sábado, 8 de setembro de 2012

Sem Tempo Para Chorar - Cap. 4


Aspecto de uma rua de Berlim após as batalhas de abril de 1945 


Maggie já estava sentada no banco de trás do carro aguardando Helmuth, que estava dando as últimas ordens para os criados da sua casa e para os poucos soldados que ainda se mantinham fiéis a ele. Enquanto aguardava, sua mente levou-a de volta à Londres, quando ela, sua irmã e seu pai estavam fugindo das forças da SS  que estavam atrás de todos os judeus que haviam fugido do cerco que ele fizeram à cidade. Com pouca coisa no saco que carregava nas costas depararam-se de repente com soldados que apareceram na esquina da rua. Ela não pensou duas vezes e entrou no pátio de uma residência que estava com o portão aberto, mas não teve tempo de chamar seu pai e sua irmã, que iam mais a frente e que ficaram parados sem saber o que fazer ao se confrontarem com o grupo de soldados que estavam com metralhadoras e pistolas em punho.

 Logo que entrou no portão aberto ela ouviu os tiros sendo disparados e os gritos de seu pai e sua irmã. Correu para o lado da casa e foi se abrigar atrás de um tanque de lavar roupas e ficou imóvel ali, quase sem respirar esperando que as vozes e os passos dos soldados fossem diminuindo aos poucos a medida que seguiam rua abaixo. Lágrimas escorriam dos seus olhos, mas ela não queria voltar e ficar com uma última imagem do seu pai e sua irmã com os corpos perfurado de balas. Assim que sentiu-se segura levantou-se e entrou na casa. Ficou chocada ao ver mais corpos de pessoas dentro da casa, todas com tiros na nuca.

Haviam sido executadas pelos soldados. Até mesmo as crianças eles não haviam poupado. Aí entendeu porque os soldados não entraram na casa. Eles já haviam estado ali e cometido aquela barbárie contra os moradores da residência. Desconsiderando os corpos, ela subiu para o segundo andar da casa para ver se encontrava algum alimento que pudesse colocar no saco que carregava suas roupas antes de prosseguir com sua fuga. Do andar lá de cima ela podia ver amplamente a rua pela janela. Viu um grupo de mais ou menos umas vinte pessoas entre homens, mulheres e crianças sendo colocadas com os rostos virados para a parede de um prédio e logo após ouviu a ordem do oficial gritar: "fogo" e as pessoas caindo no chão com perfurações de balas nas costas.

 Aquilo a deixou profundamente triste que sentiu náuseas e foi obrigada a vomitar. Passado o mal estar, voltou a procurar alguma coisa que fosse útil além de comida para poder levar na sua fuga. Desceu as escadas e saiu olhando cuidadosamente pela canto da porta principal da casa. A rua agora estava deserta, mas ainda ouvia-se o matraquear de metralhadoras e tiros de pistola ao longe. Ouvia-se também gritos de pessoas amedrontadas e soldados gritando palavras de ordem. Saiu para rua tomando a direção contrária dos sons que ouvia de pessoas sendo fuziladas pelos soldados da SS e caminhou a passos largos e apressados rezando para que não encontrasse mais soldados assassinos.

De repente um som ensurdecedor a fez voltar para a realidade onde ela se encontrava dentro do carro de Helmuth. Era uma bomba que explodira!  Uma imensa nuvem de fumaça e poeira encheu o ar e ouviu-se tiros sendo disparados vindos de dentro daquela nuvem de fumaça. Mais que depressa, Maggie abaixou-se para escapar dos tiros que atingiam o carro. Abriu a porta e saiu arrastando-se para escapar dos projéteis que pipocavam para todos os lados.
Eram eles, os russos estavam invadindo Berlim. Ainda conseguiu ver Helmuth estremecendo ao levar tiros de metralhadoras e cair no chão envolto em uma poça de seu próprio sangue.


Soldados russos checam documentos de soldados alemães

( Continua...)

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