das vezes de preço fixo e gasto em boa parte no período de descanso obrigatório e inevitável entre um frete e outro, ou no retorno sem carga.

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Devem horrores às financeiras e vivem na estreita greta de sua (in)viabilidade econômica. Longe de suas famílias, passam dias e noites dirigindo seus caminhões, mantendo-se acordados com uso de rebites e altas doses de cafeína, seja na forma de chimarrão ou de cafezinho requentado em garrafa térmica.

São explorados pelos contratantes sem dó nem piedade, pois nenhuma legislação trabalhista os protege. Depois os consumidores urbanos cheirosos ainda os chamam de bugres grosseiros e os xingam nas estradas por atrapalharem a pressa de seus confortáveis SUVs.

Caminhoneiros individuais são uma grande massa de empreendedores proletarizados numa economia de consumo de escala que busca crescente eficiência através da negação dos direitos dos mais vulneráveis da cadeia produtiva. Muitos foram expulsos do mercado de trabalho e acreditaram que sobreviveriam num nicho de razoável, ainda que modesto custo-benefício.

Enganaram-se redondamente. Com o decréscimo da atividade econômica a partir de 2014, muitos ficaram ao relento, sem frete. Não tinham margem para assumir a desaceleração da demanda.

Com a redução do frete e a disponibilidade enorme de caminhões ociosos, empresários contratantes resolveram repassar suas perdas para o setor de cargas individuais, mais vulnerável, e reduziram o valor da féria. Era aceitar ou largar. Viagens antes pagas por 8 mil reais, passaram a oferecer apenas 5 ou 6 mil, na cartelização usual da demanda de transporte rodoviário.

Só que os custos da atividade transportadora não diminuíram. Pelo contrário. O governo, insensível para com as necessidades do setor, liberou o preço do combustível na refinaria e na bomba, bem como autorizou aumentos é mais aumentos do pedágio rodoviário.

A maioria dos fretistas individuais simplesmente se inviabilizou economicamente, mas não tem como sair do negócio pois deve prestações de seus caminhões de segunda mão financiados e, quase todos, devem também o parcelamento de custos de manutenção, como pneus, reparos e revisões. Estão na lona e não têm saída. É desespero mesmo.

Nenhum combatente vai à guerra levar bala por esporte. Nenhum cidadão sobe barricadas a desafiar o monopólio de violência do estado classista por diletantismo ideológico.

O que faz revoluções é a constatação por revoltados de que nada têm a perder. Atravessa-se o Rubicão quando voltar significa enfrentar hordas de bárbaros sanguinolentos.

“Flucht nach vorne” – a fuga para frente é a única saída para quem está encalacrado numa situação “lose-lose” – de perder ou perder.

A esquerda política brasileira, em boa parte, padece dos vícios de um revolucionarismo romântico, esquerdismo como doença infantil do comunismo. Perde-se em conceitos, preconceitos e rótulos. Como pequeno-burgueses que são seus atores, preferem tachar os caminhoneiros paredistas de bolsonaristas. Fim de papo.

Acham bom vê-los enrolados em suas contradições: pedem intervenção militar e estão prestes a levar porrada dos milicos que tanto adulam! Nossos progressistas riem de barriga cheia. Não disfarçam sua “Schadenfreude” – o contentamento pela desgraça alheia. Olham a casca e não veem a substância.

Sim, caminhoneiros estão há tempos atordoados e não conseguem se fazer ouvir. Não são grandes teóricos políticos e não têm tempo para ler Lênin, Trotski ou Gramsci. Os fascistas adoram gente atordoada. É sua especialidade manipular fobias para seu projeto de poder totalitário. O fascismo, nunca é demais repetir, não constitui ideologia, mas apenas uma perversa e boçal prática política de mobilização do ódio coletivo para submeter massas à expropriação de seus direitos e de sua emancipação.

Caminhoneiros individuais são presas fáceis para projetos fascistas e, por isso, festejam os que em breve os reprimirão. Nada temos a comemorar, como esquerda consciente, na repressão de proletários ceenepejotizados! Caminhoneiros são não capitalistas.

São expulsados do mercado de trabalho, enganados pela mais-valia que frauda seu esforço de sobrevivência. É preciso superar rancores do golpe que apoiaram e trazê-los para o lado da luta por uma sociedade mais justa que os abrace, que dê suporte à sua causa.

Talvez compreendendo um pouco da dialética do processo histórico, os que querem libertar nosso país das garras de sua elite entreguista, míope e escravocrata se aproximem do movimento, sempre lembrando que boa parte das agruras dos paredistas está no veloz processo de deterioração da garantia de direitos e de desnacionalização de setores estratégicos de nossa economia, como o de produção de combustíveis minerais, entregues a grupos estrangeiros a preço de banana por um governo lacaio e corrupto.

É a rejeição desse quadro que nos une aos caminhoneiros e nos torna mais próximos a eles do que os fascistas o pretendem ser.

O mistério da esfinge assim se desvenda, de forma relativamente simples, sem ajuda de “Abigs”. Mas, para não sermos surpreendidos, quem sabe pensemos em organizar nossa inteligência, apesar de toda conspiração contra os interesses do Brasil! Tratemos de tirar as consequências dessa constatação e quiçá aproximemos a política dos paredistas…













Fonte: Eugênio Aragão.



Para a mídia é importante que a Petrobrás se dê bem independente do povo!


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Pedro Parente, presidente da Petrobrás

Após sete anos de enfrentamento contra o capital estrangeiro, liderados pelas empresas americanas que afirmavam que os brasileiros não possuíam know how para a exploração do petróleo, Getúlio Vargas fundou, em 1953, A Petróleo Brasileiro S.A – Petrobras.


A empresa foi constituída por capital misto, composto por 51% do Estado e 49% de acionistas privados. Com isso, o governo sinalizava que o lucro não deveria ser apenas econômico, mas também social.

Desse modo, desde o início a preocupação de Vargas ao criar a Petrobras era de manter, pelo menos uma parte, os dividendos criados pela exploração do petróleo, aqui no Brasil.

Esses dividendos poderiam ser reinvestidos em setores estratégicos ou carentes.

Vargas demonstrava saber que os interesses privados não convivem racionalmente com o restante da sociedade. E, caso não sejam domesticados, tendem a privilegiar somente o lucro.

Desde a sua fundação a Petrobras sofre com a pressão exercida, por um lado, pelos acionistas e, do outro lado, pela população brasileira, que deseja combustível a preço acessível. 

