segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Illuminati? - O que é isso?






O homem realmente chegou à Lua? Quem assassinou o presidente americano John F. Kennedy? Como começou a pandemia global de HIV? O verdadeiro poder mundial está nas mãos de uma sociedade secreta fundada no século 18?

Alguns acreditam que as respostas para estas perguntas não estão nos livros de história e dão crédito a teorias conspiratórias que surgiram nas últimas décadas ligadas a estes e outros eventos importantes.
Com a entrada do novo século e a popularização da internet, uma destas teorias ganhou muita popularidade: a suposta existência da Ordem dos Illuminati, cuja origem remonta a uma sociedade secreta de mesmo nome criada na Alemanha no fim do século 18 e que estaria integrada aos poderes políticos e econômicos, cujo objetivo final seria estabelecer uma nova ordem mundial através de um governo global.

Em fóruns de discussão na web é comum ver internautas citarem os Illuminati para explicar muitos dos problemas atuais do planeta.
Políticos como George W. Bush ou Barack Obama, ou magnatas como George Soros, foram acusados de fazer parte desta organização. Até o papa Francisco e a rainha Elizabeth 2ª já foram apontados como membros da ordem.
Outros acreditam ser possível ver a simbologia ligada aos Illuminati em vídeos de artistas como Beyoncé, Jay-Z, Lady Gaga e Katy Perry: pentagramas, pirâmides e o famoso "olho que tudo vê" que aparece nas cédulas de dólar.

Mas, de onde veio este mito dos Illuminati e por que ainda existem pessoas que acreditam na existência de um grupo que desapareceu há mais de dois séculos?

A ordem real.
A Ordem dos Illuminati foi fundada em 1776 na Baviera, Alemanha, pelo jurista Adam Weishaupt
O objetivo desta sociedade secreta inspirada nos ideais do iluminismo e na estrutura da maçonaria, era acabar com o obscurantismo e com a forte influência que, na época, a igreja exercia sobre a esfera política.

Depois que o príncipe Karl Theodor chegou ao poder, a Ordem dos Iluminati, assim como outras sociedades secretas, foi declarada ilegal e dissolvida, em 1785.
Mas, alguns acreditam que ela continua operando na clandestinidade.

Autores como o francês Agustín Barruel (1741-1820), a britânica Nesta Helen Webster (1876-1960) ou o canadense William Guy Carr (1895-1959) vincularam a ordem com eventos como a Revolução Francesa de 1789, as Revoluções em vários países europeus de 1848, a Primeira Guerra Mundial ou a Revolução Bolchevique, de 1917.

Há até quem diga que os fundadores dos Estados Unidos eram membros da ordem e que o Federal Reserve, o banco central americano, foi criado para ajudar a cumprir os objetivos de dominação global da organização.
Nas últimas décadas, apareceram referências aos Illuminati em obras como a trilogia satírica de ficção científica The Illuminatus (1975), de Robert Shea e Robert Anton Wilson, ou Anjos e Demônios (2000), de Dan Brown, assim como nas letras de alguns artistas da cena hip hop.

Tudo isso fez com que os Illuminati se transformassem em protagonistas de várias teorias conspiratórias que se alastraram pela internet, onde é possível encontrar milhares de páginas dedicadas à ordem.

'Loucura'
"É uma loucura que hoje em dia existam pessoas que acreditem na existências dos Illuminati", disse o escritor e historiador americano Mitch Horowitz.

"Os cidadãos têm preocupações legítimas sobre como funcionam os poderes políticos e econômicos, mas, em vez de canalizar estas preocupações de forma eficaz para que haja mais transparência, alguns preferem acreditar em histórias de fantasia sobre uma organização que deixou de existir há mais de 200 anos", disse ele.

De acordo com Horowitz, "há escritores e jornalistas que contribuem com a paranoia em torno dos Illuminati e as pessoas se deixam convencer porque é interessante pensar que existe um grupo secreto que domina o mundo".

"Se estudarem o que realmente eram os Illuminati, perceberiam que se tratava de uma organização política cujos ideais estavam baseados em uma sociedade mais justa e que gostavam da iconografia relacionada com o mundo do oculto", afirmou.
Para Horowitz, devido ao mistério que tem para o público, muitos artistas gostam de usar um pouco desta iconografia em seus clipes.

"Os músicos entendem a atração e usam símbolos como o pentagrama, o obelisco ou o olho que tudo vê, mas isto não os converte em membros de uma sociedade secreta."
'Sociedades interconectadas'
Entre os que acreditam na existência dos Illuminati está o escritor americano Mark Dice, autor de um livro sobre a suposta ordem.

"Com certeza os Illuminati estão cercados de fantasias, mas quando se separa a realidade da ficção, acredito que há provas que demonstram que é um grupo real que continua existindo hoje em dia", disse o escritor.
Dice disse que, depois da dissolução em 1785, "os Illuminati continuaram operando através de várias sociedades secretas interconectadas como o Grupo de Bilderberg (conferência anual privada que reúne cerca de cem líderes políticos dos EUA e Europa) ou o Conselho de Relações Exteriores (centro de estudos baseado nos Estados Unidos)".

Os Illuminati são associados com uma iconografia parecida com a dos maçons
"Estas organizações compartilham os objetivos dos Illuminati, seus métodos de funcionamento, seus símbolos e terminologia", afirmou.
Segundo Dice eles não precisam usar o nome Illuminati pois "eles sabem quem são e o que estão fazendo".
"Nos últimos anos, o Grupo de Bilderberg foi exposto, já que com a internet não é fácil ser um grupo secreto."
Para Dice, os meios de comunicação podem ser culpados por este segredo ter ficado tanto tempo escondido.

"Como não é de interesse público que a cada ano cem das pessoas mais poderosas do planeta se reúnam em um hotel, cercados de guardas armados, para conversar sem microfones sobre como querem influir no futuro do planeta?"
O escritor garante que os Illuminati querem "criar um governo global de inspiração socialista" e "usam artistas de fama global para promover sua causa".
Dice tem centenas de milhares de seguidores no Facebook e YouTube.

Culpa da internet?
Jesse Walker, autor do livro The United States of Paranoia ("Os Estados Unidos da Paranoia", em tradução livre), afirma que a "internet foi fundamental para potencializar e propagar o fenômeno dos Illuminati".

"Hoje são vinculados com todo tipo de teorias, tanto por grupos de extrema-direita como de extrema-esquerda, que os usam segundo a própria conveniência", explicou Walker.

O escritor disse ainda que, nos últimos anos, alguns artistas como o rapper Jay-Z incluíram pequenas referências aos Illuminati em suas aparições públicas para se divertir, alimentando ainda mais as teorias de conspiração que vinculam a ordem também à industria do entretenimento.
"Teorias de conspiração são uma parte intrínseca da psique humana. Somos criaturas que buscam padrões para dar um sentido ao mundo que nos cerca. Se há lacunas em uma história, temos que buscar explicações."

Walker lembra que há "motivos reais para medo ou ansiedade, já que, algumas vezes, algumas teorias conspiratórias se mostram certas, como no caso do escândalo das escutas da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), ou quando é revelado que algum político está recebendo subornos".
"Mas quando se combina o medo com a busca de padrões, surgem teorias como a dos Illuminati".
Mas, para o escritor, o problema é que "muitos não têm conhecimento suficiente para diferenciar o que é real do que não é".






Fonte: Jaime González/BBC



domingo, 30 de agosto de 2015

Uma soneca faz bem!



Pesquisadores gregos dizem que sesta de 30 minutos diminui pressão sanguínea e reduz risco de infarto em 10%.



Um estudo indica que sonecas na hora do almoço diminuem a pressão sanguínea e o risco de infarto ou AVC.
De acordo com o estudo, feito por pesquisadores gregos e apresentado durante congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, dormir por meia hora ou mais durante o dia diminui o risco de ataque cardíaco em até 10%.

Cerca de 400 pessoas com pressão alta participaram da pesquisa.
"Atualmente é um luxo achar tempo para dormir no meio do dia, mas se uma pessoa tem tempo para isso e quer fazer isso, dormir por 30, 40 ou 50 minutos é provavelmente positivo", diz o autor principal do estudo, Manolis Kallistratos.

A pesquisa mostrou que as pessoas com pressão alta que tiravam sestas tinham pressão sanguínea 4% mais baixa quando acordadas e 6% mais baixa quando estavam dormindo, à noite, que a das pessoas que não tiravam sonecas.
Os pesquisadores pretendem fazer mais estudos sobre os efeitos de dormir durante o dia.





Fonte: BBC

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Depressão - Porque ainda é um tabu?




Na manhã da quinta-feira (27/8), o jornalista Ricardo Boechat escreveu, em sua página do Facebook, sobre ter sofrido um surto depressivo recentemente. O relato é corajoso e sensível e mostra que ainda há muito o que ser discutido sobre a depressão.

A doença muitas vezes é vista como uma frescura e é tratada como se fosse tabu. Ainda assim, Boechat não está sozinho. Um estudo realizado pela Federação Mundial de Saúde Mental mostra que uma em cada 20 pessoas tem depressão. A instituição estima que a doença afeta cerca de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo.

“Os quadros de depressão podem ser leves e às vezes são confundidos com questões de personalidade, como se fosse um tipo de frescura”, diz André Brunoni, coordenador do Serviço de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP). “Esse tipo de comportamento faz com que o próprio paciente não se sinta estimulado a procurar tratamento no começo ou perceba os sinais de depressão que está apresentando. Ele só vai se tratar quando o quadro fica grave.”


Causas e Efeitos
A depressão é causada por dois fatores: a genética e o ambiente. Isso significa que aqueles que têm um histórico familiar de depressão correm um risco maior de serem afetados pela doença. E algumas características do ambiente de convivência do indivíduo, como estresse e pouca valorização, podem ser decisivas para a saúde dele. Fora isso, há uma série de eventos que ocorrem ao longo da vida que podem levar alguém a ter depressão. O luto e o período pós-parto, por exemplo, são alguns deles.

Quem tem a doença sofre alterações no córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pela tomada de decisões e julgamentos do que é certo e errado. Muda também a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade dos neurônios de se comunicarem entre si. A sensação que um indivíduo tem durante um surto depressivo, segundo o psiquiatra, é de dificuldade em processar informações e agir, como se o cérebro não estivesse funcionando muito bem.

Ao longo do surto o corpo também sofre outros tipos de alterações, como o aumento na produção de cortisol. O excesso do hormônio aumenta a adrenalina no sangue e faz com que a variabilidade da frequência cardíaca do paciente diminua.

O tratamento para a doença varia de acordo com a gravidade. De acordo com André Brunoni, quadros leves e moderados podem ser tratados a partir de mudanças no estilo de vida, como exercícios e alimentação. Em casos mais sérios, é necessário contar com a ajuda de antidepressivos.


