segunda-feira, 2 de abril de 2018

Boko Haram - O grupo assassino ataca de novo!

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Ataques do grupo assassino e  radical islâmico Boko Haram deixaram 20 pessoas mortas desde sexta-feira (30) em Maiduguri, cidade do estado de Borno, nordeste da Nigéria. As ações dos jihadistas se intensificaram durante o fim de semana de Páscoa.

Na sexta-feira, quatro mulheres-bomba, com idades entre 13 e 18 anos, mataram duas pessoas no campo de deslocados de Zawuya, nos arredores de Maiduguri.

O uso de mulheres-bomba, sobretudo jovens, é uma marca da facção do Boko Haram liderada por Abubakar Shekau.

A cidade de Maiduguri, de quase três milhões de habitantes, incluindo milhares de pessoas deslocadas pelo conflito no país, está 'cercada' por uma “muralha de areia” em uma tentativa de evitar uma incursão do grupo jihadista.

No domingo (1º), o Boko Haram atravessou essas ‘muralhas de areia’ e os fossos que cercam Maiduguri, que é a maior cidade do nordeste do país. À noite, um ataque deixou 18 mortos e 84 feridos, anunciou nesta segunda-feira a agência local de gestão de emergências (SEMA).

"No momento registramos 18 corpos nas áreas de Bale Shuwa e Bale Kura (na periferia de Maiduguri). As pessoas foram assassinadas quando tentavam escapar da troca de tiros entre rebeldes e militares", afirmou Benlo Dambatto, diretor da SEMA.

"Agora seguimos para outro bairro da periferia, Alikaranti, onde dois homens-bomba foram mortos pelo exército antes de um ataque", completou Dambatto.

O ataque aconteceu por volta das 20h30 locais (16h30 de Brasília) de domingo. Os combates entre o exército e o grupo jihadista duraram quase uma hora, segundo fontes militares.

Capital de Borno
Os combatentes tentaram realizar uma ação na capital do estado de Borno com um ataque a uma base militar na entrada da cidade, com homens-bomba e armas de fogo, disse um oficial que pediu anonimato.

"Dezoito (combatentes) chegaram a pé para atacar a base, enquanto sete homens-bomba atacaram os civis em Bale Shuwar e Alikaranti", disse a fonte.
A última grande tentativa de incursão na capital do estado de Borno, berço da seita islâmica radical, tinha acontecido na semana do Natal.

Negociação
As autoridades nigerianas anunciaram na semana passada que estão negociando com o grupo rival ao de Shekau, liderado por Abu Mosab Al Barnaui, que sequestrou e depois libertou uma centena de estudantes de Dapchi, no estado vizinho de Yobe.
"O governo está mais disposto do que nunca a aceitar a entrega incondicional de armas de todos os membros do grupo Boko Haram que demonstrem sua determinação", disse o presidente Muhammadu Buhari após um encontro com as meninas libertadas.

O anúncio aumentou a esperança de paz após 10 anos de conflito, mas também revela as divisões dentro do grupo extremista.
O conflito entre o grupo e o exército deixou mais de 20.000 mortos desde 2009 e 1,6 milhão de pessoas deslocadas que ainda não conseguiram voltar para suas casas.

O que é esse grupo assassino?
O Boko Haram é um grupo terrorista surgido na Nigéria que, muitas vezes, é denominado como “grupo radical islâmico”, pois as suas ações correspondem ao fundamentalismo religioso de combate à influência ocidental e de implantação radical da lei islâmica, a sharia. O nome Boko Haram significa “a educação não islâmica é pecado” ou “a educação ocidental é pecado” na língua Hausa, um idioma bastante falado no norte do território nigeriano.

O surgimento do Boko Haram ocorreu em 2002 como uma seita religiosa, fundada por Mohammed Yusuf na cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, na Nigéria. Para Yusuf e os seus seguidores, a cultura ocidental reproduzida na sociedade seria a principal razão para os males do país, sendo necessária a sua erradicação para combater a corrupção e o descaso das autoridades para com o povo. O líder atual do Boko Haram é Abubakar Shekau.

Com o passar do tempo, o Boko Haram foi se tornando um grupo militar cada vez mais bem armado, recebendo vários treinamentos e ações de formação por parte da Al-Qaeda do Magreb e de alguns outros grupos militares radicais existentes na região setentrional da África. Em 2009, com a morte de Mohammed Yusuf durante um confronto armado, o Boko Haram tornou-se uma organização militar totalmente radical. No entanto, somente em 2013 os Estados Unidos passaram a considerar, oficialmente, o Boko Haram como grupo terrorista, que é hoje um dos maiores da atualidade.

O principal objetivo do Boko Haram atualmente, além de combater os princípios e legados ocidentais deixados pela colonização britânica no país, é a construção de uma república islâmica. Para conseguir esse objetivo, o grupo terrorista utiliza muitos métodos radicais, incluindo a realização de atentados e o sequestro para realizar avanços territoriais. O Boko Haram também age por meio do sequestro de mulheres, utilizando-as para a obtenção de resgates e, principalmente, negociando-as como escravas sexuais.

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Mulheres são as principais vítimas.

A ação mais notória do grupo até hoje ocorreu em abril de 2014, quando o Boko Haram sequestrou cerca de 276 mulheres entre 16 e 18 anos. Segundo relatos de algumas das que conseguiram escapar, os militantes utilizavam-nas como escravas sexuais e vendiam-nas para membros da organização a um preço médio de 12 dólares. Indícios posteriores também afirmaram que boa parte das mulheres foi utilizada em diversos combates.


Não há números concretos sobre a ação do Boko Haram, mas estima-se que o grupo terrorista já tenha executado mais de três mil pessoas, número que se eleva continuamente a cada conflito ocorrido. O grupo já tomou boa parte do território da Nigéria, sobretudo as suas áreas ao norte e a nordeste, em um mapa difícil de ser representado, pois, a cada mês ou semana, um nova cidade é tomada ou perdida para as tropas do governo nigeriano, realinhando as fronteiras da república radical islâmica.

Os milhares de combatentes e militantes do Boko Haram vêm lutando não tão somente contra as tropas governamentais da Nigéria, mas também contra o apoio de outros países. Chade e Níger, que formam uma coalização africana, vêm atuando no território nigeriano para combater as ações da milícia terrorista, que eventualmente realiza atividades fora da Nigéria e ameaça, com uma possível expansão, os países circunvizinhos, principalmente Camarões, que já sofreu alguns atentados.

As ações do Boko Haram são uma demonstração da expansão da atividade de grupos terroristas pelo mundo, algo que se intensificou nos períodos posteriores à Guerra Fria. O líder Abubakar Shekau jurou, inclusive, uma lealdade a outro grupo terrorista radical, o Estado Islâmico. Essa postura não se trata, ao menos por enquanto, de uma aliança entre os dois grupos, mas pode indicar um paralelo sem igual para o crescimento da ação de grupos radicais pelo mundo.






Fonte: France Presse/Brasil Escola



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