“O sistema circulatório é como os canais de Veneza”, diz o cientista N. Leigh Anderson. “Ele transporta tudo o que é bom”, mas acrescenta, “e também muitas coisas que não prestam”. Ao passo que percorre os cerca de 100 mil quilômetros de nosso sistema circulatório, o sangue entra em contato com praticamente todos os tecidos de nosso corpo, incluindo coração, rins, fígado e pulmões — órgãos vitais que processam o sangue e dependem dele.
O sangue leva muito do “que é bom” — oxigênio, nutrientes e defesas — às células do corpo, mas também transporta “coisas que não prestam” como dióxido de carbono tóxico, conteúdo de células danificadas ou que estão morrendo e outros resíduos. O papel do sangue na remoção de resíduos ajuda a explicar por que pode ser perigoso entrar em contato com ele depois que sai do corpo. E é impossível garantir que todas as “coisas que não prestam” foram identificadas e removidas do sangue antes de esse ser dado a outra pessoa.
Sem dúvida, o sangue exerce funções essenciais para a vida. É por isso que a comunidade médica fez da transfusão de sangue uma prática comum ao tratar pacientes que perderam sangue. Muitos médicos diriam que esse uso do sangue é o que o torna tão precioso. No entanto, as coisas estão mudando na área da medicina. Em certo sentido, há uma revolução silenciosa em andamento. Ao contrário do que acontecia antigamente, hoje em dia muitos médicos e cirurgiões pensam duas vezes antes de aplicar uma transfusão de sangue. São os Bancos de sangue seguros?
Essa questão veio à tona na Nigéria quando se descobriu que uma recém-nascida havia sido infectada com o HIV ao receber uma transfusão de sangue num dos hospitais mais importantes do país.
De acordo com o diretor-médico do hospital, Eniola apresentou icterícia logo após seu nascimento. Uma exsanguineotransfusão foi prescrita, e o pai doou algumas unidades de sangue. Mas, como o sangue do pai era incompatível, administrou-se sangue do banco de sangue do hospital. Não demorou muito e constatou-se que o bebê tinha HIV, embora o teste dos pais desse negativo. Segundo o hospital, “na época da transfusão, o sangue havia sido examinado e considerado soronegativo para HIV”.
Então, como é que o bebê foi infectado? O governo nigeriano investigou a controvérsia e concluiu que a possível fonte da infecção foi o sangue transfundido. O jornal Nigerian Tribune citou um virologista que disse: “Quando o sangue foi doado, o doador estava no período da janela imunológica da infecção por HIV.”
Esse é apenas um caso, mas ilustra que as transfusões de sangue não são isentas de riscos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, descreveram a janela imunológica do HIV da seguinte forma: “Pode levar algum tempo para que o sistema imunológico produza anticorpos suficientes para serem detectados pelo teste de anticorpos, e esse tempo pode variar de pessoa para pessoa. Esse período costuma ser chamado ‘janela imunológica’. A maioria das pessoas desenvolve anticorpos detectáveis entre duas e oito semanas (a média é 25 dias). Mesmo assim, é possível que alguns demorem ainda mais a desenvolver anticorpos detectáveis. . . . Em casos bem raros, pode levar até 6 meses.”
Portanto, o fato de o sangue ter sido testado contra o HIV não garante que seja seguro. A San Francisco AIDS Foundation adverte: “Embora o HIV talvez não seja detectado por um teste durante a janela imunológica, ele pode ser transmitido durante esse período. De fato, as pessoas geralmente apresentam maior probabilidade de transmitir o vírus nessa época (logo após seu contato com o HIV).” Portanto, se você precisar ser submetido à uma cirurgia, analise de antemão, se vai ser necessário uma transfusão de sangue e veja se existe tratamentos alternativos, para evitar qualquer risco à sua saúde.
Fonte: Despertai!
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