Como nem todos os pacientes podem adotar a medicação, seja por conta de outros remédios ou condições pessoais, novas técnicas de tratamento estão sendo desenvolvidas. Uma delas é a estimulação magnética transcraniana, na qual um pulso eletromagnético é gerado no córtex pré-frontal de forma a estimular a neuroplasticidade. “Essa técnica não tem efeitos colaterais, o que é muito importante pois é comum que pacientes melhorem por conta dos remédios, mas sofram com ganho de peso, perda de libido, problemas gastrointestinais. Se elas param de tomar a medicação, a depressão volta e cria-se um ciclo vicioso”, afirma Brunoni.

No momento, o psiquiatra e outros profissionais da área estão pesquisando a possibilidade de o tratamento ser mais eficaz que o uso de medicamentos. Por isso, farão o estudo a partir de 240 voluntários - ainda há 40 vagas, os interessados podem entrar em contato com os pesquisadores através do e-mail pesquisa.depressao@gmail.com.

Dados do Instituto de Psiquiatria da USP mostram que 15% das pessoas terão algum tipo de depressão ao longo da vida. Com tanta gente propensa a ser afetada por essa doença, relatos como o de Boechat e outros profissionais que atingem um maior número de pessoas, como Dan Harris, apresentador do programa americano Good Morning America, e da jornalista e roteirista Mariliz Pereira Jorge, são importantes e necessários.




Fonte: Isabela Moreira/Galileu





quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A imoralidade do salário de Juíz no Brasil!



O texto abaixo é de Claudia Wallin, jornalista brasileira radicada na Suécia. Claudia é autora do livro Um país sem excelências e sem mordomias, no qual mostra a simplicidade espartana dos políticos suecos.

Quanto vale, data venia, um juiz?

A dúvida é tão dilacerante quanto a atual temporada sueca de degustação do surströmming, o arenque do Báltico fermentado que tem o inominável odor de mil esgotos destampados.

Chamo um magistrado sueco em busca de algum bom senso, e tento explicar o inexplicável: no Brasil, digo a ele, juízes e procuradores da República descumprem a Constituição ao receber vencimentos que excedem esplendidamente o teto salarial permitido pela lei máxima do país, valendo-se de anabolizantes como auxílio-moradia, auxílio-alimentação e auxílio-saúde.

“En gång till”, me interrompe, atordoado, o magistrado Thed Adelswärd, especialista em ética jurídica – “repita isso, por favor”.

“Imagine que o anormal virou normal, nos labirintos do notório saber jurídico dos guardiões da lei brasileira”, prossigo. “Mas no Brasil surgiu um juiz federal que acendeu a esperança nos corações de milhões de brasileiros, que dizem não aguentar mais a corrupção enraizada nas entranhas do governo”.

“Excelente”, reage o magistrado sueco.

“O juiz tem se mostrado implacável, ao encurralar integrantes do governo e levar executivos das maiores empreiteiras do país à cadeia. Diz-se no Brasil que pertence a uma rara safra de juízes, que encaram a magistratura como profissão de fé”, continuo.

“Hum-hum”, desdenha o sueco, como quem ouve uma duvidosa delação premiada.

“O juiz chegou a batizar de “Erga Omnes” a última etapa da operação contra o que seria o maior escândalo de corrupção da história brasileira, quiçá do mundo. Mandou assim um recado: nada, nem ninguém, está acima da lei”, continuo.

“Correto”, diz o magistrado, a um passo do anticlímax.

“O problema é que acaba de ser revelado que o juiz federal, o herói da cruzada contra a corrupção, também recebe vencimentos que ultrapassam o teto salarial permitido pela Constituição”, relato.

O juiz sueco não gostou do que ouviu sobre seus colegas brasileiros
O juiz sueco não gostou do que ouviu
 sobre seus colegas brasileiros (foto: Carl Johan Erikson)

Diz o artigo 37 da Carta que funcionários públicos devem ser remunerados em parcela única, sempre limitados ao salário do ministro do Supremo Tribunal, atualmente de R$ 37,4 mil. Mas em abril, conforme informações do site Consultor Jurídico, o salário do juiz chegou a R$ 77.423,66, por obra de auxílios para ajudar o magistrado em despesas como alimentação e transporte.

“Há ainda outros juízes que chegam a receber R$ 100 mil por mês”, digo ao juiz Thed Adelswärd, chefe no tribunal da cidade de Lund e representante da Suécia na Associação Internacional dos Magistrados (AIM), a maior organização mundial de juízes.

“Isto é imoral”, diz Adelswärd. “Se viola a Constituição do Brasil, não cabe dúvida. Na Suécia, seria impensável. Juízes, em nosso país, sabem que têm o dever de respeitar a Constituição, porque isso é parte fundamental do trabalho da Justiça de um país.”

“Não quero ser crítico em relação a nenhum juiz brasileiro, e também não me agrada usar a palavra imoral. Mas a pergunta é – como é possível terem conseguido obter todo esse dinheiro e tantos benefícios? – indaga-se o juiz.

“Respeito o direito soberano de cada país de fazer as suas próprias escolhas, e é importante que o salário de um juiz não seja baixo a ponto de tornar atraente para ele aceitar subornos. Também conheço alguns juízes brasileiros, e eles me dizem que a carga horária de trabalho dos magistrados brasileiros é muito elevada. Mas para um juiz sueco, os vencimentos de um juiz brasileiro parecem ser uma remuneração excessiva”, ele acrescenta.

Pergunto se os tribunais suecos disponibilizam frotas de carros, para servir os magistrados em seu trajeto de casa para o trabalho.

“É evidente que não. Pedalo com frequência para a Corte, em minha bicicleta Crescent de sete marchas que comprei com meu próprio salário há oito anos”, diz Thed Adelswärd.

Pergunto se magistrados suecos têm auxílio-moradia, auxílio-saúde, auxílio-creche, auxílio-educação ou (como previsto na Loman, a nova Lei Orgânica da Magistratura) auxílio-funeral.

“Absolutamente não. Nenhum juiz sueco tem qualquer tipo de benefícios extras ou vantagens como carros à disposição. Temos salários mensais, e é com nossos salários que pagamos todas as nossas despesas”, enfatiza o magistrado.

Gostaria de ser juiz no Brasil? – quero saber.

“Tenho um excelente emprego na Suécia”, rebate diplomaticamente o juiz. “E não me sentiria confortável em trabalhar nas condições em que parecem trabalhar os juízes no Brasil. Em minha opinião, um juiz deve ter um padrão de vida comparável ao dos cidadãos que deve julgar.”

Por quê?

“Porque juízes não devem formar uma classe à parte, e sim ser parte da sociedade. Juízes devem ser pessoas capazes de compreender a situação em que vivem os cidadãos comuns, pois detêm o poder de julgar”, diz o magistrado sueco.

“Imagino que isso seja mais difícil no Brasil, onde a distância entre os ricos e pobres é gigantesca. E a enorme desigualdade de um país sempre gera uma forte criminalidade. Um país com maior igualdade social, como a Suécia, é mais capaz de evitar níveis desproporcionais de violência”, observa Thed Adelswärd.

“Mas o fato de juízes e promotores terem remuneração e vantagens excessivas pode ser muito perigoso, e criar graves problemas sociais. Porque quando os cidadãos perdem o respeito pela Justiça, eles passam a não respeitar as leis, e a fazer justiça com as próprias mãos”, completa ele.

Volto à pergunta original: quanto vale um juiz?

Peço ao magistrado para revelar seu contracheque, e informar quanto paga em impostos neste país – onde quem ganha mais, também paga tributos mais altos.

“Ganho acima dos demais juízes, pois sou chefe de divisão do tribunal”, ele diz.

“Em números exatos, meu salário é de 77.900 coroas suecas (cerca de R$ 33 mil. Em impostos, pago um total de 32,340 coroas (R$ 13,7 mil). Sobram portanto, em valores líquidos, cerca de 45 mil coroas suecas (aproximadamente R$ 19 mil). E aqui na Suécia, o imposto geral sobre o consumo (IVA) é de 25%”, destaca Thed Adelswärd.

Na Suécia, a estrutura do poder judiciário é organizada em três níveis: os tribunais distritais (Tingsrätt), os tribunais de recursos e apelações (Hovrätt ou Kammarrätt) e o Supremo Tribunal (Högsta domstolen).

O salário dos juízes dos tribunais distritais varia entre 57,500 e 61 mil coroas suecas (aproximadamente entre R$ 24,3 mil e R$ 25,8 mil).

Nos tribunais de apelação, os magistrados suecos recebem vencimentos de 58 mil a 61,5 mil coroas suecas (o equivalente a R$ 24,6 mil e R$ 26 mil, respectivamente). O salário médio no país é de 27,3 mil coroas suecas.

Para os integrantes da Suprema Corte – que na Suécia não têm status de ministro, e nenhum benefício extra atrelado ao cargo -, a remuneração é de 99,7 mil coroas suecas (cerca de R$ 42,2 mil).

“E os reajustes salariais dos juízes tratam normalmente da reposição da perda inflacionária anual, em torno de 2%”, lembra Kristina Mäler, do sindicato dos juízes da Suécia (Jusek).

Sim, existe um sindicato dos magistrados na Suécia. É assim que os juízes suecos, assim como os trabalhadores de qualquer outra categoria, cuidam da negociação de seus reajustes salariais.

A negociação dos reajustes salariais da magistratura se dá entre o sindicato Jusek e o Domstolsverket, a autoridade estatal responsável pela organização e o funcionamento do sistema de justiça sueco.

Enquanto isso, no País das Maravilhas, o procurador federal Carlos André Studart Pereira alerta: o teto salarial dos integrantes do Judiciário e do Ministério Público virou piso.

“Juízes e membros do Ministério Público, sem qualquer peso na consciência, recebem remunerações estratosféricas, estando total e vergonhosamente distorcido o regime de pagamento por subsídio, em que é vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, premo, verba de representação ou outra espécie remuneratória”, denuncia Carlos André, que escreveu a pedido da Associação Nacional dos Procuradores Federais (Anpaf)

“Todos os dias temos notícias de concessão de mais benefícios. O regime de subsídio acabou. O teto remuneratório de R$ 33.763,00 virou piso. Parcelas claramente de caráter remuneratório são rotuladas de indenizatória para fugir do abate-teto. Foram criadas várias espécies de auxílios: auxílio-livro, auxílio- saúde, auxílio-educação, auxílio-transporte, auxílio-táxi etc. Por outro lado, o indivíduo que recebe um salário mínimo tem que se virar com R$788,00 para custear, nos termos da Constituição, “suas necessidades vitais básicas e a de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social” (artigo 7o, inciso IV, CRFB).”