Contudo, os acionistas não são apenas trabalhadores que juntaram os seus fundos de garantia e investiram na Bolsa, para melhorarem a sua aposentadoria.

São formados também pelo grande capital que, dentre outras coisas, tem influência econômica sobre os conglomerados midiáticos.

Essa influência se dá, por exemplo, através de compras de horários comerciais ou por possuírem fatias acionárias dessas empresas.

Quando um Governo de origem popular e progressista desprivilegia o lucro econômico em detrimento do lucro social, a mídia começa a acusar a Petrobras de não lucrar tudo o que poderia lucrar.

Esse tipo de notícia era muito comum até o impeachment de Dilma Rousseff. 

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Após o golpe, e com a chegada do administrador Pedro Parente, escolhido pelo mercado, leia-se grandes acionistas, para dirigir a Petrobras, a empresa voltou a ser noticiada de forma positiva.

Chegou a retomar o posto de empresa mais valiosa do país na Bolsa de Valores de São Paulo. Contudo, os resultados sociais se revelaram negativos, vide o atual cenário de crise, instalado pela recente greve dos caminhoneiros.

O que fica claro com a greve dos caminhoneiros é a importância da equidade entre o lucro social e o lucro econômico da Petrobras para o Brasil e para os brasileiros. 

A sociedade civil deixa claro que a empresa pode fazer mais pela população, uma vez que o maior acionista é justamente o governo.

O que se pede não é combustível de graça, e sim a preço acessível. Porque se atualmente a Petrobras vai bem, o povo vai mal.







Fonte: Tania Salgado




quarta-feira, 23 de maio de 2018

Rússia está acuando as Testemunhas de Jeová - Quem será o próximo grupo?

A foto de abertura de Jeová

Campanha para banir o grupo cristão Testemunhas de Jeová fere os direitos internacionais de liberdade religiosa no país e têm amplo apoio da Igreja Ortodoxa Russa!

Foi logo depois do nascer do sol em 10 de abril, quando a campainha tocou no apartamento de Anatoly e Alyona Vilitkevich em Ufa, uma cidade industrial na Rússia central. Seus visitantes de manhã cedo eram policiais mascarados armados com armas automáticas.
 "Abra!", Gritaram os policiais.

No interior, o casal se apressou a se vestir e telefonar para o advogado. "Havia 10 deles, incluindo investigadores à paisana", disse Alyona, 35, à Newsweek . “Um deles estava filmando tudo. Eles disseram que eu não tinha permissão para usar o telefone.Depois de vasculhar o apartamento, os policiais disseram a Anatoly, um trabalhador manual de 31 anos, para arrumar algumas roupas quentes.

"Eles disseram que ele não voltaria para casa", diz Alyona. Desde o ataque, ele está sob custódia policial, e os investigadores não permitiram que sua esposa falasse com ele, diz ela.

As táticas da polícia naquela manhã eram do tipo usado com frequência para deter criminosos perigosos. Mas Anatoly não é suspeito de terrorismo, assassino ou traficante de drogas. A polícia prendeu-o porque ele e Alyona são membros das Testemunhas de Jeová, um movimento evangélico cristão conhecido pelo proselitismo porta-a-porta de seus membros.

 As Testemunhas de Jeová são também pacifistas comprometidos que historicamente têm sido perseguidos por governos em todo o mundo por sua recusa em prestar serviço militar ou saudar a bandeira. Algumas das mais brutais repressões ocorreram na Cuba de Fidel Castro, na Alemanha nazista e na União Soviética.

E agora é o Kremlin moderno - com a bênção da Igreja Ortodoxa Russa - que aumenta a pressão sobre as estimadas 175.000 Testemunhas de Jeová da Rússia. A repressão do Estado vem como parte de uma campanha apoiada pelo governo contra as religiões “estrangeiras” das minorias. A campanha começou em julho de 2016, quando o presidente Vladimir Putin aprovou a legislação que proíbe o trabalho missionário, estipulando que as pessoas compartilhem suas crenças religiosas apenas em locais de culto registrados pelo Estado.

A lei foi introduzida em um momento em que Moscou estava promovendo um grande esforço de propaganda antiocidental - de acusar os EUA e o Reino Unido de conspirar para derrubar Putin e se vangloriar da capacidade da Rússia de reduzir os EUA a "cinzas radioativas". os seguidores de religiões “importadas”, como os mórmons e batistas, que sofreram sob a controversa lei.

 Isso porque eles têm problemas freqüentes de obter permissão do Estado para as igrejas. Eles geralmente têm pouca escolha a não ser se reunir informalmente nas casas de seus fiéis.

Mas são as Testemunhas de Jeová - cuja sede mundial está em Nova York - que estão absorvendo a maior parte do ataque. Em abril de 2017, a Suprema Corte da Rússia decidiu classificá-los como uma “organização extremista”, colocando a denominação cristã no mesmo nivel  do grupo militante do Estado Islâmico (ISIS) e movimentos neonazistas.

 Os advogados do Ministério da Justiça afirmaram que as Testemunhas de Jeová representavam uma ameaça à "ordem pública e segurança pública", e as autoridades russas os acusavam de pregar a "exclusividade e supremacia" de suas crenças.

A Rússia também fechou as salas de oração do grupo e proibiu a tradução da Bíblia (a principal diferença entre ela e outras versões cristãs: a palavra Jeová no lugar de Deus ou Senhor). A proibição veio apesar de uma disposição na lei russa que proíbe os tribunais de classificarem até extratos dos livros sagrados das quatro maiores religiões do país - cristianismo, islamismo, judaísmo e budismo - como extremistas.
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Críticos acusam as autoridades de explorar leis antiterroristas para pressionar o grupo. "Não havia motivos para barrar as Testemunhas de Jeová", diz Alexander Verkhovsky, especialista em legislação anti-extremista do centro de direitos humanos Sova, sediado em Moscou. “Sim, eles insistem que a religião deles é a única correta. Mas o mesmo acontece com a maioria das outras religiões. Ninguém chegou a acusá-los de ações extremistas específicas. ”(O Ministério da Justiça da Rússia não respondeu a um pedido de comentário).

Analistas das Nações Unidas dizem que a supressão do movimento cristão sinaliza um "futuro sombrio" para a liberdade religiosa na Rússia. Autoridades do Kremlin insistem, no entanto, que a decisão da Suprema Corte limita a lista negra das Testemunhas de Jeová, e não infringe os direitos individuais de praticar sua religião de escolha, como garantido pela constituição pós-soviética do país

.Muitos observadores discordam. "A crescente repressão às Testemunhas de Jeová representa, sem dúvida, o pior retrocesso da Rússia sobre a liberdade religiosa desde a era soviética", diz Geraldine Fagan, editora do Relatório East-West Church and Ministry, que monitora questões relacionadas à cristandade nos países da antiga União Soviética. .

