quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sem Tempo Para Chorar - cap 2


Biblioteca de Londres após um bombardeio

Edward voltava para casa depois de um dia cansativo de trabalho. A Londres pós-guerra pipocava de construções novas e reformas de prédios e pontes, mesmo que a guerra já houvesse terminado há mais de dez anos. O trabalho no escritório de engenharia o qual ele trabalhava era tranquilo, mas conseguia deixá-lo bastante absorto nos projetos novos o qual a empresa estava conseguindo. Ele se destacara como um excelente engenheiro civil, e já havia recebido várias propostas de outras companias, mas sempre recusara, porque Edward achava que lealdade era tudo, e a sua empresa sempre tinha correspondido às suas expectativas e o reconhecido muito bem, já que recebia um ótimo ordenado pelo seu desempenho.

Mas ao retornar para casa, é que ele caía em si, e sentia aquela melancolia do que havia acontecido. Nunca mais tivera notícias de Maggie, nem de ninguém mais de sua família. Ainda recordava a dor que sentiu naquele dia, quando Londres havia sido bombardeada, após encontrar seu tio Matt, quando encontrou os corpos do seu Aaron, pai de Maggie, e Esther, sua filha, irmã de Maggie. A dor da incerteza era mais dura ainda, porque a dúvida até hoje o dilacerava por dentro. Maggie estaria viva? Será que foi para um campo de concentração, já que era judia? Teria morrido em um desses campos ou foi morta pelos soldados alemães?

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Casa pré-fabricada do pós-guerra.


Será que ela sofreu muito? E se tivesse sobrevivido, onde estaria? Estaria agora casada com outro homem, e esquecido dele, já que o que sentiam parecia apenas um amor de adolescentes que estão recém se descobrindo? Todas as noites eram sempre as mesmas perguntas que lhe viam a mente, fazendo com que tivesse constantes enxaquecas insuportáveis. Seu tio Matt, sempre fazia de tudo para lhe agradar. Havia contratado uma senhora polonesa como cozinheira, que realmente sabia como prender as pessoas pelo estômago, pois fazia excelentes jantares e quitutes que deixavam qualquer um com água na boca. Aquela noite foi especial. Enquanto aguardava o jantar, absorto nos seus pensamentos e lembranças tristonhas, a sra Ksenia, a cozinheira, conversava com o jardineiro, o sr Dimitri, sobre o tempo em que esteve em um dos campos de concentração no final da guerra. Ela e o sr Dimitri falavam de uma família de judeus, cujo patriarca tinha o nome de Akiva, que tinha sido quase totalmente dizimada pelos nazistas.

 Aquilo chamou a atenção de Edward, porque lhe veio à memória um certo homem também com este nome que morava perto de Londres quando ele ainda era uma criança. Akiva Ben Aryeh. Sim, era esse nome mesmo que ele recordou. O sr Akiva tinha um pequeno comércio perto de sua casa e era também tio de Maggie.
- Akiva Ben Aryeh? Perguntou Edward para a senhora interrompendo o diálogo entre ela e o sr Dimitri.
- Isso mesmo! Conheceu ele? Perguntou a cozinheira.
- A senhora conheceu toda a sua familia? pergunta Edward, já com uma ponta de esperança na voz.
-Não toda sua família, mas pelo menos as mulheres que estavam comigo no mesmo pavilhão.
- Não havia uma moça bem jovem de nome Maggie, junto com esta família?

- Sim, havia. Mas não sei o paradeiro delas agora. Muitas morreram naquele tempo.
-Mas até o tempo que a senhora permaneceu lá, elas também ficaram junto no mesmo pavilhão?
- Não. Creio que elas saíram antes. Mas essa mocinha foi levada para a casa do chefe do campo. Um cruel nazista de nome Helmuth. Desde então nunca mais ouvi falar dessa moça porque quando os aliados chegaram, todos os militares alemães ou foram mortos ou fugiram. E muitos deles levaram as mulheres consigo como reféns, até encontrarem um lugar seguro.
Era tudo o que ele precisava ouvir. Um nome. Helmuth. Sim era esse nome que ele deveria procurar se havia de descobrir o que houve com Maggie.

( Continua...)

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