O texto completo do procurador Carlos André Studart Pereira, “O Teto Virou Piso”, é leitura obrigatória no site Consultor Jurídico: http://s.conjur.com.br/dl/teto-virou-piso.pdf

E como já se perguntava o poeta satírico Juvenal na Roma antiga: ”Quis custodiet ipsos custodes?” – ”Quem vigia os vigias?”



Fonte: DCM



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O que acontece na Deep Web?

Resultado de imagem para deep web

A internet profunda, ou "Deep Web", esse enorme espaço virtual que foge ao controle da Justiça convencional e que seria 400 vezes maior do que a internet comum, esconde um mundo de atividades criminosas que buscam anonimato, enquanto aumentam as práticas ilícitas.

Recentemente divulgado, um relatório da Trend Micro intitulado "Abaixo da superfície: exploração da Deep Web" revelou que mais de 25% das buscas entre a Deep Web e a internet padrão são com fins de exploração infantil e pornografia.

Outro dado destacado pela empresa especializada em segurança online é o preço de US$ 180 mil cobrado por esses sites secretos para assassinar uma personalidade ou político.

Para obter informações desta rede inacessível através de navegadores comuns, como o Chrome e o Internet Explorer, e aparentemente invencível, a equipe da Trend Micro utilizou um sistema chamado Analisador de Deep Web (DeWa).

O DeWa reúne as URLs ligadas à "Dark Web", a pior parte da "Deep Web", incluindo Tor, sites I2P (Invisible Internet Project) e os identificadores de recursos Freenet, para extrair dados relevantes vinculados a eles, como conteúdo, links e endereço de e-mail.

Este sistema também alerta sobre o aumento do tráfego de informação e seus sites, algo especialmente útil quando se buscam novas famílias de "malware", os softwares maliciosos destinados a invadir um sistema de computador alheio de forma ilícita.

As drogas brandas, especialmente maconha, são a mercadoria mais vendida neste ambiente online, que não é encontrado em buscadores tradicionais como o Google.

Ao todo, 32% dos itens comercializados nas 15 maiores lojas da "Deep Web" têm relação com a cannabis. Em seguida aparecem produtos como Ritalina e Xanax, mais conhecido como Alprazolam, medicamentos pesados e de venda controlada.

Nessa terra sem lei, também é possível conseguir a cidadania americana. Sites especializados criam passaportes por US$ 5.900 (R$ 20.390).

A compra de uma conta roubada do eBay ou do PayPal em uma das lojas do submundo online custa US$ 110 (R$ 380). De acordo com o relatório, 34% das URLs ou endereços eletrônicos que contêm "malware" na internet do usuário comum têm conexões com a internet profunda.

O analista David Sancho, pesquisador da Trend Micro na área de "Deep Web", explicou à Agência Efe que, quando se fala do volume de atividade nesse mundo cada vez "mais popular" não se leva em conta apenas o total de páginas hospedadas, mas também o número de serviços ocultos. Eles podem disseminar informação ilegal ou proibida, como terrorismo e atividades da máfia, além de comercializar armas.

Segundo o relatório, a maior parte disparada das URLs da "Deep Web" está em russo (41.40%) e inglês (40.74%). Em português, há 1,25% das páginas.




Fonte: Exame.com





Vida eterna virtual?




 Uma rede social chamada Eter9 pretende dar vida eterna aos seus usuários. Para isso, ela se apoia em um sistema de inteligência artificial que seria capaz de entender assuntos de interesse e o comportamento de seus usuários.

A proposta central do Eter9 é que mesmo após a morte do usuário, um robô continue alimentando o perfil, graças ao material coletado anteriormente. Seria uma espécie de vida eterna virtual.

Mesmo com o usuário vivo, esse “eu virtual” já entra em ação. Ele interage dentro da rede social enquanto a pessoa não está usando o serviço.

De acordo com a Eter9, quanto mais o usuário usar a rede social, mais o robô aprenderá. Com isso, ao chegar o momento da morte física, o sistema de inteligência artificial já estaria treinado o bastante para continuar agindo virtualmente em nome da pessoa.

A ideia beira o mau gosto. O Eter9 foi criado por um desenvolvedor português – a rede está no ar em inglês e português de Portugal. Ela ainda em beta, ou seja, é uma versão de testes apenas.

O fundador, Henrique Jorge, disse que pretende criar novas maneiras de análise do usuário. "Estamos tentando criar um sistema-robô que aprenderia mais rápido com outras redes, como o Facebook”, disse. “No momento, a capacidade do Eter9 é bem pequena."

É visível que a ideia ainda está em desenvolvimento. Depois de alguns comentários e do aumento do interesse para o serviço, ele se encontra bastante instável.





Fonte: Victor Caputo/Exame



segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A promiscuidade das Igrejas com o Poder!


O uso de igrejas como canal de lavagem de dinheiro não é propriamente uma novidade. Mas, com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o depósito de R$ 250 mil numa conta da Assembleia de Deus, a lavagem de dinheiro alcançou uma igreja tradicional, fundada no Brasil há mais de cem anos.

“É impossível auditar as doações dos fiéis. E isso é ideal para quem precisa camuflar o aumento de sua renda, escapar da tributação e lavar dinheiro do crime organizado”, diz o desembargador Fausto de Sanctis, aquele da operação Satiagraha, um dos maiores especialistas brasileiros estudos sobre lavagem de dinheiro.

O desembargador De Sanctis lançou este ano nos Estados Unidos uma obra sobre o tema: “Churches, Temples, and Financial Crimes”  – A Judicial Perspective of the Abuse of Faith (Igrejas, Templos e Crimes financeiros – Uma perspectiva judicial do abuso de fé).

A obra ainda não foi traduzida para o português, mas trata das investigações policiais realizadas no Brasil, entre elas a da Universal do Reino de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus e a Renascer em Cristo, igrejas grandes, mas com menos de 40 anos de história.

O dono de uma grande incorporadora de Santana, Zona Norte de São Paulo, contou-me que há alguns anos vendeu uma cobertura para o líder da Igreja Deus É Amor e teve muito trabalho, não para receber, porque o pastor pagou em dinheiro vivo, mas para passar a escritura no nome dele.

“Ele não queria de jeito nenhum. Passaram-se alguns anos até que eu disse: pastor, não dá mais”, contou o empresário. Só assim a cobertura saiu do nome da incorporadora e foi para o do pastor David Miranda, falecido recentemente.

O poder das igrejas tem levado a disputas ferrenhas, no caso daquelas que promovem algum tipo de processo eleitoral para escolher sua direção.

Um pastor com direito a voto numa grande igreja evangélica me disse que, quando havia eleição, evitava beber água no local de votação, com medo de que algum adversário tivesse colocado sonífero.

Na igreja de Eduardo Cunha, este problema não existe mais. Manuel Ferreira, líder nacional da Assembleia de Deus – Ministério Madureira, mudou o estatuto há alguns anos e transformou a presidência num cargo vitalício.

Assim, ele e os filhos — Abner, que comanda a igreja no Rio de Janeiro, e Samuel Ferreira, o chefe em São Paulo –, só deixarão o posto depois de mortos e serão sucedidos pelos filhos.

A vitaliciedade e hereditariedade não impedem que os Ferreira participem ativamente da atividade democrática externa. Um missionário da igreja, Samuel Aragão, gravou um vídeo em que diz que o apoio nas eleições é em troca de cargos no governo e de outras vantagens.

Em 2012, na eleição para vereador, Samuel Ferreira dividiu São Paulo em regiões e as entregou a candidatos de vários partidos, nem todos evangélicos. Em 2014, a igreja fez campanha para alguns deputados federais. No Rio de Janeiro, um deles era Eduardo Cunha.

Samuel Ferreira se apresenta com roupas de grifes e, em seus deslocamentos pelo Brasil, utiliza avião particular, nada de voos comerciais. Há 10 anos, Ferreira era o responsável pela igreja em Campinas.

Ganhou poder, ao ser escolhido para governar a igreja no Estado, e perdeu peso, com uma redução no estômago que eliminou metade dos seus quase 150 quilos. Em Campinas, quem manda agora é o filho, nomeado pastor, apesar de bastante jovem.

Com mais de cem anos de história, a Assembleia de Deus comandada pela família Ferreira é uma dissidência da Assembleia de Deus original, chamada Missão.

Nesta Assembleia de Deus, existe eleição, mas desde 1988 ninguém bate o pastor José Wellington. Dois filhos de José Wellington estão na política. A filha é deputada estadual em São Paulo e o filho, deputado federal.

“O que as lideranças das igrejas querem é o poder, e nenhuma aliança na Assembleia de Deus é feita de graça”, contou-me ex-deputado federal eleito muitas vezes com o apoio das igrejas evangélicas.

A promiscuidade das igrejas com o poder não é exclusiva do universo evangélico. Nessa história, se feito um exame de DNA, a paternidade será encontrada na Igreja Católica – até porque é muito mais antiga –, citada no livro do desembargador Fausto de Sanctis sobre lavagem de dinheiro por causa do escândalo do banco do Vaticano.

O papa Francisco fez lá uma limpa recentemente. Mas essa limpeza vai durar até quando?  Num ambiente religioso, a fé pode não mover montanhas, mas é usada para comprar todo tipo de riquezas.

Serve também para vender o voto do eleitor, e agora, como indica o depósito da propina na conta da Assembleia de Deus, negociar o poder de lavar mais branco.





Fonte: Joaquim Carvalho



domingo, 23 de agosto de 2015

Algo melhor que o Google Search!




Nem sempre alguém consegue ser mais efetivo do que o Google em alguma coisa, mas a genialidade de um garoto de 16 anos conseguiu superar o sistema de buscas que é referência na internet. Anmol Tukrel, um garoto canadense com descendência indiana, criou uma ferramenta que é capaz de ser até 50% mais preciso que o Google Search.

A proeza foi realizada em uma competição global organizada pela própria empresa para jovens entre 13 a 18 anos, a Google Science Fair. O adolescente levou algumas semanas para trabalhar na ideia, levando menos de 60 minutos para criar o código.

A maior parte das pesquisas personalizadas leva em conta a localização do usuário, o seu histórico de navegação e até a afinidade com os aplicativos que usa em seu celular. Ao desenvolver o seu sistema, Turkel também levou em conta um aspecto muito distinto: ele analisa o que o internauta pode gostar e mostra os resultados com base no conteúdo dos resultados, identificando também as preferências da pessoa e o seu conhecimento de texto.

“Eu gostaria de fazer algo na área de pesquisa personalizada”, comentou o jovem para o The Economic Times. “É a coisa mais genial que existe. Mas quando eu percebi que o Google já fazia isso, eu decidi levar para o próximo nível”, complementou Turkel.



