segunda-feira, 26 de março de 2018

Obesidade - A culpa é da lingua?


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Uma a cada cinco pessoas no Brasil está acima do peso. Enquanto muitos veem esses quase 20% da população com preconceito, a ciência não para de mostrar que o assunto é bem mais complexo do que julga nossa vã filosofia. “Há vários fatores diferentes que contribuem para nosso estado de obesidade”, afirma Robin Dando, cientista de alimentos da Universidade de Cornell, nos EUA, em entrevista ao The Guardian.

O pesquisador descobriu mais um fator que pode explicar o motivo que algumas pessoas não conseguem, por mais que tentem, emagrecer. A culpa pode ser da língua. Em um estudo recém publicado, descobriu que, em ratos, o consumo de comida com alto valor calórico reduz em até 25% o número de papilas gustativas.

Segundo Dando, o resultado desfaz o senso comum de que as pessoas ficam acima do peso são assim simplesmente porque gostam mais de comer que os outros. Outros estudos, que investigaram a atividade cerebral de pessoas com maior Índice de massa corpórea, já havia demonstrado que o sistema de recompensas apresentam menor atividade ao consumir algo gostoso, precisando comer mais para liberar a mesma quantidade de dopamina.

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A explicação para isso pode ser física. Nossa língua tem entre 50 e 100 papilas gustativas, divididas em três tipos majoritários, que apresentam funções diferentes no trabalho de sentir os sabores. Essas células têm vida muito curta, sendo completamente substituídas a cada dez dias.

Nos ratos, o pesquisador analisou um típico específico de substância química liberada pelo organismo nos processos inflamatórios, o TNF-alpha, encontrado em maior quantidade em pessoas obesas. Ratos que foram geneticamente modificados para não produzirem essa substância não tiveram redução no número de papilas gustativas, apesar de terem ganho peso.

O resultado sugere que essas células são muito sensíveis a essa substância, o que provoca um efeito em cascata que termina por causar o ganho de peso. “Nós certamente não somos idênticos aos ratos em nossa psicologia, mas nossas papilas gustativas funcionam de forma bem similar”, afirma Dando. “Os mesmos fatores relacionados à inflamação que nós pensamos ser responsável pela perda do paladar são elevados quando nos tornamos obesos”.

Ele acredita que o estudo pode ajudar a desenvolver novas abordagens em busca da perda de peso, com maior foco na influência da percepção de sabor no que as pessoas sentem.




Fonte: Galileu



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