E há poucos sinais de que a campanha terminará. A prisão de Anatoly Vilitkevich na manhã do dia chegou como parte de uma operação nacional dos serviços de segurança russos contra as Testemunhas de Jeová.

Desde fevereiro, a polícia realizou incursões em cerca de uma dúzia de cidades e vilas, com o ritmo da operação acelerando depois que Putin foi reeleito para um quarto mandato presidencial em março. Em 18 de abril, oficiais armados prenderam Roman Markin, uma Testemunha de Jeová de 44 anos, depois de derrubar a porta do seu apartamento em Murmansk, uma cidade do Círculo Polar Ártico.

 “Eles forçaram a ele e a sua filha de 16 anos ao chão à mão armada”, diz Yaroslav Sivulskiy, porta-voz da Associação Européia das Testemunhas de Jeová. Em maio, em Birobidzhan, uma pequena cidade perto da fronteira da Rússia com a China, A polícia invadiu 20 residências pertencentes às Testemunhas de Jeová, segundo membros da organização religiosa.

 Os ataques foram conduzidos por cerca de 150 policiais, que supostamente apelidaram sua operação de "Dia do Juízo Final". Além de Markin, outras cinco pessoas também foram detidas durante os ataques. Eles podem agora enfrentar até 10 anos de prisão sob a acusação de "organizar a atividade de uma organização extremista ”.A polícia não fez apenas prisões durante a operação nacional; Eles também questionaram dezenas de pessoas, incluindo crianças e idosos.

 De acordo com Sivulskiy, os oficiais pressionaram algumas pessoas a renunciarem à sua fé, alegando que seriam libertadas se o fizessem. Testemunhas de Jeová também relataram ataques incendiários em suas propriedades e ameaças de funcionários para remover seus filhos e colocá-los sob os cuidados do Estado. Sob a lei russa, menores podem ser tirados de seus pais se estiverem envolvidos em atividades “extremistas”. (O Ministério do Interior da Rússia não respondeu a um pedido de comentário.)

Em abril deste ano, também foi dado início ao julgamento de Dennis Christensen, um cidadão dinamarquês de 46 anos. Ele foi preso em maio de 2017 por policiais armados usando coletes à prova de balas depois de invadirem uma sala de orações de Testemunhas de Jeová em Oryol, uma pequena cidade a 225 quilômetros ao sul de Moscou. Os policiais foram acompanhados por investigadores à paisana do serviço de segurança do FSB, de acordo com a filmagem do ataque, enquanto eles vigiavam cerca de três dúzias de participantes, incluindo crianças.


As autoridades detiveram Christensen em um centro de detenção policial desde sua prisão. As condições na cadeia são sombrias, disse ele a repórteres recentemente. Ele foi forçado a se lavar com água de garrafas plásticas e sobreviver a grumos e outros alimentos quase comestíveis. Sua saúde se deteriorou atrás das grades: sua esposa, Irina, diz que sofreu de dores nas costas, problemas digestivos e infecções de ouvido.

Christensen, que vive na Rússia desde 2000, pode pegar até 10 anos de prisão se for considerado culpado por organizar reuniões de oração. Funcionários da embaixada dinamarquesa compareceram a audiências judiciais, mas até agora não fizeram declarações públicas sobre o julgamento.

Enquanto a repressão continua, grupos de direitos humanos estão falando. “Deixar cair o caso contra Christensen seria um bom primeiro passo para acabar com as invasões e outros processos criminais contra pessoas que estão meramente praticando sua fé”, diz Rachel Denber, vice-diretora da Europa e Ásia Central da Human Rights Watch. Memorial, a mais antiga organização de direitos humanos da Rússia, descreve Christensen como "a primeira pessoa na história da Rússia moderna a ser privada de sua liberdade por causa de sua afiliação religiosa".

O julgamento de Christensen pode ser o primeiro do tipo nas últimas décadas, mas a Rússia tem uma longa e obscura história de perseguição religiosa. Autoridades na União Soviética executaram pelo menos 200.000 membros do clero ortodoxo russo, de acordo com registros do Kremlin, enquanto milhões de outros cristãos enfrentaram prisão ou discriminação nas mãos do Estado oficialmente ateu.

Para as Testemunhas de Jeová da Rússia, as prisões e invasões são um retrocesso a esses anos de terror. “Crentes mais velhos nos dizem que o que está acontecendo agora é simplesmente uma continuação do período soviético. Os mesmos métodos de repressão estão sendo usados ​​”, diz Sergei, uma Testemunha de Jeová baseada em Moscou. (Como muitos outros membros do movimento, ele pediu à Newsweek para não revelar seu sobrenome por questões de segurança).

A diferença é que as autoridades soviéticas atacavam seguidores de todas as religiões sem exceção; Desta vez, o Kremlin está agindo com a aprovação e apoio de seu poderoso aliado, a Igreja Ortodoxa Russa. Embora a constituição da Rússia estipule uma divisão entre a Igreja e o Estado, os críticos dizem que o Kremlin e a Igreja se tornaram desconfortavelmente próximos durante o governo de quase duas décadas de Putin.

 Nos últimos anos, o Patriarca Kirill , líder da Igreja, fez declarações públicas sobre uma série de questões, desde a "guerra santa" da Rússia na Síria até a "abominação" do casamento gay. O patriarca também descreveu o governo de Putin como um "milagre de Deus".Kirill não falou publicamente sobre a campanha do estado contra as Testemunhas de Jeová, mas os porta-vozes da igreja têm sido fervorosos em seu apoio a ela.

 “[As Testemunhas de Jeová] manipulam os sentidos das pessoas e destroem mentes e famílias”, diz o metropolita Hilarion, um assessor do patriarca. Ativistas cristãos ortodoxos ultraconservadores próximos a Kirill também saudaram a decisão da Suprema Corte de proibir o grupo.

 “As Testemunhas de Jeová estão tentando forçar uma religião estrangeira aos russos. Mas ninguém quer vê-los aqui, e eles devem voltar ao lugar de onde vieram ”, diz Andrey Kormukhin, fundador do Sorok Sorokov, um grupo ativista descrito por seus críticos como a“ unidade de combate ”da Igreja Ortodoxa Russa. uma pesquisa de opinião feita no ano passado, 80 por cento dos russos apoiaram a proibição das atividades das Testemunhas de Jeová. Isso é aproximadamente a mesma porcentagem da população que se identifica como cristãos ortodoxos russos.