Para desenvolver a ferramenta, o adolescente contou com um computador de 1GB de armazenamento, um ambiente com a linguagem Python, um programa para gerenciamento de planilhas e o acesso ao Google e ao New York Times.

O jovem também comanda uma pequena empresa, chamada Tacocat Computers. A esperança é que, com o sucesso da sua ferramenta, Turkel consiga estudar ciência da computação na Universidade de Stanford.

E ele não perde a humildade depois da fama. “É muito arrogante imaginar que sua ideia é tão boa que você não precisa aprender nada”, completou ele durante a entrevista.







FONTE(S)The Economic Times/Krithika Krishnamurthy




sábado, 22 de agosto de 2015

Fim do boato!

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A Nasa desmentiu rumores de que um asteroide do tamanho de uma cidade acertaria a Terra entre os dias 15 e 28 de setembro.

Segundo os boatos um "cometa de quatro quilômetros de largura" iria se chocar contra a Terra causando "danos catastróficos" e "eliminando os Estados Unidos da América".
Blogs e posts na web até davam a localização exata do impacto: perto de Porto Rico no meio do mês de setembro.

Mas, a agência espacial americana informou que "não há fundamento científico, nenhum fragmento de prova" para comprovar estes rumores.
A Nasa tem o Programa de Observação de Objetos Próximos da Terra, que procura por asteroide que possam ameaçar a Terra. Os especialistas que trabalham neste programa afirmam que nada "vai acertar a Terra naquelas datas".

"Se houvesse qualquer objeto grande o bastante para fazer este tipo de destruição em setembro, já teríamos visto alguma coisa", disse o caçador de asteroides Paul Chodas.
Na verdade, no próximo século existe uma "chance de menos de 0,01%" de qualquer "asteroide perigoso" destruir a civilização.

Em sua página no Twitter, a Nasa desmentiu o boato: 'Desfazendo os mitos: apesar dos boatos, não há um asteroide ameaçando a Terra'
O Programa de Observação de Objetos Próximos da Terra, da Nasa, tem um outro nome, mais fácil de lembrar: "Guarda Espacial".

Este programa usa telescópios localizados na Terra e no espaço para detectar e rastrear asteroides e cometas que cheguem a uma distância de cerca de 48 milhões de quilômetros do planeta.
Até agora, as únicas coisas em rota de colisão com a Terra são "meteoritos inofensivos" e "asteroides minúsculos" que se incendeiam ao entrar na atmosfera antes que possam causar qualquer tipo de estrago.

Mesmo assim, o trabalho da Guarda Espacial é muito importante, mas a Nasa afirma que a equipe sempre tem a atenção desviada por boatos como este.
"Esta não é a primeira alegação louca, não fundamentada de que um objeto celestial está prestes a se chocar com a Terra e, infelizmente, provavelmente não será a última", afirmou Chodas.





Fonte: BBC



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Internet está prejudicando o sono!



Mais de metade dos entrevistados afirma que as redes sociais e os jogos online atrapalham suas horas de descanso.

Um estudo encomendado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), mostra que o uso da internet e das redes sociais afeta o sono e as horas de descanso dos paulistanos.

A pesquisa foi apresentada hoje (18/8) no VII Congresso Fecomercio de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção. Foram entrevistadas cerca de mil pessoas na cidade de São Paulo sobre seus hábitos e comportamentos em relação a internet.

O uso dos dispositivos móveis e das redes sociais é alto: 70% do entrevistados acessa a internet por meio de celulares e as redes sociais mais utilizadas são o Facebook (88,9%) e o WhatsApp (85,1%).

Os usuários afirmaram acessar as redes sociais com diferentes propósitos: 65,8% por conta do trabalho, 74,6% para com finalidade de adquirir produtos e serviços e 41,2% para conhecer alguém para engajar relacionamentos pessoais, como namoro e casamento.

Quando questionados se o acesso à internet, redes sociais e jogos online impacta de forma negativa suas horas de sono, 53,7% dos entrevistados responderam que sim. Outros malefícios apontados foram o bullying relacionado a informações disponibilizadas na internet (13,1% dos participantes) e problemas de relacionamentos por conta de postagens nas redes (41,1% afirmou ter passado por tais situações).







Fonte: Galileu




quinta-feira, 20 de agosto de 2015

E segue a matança em SP!




Em pouco mais de oito meses, mais pessoas morreram vítimas de chacinas na Região Metropolitana de São Paulo do que durante todo o ano de 2014.

Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/SP) ao Instituto Sou da Paz por meio da Lei de Acesso à Informação. No ano passado, 49 pessoas morreram vítimas de chacinas na capital e na Grande São Paulo.

Já neste ano, o saldo é de, no mínimo, 56, incluindo as vítimas da chacina da última quinta-feira, quando 18 pessoas foram assassinadas em Barueri e Osasco, o pior ataque do tipo na história recente do Estado. No primeiro semestre, último dado disponibilizado pelo órgão a pedido da ONG, o total já chegava a 38.

O número de chacinas ─ bem como o de vítimas fatais deste tipo de crime ─ não figura nos indicadores criminais divulgados mensalmente pela secretaria.
A letalidade em chacinas também é a maior dos três últimos anos em todo o Estado. Até agora, foram, em média, 4,7 mortes em cada ocorrência (13 casos no total, incluindo a da semana passada), contra 3,1 em 2014 (21 ocorrências e 73 mortos), 3 em 2013 (25 ocorrências e 76 mortos) e 3,4 em 2012 (41 ocorrências e 139 mortos).

Em termos absolutos, no entanto, 2012 lidera em número de vítimas de chacina no período, com 139 mortos. Naquele ano, também foi registrada a maior quantidade de ocorrências desse tipo de crime (41, contra 25, em 2013, 21, em 2014 e, até agora, 13 em 2015).

'Alerta'
 Ivan Marques, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, afirmou que o aumento no número de mortos em chacinas neste ano acende um "alerta". Ele cobrou das autoridades "celeridade e transparência" nas investigações.
Segundo o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, nenhuma hipótese foi descartada, mas a principal linha de investigação aponta para a participação de policiais, após recentes mortes de um PM e de um guarda civil metropolitano na região dos assassinatos.

"Entendemos a violência como a epidemia de uma doença. Quando conseguimos extirpá-la, temos de ficar sempre atento a novos casos. Do contrário, podemos assistir a uma retomada da onda de violência que espalhou pânico e terror por São Paulo nas décadas de 80 e 90", diz Marques à BBC Brasil.
Ele lembra que, recentemente, pela primeira vez na história, São Paulo conseguiu reduzir o número de homicídios para menos de 10 a cada 100 mil habitantes (a taxa atual é de 9,38) devido "à criação de grupos especializados de investigação, ao controle de armas e ao aprimoramento de técnicas de investigação e patrulhamento".

Foi essa combinação de fatores, diz ele, que permitiu interromper a espiral de violência que marcou o Estado nas décadas de 80 e 90, no que ficou conhecido como "milagre de São Paulo".

Mas Marques afirma que ainda há um longo caminho a percorrer. "Os grupos de extermínio não foram completamente extirpados. Apesar da série de medidas preventivas – como foi o caso de Diadema, o número de homicídios ainda é muito alto", opina.

"Para evitar uma retomada da onda de violência é preciso que haja um esforço conjunto do governo e também da sociedade para que casos como esse sejam solucionados", acrescenta.
Ele cita uma pesquisa conduzida pelo sociólogo Arthur Trindade Maranhão Costa, do Núcleo de Estudos sobre Violência (NEV) da Universidade de Brasília (UnB), que revelou que apenas oito em cada 100 homicídios cometidos no Brasil são resolvidos. Nos Estados Unidos, o índice é de 64% e na Alemanha, de 96%.
"A impunidade faz com que o criminoso não meça riscos para cometer novos crimes", argumenta.

'Indiferença'
Na opinião do especialista, a chacina da última quinta-feira despertou "pouca comoção popular", porque os mortos eram em sua maioria "pobres e negros". Ele cobrou maior empenho da sociedade com o que chamou de "epidemia de indiferença".

"Essa camada da população é a que mais sofre. Duvido muito que a reação seria a mesma se o caso tivesse acontecido em algum bairro nobre de São Paulo".
Marques lembrou ainda que as diferentes metodologias usadas para classificar chacinas prejudicam a contabilização das ocorrências e a adoção de estratégias para frear esse tipo de crime.

Na capital por exemplo, o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) caracteriza chacina quando o crime resulta em três vítimas. Já na Grande SP, o cálculo muda: pelo menos uma vítima e dois feridos.
"É preciso priorizar a solução das chacinas pois esse tipo de crime eleva ─ e muito ─ as estatísticas de homicídio. O Brasil ainda lidera em termos absolutos o número de homicídios no mundo. São cerca de 57 mil por ano. Precisamos mudar isso", conclui.





Fonte: Luís Guilherme Barrucho/BBC




terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quando a polícia mata negros no Brasil e nos EUA!

Sandra Bland - famosos entram em defesa de Sandra Bland nas redes sociais  (Foto: Reprodução)

Duas pessoas negras na cena. Ambas alvejadas pelo racismo praticado pelo arbítrio e força desproporcional da polícia. Sandra Bland, no Texas, sucumbiu. O estudante Feliz, em Salvador, Bahia, surpreendentemente, sobreviveu. Contudo, não nos enganemos, as polícias, de um modo geral, são extremamente violentas e o Brasil não foge à regra.

Segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quase dois terços dos moradores das cidades brasileiras de mais de cem mil habitantes têm medo de sofrer agressão da polícia militar.

Especialmente jovens negros, pobres e moradores do Nordeste temem ser assassinados pela polícia. Aquela mesma corporação que nos bairros ricos protege os autodeclarados cidadãos de bem.

Em comum nos dois casos a reação de civis à polícia, utilizando a ferramenta discursiva da garantia de direitos que, ao cabo, irrita os policiais, senhores de armas e vidas. Na situação de Bland, uma reação individual, isolada e sem apoio; no episódio de Feliz, uma resposta coletiva e popular.

Feliz não sabia que a Pick up sem identificação que quase o atropelou era da polícia. Parece que ele, como todo jovem negro que confronta diuturnamente a possibilidade de ser assassinado pela polícia, deveria ter a premonição de que um carro sem identificação, com quatro homens no interior seria da polícia armada que o intimidaria por abrir os braços e indagar frente ao quase atropelamento: quer me matar?

Sim, provavelmente, eles queriam, e só não o fizeram depois da imperdoável afronta no matagal mais próximo, porque a população interveio.

