O nosso país está cada vez mais nas mãos de políticos picaretas que só pensam em ganhar vantagens nos cargos públicos que ocupam. O pior de tudo isso é que estamos ficando acostumados com notícias sobre corrupção em todos os escalões do Congresso em Brasília, que nossa mente já cauterizou, já não nos espantamos mais!
E isso é muito ruim. Fica a sensação de que tudo isso é normal. Infelizmente a palavra 'político' já é sinônimo de corrupto, de ladrão, demagogo, salafrário! Na realidade essa desonestidade reflete, lamentavelmente, como andam os valores da sociedade brasileira como um todo. Bem interessante uma pesquisa feita pelo Ibope na época da explosão do mensalão.
A pesquisa tinha como objetivo verificar até que ponto as pessoas são coniventes com a corrupção e se elas praticariam as mesmas ilicitudes se estivessem no lugar dos políticos. Realmente a pesquisa é um "tapa na cara" de qualquer um, seja pelo fato de revelar o quão tolerante e corrupta é grande parte da população (75% dos entrevistados), além de nos fazer perceber que em nossa vida outras pequenas ilicitudes que realizamos todos os dias não deixam de ser tão diferentes das dos políticos, talvez diferindo apenas na quantidade de dinheiro, vantagens ou poder envolvido.
Quem já não mentiu no trabalho que usa dois ônibus só para ganhar um valor maior de vale-transporte?
As pessoas não criticam quem entrega ao dono quantias em dinheiro quando é encontrado? Quem não aumenta os valores de notas fiscais de despesa, só pra ganhar algum? Quem nunca estacionou na vaga para idosos? Quem nunca colocou um atestado médico no trabalho mesmo sem estar doente?
Esta maioria de 75% revelou na pesquisa que faria a mesma coisa se estivesse no poder, ou seja, o importante era se dar bem em detrimento "do outro". Ora, mas então as nossas representações lá em Brasília não são simples reflexos de nossa população? A corrupção é um ser "vivo" e presente em nossa população ou é um desvio provocado pelo caráter? Bom, se olharmos bem talvez cheguemos a esta conclusão e é o que a pesquisa revela.
Eça de Queiroz escreveu há 100 anos atrás: "O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta a cada dia. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Não é uma existência; é uma expiação".
Infelizmente, palavras tão atuais como o jornal de hoje...!
Eliézer.
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