Artilharia alemã fazendo fogo contra posições russas.
Ainda ouvindo tiros a sua volta, Maggie continuou arrastando-se até chegar às árvores próximas ao quintal da casa. O som de explosões era cada vez mais alto. Os russos estavam agora canhoneando Berlim. O som era estarrecedor. Tiros de canhões aliado aos zumbidos de balas que cruzavam o ar e os gritos de soldados alemães revidando ao bombardeio russo enchiam o ar e o cheiro de morte tornavam a atmosfera mais lúgubre ainda. Mas Maggie não parou um minuto até conseguir chegar ao pequeno bosque que circundava a residência. Quando conseguiu chegar ao abrigo das árvores, ajudada também pela escuridão, que por vezes era quebrada pelos clarões das explosões, ela levantou-se e correu o mais rápido que pôde floresta adentro.
Repentinamente, ao chegar próximo ao fim do bosque ela ouviu um estampido seco e imediatamente sentiu uma pontada nas costas. Caiu ao chão não sabendo o que a atingira, mas logo percebeu o que era ao olhar para seu peito e ver um buraco aberto e o sangue esguichando aos borbotões... a escuridão foi aumentando e ela foi sentindo um sono que por fim a dominou por completo...!
Londres - 1956
Edward abrigava-se do frio e da neve que começava a cair enquanto atravessava a rua movimentada no centro de Londres na saída de seu trabalho. Era uma tarde de sexta-feira e ele resolvera ir até um pub e beber um pouco para aquecer seus ossos e ouvir uma boa música. Chegando ao ao bar, entregou seu chapéu ao homem que guarnecia a entrada e sentiu de imediato o odor de fumaça de cigarro e charuto que enchia o ambiente e a música calma tocada pela banda que costumava estar ali todos os finais de semana para alegrar aqueles que passavam a semana inteira dando duro no seu trabalho. Ernest já estava lá no balcão tomando um rum enquanto fumava um charuto cubano. Ele não dispensava esse vício que ele sabia que um dia podia matá-lo mas que no momento proporcionava a ele um imenso prazer.
-Olá Edward! Cumprimentou Ernest com um sorriso de satisfação no rosto.
-Olá Ernest! Parece que o clima aqui está bem animado...
-Sempre animado Edward! O clima aqui é bem diferente daquele que está lá fora. He! He! He!
-Esse é o ambiente que mais renova minha vontade de viver nesta cidade - disse Edward fazendo o pedido ao atendente do bar.
- Tenho boas noticias para você Ed! Lembra da mulher russa que lhe falei que saiu comigo a semana passada?
-Sim - Natasha Ivanova?
- Isso mesmo... Ela disse ter conhecido sim uma moça chamada Maggie em Moscou na Russia, no final da guerra.
Era tudo o que ele queria ouvir naquele fim de tarde!
- E ela disse-lhe o paradeiro dela, ou o que aconteceu com ela?
- Ela disse que a conheceu em um hospital em Moscou. Ela foi levada por um soldado russo que se chamava Vladimir Chernenko.
- Como assim 'foi levada'? Levada do hospital, ou esse Vladimir que levou-a ao hospital?
- Sim, esse tal Vladimir levou-a do hospital.
- Como ela chegou até esse hospital não sei. Natasha era enfermeira lá e quando entrou para cumprir seu turno, esta paciente já estava lá. Resta saber se essa Maggie é a que você procura, por que esse nome Margareth é um nome bastante comum hoje em dia. Natasha informou que ela ficou ali durante cinco dias com um ferimento a bala nas costas que lhe atravessou o peito, mas que ela se recuperou bem e depois foi levada por esse Vladimir Chernenko.
Isso fazia sentido para Edward. Será que seria a sua Maggie essa que ele estava obtendo noticias agora?
Poderia não ser, já que ela morava em Londres e a notícia que ele estava recebendo era de uma mulher com o mesmo nome mas em uma cidade tão longínqua como Moscou, capital da Rússia. E se fosse realmente a sua Maggie, como ela fora parar em um lugar tão longe? E esse tal Vladimir? Seria algum namorado, conhecido dela? Seus pensamentos estavam dando nó em seus neurônios, e ele por um momento quis esquecer este assunto tomando um gole de cerveja escura e saboreando bem o gosto do malte e da cevada. Olhando para a bando que tocava no palco, procurou mudar os seus pensamentos e passou a dar atenção a letra da música suave que enchia o ar e acalmava a todos que tinha vindo até ali, para esquecerem os problemas diários da vida.
(Continua...)
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