Sandra Bland, por sua vez, não contou com ninguém para defendê-la. Não houve baiana do acarajé que pulasse na frente dos policiais, protegendo o garoto; nem grupo de estudantes que o cercasse e levasse para dentro de uma escola; tampouco diretora, conhecedora da legislação, que se recusasse a entregá-lo aos policiais. Bland também não teve a seu lado uma cidadã solidária, sabedora da forma operativa da Defensoria Pública que a acionasse e esta, por sua vez, mobilizasse a Corregedoria de Polícia, à qual os policiais devem prestar contas.

Ou seja, todo um arsenal entrou em ação, certamente por atuação providencial da espiritualidade, para que Feliz não tivesse o mesmo destino de Davi Fiúza e tantos outros adolescentes e jovens negros que, depois de dar entrada em viaturas policiais, desaparecem como poeira na estrada.

A pequena infração de trânsito cometida por Bland e o provável discurso de sujeito de direitos utilizado para defender-se da polícia do Texas em oposição ao racismo institucional arraigado, levou os policiais a tratá-la com força absolutamente desproporcional resultando em morte.

Existem indícios de que tenham feito montagem com seu corpo, já inerte, para simular registro de entrada na cadeia e que a hipótese de suicídio, apresentada pela polícia, seja falsa. O assassinato de Bland é o cala-boca sombrio para que outros iguais a ela não ergam a voz.

Lá e aqui, a população reage como pode. A defesa popular de Feliz foi um grito de pessoas negras aglomeradas numa praça, cansadas de perder os seus. Foi atitude certeira para impedir que mais um menino negro desaparecesse. As organizações políticas organizam suas marchas, contra o genocídio do povo negro no Brasil, em diversas cidades, instando a população-alvo a reagir.

Nos EUA, a Travessia pela Justiça, 40 dias de marcha a pé, do Alabama a Washington D.C, exigindo mudanças na política de direito ao voto, à educação, ao emprego, bem como novas diretrizes nacionais sobre o uso da força policial e aprovação de uma lei contra as práticas policialescas que perseguem pessoas pelo pertencimento racial.

Constitui diferença significativa nos dois casos, o fato de tratar-se de um homem e uma mulher. Sandra Bland, como Cláudia Ferreira e outras mulheres negras agredidas e mortas pela polícia, destrói o mito de que existe uma violência racial dirigida apenas aos homens.

Está todo mundo no mesmo barco e o próximo alvo pode ser qualquer uma de nós. E ninguém chorará pela gente. Não mereceremos a compaixão devotada ao pobre Cecil, leão morto pela caçada esportiva de dentista branco estadunidense, cujo infortúnio o transpôs do lugar de rei do zoo ao de celebridade midiática.







Fonte: Cidinha da Silva/DCM



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pobres são mais sociáveis!




A gente sempre ouve por aí que dinheiro não compra felicidade. Não vamos entrar nesse mérito (algum milionário aí para comentar?) – pelo menos, não hoje. Mas o que ele realmente não compra, e aí a ciência comprova, são habilidades sociais.

Em um estudo feito nas universidades da Califórnia (EUA) e de Toronto (Canadá), voluntários mais pobres demonstraram maior capacidade de “ler” as emoções alheias e de empatia, a habilidade de se colocar no lugar do outro, do que os ricos. Outras pesquisas feitas pela mesma equipe já tinham mostrado que quanto menos dinheiro no banco, educação formal e status profissional o indivíduo tem, mais simpático, prestativo e generoso ele tende a ser.

Esse “bom mocismo” todo, os pesquisadores explicam, parece ser uma resposta às ameaças sociais às quais as pessoas de classes econômicas mais baixas estão sujeitas no dia a dia – passar longos períodos sem emprego, por exemplo. Mais vulneráveis do que quem tem dinheiro no banco (esses podem usar seu poder, status e patrimônio para se manterem seguros), os pobres tendem a recorrer à força das relações interpessoais para sobreviver.





Fonte: Thiago Perin/Super

domingo, 16 de agosto de 2015

Polícia Racista?




O folder da Polícia Militar de São Paulo em que o desenho de um homem negro simboliza um criminoso não pode ser considerado um caso isolado de racismo diante da proporção entre o número de negros e brancos mortos em ação policial. Segundo estudo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), a taxa de negros mortos pela PM de SP é três vezes maior que a de brancos.

A pesquisa “Filtragem racial na seleção policial de suspeitos: segurança pública e relações raciais” analisou informações das Polícias Militares do Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e de São Paulo. Neste estado, o índice de mortes em ação policial em um grupo de 100 mil habitantes é de 1,4 negros para 0,5 brancos, apesar do percentual dos autodeclarados negros ser menos da metade da população.

Outro estudo, do professor e oficial da PM de Pernambuco Geová da S. Barros, constatou que 65,03% dos policiais entrevistados percebem que os pretos e pardos são priorizados nas abordagens.

Esses dados revelam que a tendência a associar negros a criminosos não está restrita ao panfleto de gosto e eficácia duvidosos distribuído em Diadema. Inclusive, um documento revelado em 2013 orientava os militares de serviço no bairro Taquaral, região nobre de Campinas, a focar as abordagens “especialmente a indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos”.

Na época em que trabalhei na assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo vi inúmeros boletins de ocorrências com relatos de abordagens bem sucedidas graças ao chamado “tirocínio policial”, que pode ser definido como um olhar mais apurado do agente conquistado ao longo dos anos de trabalho nas ruas, algo como um “faro” ou “tino policial”.

É um critério preciso como os utilizados pelos jurados das escolas de samba. Pode levar a apreensões e prisões, mas também origina abordagens equivocadas que provocam desde situações constrangedoras até a morte de inocentes.

Por ano, em média, acontecem no Brasil 30 mil homicídios de jovens com idades entre 15 e 29 anos, dos quais a maioria, 77%, são negros. Dentro desse percentual, certamente há vítimas de forças policiais ou agentes de segurança cujas atuações são influenciadas por preconceitos diversos, dos quais um dos mais comuns é o que associa a criminalidade à pele negra.

Se em vez do tirocínio as instituições de segurança pública privilegiassem o raciocínio, estas estatísticas seriam aproveitadas para a implementação de ações de combate à criminalidade que não produzam injustiças raciais e patacoadas como o impresso de Diadema.





Fonte: Marcos Sacramento



sábado, 15 de agosto de 2015

O maior consumidor de drogas do Mundo!



De acordo com um relatório da UNODC, escritório para drogas e crime da ONU, o Brasil consome quatro vezes mais cocaína que a média mundial. Estimativas da ONU mostram que 1,75% da população adulta no Brasil consome cocaína, enquanto que o índice mundial é de 0,4%.

Os mercados dos Estados Unidos e da Europa diminuíram na última década. O Brasil, ao contrário, se tornou o maior centro de distribuição da droga no mundo inteiro. Nosso país foi citado em 56 países como ponto de trânsito de cocaína, revelando que somos a maior base de exportação da droga.

Considerando todas as drogas, apenas o Paquistão supera o Brasil, com 178 países do mundo o citando local de trânsito da heroína.

"Por causa de sua posição geográfica, o Brasil tem um papel estratégico no tráfico de cocaína. Entra no Brasil por avião, por terra (carros, caminhões e ônibus), por rio (barcos que cruzam o Amazonas), antes de ser enviada para o exterior, principalmente para a Europa, tanto de forma direta como via África", declara o relatório.

Segundo a ONU, o Brasil, junto do Chile e da Costa Rica, puxam para cima o consumo de cocaína na América do Sul, onde as taxas são três vezes maiores que a média mundial. O número de usuários na região pulou de 1,8 milhões de pessoas, em 2010, para 3,3 milhões em 2012.

Considerando todas as drogas ilícitas que há, a ONU considera que haja 246 milhões de usuários do mundo, o que equivale a 5% da população entre 15 e 64 anos.









Fonte: Ione Aguiar/Brasil Post













sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Introvertido ou Narcisista?

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Você já deve ter conhecido alguém que adora comentar sobre como é introvertido. Mas a que ponto esse papo sobre introversão passa da linha e começa a virar uma preocupação exagerada com a própria característica? Pois cientistas sabem que muitos introvertidos são, na verdade, narcisistas disfarçados - foi até cunhado um termo para essa característica psicológica: o narcisista 'encoberto'.

Pense em alguém que acredita que está sempre sendo subestimado, que acha que suas qualidades incríveis vão permanecer sem serem notadas - mas que não fica falando isso a todos os que conhece. Normalmente, narcisistas encobertos levam as coisas para o lado pessoal, especialmente críticas, e ficam ressentidas quando outras pessoas falam com elas sobre outros problemas.

O psicólogo Jonathan Cheek criou alguns marcadores para identificar narcisistas encobertos. Quanto mais você concordar com esses tópicos, maiores são as chances de você ser um deles:

- Eu fico muito preocupado com meus interesses e, com frequência, esqueço de me preocupar com outros.

- Acho meu temperamento diferente da maioria das outras pessoas.

- Quando entro em uma sala cheia de gente eu sinto que todos os olhos estão sobre mim e fico com vergonha. 

Cheek afirma que o último item, especialmente, é uma fantasia narcisista. "Quem é você e porque todos estariam te olhando? Isso é acreditar que o mundo está prestando mais atenção a você do que provavelmente está". Se você olhar o teste completo de Cheek (em inglês), vai perceber que muitos itens podem ser relacionados à introversão. Isso porque se você for introvertido são grandes as chances de ser narcisista (embora essa relação não seja verdadeira em todos os casos). Entenda desta forma: nem todos os introvertidos são narcisistas, mas todos os narcisistas disfarçados são introvertidos E narcisistas.

Apesar da característica não ser muito conhecida, há estudos sobre ela desde a década de 1930. Ela só não figura em mais pesquisas por ser mais difícil de ser identificada do que o narcisismo comum. É mais caracterizada por paranóia do que por uma personalidade chamativa. Faz com que a pessoa seja mais arrogante, porém mais desconfiada - somo se não estivesse sendo tratada da forma que merece o tempo todo. Como George Costanza, de Seinfeld. Mas, claro, alguns psicólogos argumentam que todos os narcisistas são vulneráveis, de certa forma. Afinal, são pessoas viciadas em se sentirem especiais.

Em um estudo feito com 600 pessoas, Cheek percebeu que narcisistas introvertidos e extrovertidos têm duas coisas em comum: eles são arrogantes e têm ideias fantasiosas sobre sua grandiosidade. No entanto, enquanto narcisistas extrovertidos podem ser bons líderes, não há muitos lados bons em se ser um narcisista introvertido.