Fonte: Newsweek


terça-feira, 22 de maio de 2018

Porque nossa gasolina é tão cara?

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Você já deve ter se perguntado o sobre o alto preço do combustível que nós brasileiros pagamos. Ainda mais quando sabemos os valores que nossos países vizinhos pagam pelo litro do combustível seja gasolina, etanol ou diesel. Por exemplo, nossa querida Argentina, que paga cerca de R$3,81 o litro de gasolina comum. Um completo absurdo para nós brasileiros que temos a segunda e mais rica petrolífera do mundo inteiro.

Ao adquirir nosso carro, seja popular ou de luxo, pagamos uma série de impostos que acrescentam em seu valor total como: IPI, ICMS, PIS, COFINS. Juntando esses impostos e seus devidos valores, nós temos a metade do valor total de um carro só para impostos, ou seja, se você compra um carro de R$30 mil reais, você estará pagando cerca de R$15 mil reais em impostos.

A matéria não será muito extendida falando sobre os impostos dos carros, mas sim dos combustiveis, que segue o mesmo raciocínio dos preços que pagamos pelos automóveis, ou seja, uma boa parte do valor do combustível são impostos que são atribuídos ao valor total.

O Brasil é o único país no mundo que não se beneficia pelas riquezas dos próprios recursos naturais. Quem sai ganhando nessa, são os investidores internos e extrangeiros, o governo e alguns poucos funcionários da empresa estatal.

Pois bem, a Petrobras não é do governo, o governo federal tem apenas 37% das ações da companhia, mas tem direito de 56% do voto, então, o governo tem poder pela decisão da empresa. Então a culpa novamente caí sobre o governo brasileiro, que super satura os tributos nas empresas que produzem ou comercializam algo e o consumidor final é quem sai na pior.

No Paraguai o litro da gasolina é cerca de R$2,62 e sem adição de álcool, como é feito aqui no Brasil em diversos postos de gasolina. Argentina, Chile e Uruguai, todos os três países juntos, não somam 1/5 da produção brasileira, e pagam apenas R$2,62 pelo fato de que esses países não tem altas taxas de impostos como aqui no Brasil.

Somos um país autossuficiente em petróleo, mas isso não se reflete para o mercado interno e sim para os outros países que fazem a festa sobre nossas custas. Brasileiro é um povo extremamente ignorante infelizmente, é um povo em que o governo taxa da forma como quer os produtos das industrias e comércios e nós sempre estamos dispostos a pagar o valor, o que sabemos fazer é reclamar e nunca tomar providências. Na realidade a culpa também é nossa, que fazemos péssimas escolhas nas urnas!

O que nos anima é olhar para o futuro e ver que os combustíveis fósseis serão substituídos por energias limpas e renováveis, o que além de permitir preços inferiores, também contribuirá para despoluição de nosso planeta, refletindo numa melhor qualidade de vida para todos nós.













Sexo entre mulheres também transmite Dst's!

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1 – Mas afinal, sexo entre mulheres é sexo?
Claro que é. São duas pessoas tendo prazer juntas, independente da orientação sexual de cada uma (lésbica, bissexual ou qualquer outro tipo de classificação com o qual se identifique). E esse prazer pode vir de várias formas, seja no oral, na penetração digital (com os dedos), no tribadismo (vagina com vagina, a famosa “tesourinha”), usando brinquedos sexuais… As possibilidades são muitas. Basta sentir vontade, ter consentimento e fazer.

2 – Quais são as ISTs que podem ser transmitidas durante o sexo entre duas mulheres?
O sexo entre duas mulheres não difere de nenhum outro nesse quesito: qualquer IST pode ser transmitida durante uma relação sexual se você não estiver se protegendo. Estamos falando de: herpes, sífilis, gonorreia, clamídia, HIV e  HPV.

3 – Por que agora as DSTs são chamadas de ISTs?
As ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são infecções transmitidas principalmente pelo contato sexual sem o uso de um método preventivo. São causadas majoritariamente por bactérias, vírus ou fungos que podem se instalar na vagina, ânus ou boca. A transmissão ocorre no contato de mucosas com esses microorganismos (que podem estar no sangue, na pele, nas mucosa genitais, nas secreções vaginais, no esperma do homem etc). A mudança na nomenclatura foi feita porque o termo “doença” pressupõe sintomas e sinais visíveis no corpo, enquanto “infecções” é mais adequado já que várias dessas disfunções podem não apresentar sintomas.


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4 – Como me proteger no sexo com mulheres?
A verdade é que não há um método ideal, que funcione 100% e que seja prático de usar. Todas as opções não passam de um quebra-galho. Na hora de compartilhar acessório ou fazer a penetração digital dá pra usar a camisinha masculina (envolto no acessório/dedo) ou feminina (dentro da vagina), porque isso evita o contato com as secreções vaginais.

Mas a grande dificuldade mesmo está no sexo oral – também é preciso usar uma barreira para se proteger. Uma opção é pegar uma camisinha (masculina ou feminina) e recortar, tirando aquele anel e fazendo um pequeno lençol. Dá para fazer o mesmo com uma luva descartável – você corta os dedos, abre e faz um lençol também. Outra alternativa pouco conhecida é o dental dam, que é um pequeno lençol de borracha tradicionalmente utilizado por dentistas, e que serve como uma barreira protetora. É difícil, porém, encontrá-lo.


Mas aí vem o verdadeiro problema. Todas essas opções não são práticas ou ~sensuais~: na hora do oral a menina teria que segurar o lençol enquanto faz o sexo – e isso restringe a posição, além de ficar escapando. “A verdade é que essa é uma prevenção muito difícil”, comenta a ginecologista e obstetra Márcia Borrelli. Algumas mulheres usam papel filme, mas não existem estudos científicos que comprovem a sua eficiência.

 “O grande motivo de não se usar nenhuma dessas alternativas é esse desconforto, é tudo pouco atrativo. É preciso pensar seriamente sobre alguma forma mais atrativa que possibilite sexo oral entre mulheres”, inclui o médico e especialista em saúde pública Valdir Monteiro Pinto. Mesmo na posição “tesourinha” não existe nada que proteja. “Quando se trata de proteção, tudo pras mulheres que fazem sexo com mulheres é meio adaptado, infelizmente não existe nada feito especificamente pra elas, é meio nisso de ‘o que temos pra hoje’.”, completa Valdir.

