Quem leu o livro do jornalista, ensaísta e romancista britânico George Orwell e publicado em 1949, sabe quem era o "Grande Irmão" personagem principal que assumiu o poder depois de uma guerra de escala global (análoga à Segunda Guerra, porém com mais explosões atômicas), que eliminou as nações e criou três grandes estados transcontinentais totalitários.
A Oceânia, que reunia a ex-Inglaterra, as ex-Américas, ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África. Era um mundo sombrio e opressivo. Cartazes espalhados pelas ruas mostravam a figura bisonha da autoridade suprema e o slogan: "O Grande Irmão está de olho em você". E está mesmo, literalmente, graças às "teletelas".
Espalhadas nos lugares públicos e nos recantos mais íntimos dos lares, elas eram uma espécie de televisor capaz de monitorar, gravar e espionar a população, como um espelho duplo. A intimidade era tão devassada ali quanto na casa do Projac que sediou a última edição do Big Brother Brasil.
Hoje, porém temos o verdadeiro "Big Brother" - Os Estados Unidos da América - que segundo uma reportagem da revista Veja, um programa ultrassecreto da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) permite que analistas vasculhem, sem autorização prévia, bases de dados contendo e-mails, chats online e históricos de milhões de pessoas, segundo dados colhidos por Edward Snowden, o ex-técnico da CIA responsável pelo vazamento de informações que trouxe à tona os programas secretos de vigilância do governo Obama. A informação foi revelada nesta quarta-feira pelo jornal britânico The Guardian, embasada em documentos entregues pelo próprio Snowden.
Segundo os documentos da NSA, o programa, chamado XKeyscore, é o sistema de maior alcance de inteligência na internet. Uma apresentação do programa afirma que ele cobre “praticamente tudo que um usuário típico faz na internet”, incluindo conteúdo de e-mails, sites visitados e buscas.
Os analistas também podem usar o XKeyscore e outros sistemas da NSA para obter a atividade em andamento dos usuários. Eles só precisam completar um simples formulário na tela com uma justificativa para a busca. O pedido não é revisado por uma corte ou qualquer funcionário da NSA antes do processamento. Além disso, os analistas podem localizar os internautas através de buscas pelo nome, número de telefone, endereço de IP, palavras-chave ou até o tipo de navegador usado.
Por meio de um buscador, o analista da NSA recebe na tela de seu computador quais endereços ele deseja vasculhar. O mesmo tipo de sistema se aplica às redes sociais. A inserção do nome de usuário de determinada pessoa no Facebook permite ao analista acompanhar as conversas privadas entre internautas no chat. O uso de outra relação de códigos também desvenda todo o histórico de navegação de uma pessoa em seu computador pessoal.
Mas o governo americano se justifica - Em um comunicado enviado ao Guardian, a NSA diz que as suas atividades "estão focadas e voltadas contra - e somente contra - alvos legítimos de inteligência estrangeira em resposta às demandas de informação que os nossos líderes precisam para proteger a nação e seus interesses"
A agência alega que o XKeyscore é usado "como parte do sistema legal de coleta de dados estrangeiros" e que todo analista é "monitorado para se ter a certeza de que ele está cumprindo a lei". A NSA completa a nota dizendo que as alegações de que a agência vasculha dados sem permissão "não são verdadeiras".
Também nesta quarta-feira, o diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos revelou três documentos que autorizaram a coleta em massa de dados telefônicos, um dos programas de vigilância revelados por Snowden.
O Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional disse, em comunicado, que a revelação foi feita com o "interesse de uma maior transparência". Os documentos divulgados incluem os relatórios de 2009 e 2011 sobre o "Programa de Coleta em Massa" da Agência Nacional de Segurança (NSA), nos termos da Lei Patriótica dos EUA.
Além disso, foi divulgada uma ordem de abril de 2013 do Tribunal de Vigilância de Inteligência Externa, que descreve como os dados deveriam ser armazenados e acessados.
Parece que George Orwell, sem querer, já profetizava o que iria acontecer no início do século 21, período o qual estamos vivendo. E você ainda acha que tem privacidade usando o Facebook todos os dias ou apenas pesquisando no Google quando está na Internet só porque tem uma senha difícil de ser descoberta?
Cuidado com o que você anda fazendo na Internet!
Eliézer Lopes.
Matéria escrita baseada em um artigo da Revista Veja
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