Você se identificou com o narcisista disfarçado? Há algumas coisas que você pode fazer para amenizar a característica: fazer coisas das quais você gosta, em vez de fazer coisas que te façam aparecer. Ter responsabilidade sobre suas ações. Na prática, minimizar o ego e se conectar com o resto do mundo. E se você tem crises de ansiedade social também, saiba que treinar o olhar para fora de si pode ajudar a perceber que nem tudo é sobre você.








Fonte: LUCIANA GALASTRI/Galileu

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Google - Lá se encontra realmente tudo?




Se um novo ditado popular fosse criado, poderia ser algo como "se não está no Google, não existe".
Mas a afirmação gera dúvidas. O que fazer quando você não encontra o que procura no Google?

O gigante de tecnologia criado pelos americanos Larry Page e Sergey Brin no final da década de 1990 indexa mais de 1 bilhão de páginas da web.
Mas, às vezes, quando não conseguimos encontrar exatamente o que queremos usando a ferramenta de busca mais famosa do mundo, temos de recorrer a buscadores especiais, não tão conhecidos mas muito úteis. Veja abaixo alguns deles.

Informação científica
Um dos grandes problemas da web é separar quais são as informações relevantes.
Às vezes o usuário pode estar interessado em encontrar informação especializada ou científica, que tenha veracidade garantida. Ao procurar no Google, ele poderá navegar durante horas por páginas de economistas, curandeiros, biólogos entre outros, tudo misturado.

Uma forma de encontrar pesquisas sérias sobre matérias acadêmicas é navegar em portais que compilam esse tipo de informação especializada, vinda de pesquisadores de universidades e outras instituições famosas.
Para informações acadêmicas de qualidade e evitar páginas de charlatões ou curandeiros, o melhor é recorrer ao Social Research Network.

Para quem se interessa por ciências sociais, é possível buscar estudos de economia, direito, humanidades etc, no portal Social Science Research Network, que, todos os anos, é listado entre os melhores do Ranking Web of Repositories.

Se o assunto são as ciências naturais, os estudos de melhor qualidade podem ser encontrados, por exemplo, em scienceresearch.com, que usa uma "tecnologia de busca federada" para oferecer bons resultados em tempo real, afirma o site.
Também é possível encontrar informações especializadas nas pesquisas da América Latina graças ao site Red de Repositorios Latinoamericanos, coordenado pela Universidad de Chile.

Buscador de tuítes
As redes sociais já são um elemento-chave na internet. Os estudos mostram que cada vez mais elas consomem a maior parte do tempo que passamos conectados.
Milhões de mensagens são enviadas em todas as direções, todos os dias e um bom exemplo é o Twitter.
Segundo os dados da rede de microblogging, são postados cerca de 500 milhões de tuítes diariamente e tentar encontrar uma mensagem específica no meio de tudo isso pode ser uma dor de cabeça.

Para resolver o problema existe o Topsy, um buscador que permite localizar tuítes postados a partir do ano de 2006.
É possível buscar tuítes sobre um tema específico, de um usuário em particular, incluir palavras-chave etc. E a versão básica é gratuita.

Fotos livres de pagamento de direitos autorais
O Google tem milhões de fotos: grandes, pequenas, bonitas, feias, de gosto duvidoso e dos temas mais variados.
O problema é que, se alguém precisa de fotos para um blog pessoal, para uma apresentação na empresa ou para um trabalho universitário, pode não ser fácil encontrar fotos livres de direitos autorais. Usar estas fotos sem a liberação do autor pode infringir leis e custar muito dinheiro.
Para buscar fotos livres de direitos o buscador creativecommons.org é muito útil pois rastreia imagens com licenças gratuitas de organizações independentes.
Mas, não é apenas isto. O site também oferece a busca de músicas, vídeos e textos também livres.

Privacidade
Uma das grandes polêmicas envolvendo o Google é a privacidade. Esta ferramenta faz com que deixemos informações em suas buscas ou nas contas do Gmail.
Privacidade é um dos problemas envolvendo o Google e o Gmail
Se a pessoa busca uma marca de sapatos, logo vão aparecer propagandas de sapatos por toda parte. E sobre o que você escreve em seus e-mails... melhor deixar a própria companhia falar.

"As pessoas que utilizam o correio eletrônico hoje em dia não devem se surpreender se seus e-mails são processados pelo provedor de corrio eletrônico no decorrer da entrega", admitiu a companhia em um julgamento pela acusação de espionagem de usuários nos Estados Unidos.
Uma alternativa para navegar com confidencialidade é o buscador duckduckgo.com, que garante que não registra a informação do usuário.

Criado em 2011 pelo cientista Gabriel Weinberg, a empresa garante que cifra a transmissão de dados e não usa cookies para coletar informações sobre a localização do usuário. E não revela buscas.

Buscas no passado
Outros problema na hora de fazer buscas na internet é que, às vezes, você busca algo que encontrou uma vez e, quando vai procurar de novo, foi apagado.
Para resolver isto existe o buscador waybackmachine que, na verdade, é um arquivo de internet que oferece estes conteúdos desaparecidos.
Esta ferramenta existe desde 1996 e, neste período, já arquivou mais de 40 bilhões de páginas.
Com este buscador é possível navegar ao passado e ver como era um site, e o que ele dizia, em um momento específico da história.

Outras ferramentas permitem a busca de páginas do passado
Para isto, basta colocar o nome da página e escolher os arquivos disponíveis em um calendário que identifica os momentos que se fez uma cópia da mesma para a posteridade.

Cuidado com as fotos!
Geralmente buscamos fotos escrevendo algumas palavras chave que nos mostram as imagens relacionadas. Mas, e quando precisamos saber quando uma foto foi publicada antes ou não?
Para isto existe o Tin Eye, uma ferramente que promete justamente este tipo de busca gratuitamente: coloque uma foto ou o link da foto e o buscador informa onde encontrá-la ou se já apareceu antes (inclusive com modificações) graças a uma tecnologia de reconhecimento digital.

Os motivos para este tipo de busca podem ser muitos: se é um fotógrafo, pode querer verificar se alguém usou suas fotos sem permissão; se é um leitor mais crítico de notícias, pode comprovar que nenhum meio de comunicação mostre em uma notícia atual uma foto de algo que, na verdade, já aconteceu há muito tempo.






Fonte: BBC








terça-feira, 11 de agosto de 2015

ECSTASY - O que é isso?





O Ecstasy foi originalmente desenvolvido pela companhia farmacêutica Merck em 1912. Na sua forma original, era conhecido como “MDMA”. Este foi usado em 1953 pelo Exército dos Estados Unidos em testes de guerra psicológica, e então ressurgiu nos anos 60 como um medicamento de psicoterapia para “inibições” mais baixas.1 Não foi senão nos anos 70 que o MDMA surgiu como uma droga de festas.

No início da década de 80, o MDMA estava  sendo promovido como “a última coisa na contínua pesquisa para a felicidade através da química”, e a “droga in” para muitas festas de fim de semana. Ainda legal em 1984 o MDMA estava  sendo vendido sob o nome de marca “Ecstasy”, mas em 1985, a droga tinha sido banida por motivos de segurança.



Desde os finais dos anos 80, o Ecstasy tornou–se um abrangente termo de “marketing” para os traficantes de drogas a vender drogas “tipo Ecstasy” que podem, de fato, conter muito pouco ou nenhum MDMA. E embora o próprio MDMA possa produzir perigosos efeitos adversos, aquilo que hoje em dia é chamado de Ecstasy pode conter uma ampla mistura de substâncias – desde LSD, cocaína, heroína, anfetaminas e metanfetaminas até veneno para ratos, cafeína, substâncias para destruir os vermes nos cães, etc. Apesar dos engraçados logótipos que os traficantes põem nos comprimidos, isto é o que torna o Ecstasy particularmente perigoso, um consumidor nunca sabe realmente o que está consumindo. Os perigos são aumentados quando os consumidores que aumentam a dose procuram uma euforia anterior, não sabendo que podem estar  consumindo uma combinação de drogas totalmente diferente.

O Ecstasy vem mais comumente na forma de comprimidos, mas pode ser também injetado e consumido de outras formas: Ecstasy líquido é na verdade GHB (gama hidroxibutirato), um depressivo do sistema nervoso – uma substância que também pode ser encontrada nos materiais de limpeza de esgotos, polidor do chão ou solventes desengordurantes.






Fonte: Fundação para um mundo livre de droga







segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Rico não paga imposto!



O leão do imposto de renda mia feito gato com os ricos, como atestam dados recém-divulgados pela própria Receita Federal. Os maiores milionários a prestar contas ao fisco, um grupo de 71.440 brasileiros, ganharam em 2013 quase 200 bilhões de reais sem pagar nada de imposto de renda de pessoa física (IRPF). Foram recursos recebidos por eles sobretudo como lucros e dividendos das empresas das quais são donos ou sócios, tipo de rendimento isento de cobrança de IRPF no Brasil.

Caso a bolada fosse taxada com a alíquota máxima de IRPF aplicada ao contracheque de qualquer assalariado, de 27,5%, o País arrecadaria 50 bilhões de reais por ano, metade do fracassado ajuste fiscal arquitetado para 2015 pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Detalhe: os 27,5% são a menor alíquota máxima entre todos os 116 países que tiveram seus sistemas tributários pesquisados por uma consultoria, a KPMG.

A renda atualmente obtida pelos ricos sem mordidas do IRPF – 196 bilhões de reais em 2013, em números exatos – tornou-se protegida da taxação há 20 anos. No embalo do Consenso de Washington e do neoliberalismo do recém-empossado presidente Fernando Henrique Cardoso, o governo aprovou em 1995 uma lei instituindo a isenção.




Fonte: DCM

O Brasil é um país racista?


 

Seis anos atrás, quando Daniele de Araújo descobriu que estava grávida, saiu afoita pela viela suja de sua modesta casa em um dos morros do Rio de Janeiro. A área é controlada por traficantes de drogas e ela subia a passos largos. Daniele precisava alcançar um lugar cuja magnitude pudesse fazer ecoar alto e claramente seu pedido a Deus: que lhe desse uma menina, saudável, mas acima de tudo branca.

Daniele sabe sobre os efeitos da genética: tem uma mãe branca e um pai negro, irmãs que podem passar por brancas e um irmão de pele escura como ela. “Sou realmente negra”, diz. Seu marido, Jonatas dos Prazeres, também tem pais das raças branca e negra, mas sua pele é clara. Quando se apresentou para o serviço militar o oficial escreveu no formulário: branco.

E quando seu bebê nasceu, o olhar de Daniele foi de alívio: a pequena Sarah Ashley era rosa como os lençóis que a envolviam. Melhor ainda, ao crescer, ficou claro que Sarah tinha cabelos lisos e não “cabelo ruim” – como são universalmente chamados, no Brasil, os cabelos encaracolados dos negros.

