A BBC publicou uma notícia que mostra a que ponto chega a maldade humana. No Oriente Médio, particularmente na Síria, nem mesmo as crianças são poupadas de massacres e torturas, tudo porque um homem se recusa a sair do poder. Com base no depoimento de mais de 200 ex-detentos e de alguns desertores a ONG Human Rights Watch publicou um relatório no qual detalha a rotina de medo e crueldades dos centros de detenção sírios, incluindo a tortura de crianças.
As forças sírias estão deliberadamente e sistematicamente alvejando crianças, declarou à BBC a alta comissária da ONU de direitos humanos, Navi Pillay.
"Esse é um dos desdobramentos mais chocantes da reação do governo sírio aos protestos (antigoverno)", disse Pillay. "Eles (forças de segurança) estão indo atrás das crianças. Temos provas, obtidas pela comissão de investigação, após falar com pais e vítimas, de que crianças levaram tiros no joelho, foram presas em condições desumanas, sem acesso a medicamentos, sendo alvo de brutalidades.Pillay também disse que a alegação síria, de que há "terroristas" entre os opositores do governo, "não é uma desculpa para atacar áreas civis densamente povoadas. Isso é crime sob a lei internacional".Ela disse que a ONU não está tendo acesso a muitas dessas crianças.
A estimativa da ONU é de que cerca de 9 mil pessoas tenham morrido na Síria em decorrência da repressão aos protestos antigoverno, em curso há um ano.
Questionada se o presidente sírio, Bashar al-Assad, tinha responsabilidade nas matanças, Navi Pillay afirmou ter "provas suficientes apontando para o fato de que muitos desses atos cometidos pelas forças de segurança devem ter recebido a aprovação e a cumplicidade no mais alto nível de governo. Assad poderia simplesmente ordenar o fim das matanças".
Ela afirmou também que o presidente sírio terá de "enfrentar a Justiça" - em referência ao Tribunal Penal Internacional - por conta das denúncias de abusos no país.
A organização acusa o governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, de usar tortura de forma sistemática, como uma política de Estado para espalhar o terror entre os dissidentes.
No relatório, que recebeu o nome de “Arquipélago da Tortura”, a Human Rights Watch identificou 27 centros de tortura, os métodos mais utilizados para extrair informações e confissões das vítimas, além das agências e autoridades responsáveis pelos abusos.
O documento também descreve o uso indiscriminado de desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias.
Segundo os ex-detentos, entre os métodos de tortura mais utilizados estão choques elétricos, abuso sexual (de mulheres e homens), espancamentos e chicotadas e privação de sono.
Alguns disseram ter visto pessoas morrerem sob tortura.
Crianças torturadas
Entre os ex-prisioneiros que colaboraram com a Human Rights Watch estão mulheres e crianças.
Um menino de 13 anos relatou como foi torturado por três dias em um centro militar perto de TalKalakh, no oeste do país, próximo à fronteira com o Líbano.
“Eles me deram choques no estômago durante o interrogatório e eu desmaiei”, disse. “Quando me interrogaram pela segunda vez, me bateram e me deram mais choques. Na terceira vez, usaram um alicate para tirar minhas unhas."
Outro prisioneiro disse ter visto uma criança de 8 anos ser espancada a seu lado.
Em um dos métodos de tortura mais frequentes, revelados com base em relatos, prisioneiros são pendurados apenas pelos pulsos, de modo que seus pés não possam tocar o chão. Em seguida, são espancados nessa posição com bastões e cabos.
Em outro método, os detentos recebem golpes nas solas dos pés até que sangrarem, o que os impede de caminhar.
Segundo os ex-prisioneiros, as prisões sírias também estão superlotadas e há falta de comida.
Resposta internacional
Um ex-oficial da inteligência síria citado no relatório disse que as ordens de tortura vieram de integrantes da cúpula das forças de segurança próximos a Assad.
A Human Rights Watch apóia o envio de observadores da ONU para monitorar a situação nos centros de detenção na Síria. A organização também defende que a questão seja submetida ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que os responsáveis sejam punidos.
No entanto, como a Síria não ratificou o estatuto do tribunal, o TPI só poderia julgar os integrantes do governo Sírio com a aprovação do Conselho de Segurança - onde o tema é barrado por Rússia e China. É claro. Esses dois países também são conhecidos por violarem os direitos humanos!
Fonte: BBC
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