Após o Uruguai aprovar a legalização e a regulamentação da venda da maconha no país, um grupo de cariocas resolveu fazer um protesto de maneira bem-humorada no fim da tarde deste domingo (4), na Praia de Ipanema, na Zona Sul da cidade.
Às pressas, organizadores da Marcha da Maconha planejaram o ato, que assim como as outras manifestações ocorridas no Rio, foi marcado pela internet. Com faixas e cartazes, eles pediam a candidatura do presidente uruguaio José Mujica ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Muitas faixas contra o governador Sérgio Cabral, principal alvo dos protestos no Rio, também podiam ser vistas. Por volta das 18h, os manifestantes, que estendiam cartazes com a frase "Me governa, Mujica", pretendiam seguir em direção ao acampamento montado em frente à casa de Cabral, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon. Mas essa notícia levanta uma velha questão: Legalizar ou não a maconha?
Que vai diminuir o tráfico não se discute. A maconha é a droga mais traficada no mundo,e ninguém vai precisar mais recorrer ao traficante, à ilegalidade, para fumar seus baseados. Ao diminuir o volume do tráfico, a legalização irá contribuir para reduzir a violência no país e, quem sabe, até mesmo gerar empregos.
Hoje ainda, até o fim do dia, 1 milhão de brasileiros terão fumado maconha. A maioria dessas pessoas está plenamente convencida de que a droga não faz mal. Elas conseguem trabalhar, estudar, namorar, dirigir, ler um livro, cuidar dos filhos…
A folha seca e as flores de Cannabis são consumidas agora com uma naturalidade tal que nem parece ser um comportamento definido como crime pela lei penal brasileira. O aroma penetrante inconfundível permeia o ar nas baladas, nas áreas de lazer dos condomínios fechados, nos carros, nas imediações das escolas.
A maconha, que em outros tempos já foi chamada de “erva maldita”, agora ganhou uma aura inocente de produto orgânico e muitos de seus usuários acendem os “baseados” como se isso fosse parte de um ritual de comunhão com a natureza, uma militância espiritual de sintonia com o cosmo.
Há uma gigantesca onda de tolerância com esse vício. Nos Estados Unidos, dezessete Estados já regulamentaram seu uso medicinal. No ano passado, os Estados de Washington e Colorado realizaram plebiscitos sobre a legalização e o eleitorado aprovou.
Em maio do ano passado, no Brasil, sob o argumento do direito à liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a marcha da maconha – desde, é claro, que ela não fosse consumida pelos manifestantes.
Mas e em relação a saúde? Há muita controvérsia neste quesito. Existem estudos e pesquisas que dizem que a maconha faz mal. Na contramão da liberalidade oficial, legal e até social com o uso da maconha, a ciência médica vem produzindo provas cada dia mais eloquentes de que a fumaça da maconha faz muito mal para a saúde do usuário crônico – quem fuma no mínimo um cigarro por semana durante um ano.
Fumar na adolescência, então, é um hábito que pode ter consequências funestas para o resto da vida da pessoa. Aqueles cartazes das marchas que afirmam que “maconha faz menos mal do que álcool e cigarro” são fruto de percepções disseminadas por usuários, e não o resultado de pesquisas científicas incontrastáveis.
Maconha não faz menos mal do que álcool ou cigarro. Cada um desses vícios agride o organismo a sua maneira, mas, ao contrário do que ocorre com a maconha, ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo.
Diz um dos mais respeitados estudiosos do assunto, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo: “Encarar o uso da maconha com leniência é uma tese equivocada, arcaica e perigosa”.
Lá no Uruguai, 65% da população foi contra a liberalização da planta.
Leia mais sobre Maconha:
http://eliezersaibatudo.blogspot.com.br/2012/09/maconha-resolvendo-crise-economica.html;
http://eliezersaibatudo.blogspot.com.br/2012/08/atencao-maconheiros-de-plantao-e.html
Fonte: Adriana Dias Lopes/ Revista Veja
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