Hoje, Sarah Ashley tem cachos morenos caindo sobre suas pequenas costas e que são a grande alegria na vida de sua mãe. O tom de pele da pequena está entre os tons de pele de seus pais – mas clara o suficiente para que a registrassem como branca, exatamente como esperavam. (Muitos documentos oficiais no Brasil perguntam sobre “raça ou cor”, junto com outras informações básicas de identificação).

Daniele e Jonatas mantêm as fotos de seu casamento de 2005 em um álbum com capa de veludo vermelho, guardado na única prateleira da sala. As fotos, que chamam a atenção pelo brilho, mostram membros da família com uma dúzia de diferentes tons de pele, de braços dados e faces plissadas em sorrisos largos para os retratos posados. Por todo o país encontram-se álbuns com fotos similares nas salas de estar. Um terço dos casamentos no Brasil é inter-racial (dizem ser a maior taxa do mundo. No Canadá, apesar da enorme diversidade encontrada em cidades como Vancouver e Toronto, a taxa é abaixo e 5%). Essa estatística é a mais óbvia evidência de como raça e cor no Brasil são vivenciadas diferentemente de outras partes do mundo.

Mas a diversidade de cores não consegue disfarçar uma verdade fundamental, diz Daniele: há uma hierarquia e os brancos estão no topo dela.

Muitas coisas estão mudando no país. Daniele deixou a escola quando adolescente para trabalhar como doméstica – praticamente a única opção de trabalho para mulheres com uma pele escura como a dela. Mas agora tem um emprego na área de assistência médica e uma casa própria, coisas que jamais poderia imaginar quinze anos atrás. Mesmo assim, diz: “Isso é Brasil!”. E não há nenhuma preciosidade aí. Negro é belo, mas branco é simplesmente mais fácil. Mesmo a vida da classe média pode ser uma luta por aqui. E os pais de Sarah Ashley querem que a vida de sua filha seja facilitada.

A trajetória da história do Brasil do colonialismo, escravidão, regime ditatorial, seguida por uma tumultuada mudança social, produziu um país que é culturalmente homogêneo e cromaticamente muito diversificado. A identidade nacional de um Brasil racialmente mixado é um orgulho – mais que qualquer país na Terra, dizem os brasileiros. Menos discutida, porém, é a desigualdade racial generalizada, igualmente visível em todos os restaurantes repletos de patrões brancos e garçons negros, em todo prédio onde o porteiro negro indica o elevador de serviço para o visitante negro.

A experiência brasileira contrasta marcadamente com a forma como essas questões são abordadas nos Estados Unidos. Seria inimaginável aqui um tiroteio em massa como o ocorrido em Charleston, na Carolina do Sul, EUA, alegadamente deflagrado por um homem da supremacia branca. Ao mesmo tempo, seria inimaginável também, aqui, um discurso da presidente convidando o país a enfrentar sua desigualdade racial.

O que aconteceu com Rachel Dolezal – uma mulher branca de olhos azuis, que escolheu passar por negra e foi levada ao pelourinho – é igualmente estranho para o Brasil, onde a identidade racial é sempre diluída e foi deliberadamente subordinada à questão da cor. Muitos brasileiros, de todas as raças, comparam favoravelmente seu país com os EUA, onde a discussão sobre racismo é ostensiva e muitas vezes raivosa.

Ainda assim, a discriminação no Brasil é uma força tão poderosa quanto nos EUA e cobra um alto preço por aqui também. Esse custo assume formas óbvias: por exemplo, o vasto e desproporcional número de jovens negros nas prisões. E outras mais sutis, como as conversas entre Daniele e Jonatas sobre a filha, sobre se ela é branca o ‘suficiente’.

Mas há uma mudança em movimento por aqui também. É lenta, pode ser transitória e é, certamente, frágil.  Mas por isso mesmo está acontecendo, através tanto de reformas institucionais como de escolhas pessoais. Nesse processo, todos estão sendo chamados a questionar os mecanismos e estruturas seculares de construção de identidade, oferecendo às pessoas como Daniele novos caminhos para idealizarem suas vidas.

Ana Maria de la Merced Guimarães sabia, claro, que existiu escravidão no Brasil. Não lhe ensinaram muito sobre o tema na escola há 40 anos. Os rostos negros de seus vizinhos, no entanto, eram uma evidência de que o Brasil tinha raízes na África. Ainda assim, era um assunto sobre o qual as pessoas nunca falavam ou tinham em algum momento comentado.

Ana Maria, que é branca, certamente não pensava sobre isso em 1996, quando decidiu reformar sua casa. Geminada, com telhado de telhas, foi construída há 150 anos em uma rua do Rio embebida pela história da cidade: o samba foi inventado ali e as primeiras celebrações de Carnaval aconteceram bem perto. Ana Maria, proprietária de um pequeno negócio de dedetização, queria transformar a casa em um sobrado para abrigar a família que crescia.

Depois de um dia de escavações para reforçar o alicerce, encontraram ossos aparentemente humanos. “A princípio, pensei que fosse alguma vítima de homicídio”, diz Ana Maria, hoje com 58 anos, do interior frio de sua casa. Seu tom de voz torna-se mais tímido ao lembrar sua inquietação. “E então encontraram mais ossos. E pensei: ‘é um assassino em série!’. Mas eram ossos e mais ossos e pensei: não, não existe crime perfeito a ponto da pessoa matar tanta gente e não ser descoberta”.

A prefeitura foi acionada e designou um especialista para investigar. Ana Maria foi informada que sua casa ficava sobre o antigo Cemitério dos Pretos Novos. Exatamente ali era o local onde jogavam os corpos dos africanos sobreviventes da bruta jornada de travessia do Atlântico, mas morriam antes de serem vendidos no mercado de escravos, que ficava no final daquela rua.

“Chamam de cemitério, mas era uma vala onde os negros eram despejados – apodreciam ali e então eram queimados, remexidos e empurrados para fora do caminho para novos cadáveres serem alojados”, conta ela. “Ninguém era enterrado intacto. Quanto mais aprendia sobre a história, mais revoltada ficava – muitos eram crianças, havia bebês e muitos, muitos, mais de 50 mil, penso”.




Afinal, Ana Maria ficou sabendo que o cemitério foi usado para “enterrar” perto de duas mil pessoas por ano de 1760 até aproximadamente 1830, quando o movimento abolicionista britânico reduziu a entrada de navios negreiros no porto do Rio. Uma geração após, por volta de 1876, a vala comum foi coberta por paralelepípedos e construídas as primeiras fileiras de casas, incluindo a de Ana Maria. “Eles estavam tentando apagar a memória.”
E fizeram um belo trabalho.

Há um projeto de R$ 12 bilhões (US$ 4 bilhões) para restaurar o bairro de Ana Maria, ao longo do Pier Mauá. Lá se vêem prédios comerciais, condomínios e um gigante Museu do Amanhã. Não há, no entanto, um museu do passado – nada mostrando que esse porto um dia serviu como capital global para o tráfico humano.

O Brasil importou mais escravos que qualquer outro país – 20% de todas as pessoas raptadas da África para serem vendidas eram trazidas para cá, uma estimativa de cinco milhões de pessoas, das quais 400 mil foram para os EUA e Canadá. A viagem para o Brasil saía mais barata por conta da proximidade entre África e Brasil e da rota dos ventos, o que significa que os cativos eram mais baratos também. Os donos dos escravos não queriam saber de gastar com alimentação ou cuidar dos raptados – era mais fácil colocá-los para trabalhar até a morte e, então, substituí-los.

Com isso, os escravos tinham uma esperança de vida muito menor no Brasil do que aqueles mandados para os EUA. Eles foram, no entanto, essenciais para o desenvolvimento da economia – nas plantações de açúcar, nas fazendas de café, nas minas de ouro. Mais de 2 milhões de escravos vieram para o Rio. Eram alimentados nas casas de engorda, perto da rua onde mora Ana Maria, antes de serem colocados nus em fila, inspecionados e vendidos nas praças. O Brasil foi o último país a oficialmente abolir a escravidão.

Em 1888, quando a abolição finalmente chegou, havia mais pessoas negras que brancas no Brasil, além de uma grande população de raça mista, como poderia ser descrita.  Esse resultado reflete o estilo de colonização portuguesa, que por 300 anos exportou colonos, em sua maioria homens. No início, tinham relações sexuais com mulheres indígenas, tanto consensuais como forçadas.

Quando a população indígena começou a fugir para o interior em vez de trabalhar nas plantações, ou a morrer por doenças contagiosas, os colonos se voltaram para os escravos e escravas importadas, que eram rotineiramente estupradas pelos seus donos.

Quando a escravidão acabou, membros da elite branca se viram em menor número e ficaram ansiosos. Estavam também atormentados, explica Ivanir dos Santos, ativista negro e educador no Rio. Como poderiam construir uma nação produtiva e próspera se o estoque de cidadãos era descendente de africanos selvagens?, se perguntavam. A solução óbvia, concluíram, era importar melhores genes.

O governo ativamente desencorajou os donos originais dos ex-escravos a dar-lhes trabalho remunerado e lançou um esforço para cortejarem europeus de baixa renda para virem ao país como a nova força de trabalho e com a intenção evidente de embranquecer a população.

“O princípio da primeira república era eugênica, de ‘higiene racial’”, avalia Ivanir. Isso acabou sendo consagrado em uma lei de imigração, que declarava: “A admissão de imigrantes deve obedecer à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes de sua ascendência europeia.”

Ao mesmo tempo em que os ex-donos de escravos estavam determinados a diluir a negritude do país, se puseram a trabalhar em sua própria história.  No mito da criação brasileira, chamam o país de “democracia racial”  – a versão daqui para o chamado “mosaico cultural” no Canadá, ou “melting pot”, como nos EUA (uma metáfora usada para vários fins na língua inglesa e cuja tradução literal é “vaso para misturas”).

Essa história oficial foi construída sob a seguinte ideia: a partir da abolição da escravatura, brasileiros de todas as cores passaram a ser iguais. Afinal, não havia segregação, apartheid ou Jim Crow – uma série de leis de segregação racial, atuante de 1877 até meados de 1966 nos EUA.  A elite brasileira, predominantemente branca, declarou o país singularmente igual e, de fato, pós-racial, encobrindo, assim, as massivas disparidades entre os ex-donos e os escravos recém-libertados, que não tinham educação, terra ou bens.

“Foi uma forma de ‘invisibilização’”, diz Marcelo Paixão, negro, professor de economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O discurso dizia não haver raça no Brasil, portanto não temos problemas de raça e não precisamos discutir sobre desigualdade”.