5 – Existe alguma ligação entre período menstrual e transmissão de ISTs?
Sim. O fluido menstrual é um meio de cultura para o crescimento de bactérias – ou seja, está cheio delas. Os métodos de prevenção, porém, são os mesmos, independente de a menina estar menstruada ou não.

6 – No sexo oral, é importante escovar os dentes antes de transar ou isso pode aumentar os riscos de transmissão?
“Escovar os dentes, pode machucar a gengiva e causar alguma ferida. Então o ideal para fazer sexo oral é esperar um tempo depois da escovação, e não fazer logo em seguida”, explica a ginecologista Márcia Borrelli.



PEQUENO GUIA PRÁTICO DE ISTs ENTRE MULHERES

Não dá para confiar apenas nos sintomas para saber se você está com alguma infecção ou não. Os tempos de incubação de cada doença variam muito, por isso é importante sempre fazer os exames médicos.

   Infecções causadas por bactérias:

Causam corrimento:
Gonorréia e clamídia: infecções que acometem principalmente o colo do útero, causam secreção e dor no pé da barriga durante a relação sexual.
Vaginose bacteriana: a vaginose é um desequilíbrio da flora vaginal que causa um corrimento mais acinzentado com mau cheiro, que se acentua perto da menstruação. Não é considerada uma IST.

Causam ferida
Sífilis: causada por uma bactéria, a infecção começa com o cancro duro (uma feridinha que aparece onde a bactéria entrou – boca, vagina, ânus) e em grande parte das vezes a mulher não percebe sua existência porque essa ferida não coça, não sangra, não dói e desaparece com ou sem tratamento, mas não significa cura.

   Infecções causadas por vírus:

Herpes: é uma das infecções mais comuns, visto que 90% da população já entrou em contato com o vírus segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, podendo ou não desenvolver a doença. São pequenas bolhas que se juntam e rompem formando uma ferida que, diferentemente da sífilis, dói bastante e coça. A transmissão do vírus só ocorre enquanto há lesão (lembrando que ela pode não ser aparente).

HPV: existem diversas variações deste vírus, algumas que podem causar verrugas genitais e outras que podem levar a alguns tipos de câncer. Por ser uma infecção que usualmente não causa nenhum sintoma aparente, sua prevenção é de extrema importância, e deve ser feita por meio de vacinas e do exame Papanicolau (que mede a alteração das células do colo do útero). Inclusive por lésbicas, sim.

HIV: não possui sintomas até que a infecção evolua ao longo do tempo debilitando a imunidade do portador, abrindo a porta para doenças oportunistas – que é o que chamamos de AIDS.
   Infecções causadas por fungos:

Cândida albicans: causa a candidíase vaginal. Se manifesta através de coceira, vermelhidão, inchaço, corrimento esbranquiçado (parecida com leite talhado) e dor ou queimação ao urinar. A candidíase não é considerada uma IST.
   Infecções causadas por protozoários:

Trichomonas: causador da tricomoníase, que pode causar ardência e/ou um corrimento verde bolhoso.








Fontes: Valdir Monteiro Pinto, interlocutor de DSTs da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e do Programa Municipal de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; Márcia Borrelli, médica, ginecologista e obstetra.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Líder religioso estupra menor na Índia!



Estuprado aos 14 por líder religioso, indiano fala sobre dor e vergonha que o calaram até idade adulta


“Eu tinha 14 anos. Era tarde da noite. Sem usar proteção, ele me penetrou.”

O relato é de um homem indiano de 31 anos de idade que resolveu denunciar seu estuprador.

Ele tinha 14 anos quando foi estuprado por um líder religioso de sua comunidade – para quem a família recorria para pedir bênção.

A vítima conta que, para garantir que “não doesse tanto” quando o seu estuprador atacasse novamente, ele usou os dedos para penetrar-se continuamente por dois dias.

“Foi tão dolorido que por quase duas semanas eu não consegui andar direito”, diz.

“É muito triste que nenhum dos membros da minha família, parentes, amigos ou professores foram capazes de ver que algo estava errado comigo.”

"Eu acabei indo lá (para a casa do líder religioso) por quase um ano. Fui estuprado três vezes. Quando eu penso sobre isso agora, sempre fico arrepiado. O que aconteceu me deixa muito bravo. Às vezes eu acordo à noite e bato nas paredes com muita força…”, diz, interrompendo a fala ao se emocionar. “Me desculpe.”

"Durante esses 14 anos, passei por muitos traumas. Me sentia sem esperança alguma. Senti muita culpa e vergonha, embora eu não tivesse feito nada de errado.”

Na Índia, uma criança é abusada sexualmente a cada 15 minutos. Cerca de 36.022 casos de abuso infantil foram registrados em 2016.

"Infelizmente, em uma sociedade como a nossa, é a vítima que se sente envergonhada, em vez do criminoso."






Fonte: BBC



sábado, 19 de maio de 2018

Carta ao já falecido ex-presidente Ernesto Geisel!




Agora ficou claro o tratamento a ser usado para se dirigir ao senhor, ditador Ernesto Geisel. Nunca duvidamos, mas havia uma cerimônia com os títulos de ex-presidente e general. Imagino que a seu lado, onde quer que vocês se encontrem após as revelações trazidas pelo documento da CIA, seus parceiros Emílio Médici e João Figueiredo devem estar saudando seu ingresso no grupo. No paraíso não será. Mais provável que estejam no nono círculo da Divina Comédia, o mais terrível do Inferno de Dante Alighieri. Fiquei em dúvida se lhe enviava um e-mail ou escrevia uma carta. Optei pela carta, uma vez que a vigilância interna do Círculo não permite a entrada de aparelhos eletrônicos para uso dos desterrados.

A esta altura, decorridos quase 50 anos, o senhor já deveria estar pensando que fosse passar à História oficial como o responsável pelo processo de abertura politica. Aquele general de formação luterana, um oficial prussiano que aparecia nas fotos de óculos escuros com uma imagem severa. Que não sujou as mãos de sangue. Balela criada pelos órgãos de informação e inteligência e disseminada pela imprensa e livros de historiadores que acreditaram na lenda. Graças ao trabalho do pesquisador Matias Spektor, da FGV, a verdade foi revelada. Verdade que as Comissões instituídas pelo Estado não conseguiram alcançar inteiramente, apesar das centenas de depoimentos dos sobreviventes, devido ao sistemático bloqueio do Exército, detentor das informações oficiais.

E, para sua surpresa, a traição veio da CIA, agência aliada do golpe que derrubou Jango Goulart em 1964. Por um memorando feito pelo seu ex-diretor William Colby, em 11 de abril de 1974, enviado ao então secretário de Estado, Henry Kissinger, mentor  do golpe que derrubou Allende no Chile. Kissinger foi prêmio Nobel da Paz, talvez o maior equívoco da academia sueca. No relatório, o senhor é descrito como tendo aprovado o assassinato de 104 opositores políticos na gestão de seu antecessor Médici e autorizado o prosseguimento da política de assassinatos seletivos. Mais 89 pessoas morreram ou desapareceram a partir de abril de 1974, até o fim de sua ditadura.

A Agência americana de espionagem e assassinatos, também seletivos, documenta que a política de extermínio vinha de cima, do Palácio do governo, era política de Estado. Até aqui, havia se formado um falso consenso de que responsabilidade pela barbárie recaíra nos ombros de Garrastazu Médici, o general impassível que autorizava as execuções nas reuniões do palácio e ia tranquilamente para o Maracanã assistir a jogos de futebol com um radinho de pilha no ouvido. João Baptista Figueiredo, o terceiro membro do tenebroso trio, posava para os fotógrafos de sunga fazendo exercícios físicos e dava bom dia para seus cavalos.

Quem acreditou na fantasia das mortes nos chamados porões o fez por ingenuidade ou cumplicidade, como a Folha de S. Paulo da “ditabranda” ou O Globo do apoio incondicional ao golpe. Instalações militares da Marinha, Exército e Aeronáutica foram usadas como centros de tortura. O quartel do 1º Batalhão da PE, na Rua Barão de Mesquita, Tijuca, Rio de Janeiro, foi transformado na sede do Doicodi, onde foi assassinado o deputado Rubens Paiva, entre outros. Cínica piada chamar de porão um quartel do Exército. Desse vasto universo de crimes, seus sucessores no Exército jamais deram satisfações à sociedade ou pediram desculpas pelas graves violações de direitos humanos. Ao contrário, fizeram uma lei em que se autoanistiaram.

Tenho aqui comigo uma pequena lista de nomes para lhe apresentar. Uma lista de amigos e amigas que perdi, que ficaram na estrada, alguns dos quais estão na dedicatória de meu livro Tirando o Capuz. Pessoalmente, vou deixar as horas de choques e pau de arara que sofri no Doicodi depositadas no limiar entre o pesadelo e a irrealidade, mas não posso me calar diante de tantas vidas tiradas. A Comissão Nacional da Verdade lista 434 nomes.

Responsabilizo-o, direta ou indiretamente, pelos assassinatos desses amigos cujos rostos familiares não esqueço. Se for o caso, consulte seu chefe da Casa Civil, general Golbery do Couto Silva, o “Feiticeiro”, e divida a culpa com Médici e Figueiredo.

Vamos a eles. Mário Alves Vieira, o mais velho da turma na época, 46 anos, continua desaparecido. Os demais, estudantes: Fernando Augusto da Fonseca, o Sandália, Lincoln Bicalho Roque, Luiz Alberto Sá e Benevides, o Bebeto, Sylvio Renan de Medeiros, Vera Sílvia Magalhães, Raimundo Teixeira Mendes, Alcir Henrique da Costa, Cláudio Câmara e Vinícius Caldeira Brant. Incluo mais dois, que se não foram amigos, andaram por perto: Inês Etienne Romeu e Carlos Alberto Soares de Freitas, também desaparecido. Nenhum deles está no papel de vítima. Jovens que ousaram mudar seu destino pessoal, entregaram-se à luta armada para enfrentar a ditadura.

Deixaram seus sonhos e suas vidas nos Doicodis ou na casa da Morte em Petrópolis, este sim um porão até hoje inexpugnável, montado pelos facínoras do Centro de Inteligência do Exército (CIE). Alguns deles conseguiram sobreviver durante anos lutando com sequelas físicas e psíquicas. Terapia, câncer, Parkinson, perda de órgãos vitais. Simbolizo em Leo Alves, neto de Mário, um dos criadores do Grupo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça, herdeiros que são de sangue e espírito, a manutenção da luta por suas memórias.

À espera de novos documentos da CIA, que não queimou seus arquivos, subscrevo-me.






ÁLVARO CALDAS





Publicado originalmente no Ultrajano, site do jornalista José Trajano

Casamento Real - Coisa pra brasileiro ver!





Muita gente boa já falou que somos, no fundo, monarquistas.

Isso explica a quantidade de reis e rainhas que temos, do futebol à música popular, passando pelo pastel e pelas batidas.

E ajuda a explicar o sucesso que aquela gente jeca da família real britânica faz no Brasil.


O casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle foi transmitido ao vivo (!?!) da Capela de São Jorge, no castelo de Windsor.

Comentamos sobre a lista de convidados. Lady Di, a trágica princesa chata de galocha, é lembrada.

Aparentemente, é incrível o fato da mãe de Meghan ser negra. Sinal dos tempos. Acabou o racismo. Viva.

Toda a mídia cobre como se fosse Copa do Mundo. O G1 consegue falar em “tradição e modernidade”, uma fórmula vagabunda que serve para qualquer coisa.

Se a adoração dos ingleses pela casa de Windsor é patética, imagine a dos brasileiros — de resto, considerados, pela turma, selvagens monoglotas que ainda estão descendo das árvores.

Meghan Markle é apenas o novo membro de uma família antiga, feia, rica, disfuncional e com velhos laços com nazistas. Boa sorte para ela.

Em 2011, o jornalista e escritor Christopher Hitchens tentou avisar Kate Middleton para se afastar desse pessoal. Kate estava para desposar William, irmão de Harry.

O artigo, publicado na Slate, é atual. Publico alguns trechos:

Um monarca hereditário, observou Thomas Paine, é uma proposição tão absurda quanto um médico ou matemático hereditário. Mas tente apontar isso quando todos estão aparentemente molhados de entusiasmo com o bolo e os vestidos da futura mãe do absurdo constitucional. Você não parece estar expressando o bom senso.

Você parece um velho ranheta. Suponho que essa deve ser a “mágica” monárquica de que tanto ouvimos: por alguma alquimia mística, os imperativos de criação de uma dinastia tornam-se material de romance, até mesmo de “conto de fadas”. (…)

A monarquia britânica não depende inteiramente do glamour, como o longo e longo reinado da rainha Elizabeth II continua a demonstrar. Sua inabalável obediência e confiabilidade conferiram algo além de charme à instituição, associando-a ao estoicismo e a uma certa integridade.