O primeiro censo pós abolição, em 1890, não perguntava sobre a raça das pessoas, mas sobre cor: se eram brancos, marrons, negros, amarelos ou caboclos, uma palavra portuguesa se referindo àqueles com alguma ancestralidade indígena, mais conhecidos como da cor vermelha.  Ao longo dos anos seguintes, a identidade racial foi progressivamente substituída por considerações sobre cor. Em 1976, buscando aprimorar a precisão do censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pesquisou milhares de brasileiros sobre a palavra que eles próprios usavam para definir suas cores, e chegaram ao número de 136. Mencionaram termos como amarelo-queimado, canela e morena-bem-chegada.

De certa forma, foi uma ideologia progressista, nota o professor Marcelo.

Permitiu a nuance em vez de indicadores branqueadores da “pureza racial”. E também resultou em uma cultura genuinamente mista, apesar dessa mistura ser, em parte, resultado da apropriação. Pilares da cultura negra – como o samba e a capoeira, praticada em segredo pelos escravos – foram totalmente absorvidos pela identidade brasileira.

Mas dentro dessa cultura e sociedade, havia uma inevitável hierarquia do que seriam consideradas características raciais. A ideia dominante, propagada pelos brancos, e que acabou também sendo aceita por muitos negros e pessoas de raças mistas, aponta o professor, foi que a parte “branca” da mistura trouxe uma racionalidade europeia, enquanto os negros trouxeram alegria e criatividade, uma perspectiva positiva. Paixão enumera adjetivos e revira os olhos. Quanto mais branco alguém era, mais características “valiosas” a pessoa possuía. Ser mais-para-o-branco aumentava as chances de conseguir emprego e ser melhor remunerado. Ser mais-para-o-branco, em outras palavras, era desfrutar de uma vida mais fácil. O Brasil se tornou o que algumas vezes é chamado de “pigmentocracia”. O professor Marcelo Paixão está entre os poucos cinco por cento de negros do corpo docente da Universidade Federal.

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Ao mesmo tempo, a divisão de poder e riqueza que se fechou em si mesma no tempo da abolição da escravatura nunca foi abordada. Escravos libertos no Brasil eram livres, também, de coisas fundamentais para se criar igualdade: bens, educação e acesso ao capital. Não houve reforma agrária para quebrar as plantações gigantes e dar aos ex-escravos um meio de auto-sustento. No Rio, era negado a ex-escravos o direito de viver na cidade propriamente dita, e acabaram vivendo em rústicas moradias nos morros ao redor da cidade – essa é a sombria origem das favelas, que hoje é parte integrante do cartão postal da cidade.

O legado da escravidão, e o fracasso em abordá-lo, é visível em inúmeras outras formas. O Brasil conquistou enorme progresso social nos últimos treze anos: mais de 30 milhões de pessoas, quase um sexto da população, saiu da linha da pobreza e ingressou na baixa classe média. O impulso veio tanto do aquecimento da economia – movida pela vasta quantidade de petróleo encontrado em campos marítimos, e os altos preços de mercadorias, alimentados pela demanda chinesa – quanto das políticas sociais progressivas, que aumentaram dramaticamente o salário mínimo e realizaram transferências de capital para trazer segurança econômica aos pobres.

Mas esse progresso não atingiu a todos os brasileiros igualmente. Mesmo depois desses treze anos de rápidas mudanças, brasileiros negros e de raça mista continuam a ganhar 42.2 por cento menos que os brancos. Apenas 30%deles terminam o colegial. Os brasileiros negros também morrem mais cedo, e jovens negros do sexo masculino morrem a dramáticas altas taxas, em comparação com os brancos, tipicamente vítimas da violência, normalmente pelas mãos da polícia.

Os vários caminhos do progresso econômico e social serviram apenas para trazer à tona o quão entrincheirada está a hierarquia de raça e cor, que permanece. No último censo de 2010, 51 por cento dos brasileiros identificavam a si mesmos como negros e de raça mista. Mas os corredores do poder mostram algo diferente. Das 381 companhias listadas na BOVESPA, simplesmente nenhuma tem um chefe executivo negro ou de raça mista. Oitenta por cento do Congresso Nacional é branco. Em 2010, um think tank de São Paulo analisou o corpo executivo das 500 maiores empresas brasileiras e descobriu que meros 0.2% eram negros, e somente 5,1 por cento eram de raças mistas.

Até os casamentos inter-raciais são um capítulo à parte. Eles são menos comuns entre as pessoas nas altas faixas de renda, predominantemente brancas, e mais comuns entre os que ganham menos, que são quase totalmente negros e de raça mista. Carlos Antonio Costa Ribeiro, um sociólogo branco da Universidade Federal do Rio de Janeiro que estuda raça e economia, descreve esse quadro como uma barganha: quando casamentos assim acontecem, a pessoa de pele mais escura normalmente tem uma nível educacional mais elevado ou uma renda mais alta ou ambos.  A relação é uma transação econômica – cada pessoa está ganhando mobilidade social, de uma forma ou de outra.

Há também uma espécie de alquimia, explica o professor Ribeiro, das pessoas com herança de raça mista, que foram bem sucedidas nos negócios e na política, e acabaram sendo vistas como brancas, caso do magnata Roberto Marinho. Mesmo nos dois campos nos quais os negros brasileiros são bem sucedidos – esportes e música – essa alquimia consegue promover sua magia negra. O jogador de futebol e fenômeno Neymar da Silva Santos Júnior, que se apresentou como negro quando começou a chamar a atenção no campo, se tornou, na percepção popular, se não branco, certamente não negro.

Foi contra esse longo e complexo pano de fundo que Daniele e Jonatas se encontraram quinze anos atrás, quando ainda adolescentes em uma parte áspera do Rio. Eles saíam com um grupo de garotos e garotas multirraciais e nunca pensaram sobre raça, até a noite em que se beijaram em uma esquina. Jonatas, tímido e atarracado, relembra em uma recente conversa de domingo à tarde, que no minuto em que pousou os olhos naquela menina esguia, sentiu que estava destinada a ela. E não hesitou, mesmo brevemente, em trazê-la para a casa de sua família. (Por que deveria? Seu próprio pai é de pele negra, assim como ela). E comenta que correu tudo bem.

Mas não é exatamente assim que sua mulher relembra o momento. Voltando-se para ele com uma expressão de exagerada surpresa, Daniele diz: “Eles me chamaram de neguinha e todo o tipo de coisa. Eu ouço pessoas te perguntarem: ‘você está com aquela negra?’”

Na casa da família de Daniele, por outro lado, o novo namorado foi recebido de forma diferente. “Eles o parabenizaram”, disse com naturalidade. “Porque eu estava clareando a família, certo? Senti como se estivesse fazendo algo importante.”

Há um custo, para o Brasil, nessa determinação de continuar permitindo que a raça dite as oportunidades: no massivo número de homens negros que se viram na prisão em vez de escolas ou no trabalho e mulheres negras relegadas ao trabalho de domésticas por sucessivas gerações, pois são vistas como se esse fosse o único trabalho capaz de realizarem. Em 2008, José Vicente, Diretor da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares em São Paulo, calculou que o PIB do Brasil seria 2 por cento maior se os negros fossem ativos participantes na economia. Isso custa a todos, diz o professor Paixão, e, no entanto, os capitães da indústria, que mantêm uma força de trabalho praticamente toda branca, são muito “míopes” para enxergar.

E há, ainda, outro tipo de custo, aquele que vem em momentos de intimidade, como esse entre mãe e filha. Sarah Ashley às vezes senta no colo de Daniele e a abraça. “Queria ser como você”, diz a menina de cinco anos. “Queria que minha pele fosse como a sua – sua pela é linda”. Ao que a mãe gentilmente corrige: “Digo a ela: minha pele é feia, minha cor é feia”.

Daniele claramente luta com as contradições de suas próprias ideias sobre raça. Ela se movimenta com a segurança de uma mulher que sabe que é bela. E como uma cristã evangélica, não quer sugerir que Deus cometeu um erro quando a criou. Mas aquelas verdades sentidas como inatas são às vezes duras de conciliar com o que tem ouvido por toda a vida. Quando estava crescendo, sua mãe, que é branca, dizia coisas como: “te encontrei no lixo”.

“Ela não queria dizer o que disse, exatamente”, consente Daniele. Mesmo assim, sua mãe nunca fez esse tipo de comentário para sua irmã. “Sempre imaginei se era porque ela era mais velha ou porque era mais clara”, lembra. “Acredito ser a pior da pior, a mais feia. Achava que todo mundo ficava olhando para mim”.

Daniele e sua família moram em Nova Iguaçu, uma cidade dormitório que está a apenas 40 quilômetros das palmeiras e areias brancas de Copacabana. Mas poderia ser outro universo. As ruas são terríveis, a polícia aparece apenas para coletar propina e as pessoas vivem em casas rústicas de tijolo, atrás de altos muros. Mas há espaço por aqui e uma chance de construir uma casa como a que ela e seu marido têm – familiares mudam para cá em busca de se elevarem à nova classe média. A avó de Daniele, Nadir de Mattos Correa, mora há apenas duas quadras com suas filhas, Simone e Michelle, tias de Daniele, e suas famílias. Elas vão umas às casas das outras o tempo todo.

Daniele é mais ligada à sua tia Simone Vieira de Lucena, cuja pele é negra como a sua, e que cresceu, como Daniele, como a mais negra de seus multicoloridos irmãos. Daniele normalmente usa o apelido da família para ela: Neguinha.

“Sou a mais negra – foi sempre assim que me chamaram”, diz Simone, 42 anos. Contou que quando era menor suas irmãs disseram à ela que alguém com aquele nariz e cabelo não poderia esperar encontrar um marido. A ideia ficou tão cravada nela não permitia que tirassem foto dela até os 20 anos. Como Daniele, Simone credita à igreja por, de certa forma, ter melhorado a percepção que tem de si mesma e de seu valor. E contou como, em determinado momento, cansou de esperar, inutilmente, que um dia se tornasse mais clara. Ela e sua sobrinha referem-se uma à outra como preta, negra e, algumas vezes, em vez do nome, chamam uma a outra de macaca ou fumaça. E Simone chama Daniele de sua melhor amiga. Elas fazem isso, afirmam, em total estado de afeto. “É diferente”, diz Simone, “quando é entre a gente”.

Quando preencheram o formulário do censo, Simone marcou ‘negra’ no quadrado. Seu marido, Joacinei Araújo de Lucena, 48, que tem pais das cores negra e branca, assim como ela, se define como “pardo” ou “marrom”. E insiste que ele, Joacinei e suas duas crianças, são mistos – nem um, nem outro. E que misto é uma raça por si só. Simone não compra essa. “Não passou por branco é preto,” diz ela normalmente para seus adolescentes. “Se você não é branco, é negro.”







Fonte: Kiko Nogueira