O republicanismo é infinitamente mais difundido do que quando ela foi coroada, mas é muito raro ouvir a própria Soberana sendo criticada.

Não tenho certeza se ela merece essa imunidade. A rainha tomou duas decisões importantes bem cedo em seu reinado, nenhuma das quais foi imposta a ela. Ela se recusou a permitir que sua irmã mais nova, Margaret, se casasse com o homem que amava e escolhera, e deixou que seu marido autoritário se encarregasse da educação de seu filho mais velho.

A primeira decisão foi tomada para apaziguar os líderes mais conservadores da Igreja da Inglaterra (uma igreja da qual ela é, absurdamente, a chefe), que não pôde aprovar o casamento de Margaret com um homem divorciado. O segundo foi tomado por razões menos claras.

O resultado foi igualmente desastroso em ambos os casos: a princesa Margaret mais tarde se casou e se divorciou de um homem que ela não amava e depois teve anos para desperdiçar como modelo de socialite ociosa, sempre com um cigarros e um drinque de gim, fofocas e puxa sacos, infeliz. (Ela também produziu algumas crianças reais extras, para as quais algo a fazer tinha que ser encontrado.)

O príncipe Charles, submetido a um regime de violentos padres em internatos penitenciais, acabou sendo convencido a encarar um casamento calamitoso com alguém que não amava ou respeitava, e agora é o sujeito mal-humorado, careca e licencioso de hoje. Ele também aparentemente encontrou um contentamento tardio com a ex-esposa de um oficial.

Juntos, Margaret e Charles deram o tom à enxurrada de descendentes com título de nobreza, desleixados, irresponsáveis, cujos nomes, e muito menos feitos, são quase impossíveis de acompanhar. Existem muitos deles! E as coisas sempre têm que ser encomendadas para eles fazerem.

Para o príncipe William, pelo menos, foi decidido no dia de seu nascimento o que ele deveria fazer: encontrar uma esposa apresentável, ser pai de um herdeiro (de preferência um macho), e manter o show na estrada.

Por mais um exercício dessa notória “mágica”, agora é duplamente importante que ele faça essa coisa simples, porque somente seu suposto carisma pode salvar o país do que os monarquistas temem: o rei Carlos III. (Monarquia, você vê, é uma doença hereditária que só pode ser curada por surtos recentes de si mesma.) (…)

Envelhecer sem trabalho de verdade exceto esperar pela morte de mamãe não é vida.

Alguns britânicas afirmam que “amam” a casa de Hanover. Esse amor assume a forma macabra de exigir um sacrifício humano regular, pelo qual pessoas não excepcionais são condenadas a levar existências totalmente artificiais e tensas, e então punidas ou humilhadas quando elas desmoronam. (…)






Fonte: Kiko Nogueira/DCM


sexta-feira, 18 de maio de 2018

O universo é infinito - Mas porque não vemos o céu totalmente coberto de estrelas?


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Bem-vindo ao paradoxo de Olbers, cuja resposta é uma viagem às origens do Universo.

Se o Universo é infinito, então o número de estrelas que ele contém também é infinito. E se o número de estrelas é infinito, então o céu deveria ser preenchido uniformemente por elas, sem nenhum vão. Mesmo assim, quando olhamos para o alto, vemos grandes quantidades de escuridão, e só um ou outro pontinho brilhante aqui e ali. Como é que pode?

O enunciado mais célebre desse problema – e que acabou lhe dando nome – é do astrônomo Heinrich Olbers, em 1823. Mas o alemão está longe de ter sido o primeiro a propô-lo. Ao que consta, Edmond Halley (que batizou o cometa mais famoso do Sistema Solar) e Johannes Kepler já haviam percebido a contradição cósmica algumas centenas de anos antes dele.

A física precisou avançar um bocado para encontrarmos uma explicação plenamente satisfatória para o devaneio de Olbers. Vamos a ela: para começo de conversa, a luz, apesar de rápida – 1,08 bilhão de quilômetros por hora! –, não é instantânea. O Universo, até onde se sabe, tem 13,8 bilhões de anos de idade. A radiação de estrelas que estão muito distantes de nós ainda não teve tempo de alcançar nossos olhos, por mais rápida que ela seja.

A distância que a luz percorre em um ano – 9,5 trilhões de quilômetros – é usada como unidade de medida por astrônomos. Se chama, naturalmente, “ano-luz”. Usando essa unidade de referência, a estrela mais distante que nós teoricamente podemos observar está a 13,8 bilhões de anos-luz da Terra – a radiação emitida por qualquer astro mais distante do que isso ainda precisará de mais alguns anos para nos alcançar (quem entende do assunto sabe que este número ainda não está totalmente correto por causa da expansão do Universo, mas calma: chegaremos a isso em um segundo).

Nessa altura do campeonato, o leitor já deve ter percebido que, enquanto a luz anda, o tempo passa. Pegue, por exemplo, a estrela mais próxima do Sol, adequadamente batizada de Proxima Centauri. Ela está a 4,22 anos-luz de nós. Isso significa, em outras palavras, que nós a observamos da maneira como ela era 4 anos atrás, e vice-versa. Um alienígena hipotético, estudando a Terra de lá, veria um mundo em que Obama ainda é presidente dos EUA, e Dilma, do Brasil.

Conforme aumenta a distância, aumenta a viagem no tempo. Do ponto de vista de ETs hipotéticos que vivessem ao redor de Antares (a mais ou menos 600 anos-luz), a Europa ainda está se recuperando da peste negra, e Cabral ainda não chegou ao Brasil. Uma criatura em Sirius (a 8 mil anos-luz) vê uma Terra selvagem, em que estão prestes a surgir as primeiras civilizações de respeito.

Seguindo esse raciocínio, quando nós tentamos ver algo a 13,8 bilhões de anos-luz, na verdade estamos vendo a origem do cosmos. A infância do Universo, quando as primeiras estrelas ainda estavam por se formar. De fato, uma parcela pequena da interferência cinzenta que polui a tela da TV quando você está tentando sintonizar canais abertos é culpa da radiação cósmica de fundo: microondas que foram emitidas na época da criação e ainda estão nos alcançando. Não fique bravo, portanto, quando a Globo não pegar numa TV de tubo velha. É sua oportunidade de assistir ao vivo à gênese de tudo que existe.

Universo em expansão
É importante entender que essas microondas, originalmente, eram formas de radiação eletromagnética muito mais energéticas e nocivas. A criação do universo não foi um fenômeno agradável de assistir. Nos primeiros estágios de expansão, o Universo era um lugar com tanta matéria espremida em um espaço tão pequeno que tudo que existe, inclusive os átomos que hoje compõem o meu corpo e o seu, estavam aquecidos a temperaturas que deixariam a superfície de muita estrela contemporânea no chinelo. Esse brilho da criação, porém, se cansou depois de passar 13,8 bilhões de anos viajando pelos céus. Ele sofre um processo chamado redshift, e chega aqui capenga, respirando com a ajuda de aparelhos.

Para entender redshift, é só lembrar do efeito Doppler. Sabe quando você está tentando dormir e passa um carro de polícia com a sirene ligada na rua? Conforme ele se afasta, o ruído diminui de volume e vai ficando distorcido, mais grave. Isso acontece porque as ondas sonoras que alcançam seu ouvido estão se movimentando na direção oposta do movimento do veículo.

Como o som, a luz é uma onda. Os indícios da época da Origem do Universo ( o que os cientistas chamam de Big Bang) que alcançam a Terra estão resistindo ao movimento de expansão do Universo no sentido contrário. É como tentar subir uma escada rolante que está descendo – até dá para chegar lá em cima, mas demora e é exaustivo. O que começou a carreira como um intenso raio-x ou raio gama chega a nós como uma discreta microonda. Todo astro distante o suficiente sofre um redshift pesado. A luz que vem de longe, além de vir do passado, vem cansada. Não consegue acender o céu todo da maneira como Olbers imaginou.

É claro que há outros fatores em jogo, alguns um pouco mais práticos e simples de entender. Por exemplo: o céu seria bem mais brilhante se não fosse a enorme quantidade de poeira e gás no espaço interestelar – que bloqueia parcelas consideráveis da radiação de estrelas que seriam, em princípio, próximas e brilhantes o suficiente para serem vistas. Outros estão em um grau de brisa que não cabe nesse post. Para dar uma palhinha: como o Universo está em expansão, a parcela dele que podemos ver é maior hoje do que era no passado. Embora a luz só tenha tido 13,8 bilhões de anos para chegar aos nossos olhos, a região do céu que podemos ver, na prática, tem 45,6 bilhões de anos-luz de raio.

Para não falar, é claro, no fato de que sequer sabemos se o universo é ou não infinito. Talvez a dúvida de Olbers nem se justifique – e o céu, na verdade, tenha um fim.





Fonte: Bruno Vaiano/ Super









quinta-feira, 17 de maio de 2018

Quem tem trabalho pesado morre mais cedo!


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Homens que trabalham em empregos fisicamente exigentes têm um risco maior de morrer cedo do que aqueles com empregos mais sedentários, dizem os pesquisadores.

A descoberta, de cientistas na Holanda, revela um aparente "paradoxo da atividade física", onde o exercício pode ser prejudicial no trabalho, mas benéfico para a saúde, quando realizado no tempo livre.

Pieter Coenen, pesquisador de saúde pública do centro médico da Universidade VU, em Amsterdã, disse que a razão para a disparidade não está clara, mas acredita que isso pode refletir os diferentes tipos de exercícios que as pessoas exercem em comparação com aquelas que ocupam no tempo livre.

"Embora saibamos que a atividade física de lazer é boa para você, descobrimos que a atividade física ocupacional tem um aumento de 18% no risco de mortalidade precoce em homens", disse Coenen. "Esses homens estão morrendo mais cedo do que aqueles que não são fisicamente ativos em sua ocupação."

Outros pesquisadores dizem que a descoberta pode simplesmente refletir uma maior probabilidade de pessoas em trabalhos manuais terem estilos de vida menos saudáveis, nos quais a dieta, o consumo de cigarros e o consumo de álcool conspiram para reduzir a expectativa de vida.

Mas Coenen acredita que outros fatores estão em jogo. "Se você sair para uma corrida de meia hora em seu tempo de lazer", disse ele, "que aumenta sua freqüência cardíaca e você se sente bem depois, mas quando você está fisicamente ativo no trabalho, é um tipo muito diferente de atividade. Você trabalha oito horas por dia e tem períodos de descanso limitados. Você está levantando, fazendo movimentos repetitivos e manuseio manual.

"Nossa hipótese é que esse tipo de atividade realmente sobrecarrega seu sistema cardiovascular, em vez de ajudá-lo a melhorar o condicionamento de seu sistema cardiovascular".

As diretrizes internacionais de saúde pública encorajam as pessoas a passarem meia hora por dia em atividades físicas moderadas a intensas para se manterem saudáveis, mas pesquisas anteriores mostraram que aqueles que trabalham em construção e outros trabalhos fisicamente exigentes são os menos propensos a se exercitarem em seu tempo livre. "Eles estão com problemas duplos", disse Coenen. "Eles não se beneficiam dos bons aspectos da atividade de lazer e estão expostos ao risco de atividade física ocupacional".

Para investigar os efeitos do exercício na saúde, os cientistas combinaram os resultados de 17 estudos publicados, dando-lhes dados sobre quase 200.000 pessoas. A maioria dos estudos incluídos incluiu fatores de estilo de vida, como tabagismo e consumo de álcool, mas Coenen admite que nem todos os estudos descartaram completamente seus efeitos nocivos.

À luz das descobertas, publicado no British Journal of Sports Medicine , Coenen acredita que mais deve ser feito para encorajar as pessoas no trabalho manual a seguir as diretrizes padrão do exercício, e não se deixar enganar em pensar que elas têm o suficiente no trabalho. "Mesmo se você é fisicamente ativo no trabalho, isso não significa que você não tem que ser fisicamente ativo em seu tempo de lazer", disse ele.

Mark Hamer, que estuda o exercício como medicina na Universidade de Loughborough, acredita que as descobertas podem ser explicadas por trabalhadores manuais e de escritório com estilos de vida muito diferentes. Ele aponta para um estudo no ano passado com meio milhão de pessoas na China que descobriu que a atividade física traz benefícios para a saúde, seja no trabalho ou no lazer.

"A mensagem que eu daria é que as pessoas devem tentar seguir as orientações de atividade física, independentemente do que fazem para um trabalho", disse Hamer. "E as pessoas deveriam estar pensando em seus estilos de vida de maneira mais geral, porque é provável que isso esteja na raiz disso."









Fonte: The Guardian